Enferm Bras.
2023;22(5):707-20
REVISÃO
Fatores
de risco associados ao atraso da lactogênese II:
revisão da literatura
Bruna Celano da Silva, Danielle Castro Janzen
Universidade
Federal de São Paulo (UNIFESP), SP, Brasil
Recebido
em 22 de agosto de 2022; Aceito em: 15 de julho de 2023.
Correspondência: Danielle Castro Janzen,
danielle.janzen@unifesp.br
Como citar
Silva BC, Janzen DC. Fatores de risco associados ao atraso da lactogênese II: revisão da literatura. Enferm Bras. 2023;22(5):707-20. doi: 10.33233/eb.v22i5.5266
Resumo
Introdução: A lactogênese
é um mecanismo que acontece fisiologicamente ao longo da gestação e tem
continuidade no puerpério. A lactogênese II (ou
apojadura) acontece entre o segundo e terceiro dia do pós-parto, desencadeando
a apojadura. Objetivo: Este estudo teve como objetivo analisar na literatura,
nos últimos dez anos, os principais fatores de risco que acarretam no atraso da
lactogênese II. Métodos: Trata-se de um estudo
do tipo revisão integrativa da literatura, com pesquisa realizada nas seguintes
bases de dados: Lilacs, Cinahl,
Cochrane, Pubmed, Scopus e Web of
Science, com artigos publicados nos idiomas português, inglês e espanhol. Resultados:
Dos fatores de risco que foram encontrados, destaca-se o parto cesáreo (42,8%),
parto prematuro (21,4%) e obesidade materna, principalmente com ganho de peso
excessivo durante a gestação (28,5%). Conclusão: Para que ocorra a
apojadura no tempo certo (até 72 horas pós-parto), os processos fisiológicos e
emocionais da mulher necessitam de sincronismo, para que assim não haja
problemas no estabelecimento do aleitamento materno exclusivo.
Palavras-chave: transtornos da lactação; aleitamento
materno; leite humano.
Abstract
Risk factors associated with delayed lactogenesis II:
literature review
Introduction: Lactogenesis
is a mechanism that occurs physiologically throughout gestation and has
continuity in the puerperium. Lactogenesis II (or “milk coming”) occurs between
second and third day after delivery. The objective of the study is to analyze
in the literature, in the last ten years, the main risk factors that lead to
delayed lactogenesis II. Methods: This is an integrative review of the
literature, with the research in the following databases: Lilacs, Cinahl, Cochrane, Pubmed, Scopus
and Web of Science, with articles published in Portuguese, English and Spanish.
Results: Of the risk factors that were found was highlighted cesarean
delivery (42.8%), preterm delivery (21.4%) and maternal obesity, especially
with excessive weight gain during pregnancy (28.5%). Conclusion:
Concluded that in order to achieve the right moment of Lactogenesis II (up to
72 hours postpartum), the physiological and emotional processes of the woman
need to be synchronized, so that is no problem in the establishment of
exclusive breastfeeding.
Keywords: lactation disorder,
breastfeeding, human milk.
Resumen
Factores de riesgo asociados
con el retraso de la lactogénesis II: revisión de la literatura
Introducción: La lactogénesis
es un mecanismo que ocurre fisiológicamente durante el embarazo y continúa en el puerperio.
La lactogénesis II (subida de la
leche) ocurre entre el segundo y el tercer día del
posparto, lo que desencadena la subida de la leche. Objetivo: Este estudio tuvo como objetivo analizar en la
literatura, en los últimos diez años, los
principales factores de riesgo que causan retraso en la lactogénesis
II. Métodos: Este es un estudio
integrador de revisión de literatura, con investigaciones realizadas en las siguientes
bases de datos: Lilacs, Cinahl, Cochrane, Pubmed, Scopus
e Web of Science, con
artículos publicados en portugués,
inglés y español. Resultados:
Entre los factores de riesgo encontrados, se destacan el parto por cesárea (42.8%), el
parto prematuro (21.4%) y la obesidad
materna, especialmente con un
aumento excesivo de peso durante el
embarazo (28.5%). Conclusión:
Para que la salida de la leche se produzca
en el momento adecuado (hasta 72 horas después del parto), los procesos fisiológicos y emocionales
de la mujer necesitan sincronismo, de modo que no haya
problemas para establecer la
lactancia materna exclusiva.
