REVISÃO
O
enfermeiro como educador no Programa Saúde da Família
Ana Carolina de
Oliveira Paiva*, Walter Batista Cicarini, M.Sc.**
*Enfermeira,
Pós-graduada em Formação Pedagógica para Profissionais de Saúde, Enfermeira do
Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo
Horizonte/MG, **Farmacêutico-Bioquímico, Doutorando do Departamento de Análises
Clínicas e Toxicológicas, área Hematologia da Escola de Farmácia da
Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte/MG
Recebido em 30 de
agosto de 2016; aceito em 15 de setembro de 2016.
Endereço
para correspondência:
Ana Carolina de Oliveira Paiva, Rua Viçosa, 373/502, 30330-160 Belo Horizonte
MG, E-mail: carolpaiva6@hotmail.com; Walter Batista Cicarini: wcicarini@yahoo.com
Resumo
A
educação em saúde é
um dos pilares que vai sustentar o eixo essencial na Estratégia
Saúde da
Família. Entretanto, no cotidiano da assistência, os
enfermeiros encontram
dificuldades para concretizá-la. Em vista disso, o objetivo da
pesquisa é
identificar como o profissional enfermeiro desenvolve, no âmbito
da atenção
primária, as ações de educação para
a promoção à saúde. Trata-se de uma
revisão
integrativa que se baseia na produção científica
nacional. Com o
desenvolvimento da pesquisa, verificou-se que os enfermeiros
mantêm suas ações
educativas voltadas para o modelo tradicional curativista. Concluiu-se
que
esses profissionais devem reconhecer a promoção da
saúde como uma estratégia
para transformar a realidade social e sua própria prática
assistencial em
rotina.
Palavras-chave: atenção primária à
saúde, educação em saúde, promoção da saúde, enfermagem.
Abstract
Nurse as educator in the Family Health Program
Health education is one of the foundations at the core of the Family
Health Program. Nonetheless, nurses run into many obstacles in implementing it
on a daily basis. Therefore, the aim of this study was identifying how nurses
develop, inside primary health care scope, educational actions towards health
promotion. It was an integrative study based on the national scientific
production. As the research advanced, it was noted that a traditional model of
curative actions is maintained by nurses. It has been concluded that these
professionals ought to recognize health promotion as a strategy to transform
social reality and their own healthcare practices into a routine.
Key-words: primary
health care, health education, health promotion, nursing.
Resumen
El enfermero como educador en el Programa de Salud de la Familia
La educación en salud
es uno de los pilares que sostiene el eje esencial
para la promoción de la salud en la Estrategia Salud Familiar (ESF). Todavía,
en el cotidiano de la asistencia, los enfermeros
encuentran dificultades para concretízala. El objetivo del
estudio es identificar como el profesional desenvuelve, en ámbito de la
atención primaria, acciones de educación para la promoción de la salud. Se
trata de una revisión integrativa con base en la
producción científica nacional. Con el desarrollo de
la investigación, se ha verificado que los enfermeros mantienen sus acciones
educativas a la curativa modelo tradicional. Se concluyó que estos
profesionales deben reconocer promoción de la salud
como una estrategia para transformar la realidad social y su propia práctica de
atención en rutina.
Palabras-clave: atención primaria, educación de la
salud, promoción de la salud, Enfermería
O Sistema Único de
Saúde (SUS), regulamentado por meio da lei 8.080, de setembro de 1990, define
como dever da União garantir a saúde à população. A organização do SUS é
estabelecida por meio das seguintes diretrizes: descentralização do processo
decisório, atendimento integral do indivíduo, priorização das atividades de
promoção e prevenção e participação social. Além disso, define, como
princípios, a universalidade do acesso e a integralidade das ações e serviços
de saúde. Estes, por sua vez, são disponibilizados à população em níveis de
complexidade crescente, abrangendo desde a atenção básica ou primária, atenção
secundária, até a atenção terciária [1].
