ARTIGO
ORIGINAL
Avaliação
das capacidades de autocuidado das pessoas portadoras de diabetes mellitus tipo
2 cadastradas em Estratégia de Saúde da Família
José Vitor da Silva, D.Sc.*, Daniel Rodrigues Machado, M.Sc.**, Amyres Carvalho
Ribeiro***, Mayara Cristina Sandy Coelho***
*Enfermeiro,
Pós-doutor pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo,
Pós-doutorando pela Universidade São Francisco, Professor Titular da Escola de
Enfermagem Wenceslau Braz (EEWB), Itajubá/MG, Líder do Grupo de Pesquisa em
Enfermagem Gerontológica (GEPEGE), CNPq, **Pós-Graduando pela Escola de
Enfermagem da Universidade Federal Fluminense, RJ, ***Acadêmico de Enfermagem
da EEWB, Bolsista de Iniciação Cientifica pela Fapemig
Recebido em 14 de
setembro de 2014; aceito em 18 de maio de 2016.
Endereço
para correspondência:
José Vitor da Silva. Rua João Faria Sobrinho, 61/301, Varginha, 37501-080
Itajubá MG, E-mail: jose.vitor@pq.cnpq.br
Resumo
Estudo de abordagem
quantitativa, descritivo e transversal que objetivou avaliar as capacidades de
autocuidado dos portadores de diabetes mellitus tipo 2.
A amostra foi de 50 pacientes diabéticos tipo 2 e a
amostragem foi não probabilística, intencional ou racional. Para a coleta de
dados, foi utilizada a escala para avaliar as capacidades de autocuidado de
diabéticos tipo 2. Constatou-se que a média da
capacidade de autocuidado foi 327,96 (DP = 38), sendo o item que mais
contribuiu “sou capaz de escovar os dentes sem ajuda” (246 pontos). A
capacidade de autocuidado foi considerada “muito boa”.
Palavras-chave: autocuidado,
diabetes mellitus, avaliação.
Abstract
Assessment of self-care abilities of people with type 2 diabetes
mellitus enrolled in the Family Health Strategy
This study of quantitative, descriptive and cross-sectional approach
aimed to assess the self-care capacity of patients with type 2 diabetes
mellitus. The sample included 50 patients with type 2 diabetes mellitus and the
sampling has not been probabilistic, intentional or rational. For
data-collection a scale was used to assess the self-care capacity from type 2
diabetic patients. The average of self-care capacity was 327.96 (SD = 38), and
the item “I am able to brush my teeth by myself” (240 points) was the most
important. The self-care capacity was considered “very good”.
Key-words: self care, diabetes mellitus, assessment.
Resumen
Evaluación de la
capacidad de autocuidado de personas con diabetes mellitus tipo 2 registradas
en la Estrategia de Salud de la Familia
Este es un estudio de enfoque cuantitativo, descriptivo y
transversal que tuvo como objetivo evaluar las capacidades de autocuidado de
los pacientes con diabetes tipo 2. La muestra analizada fue compuesta por 50
pacientes con diabetes mellitus tipo 2 y se realizó un
muestreo no probabilístico intencional o racional. Para la
recopilación de datos, se utilizó la escala para evaluar las capacidades de
autocuidado de pacientes con diabetes mellitus tipo 2. Se encontró que el promedio de la capacidad de autocuidado fue de 327,96 (SD
= 38), el ítem que más contribuyó fue: "Soy capaz de cepillarme los
dientes sin ayuda” (246 puntos). La capacidad para el
autocuidado fue considerada “muy buena”.
Palabras-clave: autocuidado,
diabetes mellitus, evaluación.
O diabetes mellitus
(DM) é uma doença metabólica caracterizada por elevados níveis de glicose no
plasma sanguíneo, condição que é denominada como hiperglicemia, resultante da
deficiência na secreção de insulina pelas células beta-pancreáticas ou por
defeitos na via de sinalização do receptor de insulina, podendo também as duas
condições ocorrer concomitantemente [1].
No Brasil, a
prevalência de DM foi de 7,6% na década de 1980, em 2003 passou a 12% nos
homens e 16% nas mulheres [2]. Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes, o
novo número de pacientes com diabetes no Brasil é 12.054.827. Os dados são
resultado da atualização dos números do Censo de Diabetes, do final da década
de 80, baseado no Censo IBGE 2010 [3].
