Enferm Bras.
2023;22(3):381-94
REVISÃO
Aromaterapia
aliada ao puerpério: uma revisão integrativa
Danielle
Castro Janzen1, Mariana de Souza Barbosa1
1Universidade Federal de São Paulo, SP,
Brasil
Recebido
em: 29 de agosto de 2022; Aceito em: 16 de junho de 2023.
Correspondência: Danielle Castro Janzen,
danielle.janzen@unifesp.br
Como citar
Janzen DC, Barbosa MS. Aromaterapia aliada ao puerpério: uma revisão integrativa Enferm Bras. 2023;22(3):381-94. doi:10.33233/eb.v22i3.5267
Resumo
Introdução: A aromaterapia consiste no uso de
óleos essenciais (OE) como terapêutica para proporcionar
equilíbrio/reabilitação de um indivíduo. Esses OE são extremamente voláteis,
portanto, dispersam-se rapidamente no ambiente, são pouco gordurosos e possuem
propriedades medicinais. Em 2006, o Ministério da Saúde aprovou sua utilização
no Sistema Único de Saúde. Sua prática é essencial para a Enfermagem. Objetivo:
O presente estudo consiste em uma revisão de literatura sobre como esses óleos
são utilizados no puerpério. Métodos: Foram realizadas buscas nos
Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES) e no PubMed. Aplicando critérios de inclusão
e excluindo textos em outros formatos. Resultados: Os artigos analisados
apresentaram eficácia dessa terapêutica nos sintomas mais comuns do puerpério
acima, mas também fizeram ressalvas sobre escassas evidências científicas e
formais de seu uso. O OE de Lavanda foi o mais utilizado nos estudos. Conclusão:
Conclui-se que a Aromaterapia é uma terapêutica eficaz, mas se deve investir em
mais estudos clínicos para aumentar o nível de conhecimento e estimular a
capacitação da Enfermagem para aumentar sua utilização e a autonomia da classe.
Palavras-chave: aromaterapia; período pós-parto; óleos
voláteis.
Abstract
Aromatherapy allied with the puerperium: an
integrative review
Introduction: Aromatherapy
consists of the use of essential oils (EO) as a therapy to provide
balance/rehabilitation of an individual. These EO are extremely volatile,
therefore, they disperse quickly in the environment, are low in fat and have
medicinal properties. In 2006, the Ministry of Health approved its use in the
Unified Health System. Its practice is essential for Nursing. Objective:
The present study consisted of a literature review on how these oils are used
in the puerperium. Methods: Searches were carried out in the Periodicals
of the Coordination for the Improvement of Higher Education Personnel (CAPES)
and in PubMed. Applying inclusion criteria and excluding texts in other formats.
Results: The articles analyzed showed the effectiveness of this therapy
in the most common symptoms of the puerperium above, but also made reservations
about the scarce scientific and formal evidence of its use. Lavender EO was the
most used in the studies. Conclusion: It is concluded that Aromatherapy
is an effective therapy, but more clinical studies should be invested in to
increase the level of knowledge and stimulate nursing training to increase its
use and the autonomy of the class.
Keywords: aromatherapy; postpartum period;
oils, volatile.
Resumen
Aromaterapia
aliada al puerperio: una revisión
integrativa
Introducción: La aromaterapia consiste en el uso de aceites esenciales (AE) como terapia para brindar equilibrio/rehabilitación de un individuo. Estos
AE son extremadamente volátiles,
por lo tanto, se dispersan rápidamente en el ambiente, son bajos en grasas
y tienen propiedades medicinales. En 2006, el Ministerio de Salud aprobó su
uso en el Sistema Único de Salud. Su práctica
es fundamental para la Enfermería.
Objetivo: El presente estudio consistió en una revisión bibliográfica sobre cómo
se utilizan estos aceites en el puerperio.
Métodos: Se realizaron búsquedas
en los Periódicos de la Coordinación de Perfeccionamiento del Personal de Educación Superior
(CAPES) y en PubMed.