A Estratégia Saúde da
Família (ESF), como é conhecido o Programa Saúde da Família implantado no
Brasil pelo Ministério da Saúde em 1994, surgiu como forma de implementar
a mudança no modelo de atenção à
saúde, a partir
da organização da atenção básica. O
objetivo da Estratégia é a reorganização
das práticas de assistência, que será
possível por meio de ações que vão desde
a qualificação e a reorientação das
práticas de saúde até a ampliação do
devido
acesso [2].
Com vistas ao
atingimento desse objetivo, o foco da ESF está na promoção da saúde, que é
definida como um processo de intervenção nas condições de vida da comunidade,
indo além da assistência clínica [3].
O conceito de
promoção da saúde descrito pela Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS)
revisada no ano de 2014 é entendido como:
Promoção
da Saúde como um conjunto de estratégias e formas de produzir saúde, no âmbito
individual e coletivo, caracterizando-se pela articulação e cooperação intra e
intersetorial, pela formação da Rede de Atenção à Saude (RAS), buscando articular suas ações com as demais redes de proteção social,
com ampla participação e controle social [4].
Para obter um melhor
entendimento da promoção da saúde, cujo conceito vem sendo ampliado desde a
Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, em Otawa, em 1986,
ressalta-se a importância de diferenciá-la do conceito de prevenção de doenças
[5]. A prevenção é entendida como um trabalho focado no controle da transmissão
de enfermidades e na atenuação dos riscos de doenças e outros agravos. Além
disso, a prática de prevenção está voltada para a história natural das
patologias, usando-se como parâmetro as informações da vigilância
epidemiológica [3].
As práticas de
promoção da saúde, por outro lado, estão voltadas à melhoria da qualidade de
vida do indivíduo e da coletividade a partir do desenvolvimento de sua
autonomia e de sua capacidade de escolha. Nessa visão, a promoção não é
responsabilidade exclusiva do setor saúde, envolvendo também as áreas da
educação, do meio ambiente, da economia, bem como as atividades de lazer e de
expressão cultural [3].
Dessa
forma, a
Política Nacional de Promoção da Saúde,
Portaria aprovada e publicada em março
de 2006, visa à ampliação e à
qualificação das práticas de
promoção nos
serviços da área [4]. Tal política é
fundamentada em diretrizes voltadas à
condição de vida do sujeito, o que influenciará de
forma direta em sua
qualidade de vida. Na prática, contudo, o despreparo
técnico das equipes de
saúde da família e a não implantação
de uma assistência interdisciplinar, bem
como a falta de articulação do profissional com a
coletividade são dificuldades
que se observam para a consolidação dessas diretrizes
[6].
Nesse olhar ampliado, ressalte-se a
importância da prática educativa para possibilitar a promoção da saúde, que
acaba por envolver interação entre instituições e comunidade. Através desse
dispositivo educativo, o conhecimento no campo da saúde, intermediado pelo
profissional dessa área, é transmitido para a população a fim de modificar o
seu comportamento e definir seus novos hábitos de vida. Para que isso seja
possível, o profissional deve considerar o indivíduo como sujeito possuidor de
conhecimento e precisa incentivar a prática educativa grupal, na qual se
utiliza o diálogo com o intuito de difundir diferentes
saberes e transformar os sujeitos, obtendo desta forma a sua cidadania,
autonomia e interdisciplinaridade [7].
O enfermeiro, como participante
da equipe multiprofissional, considera a educação em saúde uma ferramenta
fundamental para desenvolver a promoção na atenção primária [8]. No entanto,
ainda se observa na prática um predomínio do modelo assistencial voltado para a
prevenção de doenças, com caráter curativo e uma abordagem desintegrada da
pessoa. Além de ações educativas com transmissão de informações verticalizadas
e pouco voltadas para a autonomia do indivíduo [2-3].
A partir desse
contexto e da vivência da própria autora deste artigo em uma Unidade Básica de
Saúde (UBS) em Belo Horizonte/MG, percebeu-se que o enfermeiro propõe, na
teoria, um modelo de assistência embasado na promoção da saúde e educação em
saúde. Contudo, quando esse profissional atua na prática, ao realizar a
prestação dos serviços de saúde, o modelo ofertado é a assistência curativa e
preventiva.