Palabras-clave: trastornos de la lactancia; lactancia
materna; leche humana.
O
leite materno é o mais importante alimento para o recém-nascido. Fornece por
completo toda a energia e nutrientes de que ele precisa nos primeiros meses de
vida e continua a fornecer, cerca da metade ou mais das necessidades
nutricionais, após os seis meses de vida [1]. O leite materno é composto por
água, carboidratos, lipídios, proteínas, sais minerais e vitaminas [2].
Dessa
forma, é reconhecida a superioridade do leite humano em relação a outras formas
de alimentação, sendo o aleitamento materno exclusivo (AME) o melhor alimento
para o lactente até os seis meses de vida. Tal prática representa impacto
significativo na saúde pública no mundo, capaz de evitar a morte de 823 mil
crianças menores de 5 anos de idade e de 20 mil mulheres a cada ano, além de
uma economia de 300 bilhões de dólares [3].
Muitos
são os benefícios do aleitamento materno, tanto para o lactente quanto para a
nutriz como: oferecer proteção contra infecções na infância e má-oclusões,
reduzir sobrepeso e diabetes, aumentar a inteligência e reduzir a mortalidade
em menores de cinco anos; para as mulheres: diminuição do risco de câncer de
mama e de ovário, diabetes mellitustipo 2 e maior
perda de peso após o parto [4,5].
A
lactogênese é um mecanismo fisiológico que acontece
nas mulheres por volta da vigésima semana de gestação e tem continuidade no
puerpério. Este processo se inicia na hipófise, glândula situada na base do
cérebro e próxima ao hipotálamo, que secreta a prolactina em sua parte
anterior, a adenohiófise. Portanto, o início da
produção do leite materno é endócrino [6].
A
lactogênese II acontece entre o segundo e terceiro
dia do pós-parto, desencadeando a apojadura, ou, como também é conhecida,
“descida do leite”. Esse mecanismo começa a ocorrer com a queda sanguínea da
progesterona, que acontece com a saída da placenta, imediatamente após o parto
e ocorre elevação imediata de prolactina no sangue. A partir do segundo dia
pós-parto a mama apresenta maior turgidez, passando a ter maior atuação
endócrina da prolactina e ocitocina [7].
Após
o nascimento, o nível basal da secreção de prolactina retorna ao nível
não-gravídico ao longo das semanas seguintes [8]. Porém, toda vez que a
puérpera amamenta a criança, os sinais nervosos que se originam nos mamilos
dirigem-se ao hipotálamo e causam novamente um aumento da secreção de
prolactina. A prolactina secretada atua sobre as mamas mantendo a secreção
láctea nos alvéolos [9]. A partir de então, a regulação da produção láctea
passa a ser realizada nas próprias estruturas mamárias, passando o controle a
ser autócrino. O volume de leite passa a depender da
frequência da amamentação e do esvaziamento mamário [6].
Assim
sendo, toda puérpera necessita que seus mecanismos fisiológicos de lactação
estejam atuando adequadamente, para ter sucesso na amamentação, além de todo
apoio físico e psicológico que possa demandar durante os primeiros dias
pós-parto [9].
O
impacto negativo que o atraso da apojadura causa no sucesso do AME pode levar
ao desmame precoce e, diante disso, faz-se necessário a identificação de
fatores de risco que levam ao atraso desse mecanismo fisiológico. Portanto, a
finalidade deste estudo é identificar na produção científica os fatores que
podem interferir no atraso da lactogênese II.
Objetivo
Identificar
na literatura científica os fatores de risco que podem interferir na ocorrência
da lactogênese II.
Trata-se
de uma revisão integrativa da literatura dos últimos dez anos. Esse tipo de
metodologia inclui estudos experimentais e não experimentais para uma avaliação
completa do fenômeno analisado. Combina também dados da literatura teórica e
empírica, fornecendo informação ampla sobre o assunto estudado [10].
Para
a realização desta revisão integrativa foi utilizada a estratégica PICo. A letra “P” refere-se à população do estudo, a letra
“I” refere-se ao fenômeno ou intervenção estudado e as
letras “Co” referem-se ao contexto/realidade que o estudo avalia [11].