Aplicar criterios de inclusión
y exclusión de textos en otros formatos. Resultados: Los artículos analizados mostraron la efectividad de esta terapia en los síntomas
más comunes del puerperio antes mencionados, pero también
hicieron reservas sobre la escasa evidencia científica y formal de su
uso. El AE de lavanda fue el
más utilizado en los estudios. Conclusión: Se concluye que la Aromaterapia es
una terapia eficaz, pero es necesario invertir en más estudios clínicos para aumentar el
nivel de conocimientos y
fomentar la formación de enfermería para aumentar su uso y
la autonomía de la clase.
Palabras-clave: aromaterapia; periodo posparto; aceites volátiles.
A
aromaterapia consiste numa terapêutica tradicional com uso de Óleos Essenciais
(OE) para proporcionar equilíbrio/reabilitação da saúde e bem-estar de um
indivíduo [1]. Os OEs são todas as substâncias que
dão fragrâncias às plantas e suas partes. Esses óleos são voláteis, portanto,
dispersam-se facilmente no ambiente e são pouco gordurosos; cada um deles tem
suas propriedades medicinais [2].
O
termo “Aromaterapia” foi dado pelo engenheiro químico René-Maurice Gattefossé em 1928, mas desse tipo de utilização das
plantas tem-se conhecimento desde o período Neolítico, com primeiros registros
feitos pela civilização que vivia na Mesopotâmia. Os egípcios utilizavam os OE
em tratamentos de belezas, rituais religiosos e no processo de mumificação. Na
Índia, a tradicional terapia Ayurveda tem como uma de
suas bases a aromaterapia. Além dessas culturas, a Medicina Tradicional Chinesa
é responsável pelo primeiro livro médico que detém instruções para uso de
plantas e ainda é a maior produtora de OE do mundo [3].
Segundo
Kondo et al. [4], existem duas formas
convencionais de extrair os OE dos vegetais: destilação a vapor ou extração por
prensagem a frio. Da mesma forma que acontecem as temporadas de frutas, os OE
têm sua produção aumentada em certos períodos do ano e podem variar também num
mesmo dia. Atualmente, existem outras formas de extrair esses compostos dos
vegetais e são chamados de Métodos Inovadores, sendo o método de Queda de
Pressão Instantânea Controlada mais eficiente para esse fim por reduzir o tempo
de extração, consumo de água e não apresentar desvantagens como, por exemplo, a
formação de compostos indesejáveis, o uso de solventes orgânicos tóxicos, entre
outros [3].
A
pesquisa sobre OE no Brasil ocorre desde meados do século XIX com os trabalhos
do farmacêutico Theodor Peckolt que estudou a flora
brasileira em cerca de 170 trabalhos publicados [5]. Em 2006, o Ministério da
Saúde aprovou, por meio de Portaria, a Política Nacional de Práticas
Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde (SUS) em
concordância com orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre
inserção de práticas da Medicina Tradicional em tratamentos de saúde. Essa
Política Pública abrange terapias como Acupuntura, Fitoterapia (inclui a
aromaterapia), Homeopatia entre outros [6,7]. Em 2018, a PNPIC passou por uma
atualização da qual a aromaterapia passou a ser parte. Entre os meses de
janeiro e novembro de 2021, a exportação de OE e matérias de perfume e sabor
foi de US $309 milhões, o que corresponde a 48.636 toneladas desses materiais
[8].
Em
uma revisão da literatura, Barbosa e Silva indicaram como sintomas mais
pesquisados em relação aos OEs: a ansiedade, náuseas
e vômitos, qualidade de sono/insônia, dor, cicatrização, depressão e exaustão
mental [5]. Esses sintomas estão muito presentes durante o período do puerpério
ou pós-parto. O puerpério consiste no período imediatamente após a saída da
placenta até 42 dias pós-parto. Esse período pode ser dividido em três fases:
puerpério imediato (do primeiro ao 10 dia pós-parto parto), puerpério tardio
(do décimo ao quadragésimo dia pós-parto) e o puerpério remoto (do quadragésimo
dia pós-parto até o retorno da ovulação) [9].