Surge aqui,
evidentemente, a questão norteadora desta revisão integrativa: as práticas de
promoção da saúde, realizadas pelo enfermeiro na atenção básica, estão
articuladas com as práticas de educação em saúde? Lembrando que o enfermeiro é
capaz de influenciar a qualidade de vida da população. Considerado esse
contexto, a enfermagem fornece, portanto, um aporte para o desenvolvimento de
práticas direcionadas para o modelo dialógico, tanto voltado para a educação
quanto para a promoção da saúde [3].
Diante
do exposto, o
objetivo da pesquisa é identificar, na literatura nacional, como
o profissional
enfermeiro desenvolve, no âmbito da atenção
primária, as ações de educação em
saúde para a promoção.
O método adotado foi a revisão integrativa de literatura, ferramenta do método de
pesquisa da Prática Baseada em Evidências (PBE), que viabiliza uma síntese das
informações disponíveis de uma determinada temática [9]. Para o seu
desenvolvimento, foram percorridas seis etapas.
A primeira etapa
consistiu em definir a seguinte questão norteadora: as práticas de promoção da
saúde, realizadas pelo enfermeiro na atenção básica, estão articuladas com as
práticas de educação em saúde?
Os dados foram
coletados no período de novembro de 2013 a janeiro de 2014, no site da
Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), utilizando as bases de dados Literatura
Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Medical Literature Analysis and Retrieval
Sistem on-line (Medline) e Scientific
Electronic Library Online (Scielo).
Para
a pesquisa,
nessas bases de dados, foi utilizada a busca avançada de modo a
combinar sempre
três dos seguintes descritores: “Atenção
Primária à Saúde”,
“Educação em
Saúde”, “Promoção da
Saúde”, “Enfermagem” conforme
orientação dos Descritores
em Ciências da Saúde (DeCS).
Na
segunda etapa, os
critérios de inclusão para a seleção das
publicações foram: usar somente
artigos publicados no Brasil, uma vez que o tema está voltado
para a
articulação da promoção da saúde e
educação em saúde na atenção
primária,
fundamentado nos princípios do SUS; considerar um período
de 2000 a 2013; estar
disponível na íntegra em suporte eletrônico;
selecionar estudos focados na
atenção primária e na promoção da
saúde.
O resultado desta
busca culminou em 482 referências levantadas nas três referidas bases de dados.
A seleção ocorreu por meio da leitura de seus títulos e resumos, sendo
escolhidos 17 artigos para serem lidos na íntegra. Percebeu-se que apenas 08
artigos atendiam a todos os critérios de inclusão mencionados. Os resultados
dos artigos encontrados nas três bases de dados estão explicitados na Tabela I.
Tabela I - Produção científica identificada nas bases
de dados, relacionada ao tema em questão. Belo Horizonte, MG, Brasil, 2014.
Terceira
etapa:
procedeu-se à definição das
informações a serem extraídas dos estudos
selecionados. O critério de inclusão adotado foi o acervo
que contasse com a
atuação do enfermeiro na atenção
primária, enfatizando as relações de
educação
em saúde e/ou promoção da saúde em suas
práticas diárias. Essas informações
foram catalogadas em ficha bibliográfica e contemplaram:
autores/ano e
resultados principais.
Quarta etapa:
consistiu na avaliação e análise crítica dos estudos incluídos na revisão
integrativa.
Quinta etapa: ocorreu
a interpretação dos resultados. Essa etapa corresponde à fase de discussão dos
principais resultados na pesquisa convencional.
Sexta etapa:
apresentação da revisão/síntese do conhecimento, no qual se incluem informações
suficientes que permitam ao leitor avaliar a pertinência do estudo.
Os oito artigos
selecionados estão explicitados no Quadro II e apresentam ano de publicação
entre 2007 a 2013. Dentre estes, dois (25%) artigos foram encontrados na
Revista Texto & Contexto Enfermagem; um (12,5%), na Revista da Rede de
Enfermagem do Nordeste; um (12,5%), na Revista de Atenção Primária à Saúde;
dois (25%), na Revista Mineira de Enfermagem; um (12,5%), na Revista
Panamericana de Salud Pública; e um (12,5%), na Revista Gaúcha de Enfermagem.