O diabetes mellitus
está associado ao aumento da mortalidade devido ao alto risco de
desenvolvimento de complicações agudas e crônicas. Nas agudas, estão
relacionadas à hipoglicemia, cetoacidose diabética e o coma hiperosmolar. Já as
complicações crônicas podem ser originadas de alterações na microcirculação,
causando retinopatia e nefropatia; na macrocirculação, levando à cardiopatia
isquêmica, doença cerebrovascular e vascular periférica e, ainda, as
neuropatias [4].
Sendo assim, o
impacto do diabetes mellitus tipo 2 como problema de
saúde pública é evidenciado principalmente diante das complicações crônicas
decorrentes da doença que frequentemente tem caráter incapacitante,
comprometendo a qualidade de vida dos seus portadores e requerendo tratamento
extremamente oneroso ao sistema de saúde [5].
Diante
disso, é
indispensável ao se estabelecer uma estratégia de
tratamento, incluir
conhecimentos e ações que controlem os níveis
glicêmicos, para que não ocorram
as complicações decorrentes do DM. Então, faz-se
necessário e indispensável que
o seu portador realize o autocuidado, que será uma das
estratégias de prevenção
das complicações agudas e crônicas, assim como do
seu controle. O autocuidado é
uma Teoria de Enfermagem, de autoria da enfermeira norte-americana
Dorothea
Elizabeth Orem, que demonstrou o quanto esse fenômeno representa
diante das
situações que requerem prevenção e
promoção à saúde, assim como o controle das
doenças crônicas não transmissíveis.
Já as capacidades de autocuidado
referem-se ao conjunto de conhecimentos, experiências e
habilidades que são
adquiridos, por meio da educação e autotreinamento ao
longo da vida das
pessoas, e que são específicos às demandas de
autocuidado. As capacidades
variam de acordo com o desenvolvimento de cada pessoa, desde a
infância até o
envelhecimento. Elas se desenvolvem no percurso da vida diária
por meio da
aprendizagem, escolaridade, curiosidade, supervisão das outras
pessoas e
experiências na realização de medidas de
autocuidado [6,7].
Esse conceito
evidencia a importância e a necessidade da educação no processo de autocuidado.
Fica evidente que a educação é um elemento importante no tratamento desses
pacientes com diabetes mellitus e, de acordo com a American Diabetes Association (ADA), todos os pacientes com
diabetes mellitus deveriam receber educação para o autocuidado. Em função
disso, no ano de 2006, foi criada a National
Standards for Diabetes Self-Management Education (DSME), com o objetivo de
garantir a qualidade da educação para o autocuidado fornecida
aos pacientes com diabetes mellitus, nos diversos cenários, tendo como base
evidências científicas [2].
A educação prevê uma
parceria entre o educando e o educador, com o objetivo de promover o
autocuidado. O principal objetivo do DSME é treinar o paciente na tomada de
decisões referentes ao seu tratamento, transformando-o em gerente de sua doença
e incentivando-o a utilizar o sistema saúde como uma ferramenta para o seu
controle, quando for necessário [2].
Este estudo sobre o
conhecimento do autocuidado da pessoa portadora de diabetes mellitus tipo 2 (DM2) é um norteador aos profissionais de saúde, no
sentido de eles identificarem quais e como deverão desenvolver as informações
do autocuidado. Associado a isso, os pacientes se beneficiarão com um modelo de
intervenções focado nos seus déficits de conhecimento, que possibilitará ações
mais eficientes quando o propósito é capacitarem relação ao conhecimento,
controle e prevenção das complicações decorrentes do DM2.
A revisão de
literatura efetuada mostrou que há diversos trabalhos já realizados com as
capacidades de autocuidado, tanto em nível nacional como internacional.
Entretanto, realizar mais trabalhos sobre esse tema nunca será demasiado,
considerando que a educação para a saúde deve ser constante e
ininterrupta na vida das pessoas portadoras de DM.
Ao evidenciar-se a
importância do profissional de enfermagem fornecer informações e orientações ao
diabético tipo 2 e este, por sua vez, segui-las ao
longo de sua vida diária, teve-se a inquietação de realizar o presente trabalho
para constatar como estão as capacidades de autocuidado em relação ao diabetes
mellitus. Diante disso, considerando-se a necessidade e a importância do
autocuidado no controle dessa patologia, pretende-se conhecer: como estão as
capacidades de autocuidado da pessoa portadoras de DM2, do ponto de vista de
controle e prevenção de complicações agudas e crônicas dessa doença?