Segundo
Gnatta et al. [10], a aromaterapia é praticada
pela enfermagem do mundo todo e tem respaldo do Conselho Federal de Enfermagem
(COFEN) aqui no Brasil. Sua prática é essencial para a Enfermagem e está
estritamente ligada às Teorias de Enfermagem que buscam maior autonomia para
esse profissional. Diante das inúmeras possibilidades de seu uso, o presente
estudo tem como objetivo analisar a literatura e verificar como a aromaterapia
é utilizada durante o período do pós-parto.
O
presente estudo consiste em uma revisão integrativa de literatura com o
objetivo de levantar evidências sobre o uso de Aromaterapia no puerpério.
Segundo Souza et al. [11], uma revisão integrativa “...é a mais ampla
abordagem metodológica referente às revisões, permitindo a inclusão de estudos
experimentais e não-experimentais para uma compreensão completa do fenômeno
analisado.”. Essa linha de pesquisa pode fornecer uma visão ampliada para um
melhor entendimento de situações-problemas importantes para a enfermagem
favorecendo sua compreensão.
A
busca foi realizada nas bases de dados do Portal de Periódicos da CAPES
(Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e no PubMed. Esse Portal possui mais de 49 mil periódicos
nacionais e internacionais com textos completos e cerca de 450 conteúdos
diversificados como patentes, estatísticas, material audiovisual, normas
técnicas, entre outros [12]. O acesso a essa plataforma se deu através do
cadastro institucional proporcionado pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).
Foram
utilizados descritores como: “aromatherapy, postpartum period”, “aromaterapia
pós-parto” encontrando um total de 267 artigos do Portal de Periódicos da CAPES
e 6 no PubMed, num total de 273. Critérios de
inclusão e exclusão foram criados para nortear o estudo em questão.
Considerados critérios de inclusão: textos publicados entre os anos de 2017 e
2022, em português, inglês e espanhol, textos completos. Foram excluídos textos
em outros formatos como relatórios, resenhas, teses e atas de congressos. Após
a segunda seleção foram apresentados 16 artigos e desses foram analisados para
este estudo 10 artigos conforme figura 1, baseada no fluxograma PRISMAA
e a tabela I descreve cada artigo para sua posterior análise (quadro sinóptico)
[13]. A Figura 2 mostra a Pirâmide de Nível de Evidência dos artigos
selecionados no presente artigo [14].
Figura
1 - Fluxograma.
Após
aplicar os filtros e critérios de inclusão e exclusão foram selecionados 10
artigos.
Figura
2 - Pirâmide de
Nível de Evidência
Tabela
I - Quadro sinóptico
Os
artigos selecionados foram analisados em diversas categorias como local do
estudo, tipo de estudo, objetivo do estudo, sintomas pesquisados, óleo
essencial utilizado. Dos 10 artigos, cinco (50%) tem origem na Ásia, dois (20%)
na Europa e um na América e um (10%) na Oceania. Dos artigos pertencentes à
Ásia, 80% são do Irã e ao realizar as buscas há um número considerável de
artigos sobre o assunto “aromaterapia” provenientes desse país.
Foram
analisadas 4 revisões sistemáticas, 3 revisões de literatura, 2 ensaios
clínicos e 1 caso controle não randomizado. As bases de
dados utilizadas foram
Medline, Science Direct, Cochrane Library, Web of Science, Pubmed,
Embase, Scopus, Google School, Cinahl,
Nursing & Allied e Psycinfo. Todas as bases são reconhecidas
mundialmente por sua qualidade.
Os
sintomas trabalhados foram: dor, cicatrização relacionada à episiotomia, fadiga
materna, traumas perineais, náuseas pós-parto cesárea, edema, deiscência,
depressão, ansiedade e qualidade do sono. Os sintomas mais discutidos nos
artigos foram dor com cinco aparições, depressão, fadiga, estresse com quatro
aparições e ansiedade com três aparições. Muitos artigos avaliaram diversos
sintomas num mesmo estudo.