Tabela
II -
Dados nacionais da relação entre Promoção
da Saúde e Educação em Saúde de acordo com os artigos selecionados. Belo
Horizonte/MG, 2014.
Ao analisar a
educação e a promoção da saúde, nos artigos apresentados na tabela II, pode-se
inferir que o profissional de enfermagem é determinante no fortalecimento de
práticas educativas a comunidade. Diálogo, informação, conhecimento e pactuação
das ações de promoção de saúde, garante a inserção da comunidade ao sistema de
saúde.
O profissional da
saúde, especificamente o enfermeiro, ocupa cada vez mais espaço na educação em
saúde. Uma vez que, ao exercer o papel de educador, influencia nos hábitos e
estilos de vida das pessoas tornando-as responsáveis pelas decisões dos seus
comportamentos de saúde. Essa forma de agir distingue do modelo tradicional de
educação, que está focado na prevenção da doença voltada para o indivíduo
isolado, do novo modelo de educação, que está direcionado para a realidade da
comunidade [15].
Por
outro enfoque,
promover a saúde constitui um desafio, pois sua
abrangência é maior que o campo
específico da saúde. Além disso, envolve uma
combinação de estratégias, como as
ações do estado (políticas públicas
saudáveis), da comunidade (reforço da ação
comunitária), do indivíduo (desenvolvimento de
habilidades pessoais), do
sistema de saúde (reorientação do sistema de
saúde) e de parcerias
interpessoais [3].
Interessante
dizer
que a promoção da saúde e a
prevenção de agravos são atividades essenciais da
Estratégia
Saúde da Família, na qual o enfermeiro realiza atividades
como o cuidar, o
coordenar e o educar, proporcionando uma assistência integral no
âmbito
individual e coletivo.
Convém ressaltar que
a educação em saúde passa a ser um instrumento de construção da participação
popular nos serviços de saúde e, ao mesmo tempo, de aprofundamento da
intervenção da ciência na vida cotidiana da sociedade.
Neste contexto, o
cuidado deve estar em constante inter-relação com a educação em saúde, espaço no
qual o enfermeiro interage, rompendo a visão de cuidado estritamente técnico
para praticar um cuidado crítico, embasado em conhecimento científico. Tais
medidas rompem as barreiras institucionais e individuais e adentram a
comunidade visando o coletivo.
É importante
ressaltar que, dentre os oito arquivos analisados, um dos estudos enfatiza a
dificuldade que o profissional tem de romper com o modelo prático
médico-centrado e curativista e incorporar referências que têm,
como pilar, a oferta de ações que partem da realidade e das necessidades de
saúde da coletividade [7].
Há uma dissociação
entre o discurso e a prática dos enfermeiros, ao se referirem na entrevista à
utilização de práticas educativas transformadoras. Na prática, foi observado o uso
predominante de uma ação educativa vertical e não revolucionária [10]. Essa
ideia é corroborada por um outro estudo, no momento em
que dizem que as ações de prevenção de agravos estão encastoadas em um
discurso de promoção da saúde. No entanto, na prática, as ações estão focadas
no modelo tradicional [7].
Entretanto, o atual
sistema de saúde não disponibiliza condições econômicas, estruturais e físicas
suficientemente adequadas à assistência na atenção básica. Dessa maneira, o
profissional enfermeiro encontra dificuldades em desempenhar sua função no
programa com exatidão, visto que este assume funções de cunho administrativo,
gerencial, de coordenação e assistencial, funções essas que, associadas às
limitações laborais, atrapalham a identificação e a intervenção diante das
diversas necessidades da população.
Assim, oportunizar
momentos educativos extra-assistenciais, que promovam a interação e que
viabilizem a participação e o interesse da população, muitas vezes não são
prioridade nas atividades desses profissionais. Apesar
da importante incorporação dos pressupostos da
promoção em saúde, na prática
dos enfermeiros no campo de atenção primária
é fundamental sinalizar que as
mudanças nas ações de saúde, direcionadas
à sua construção ainda são incipientes
e têm pouca visibilidade no cenário das práticas em
saúde. O que justifica a
não percepção desta prática como
estratégia para as mudanças no estado de saúde
da população [3].