Neste
estudo a estratégia “PICo” foi considerada da
seguinte maneira:
* P:
Puérperas
* I:
Atraso na apojadura
* Co:
Aleitamento materno
A
questão norteadora do estudo foi: Quais são os fatores que estão relacionados
ao atraso da apojadura?
Os
critérios de inclusão do estudo são:
* Artigos
publicados entre os anos de 2008 a 2018;
*
Publicações nos seguintes idiomas: português, inglês e espanhol;
*
Temática relacionada aos descritores da pesquisa (atraso na apojadura): se
possuem algum dos descritores ou termos correspondentes no título
Os
critérios de exclusão do estudo são:
*
Artigos de revisão da literatura
* Gray literature (manuais, indicadores e/ou guidelines)
* Teses
e dissertações
Foi
realizada uma busca de produção científica relativas aos fatores que interferem
no atraso da apojadura, nos periódicos indexados nas seguintes bases de dados: Cinahl, Cochrane, Lilacs, Pubmed,Scopus e Web of Science, utilizando o descritor “Lactation
disorder” com o cruzamento dos termos “Lactogenesis” , “delay”;
“apojadura” e “breastfeeding iniciation”.
A busca foi realizada através do descritor e termos cruzados através do
operador booleano “AND” e “OR”.
lactagenesis OR
breastfeeding initiation) AND delay
Quadro
1 - Busca e seleção de artigos
Para
a seleção dos estudos foram realizadas as seguintes fases: [11]
1. Busca
dos artigos através dos cruzamentos de termos e descritores
2.
Levantamento através da leitura dos títulos (o título dos artigos se
correspondia ao critério de inclusão)
3. Triagem
através dos critérios de inclusão e exclusão
4.
Triagem através da leitura do resumo do artigo
5.
Seleção através da leitura integral do artigo.
Esta
pesquisa utilizou o “PRISMA 2009 Flow Diagram” [12] para a seleção de artigos. A primeira etapa
consistiu na busca em base de dados de acordo com os descritores e termos
definidos. Foi realizada comparação entre os estudos selecionados, sendo
excluídos aqueles que se repetiam e aqueles que não correspondiam aos critérios
de inclusão. Foi realizada a leitura completa dos artigos para aprofundamento
do assunto e selecionados aqueles que se correspondiam à proposta.
A
partir do “PRISMA” obteve-se um total de 14 publicações já com a exclusão de
artigos repetidos encontrados em bases diferentes.
Figura
1 - Fluxograma do
processo de identificação, triagem e elegibilidade do estudo
No
quadro 2 foram sintetizados os principais dados das publicações selecionadas,
com o resultado correspondente.
No
quadro 3 foram identificados os fatores de risco para o atraso da apojadura e
em quais publicações eles apareceram. Quanto aos principais fatores e condições
que acarretam no atraso da apojadura, destacam-se: Parto cesáreo (42,8%); parto
prematuro (28,5%) e obesidade materna, principalmente com aumento do ganho de
peso durante a gestação acima do recomendado (28,5%).
Quadro
2 - Síntese das
publicações selecionadas
Serão
discutidos diferentes fatores de risco que acarretam no atraso da apojadura,
por comparação dos diferentes estudos e seus respectivos resultados. Na
primeira categoria enquadram-se artigos que relacionam o atraso a apojadura com
parto cesáreo. A segunda tem como foco o parto prematuro e suas consequências na
apojadura e também sucesso no aleitamento materno exclusivo. A terceira
refere-se sobre a obesidade, com foco sobre alterações hormonais nessa
condição. Por fim, a última categoria refere-se aos outros fatores, como
estresse no trabalho de parto, tipos de anestesia, primiparidade
e diabete mellitus.
Parto
cesáreo
Estudos
apontam que o parto cesáreo é um fator de risco importante para o atraso da lactogênese II [17]. Foram encontrados ainda estudos em que
a cesárea de emergência tem um efeito negativo na apojadura, devido ao maior
tempo em que leva a primeira mamada nesses casos [21]. O início oportuno da
amamentação é definido quando o recém-nascido é colocado em contato com o seio
materno ainda na primeira hora de vida, onde ocorre estímulo imediato da mama e
facilita ainda mais com os mecanismos fisiológicos responsáveis pela lactogênese II [15].