Entretanto, para a
realização de trabalhos dessa natureza, é imprescindível que haja instrumentos
confiáveis e validados. Para a realidade brasileira, a Escala para avaliar as
capacidades de autocuidado está devidamente validada.
Considerando que o DM
não é uma única patologia, mas um grupo de distúrbios metabólicos que apresenta
a hiperglicemia como fator preponderante e todos os aspectos mencionados
anteriormente, o objetivo do presente estudo foi avaliar as capacidades de
autocuidado da pessoa portadora de DM2.
Este estudo foi de
abordagem quantitativa do tipo descritivo e transversal. Teve como cenário a
cidade de Itajubá, no que tange aos seus diversos bairros, tanto da zona urbana
quanto da rural. Os participantes foram pessoas do gênero masculino e feminino
portadoras de DM2, cadastradas nos serviços de Estratégias de Saúde da Família
(ESF) dessa cidade.
A amostra foi
constituída por 50 pessoas, a amostragem foi não probabilística intencional ou
racional e os critérios de elegibilidade adotados foram os seguintes: 1) ter
capacidade cognitiva e de comunicação preservadas, e isso foi avaliado pelo
Instrumento de caracterização pessoal, familiar, social, econômica e de saúde;
2) estar cadastrado na ESF e no programa HiperDia; 3)
residir na cidade de Itajubá/MG, seja na zona urbana ou rural; 4) e ser
portador de DM2, há pelo menos seis meses, para que tenha tido a oportunidade
de ser orientado sobre DM2 e seu autocuidado.
A coleta de dados foi
dividida em duas partes distintas: 1) Procedimentos adotados para a realização
da coleta de dados e a 2) aplicação dos instrumentos de pesquisa. Em relação
aos procedimentos de coleta de dados, primeiramente identificou-se o cadastro
dos usuários portadores de DM2 nos serviços de ESF e, posteriormente, o
agendamento quanto ao dia, hora e local da entrevista. Antes da realização da
entrevista, foram fornecidas as informações sobre o trabalho de pesquisa em
questão e seus objetivos; obtida a anuência do participante, esclareceram-se as
nuances do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), bem como se
requisitou a assinatura ou a aposição da impressão digital do polegar direito,
quando o respondente não sabia escrever. No que diz respeito aos instrumentos
de pesquisa, foram aplicados os seguintes instrumentos: 1) Caracterização
pessoal, familiar, social, econômica e de saúde; este instrumento elaborado por
Silva e Kimura no ano de 2003, está formado por diversas perguntas predominantemente
fechadas, relacionadas com gênero, idade, estado civil, religião, salário e
informações sobre saúde; 2) o segundo instrumento foi a Escala para avaliar as
capacidades de autocuidado dos portadores de DM2, elaborado por Silva no ano de
2006, formado por 78 itens com as seguintes opções de resposta: “discordo
totalmente” (1 ponto), “discordo” (2 pontos), “nem
concordo nem discordo” (3 pontos), “concordo” (4 pontos) e “concordo
totalmente” (5 pontos). O score mínimo equivale a 78 pontos e o máximo a 390,
quanto melhor a capacidade de autocuidado maior o score e vice-versa.
Os dados foram
processados e analisados pelo programa Statistical
Package for Social Science (SPSS), versão 18.0. Utilizou-se da estatística
descritiva, a frequência absoluta, relativa, média e desvio padrão. Da
estatística inferencial, efetuou-se o teste Alfa
de Cronbach, visando a avaliar a consistência interna da escala de capacidades
de autocuidado.
Esta pesquisa foi
aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem Wenceslau
Braz, da cidade de Itajubá/MG, conforme parecer consubstanciado n. 432/2011.
Os resultados obtidos
no estudo são apresentados em duas partes: na primeira, é exibida a avaliação
das capacidades de autocuidado das pessoas portadoras de DM2 (Tabelas de I a
III). Na segunda, são evidenciados os dados relacionados com as características
de saúde da pessoa portadora de DM2 (Tabela IV).
Quadro
1 – Parâmetros utilizados para avaliação das
capacidades de autocuidado das pessoas portadoras de diabetes mellitus tipo 2. Itajubá/MG, 2012 (n = 50).
Tabela
I - Avaliação das capacidades de autocuidado das
pessoas portadoras de Diabetes Mellitus tipo 2.
Itajubá/MG, 2012 (n = 50).
Tabela
II -
Itens que mais contribuíram para as
capacidades de autocuidado das pessoas portadoras de DM tipo 2.