Em linhas gerais, a
promoção da saúde no âmbito do atendimento é utilizá-la para proporcionar a
educação em saúde por meio da assistência individual e coletiva, como as
consultas de enfermagem, que evidenciam o vínculo entre o paciente/comunidade e
o enfermeiro, possibilitando uma abordagem direcionada.
As ações em grupo,
desenvolvidas por palestras, salas de espera e distribuição de folhetos,
permitem uma educação contínua, além da interação entre os indivíduos e os
membros da equipe de saúde, e tornam possível a análise das percepções e
experiências de todos os componentes do grupo.
Contudo, muitos
profissionais são resistentes a isso, restringindo a sua função a procedimentos
didáticos de transmissão de conhecimento sem a criação de vínculos com a
sociedade. Dessa forma, impõem um saber técnico-científico, em que aquele que
ensina é considerado o único responsável e condutor do processo educativo. Na
realidade, esse conhecimento deverá ser construído e pactuado no processo
saúde/doença para que a comunidade envolvida seja atuante e responsável na
construção da própria saúde.
A comunicação
enfermeiro-paciente deve estabelecer relações interpessoais efetivas, que visem
acolher os envolvidos dentro das possibilidades de articulações da equipe,
ensinando-lhes medidas de saúde e mantendo um ambiente seguro.
Em conformidade com
os princípios estabelecidos pelo SUS, em especial o da integralidade, a
educação em saúde coloca-se como tema relevante para as práticas desenvolvidas
pelo profissional enfermeiro na ESF, pois propicia o autoconhecimento do indivíduo
como ator social capaz de interagir e intervir em suas necessidades mais
abrangentes. Essa prática influi direta e indiretamente na adoção de novos
hábitos condicionantes para uma melhor qualidade de vida e reduz os riscos e os
agravos à saúde.
Em virtude do que se
apresentou, ao se refletir sobre educação em saúde, torna-se necessária a observação de inúmeros aspectos relevantes sobre suas
origens, implicações e maneiras de se especializar um profissional enfermeiro
como um educador no Programa Saúde da Família (PSF).
A imagem do
enfermeiro é vista sempre associada ao papel de zeloso e, ao zelar, ele educa,
busca criar e se responsabilizar com o outro, aumentando a autonomia do sujeito
sobre sua saúde. Assim, a educação pode ser considerada uma forma de cuidar, e
o cuidado uma maneira de educar para que se aprenda a se cuidar.
Portanto, para
promover saúde deve-se refletir sobre o objeto saúde, considerando um conceito
em construção que depende de valores sociais, culturais e históricos, e que
permita viver com qualidade. As ações de promoção à saúde propõem reorientar os
serviços de saúde, indo à busca de atenção integral às pessoas em suas
necessidades.
Nesse contexto, nessa
interseção entre a instituição e o indivíduo e/a coletividade, com vistas à
promoção da saúde, o enfermeiro tem grande responsabilidade para que ocorram
mudanças no perfil de saúde da população. Em sua atuação educadora dialógica
recai sobre esse profissional, ainda, a responsabilidade de possibilitar a
autonomia, criar oportunidades, reforçar convicções e competências, respeitando
as decisões e os ritmos de aprendizagem dos usuários, num processo de
crescimento e desenvolvimento.
Acima de tudo, é
fundamental mencionar que os esforços na educação para a saúde devem ser
encarados numa perspectiva de cidadania e política, em que todos os cidadãos
têm um papel a desempenhar, mas é consensual que os enfermeiros, no âmbito da
atenção primária, devem assumir um papel
de destaque. Para tal, é importante conhecer as práticas e os comportamentos de
educação para a promoção da saúde mais frequentemente
adotados pelos enfermeiros, e identificar áreas de formação específicas
e prioridades no desenvolvimento de competências.