A
cesariana é uma intervenção cirúrgica indicada para prevenir ou tratar
complicações maternas e/ou perinatais. A Organização Mundial da Saúde (OMS)
indica que taxas de cesariana acima de 10% não estão relacionadas à redução de
mortalidade materna e neonatal [25]. No Brasil, diretriz recente considera que
a taxa de cesariana de referência, ajustada para a população brasileira, seria
de 25% a 30%. Contudo, o Brasil está distante de alcançá-la: entre 2001 e 2014,
as cesarianas cresceram 67% no país, tornando-se o método de nascimento
prevalente atualmente [27].
Recente
estudo realizado na Turquia apresentou ainda que cesáreas realizadas no período
noturno alteram o metabolismo hormonal devido a desregulação do ciclo circadiano
e resulta no atraso da apojadura. A desregulação desse ciclo é causada
principalmente por ciclo de sono interrompido, privação de sono e exposição à
luz durante o período noturno, fatores que ocorrem em uma cirurgia noturna
[15].
Outro
estudo realizado no Irã relata que longo tempo de jejum preconizado em partos
cesáreos levam a resistência à insulina [16]. Caracteriza-se por aumento da
resistência periférica à insulina decorrente do aumento de hormônios
placentários contrarreguladores da insulina, como o lactogênio
placentário, o cortisol, o estrogênio, a progesterona e a prolactina [28].
Parto
prematuro
Comparando
mulheres que tiveram parto a termo, mulheres que por algum motivo apresentaram
trabalho de parto prematuro têm mais dificuldades em iniciar e estabelecer o
aleitamento materno com sucesso [20]. A prática do AME em prematuro é
desafiadora e complexa, principalmente pela sua imaturidade fisiológica e
neurológica e falta de equipe capacitada para o suporte do aleitamento nessa
situação específica. Além disso, amamentar um prematuro é influenciado por
inúmeros fatores maternos, neonatais, perinatais, socioeconômicos, além das
práticas clínicas, ambiente físico das unidades neonatais [29].
Nutrizes
de bebês prematuros apresentam maior probabilidade de atraso na apojadura
principalmente devido ao estresse causado por essa situação e por terapias
farmacológicas devido as doenças maternas, principalmente a terapia durante a
gestação com corticosteroides, para melhora da maturação fetal [25].
Estudo
realizado em Singapura feito com puérperas que tiveram parto antes das 37
semanas de gestação apresentaram apojadura entre o terceiro e quarto dia após o
parto. As mães de bebês prematuros que realizaram extração do leite com bomba
elétrica logo após o nascimento do prematuro tiveram e perceberam a ocorrência
da apojadura mais cedo do que comparadas com as que não realizaram esse
procedimento [13].
Obesidade
Mulheres
com obesidade pré-gestacional e com ganho de peso
excessivo durante a gestação são propensas ao atraso da apojadura. Estudo
prospectivo concluiu que mulheres obesas (IMC > 30 kg/cm²) apresentaram sinais
de lactogênese II após média de 85,2 horas. Muito
provavelmente há um decréscimo na resposta da prolactina e a resistência à
insulina, que pode atrasar o tempo para atingir a concentração necessária para
a produção do leite maduro [7].
Estudo
transversal de coorte revelou que 44% das puérperas apresentaram lactogênese II após 72 horas, todas classificadas com
obesidade de acordo com IMC. Os recém-nascidos dessas mulheres foram os mais
expostos à fórmula láctea infantil ainda na internação da maternidade. Fatores
de estrutura física das mulheres obesas (mamas volumosas) torna mais difícil
para a puérpera posicionar o recém-nascido de forma adequada no seio, o que
interfere no estímulo adequado (lactente não realiza boa pega) e também
contribui para maior atraso na apojadura. Este estudo também indicou que as
mulheres obesas e primíparas apresentaram ainda maior atraso na lactogênese [22].