Itajubá/MG, 2012 (n = 50).
Tabela
III -
Itens que menos contribuíram para as
capacidades de autocuidado das pessoas portadoras de DM tipo 2.
Itajubá/MG, 2012 (n = 50).
Ao avaliar a
consistência interna, identificou-se que o Alfa de Cronbach alcançou o valor de
0,91 na escala de avaliação das capacidades de autocuidado dos diabéticos tipo 2, indicativo de consistência interna satisfatória [7].
Tabela
IV -
Informações sobre remédios, cuidadores e
exercícios físicos das pessoas portadoras de DM tipo 2.
Itajubá/MG, 2012 (n = 50)
Outros resultados
obtidos da população estudada foram que 66,00% eram do gênero feminino, média
de idade 62,18 anos (DP = 10,24), 20% possuíam o ensino médio completo, a
maioria era casada (58,00%), 90,00% deles tinham filhos, tendo como média de
3,26 filhos por casal (DP = 2,28), a maioria dos participantes era aposentado e
não trabalhavam mais (28,00%). Observou-se que 40,00% acreditavam possuir saúde
boa no momento da pesquisa e 46,00% relataram manter-se igual ao ano passado,
comparando com as pessoas da mesma idade diziam que sua saúde era melhor
(40,00%), 50,00% possuíam hipertensão e 34,00% consideravam sua visão boa.
O impacto do DM2 como
problema de saúde pública é evidenciado principalmente diante das complicações
crônicas decorrentes da doença que frequentemente tem caráter incapacitante,
comprometendo a qualidade de vida dos seus portadores e requerendo tratamento
extremamente oneroso ao sistema de saúde [5]. No Brasil, os custos diretos com
a doença variam de 2,5% a 15% do orçamento anual destinado à saúde, o que
representa em torno de 3,9 bilhões de dólares americanos [2].
As principais metas
do tratamento para diabéticos incluem o controle dos níveis glicêmicos e a
prevenção de complicações agudas e de longo prazo. Os enfermeiros que cuidam de
pacientes com diabetes devem ensinar-lhes a importância dos hábitos de vida
saudável juntamente com o tratamento medicamentoso, dando ênfase de que tudo
isso irá ajudar o diabético a viver com saúde [8]. Ressalta-se que a educação
para o autocuidado da doença ou a educação em DM pode ser vista como um
programa de intervenções estruturadas para fornecer ao indivíduo conhecimentos,
atitudes e habilidades necessárias para: a) o desempenho do autocuidado da
doença no controle das crises (hipoglicemia, hiperglicemia) e b) para a mudança
de comportamento, especialmente, dentro das áreas de nutrição e atividade
física. O controle e a prevenção de complicações do diabetes são possíveis por
meio de programas educativos e profissionais de saúde capacitados para atuarem
no processo educativo [9].
Na tabela I,
observou-se que a média de capacidade de autocuidado dos participantes era de
327,96, classificando o autocuidado como muito bom. Em outro estudo no qual
foram avaliadas as capacidades de autocuidado e sua relação com os fatores
condicionantes básicos, encontrou-se que o nível de capacidade de autocuidado
era “muito bom” [10]. Isso reforça a ideia de que as pessoas estão preocupadas
em se manter saudáveis, mesmo que tenham ou não alguma doença crônica já
instalada.
Neste estudo, pode-se
observar que a maioria dos participantes é do gênero feminino, e que a maior
parcela deles possuem filhos. Como é um papel muito comum da mulher assumir a
responsabilidade do lar e da criação dos filhos, ela deixaria de trabalhar para
realizar tais atividades, assim, ampliando sua disponibilidade para buscar o
atendimento de saúde no ESF, que, normalmente, funcionam das 7h até 17h. Nesse
horário, o homem normalmente está no trabalho, impossibilitando-o de buscar o
serviço de saúde. Podemos então associar o resultado de “muito bom” das
capacidades de autocuidado a esses fatores que fazem com que a mulher tenha
maior contato com os profissionais de saúde. Em contrapartida a essa realidade,
outros estudos mostram que a prevalência de DM2 é no gênero feminino [11,12].