Dor
Em
relação à dor, dos 10 artigos analisados 6 trabalham com esse sintoma.
Em uma revisão sistemática, avaliaram o efeito da Lavanda na dor. No artigo em
questão, foram analisados 6 artigos utilizando a Lavanda em banhos de
imersão e em apenas 1 estudo em forma de aromaterapia. Concluíram que esse
OE reduz a dor independente da forma de utilização [15].
Bertone e Dekker também analisaram evidências
disponíveis sobre a utilização de OE como a Lavanda, Hortelã-pimenta e Rosa
Damascena nesse sintoma do pós-parto. Para a dor pós-parto cesárea, em sua
análise, um grupo que utilizou o OE de Rosa Damascena obteve melhores
resultados se comparado com o grupo em uso de OE de Lavanda, mesmo que esse
último grupo tenha níveis mais altos de dor pré-intervenção
[17].
Já
em uma revisão de literatura com estudos clínicos randomizados, estudaram 25
trabalhos para verificar a eficácia e segurança de práticas não farmacológicas
para alívio da dor pós-parto e não evidenciou diferença significativa na utilização
da aromaterapia no pós-parto imediato ou tardio. Conclui ainda que OE, acupressão, acupuntura e terapia eletromagnética não
promoveram melhora da dor pós-parto, além da falta na literatura de suporte e
apoio para manutenção das práticas [23].
Em
um ensaio clínico realizado no Irã com 56 participantes, foi avaliado o uso de
óleo de Lavanda na redução da dor além de outros sintomas. O OE de Lavanda era
disponibilizado em três doses nas primeiras 24 horas pós-parto para o grupo
intervenção e no grupo controle foi utilizado OE de gergelim. Seus resultados
demonstraram redução desse sintoma. A avaliação da dor na manhã seguinte da
intervenção aumentou seu escore em comparação a pré-intervenção,
porém não foi estatisticamente significativa [24]. Em duas revisões
sistemáticas, também analisaram os efeitos de OE na dor e ambos obtiveram
resultados positivos [19,22].
Episiotomia,
trauma perineal e cicatrização
A
Episiotomia foi analisada de forma isolada em 1 artigo, sua cicatrização
em 1 artigo e o trauma perineal como um todo foi analisado em 1 trabalho.
Bertone e Dekker [17] analisaram o trauma perineal.
O grupo que utilizou OE de Lavanda apresentou melhora, porém não teve valor
significativo. A lavanda também foi avaliada em outro estudo demonstrando
resultado não significativo no quesito edema, deiscência ou infecção, mas
apresentou melhora na hiperemia, além disso o grupo em uso de lavanda utilizou
menos analgésicos. Ainda segundo essa revisão de literatura, falta definir o
nível de satisfação das mulheres durante as intervenções propostas.
Em
relação a episiotomia, uma revisão sistemática com metanálise,
avaliou e descreveu dois estudos com resultados positivos e significativos,
porém em um deles duas pacientes apresentaram reações alérgicas. Destaca,
ainda, a necessidade de estudos mais padronizados, com instrumentos para que
seja possível desenvolver metanálises rigorosas e
garantir a eficácia do tratamento da aromaterapia na obstetrícia [19].
Além
disso, em uma revisão sistemática, foi avaliada a cicatrização da episiotomia e
concluíram que tanto o banho de imersão quanto o uso da aromaterapia promovem
uma cicatrização saudável [15].
Ansiedade
e depressão
A
respeito dos sintomas de ansiedade e depressão, foram analisados 6
artigos. Chow, Huang e Li [18], em uma revisão
sistemática, avaliaram 84 artigos com objetivo de analisar intervenções para
depressão pós-parto. As revisões mais bem classificadas utilizaram técnicas de
aromaterapia, acupuntura e terapia cognitiva comportamental (TCC). Resultados
positivos para aromaterapia foram encontrados em duas revisões, mas não foi
possível realizar a metanálise pela heterogeneidade
dos desenhos dos estudos.