Outros
fatores de risco
Fatores
relacionados aos distúrbios hipertensivos da gravidez podem contribuir para um
perfil endócrino desfavorável ao estabelecimento da lactação e atraso na lactogênese II, incluindo estresse e, na grande maioria dos
casos, pré-eclâmpsia relacionada à obesidade [14]. Disfunção placentária, que
tipifica a pré- eclampsia, tem sido apontada como um
potencial contribuinte para o atraso da apojadura. É possível que os hormônios
placentários que impactam a proliferação do tecido glandular mamário (em especial
a progesterona) estejam comprometidos na pré-
eclampsia [30]
Estudo
encontrou associação entre longa duração de trabalho de parto, acompanhada por
exaustão materna e aumento de hormônios relacionados ao estresse, e
dificuldades na lactação. O aumento do estresse físico e emocional durante o
trabalho de parto, associado principalmente a maior duração do parto e exaustão
materna, afeta negativamente a lactogênese II
influenciando o impulso secretório da ocitocina no início do aleitamento
materno [18].
Um
estudo randomizado baseado na relação entre tipo de anestesia e atraso na
apojadura sugere que a medicação anestésica pode ter um efeito sobre a
estimulação cerebral do processo de secreção do leite materno e na fisiologia
da lactgênese II. O estudo ainda traz que os níveis
de ocitocina foram menores em mulheres que receberam raquianestesia
em comparação com as que receberam anestesia peridural, devido aos efeitos
semelhantes da anestesia peridural nos níveis hormonais durante o parto natural
sem analgesia [19].
Mulheres
primíparas são mais propensas a ter dificuldade no estabelecimento do
aleitamento materno e risco de desmame precoce. Estudo realizado no Peru
mostrou que o fator de risco significativo encontrado para a lactação tardia
foi o estresse durante o trabalho de parto e/ou nascimento, o que se mostrou
mais intenso entre as primíparas, principalmente as que foram submetidas ao
parto cesáreo [23].
Por
fim, as causas do retardo da apojadura em mulheres com Diabetes mellitus (em
especial as que são insulinodependentes) estão relacionadas à atuação da
insulina na captação de glicose pela glândula mamária. A insulina é importante
no controle do fluxo de nutrientes para a glândula mamária durante a lactação
provavelmente por potencializar os efeitos da prolactina, que regula a
expressão de transportadores de glicose para a glândula mamária. Estudo com
mulheres portadoras de diabetes mellitus do tipo I teve como resultado atraso
significante na transição da fase I para a fase II da lactogênese,
provavelmente por causa do controle glicêmico inadequado, dificultando o
estabelecimento do aleitamento materno. É importante manter o controle
glicêmico das puérperas com diabetes mellitus após o parto, monitorando os
fatores que alterariam os níveis de glicose sanguínea, como a dieta materna e a
administração de insulina para correção glicêmica [22].
A
apojadura e sua grande influência no sucesso do estabelecimento do aleitamento
materno exclusivo ainda se trata de um tema pouco abordado por profissionais da
área da saúde, em especial o enfermeiro, que atua tão diretamente com o
aleitamento materno logo nos primeiros dias pós-parto.
O
atraso na lactogênese II, que pode acarretar em hipogalactia precocemente no período pós-parto, tem sua
ocorrência relacionada principalmente aos seguintes fatores: parto cesáreo,
parto prematuro, obesidade, estresse durante o trabalho de parto, primiparidade, alterações hipertensivas e resistência à
insulina.
À
medida que inúmeros trabalhos são realizados para o aumento da taxa de
aleitamento materno exclusivo em nosso país e restante do mundo, é importante
que os mecanismos fisiológicos e patológicos sejam considerados como potenciais
alvos de intervenção. Mulheres com fatores de risco que desencadeiam no atraso
da apojadura podem se beneficiar no apoio pré-natal através de educação e
informação baseada em evidências científicas e, principalmente, na assistência
no período pós-parto imediato, através do contato pele a pele precoce e
aleitamento materno ainda na primeira hora de vida do recém-nascido.
O
ato de amamentar é muito mais complexo do que aparenta ser. Processos
fisiológicos, emocionais, sociais, bem como outros fatores, como foram expostos
anteriormente, necessitam de sincronismo para que o aleitamento seja eficaz.
Financiamento
O
estudo não recebeu financiamento para ser realizado.
Conflito
de interesse
Os
autores declaram não haver conflitos de interesse na realização desse estudo.
Contribuição
dos autores
Concepção
do desenho da pesquisa:
Celano B, Jansen DC; Coleta
de dados: Celano B; Análise e
interpretação de dados: Celano B; Redação do
manuscrito: Celano B; Revisão crítica do
manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante: Jansen
DC