O tempo de estudo é
um fator que influencia a capacidade de aprendizado da pessoa, de forma que
quanto maior o tempo de estudo maior a capacidade de se aprender e aplicar algo
novo. Assim, aqueles participantes com ensino médio completo corroboram o
resultado “muito bom” das capacidades de autocuidado, já que, por terem
completado tal grau de ensino, possuem melhor capacidade de aprender aquilo que
lhes é ensinado, de reconhecer situações de risco e saber como podem aplicar o
conhecimento a seu favor. Outros estudos revelam que a prevalência de DM
triplica em pessoas que não possuem o ensino médio ou não o completaram.
Portanto, pode-se associar esse dado à dificuldade de compreensão dos riscos
que seu comportamento impõe sobre sua saúde [11,12].
A
maioria dos
participantes que praticava atividade física optou pela
caminhada e assim
tinham um melhor controle glicêmico, por isso as
complicações agudas e tardias
da DM2 não estavam presentes. Essas pessoas possuíam uma
melhor percepção de
sua saúde, como pode ser observado nos resultados em que a
maioria relatava que
a percepção de seu estado de saúde é
“boa”; quando solicitada a comparação com
pessoas
da mesma idade, diziam que estavam “melhor”. Podemos,
então, assumir que os
indivíduos que reconhecem seu estado de saúde como
“boa” e “melhor” que o de
outras pessoas é porque possuem informações
suficientes (capacidades de
autocuidado) para realizarem ações de autocuidado. Essas
informações obtidas
vêm ao encontro do que foi pesquisado na literatura, já
que pacientes que
mantêm a preservação de suas capacidades funcionais
possuem autoavaliação
positiva do seu estado de saúde, tendo assim um bom autocuidado
[13,14].
Em um estudo
realizado em um município próximo de Itajubá, Pouso Alegre, foi avaliada a capacidade de autocuidado de pessoas idosas com
DM2. Concluiu-se que os participantes do estudo apresentaram nível muito bom de
capacidade de autocuidado em relação à doença, mostrando que a percepção das
pessoas em relação ao autocuidado está presente em seu cotidiano [15].
Fica claro que o
cuidado integral à pessoa com diabetes deve compreender aspectos psicossociais
e culturais. A cada atendimento fornecido ao cliente, deve-se reforçar a
percepção de risco à saúde, o desenvolvimento de habilidades, aquisição de
conhecimentos e a motivação para superar as adversidades, para que, dessa
forma, ocorra o fortalecimento da pessoa e família a fim de promover uma melhor
convivência com a condição crônica. Uma maneira efetiva de se realizar esse
reforço à pessoa com diabetes é usar de medidas práticas que sejam adaptadas
para a realidade cotidiana desta pessoa [9,13,14].
O portador de doença crônica
representa, em âmbito nacional, custos ao Estado, sejam estes no tratamento da
doença ou na promoção e prevenção, sendo estas duas últimas as
menos onerosas, porém não as mais práticas, devido à dificuldade no
acompanhamento do indivíduo no que diz respeito ao uso dos conhecimentos
obtidos.
Já
que se fala de
prevenção e promoção como medida de
redução do número de portadores de doença
crônica e assim de gastos exorbitantes tanto para o Estado como
para a família,
devemos focalizar o nosso olhar até o ESF, que é a fonte
que irá iniciar as
campanhas de promoção e prevenção; onde o
profissional de enfermagem, usando de
suas duas principais armas, o conhecimento e a visita domiciliar,
pode atuar nos problemas citados acima (dificuldade de acompanhamento e o fato
de a população não compreender a mensagem que é passada).
Autores afirmam que a
promoção da saúde reconhece o autocuidado como estratégia fundamental de
manutenção da saúde e da capacidade funcional. A promoção da saúde compreende a
disponibilidade de um continuum de serviços que atenda às necessidades das
pessoas nas atividades do dia a dia.
Ao realizar a visita,
cabe ao profissional de enfermagem atentar-se a diversas variáveis, como:
condição financeira, crenças e ambiente. Essas variáveis são importantes, pois
exercem influência direta sobre o que a pessoa é capaz ou não de aprender e
executar. O profissional, antes de demonstrar como determinado hábito pode
prejudicar a saúde, precisa averiguar primeiro os motivos que levam a pessoa a
realizar determinado hábito, assim pode vencer essas barreiras e adaptar as
informações fornecidas para a realidade da pessoa. A importância disso está
justamente no conceito de capacidade de autocuidado, que nada mais é do que os
conhecimentos que a pessoa possui para cuidar de si mesma. Assim, há
necessidade da adaptação da informação para a realidade vivenciada para que o
processo de aprendizagem ocorra de maneira efetiva e com o menor número
possível de interferências.