Ensaio
clínico duplo cego teve como objetivo avaliar os efeitos da Lavanda e Rosa damascena
na depressão em gestantes de 35-36 semanas de
gestação até 6 semanas pós-parto. O grupo
intervenção inalou por 10 respirações
rápidas em um pano com Lavanda e Rosa damascena e o
grupo controle realizou 10 respirações rápidas em um pano com óleo de gergelim
inodoro e depois colocou-os sob o travesseiro. Concluiu-se que seus efeitos
positivos fazem com que possa ser recomendada e seja uma terapia alternativa a
tratamento farmacológico [21].
Outra
revisão sistemática, concluiu que o uso da aromaterapia melhora sintomas comuns
no período pós-parto como ansiedade e depressão. O OE mais utilizado foi a
Lavanda e apesar de ser considerado um método barato, fácil de usar e de ação
rápida deve-se ter cautela em seu uso [22]. E na revisão sistemática com metanálise, concluíram que a aromaterapia melhora esses
sintomas do ciclo gravídico-puerperal [19].
Além
dos outros sintomas já citados, Bertone e Dekker
também analisaram o uso de aromaterapia em depressão e ansiedade. Concluíram
que a aromaterapia melhora seus níveis ao longo do tempo de uso dessa
terapêutica [17].
A
revisão sistemática, realizada por Domínguez-Solís et
al. [20],
avalia ensaios clínicos controlados e randomizados sobre
intervenções não farmacológicas para
redução da ansiedade durante a gestação,
parto e pós-parto. A aromaterapia obteve melhores resultados
durante o trabalho
de parto e a massagem durante o pós-parto.
Fadiga,
estresse, qualidade de sono e humor materno
A
fadiga apareceu como sintoma analisado em 3 artigos sempre associados a
outro sintoma como estresse, humor materno e em 1 foi avaliado junto da
promoção de relaxamento que a aromaterapia poderia trazer. Além disso, Bertone e Dekker também avaliaram a qualidade de sono no
pós-parto. Concluíram que há melhora na qualidade de sono. Mesmo com essa
melhora, o banho de imersão com lavanda não demonstrou efeitos significativos
para sintomas como: qualidade de sono, ansiedade e depressão [17].
Asazawa et al. [16] realizaram um estudo
de caso controle não randomizado em um Hospital do Japão. Tinha como objetivo
os efeitos dos OE na fadiga através da massagem com aromaterapia em puérperas
no pós-parto imediato (até 7 dias pós-parto), utilizando cinco OE: Lavanda
pura, Ylang-Ylang, Cidra, Pau Rosa e Laranja Doce.
Para essa avaliação foi utilizada a Lista de Verificação de Autodiagnóstico
para Avaliação da Fadiga Acumulada do Trabalhador modificada para o
público-alvo. Optou-se por essa Lista por ser bem difundida no país. Foram
avaliadas 29 puérperas em um pré e pós-teste
demonstrando a diminuição da fadiga e aumentando o relaxamento após a
intervenção. Os OE com melhores resultados foram Cidra e Laranja Doce no
terceiro dia pós-parto.
No
ensaio clínico selecionado, também foi analisado o uso do OE de Lavanda na
redução da fadiga e no humor e concluíram que há redução desse sintoma e que,
após repetidas análises, notou-se que os sintomas apresentados diminuem
conforme melhora do humor da mulher. A fadiga aumentou significativamente após
a intervenção em comparação a avaliação anterior [24]. Em uma revisão
sistemática, os autores concluíram que a aromaterapia melhora outros sintomas
como tristeza, instabilidade de humor, estresse, fadiga e melhora qualidade do
sono [22].
A
respeito da qualidade do sono no pós-parto, em uma revisão sistemática com metanálise, houve melhora comprovada, porém, o autor
ressalta a necessidade de cegar o estudo para torná-lo mais completo [19].
Náuseas
e vômitos
Dos
artigos selecionados para este estudo, 2 trabalharam com sintomas de
náuseas e vômitos pós-parto. Segundo Bertone e Dekker
[17], em um dos artigos analisados pelo autor, o OE de Hortelã-pimenta pode ser
usado como coadjuvante no tratamento contra náusea pós-parto cesárea. Além
disso, em revisão sistemática, ao avaliarem os pontos fortes e fracos do uso da
aromaterapia em sintomas do pós-parto, avaliaram-se dois estudos randomizados,
o primeiro em uso de OE de Menta e de Hortelã-pimenta e Limão siciliano não
obteve resultados significativos. O outro estudo utilizou OE de limão e obteve
resultados positivos [19].
Os
sintomas do pós-parto descritos neste artigo são os mais comuns do puerpério o
que demonstra a relevância do presente estudo ao reunir na literatura os pontos
de maior prevalência [5].
O
período do pós-parto pode ser classificado como potencial risco de surgimento
de transtornos psiquiátricos e a depressão pós-parto é considerada a mais
prevalente. No Brasil, essa doença pode chegar a um caso a cada 5 mulheres
nesse período [25]. Durante esse período, a mulher passa por transformações
físicas, emocionais e hormonais, além disso tem-se um ideal de maternidade
diferente do real, o que pode explicar porque no primeiro mês pós-parto a
mulher tem três vezes mais chances de desenvolver depressão do que em outro
momento da vida [26].
Mulheres
que apresentam sintomas de depressão ou ansiedade têm maiores dificuldades em
manter vínculo mãe-bebê, diminuição da satisfação do papel materno, má
aderência aos serviços de saúde infantil. E distúrbios do sono podem ser
característicos de distúrbios de depressão e ansiedade [27]. O uso da
aromaterapia auxiliou em melhores desfechos a depressão pós-parto, qualidade de
sono e diminuição da fadiga.
Segundo
Monteiro et al. [28], trauma perineal consiste em “perda da integridade
do períneo ou qualquer outro dano ocorrido na região genital da mulher podendo
ser espontâneo ou decorrente de procedimento cirúrgico” e a episiotomia pode
ser considerada um destes procedimentos. Esses traumas podem causar dor à
mulher. Verificou-se uma melhora no nível de dor das mulheres que utilizaram
aromaterapia. Apenas um artigo obteve reação alérgica como resultado ao uso de
OE na região perineal.
O
OE mais utilizado nos artigos foi a Lavanda que não é um dos mais baratos,
porém tem uma gama enorme de possibilidades de uso como antimicrobiano,
cicatrizante, ansiolítico, antidepressivo e relaxante. Apesar de ser um
investimento inicial caro, ele apresenta bom custo-benefício, pois sua
utilização se dá em gotas ou até mesmo em diluições, o que tende a maior
duração.
O
uso de Aromaterapia vai ao encontro de busca por tratamentos alternativos e
seguros. O presente estudo concluiu a eficácia de seu uso no período pós-parto
para os principais sintomas, mas alerta para a necessidade de mais trabalhos na
área para o aprimoramento do conhecimento, o que como consequência traz mais
segurança às pacientes.
É
importante, também, estimular a capacitação da
Enfermagem para utilização da
Aromaterapia, esse conhecimento dará maior autonomia a classe e
ajudará na
promoção da saúde das puérperas. Essa
capacitação também estimula a
inserção
dessa prática em protocolos institucionais.
Conflito
de interesses
Não
há conflitos de interesse por parte dos autores.
Fontes
de financiamento
Não
houve fonte de financiamento.
Contribuição
dos autores
Concepção
e desenho da pesquisa:
Janzen DC; Coleta de dados: Barbosa MS; Análise
e interpretação dos dados: Janzen DC, Barbosa MS;
Redação do manuscrito: Janzen DC, Barbosa MS; Revisão
crítica do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante: Janzen DC