ARTIGO
ORIGINAL
Dificuldades
encontradas por auxiliares e técnicos de enfermagem para realização de cálculos
de medicamentos
Marcio Antonio de Assis, D.Sc.*,
Milaine Garcia de Assis, M.Sc.**,
Jaqueline Terra da Silva***, Evilin Cristine
Rodrigues***, Larissa Conti Di Cianni Rodrigues***,
Thais Fátima de Matos***
*Enfermeiro,
Docente do curso de graduação em Enfermagem da Universidade de Mogi das Cruzes
(UMC), Mogi das Cruzes/SP,**Enfermeira da Prefeitura Municipal de Guararema/SP,
***Graduanda do Curso de Enfermagem da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC),
Mogi das Cruzes/SP
Recebido em 17 de
janeiro de 2017; aceito em 24 de julho de 2018.
Endereço
de correspondência:
Marcio Antonio de Assis, Av. Missionária, 540 Jardim
Cacique 08616-220 Suzano SP, E-mail: marcioassis80@gmail.com; Milaine Garcia de Assis: milaine.assis@guarerama.sp.gov.br;
Jaqueline Terra da Silva - jaquelineterra@gmail.com; Evilin
Cristine Rodrigues: evilinrodrigues93@gmail.com; Larissa Conti Di Cianni Rodrigues: larirodrigues13@hotmail.com
Resumo
Objetivo: Identificar fatores
que dificultam o entendimento do cálculo de medicamentos por auxiliares e
técnicos de enfermagem e levantar as possibilidades de melhorias quanto a esse
entendimento. Métodos: Trata-se de um
estudo do tipo survey descritivo e exploratório, com
abordagem quantitativa, realizado com 50 auxiliares e técnicos de enfermagem,
atuantes em área hospitalar, com experiência no preparo e administração de
medicamentos, por meio da aplicação de um questionário semiestruturado. Resultados: O fator que mais dificulta a
realização dos cálculos é a falta de conhecimento dos participantes em relação
à matemática, bem como sobre a compreensão do que se necessita. Conclusão: Existe a necessidade de
melhorar a clareza referente ao processo de medicação, bem como reforçar os
programas de educação continuada no sentido de favorecer uma maior segurança e
assertividade nesse processo na assistência e enfermagem.
Palavras-chave: erros de medicação,
assistência de enfermagem, gestão de riscos.
Abstract
Difficulties encountered by nursing auxiliaries and technicians to
perform drug calculations
Objective: To identify
factors that makes it difficult for the nursing team to understand the
calculation of medication and to raise the possibility of improvements
regarding this understanding. Methods:
This was a descriptive and exploratory study, with a quantitative approach,
carried out with 50 nursing assistants and technicians working in a hospital
area region, with experience in the preparation and administration of
medications, through the application of a semi structured questionnaire. Results: The factor that makes
calculations more difficult is the lack of knowledge of the participants in
relation to mathematics, as well as the understanding of what is needed. Conclusion: There is a need to improve
the clarity regarding the medication process, as well as to reinforce the
programs of continuing education in favor of a greater safety and assertiveness
in this process, together with care and nursing.
Key-words: medication
errors, nursing care, risk management.
Resumen
Las dificultades
encontradas por los auxiliares de enfermería
y técnicos para llevar a cabo los
cálculos de drogas
Objetivo: Identificar los factores que dificultan la
comprensión del cálculo de medicación por el personal de enfermería y aumentar
las posibilidades de mejorias en ese
entendimiento. Métodos:
Se realizó un estudio de tipo estudio exploratorio descriptivo, con enfoque cuantitativo,
realizado con 50 auxiliares y técnicos de enfermería, que trabajan en el
área hospitalaria, con experiencia en la preparación y administración de drogas a través de la
aplicación de un cuestionario semi-estructurado. Resultados: El principal factor que dificulta la
realización de los cálculos
es la falta de conocimiento
matemático de los participantes, así
como la comprensión de lo que se necesita. Conclusión:
Existe una necesidad de mejorar
la claridad
con respecto al proceso de medicación y
fortalecer los programas de educación
continuada con el fin de fomentar una mayor seguridad y asertividad en este proceso con la atención
de enfermería.
Palabras-clave: errores
de medicación, atención de enfermería, gestión de riesgo.
Medicamentos são
substâncias químicas que auxiliam na restauração e manutenção da saúde, atuando
também na prevenção e na melhoria da qualidade de vida da população. A
utilização indevida dos medicamentos, entretanto, constitui-se em uma das
principais causas de complicações à saúde, especialmente no ambiente hospitalar
[1].
A prática da
administração de medicamentos é uma das atividades mais importantes realizada
pela equipe de enfermagem e, por ser frequente, possui grande importância no
contexto de segurança na assistência hospitalar. Ela inicia-se na padronização
e compra dos medicamentos, seguido pela prescrição, transcrição, distribuição,
preparo e administração [2].
Em uma unidade de
saúde, esse processo contextualiza-se como um sistema multidisciplinar.
Contudo, compete a enfermagem duas etapas importantes desse processo: o preparo
e administração de medicamentos. Assim, é imprescindível conhecer a ação e os
efeitos dos medicamentos, como também acompanhar e monitorar a resposta dos
clientes com intuito de evitar eventos adversos [3]
Os eventos adversos
podem ser designados como os efeitos indesejados e imprevistos, provenientes do
processo de medicação, representando os riscos no uso de medicamento. Dentre
esses riscos, existem os que são próprios da prática de medicação, no qual se
incluem as reações adversas e aqueles que não são próprios, classificados como
erros de medicação [4].
De acordo com a National Coordinating Council for Medication Error Reporting and Prevention [5], uma
organização norte – americana independente, composta por 27 organizações
internacionais e nacionais, o termo “erro de medicação” tem o seguinte
significado: toda e qualquer situação que pode ser prevenida, mas em que o
paciente pode ser prejudicado devido à falta de concentração do profissional
que o manuseava.
O erro de medicação,
independente da etapa em que ocorre, ocasionam danos à integridade e saúde do
paciente, o que aumenta o seu tempo de internação, comprometendo a equipe
multiprofissional e a instituição [2].
Os erros
negligenciados e não detectados em etapas anteriores são atribuídos à
enfermagem, uma vez que a medicação é uma parte integrante e fundamental da
assistência, sendo responsabilidade do enfermeiro. Essa responsabilidade é,
mais uma vez, destacada nos artigos do Código de Ética dos Profissionais de
Enfermagem [6].
Uma ferramenta que
auxilia e norteia a equipe de enfermagem na administração de medicamentos é o
método dos cinco certos, criado na década de 60 como prática de verificação,
classificados em: paciente certo, medicamento certo, dose certa, horário certo
e via certa. Esses certos das medicações foram designados para garantir a
segurança do paciente e prevenir danos [7].
Entretanto, o uso
desses princípios não assegura o êxito da prática de medicação, sendo plausível
a ocorrência de erros em qualquer fase desse processo. Um fator que favorece o
erro de medicação é a dificuldade encontrada pela equipe de enfermagem em
calcular precisamente a dose do medicamento a ser administrado [9].
Desse modo, pode-se
identificar um empecilho ao seguimento das etapas que asseguram o modo correto
de garantir a segurança no processo de aplicação medicamentosa. O profissional
que não compreende ou possui dificuldade em calcular dosagens ou o fluxo de
infusão, não possui condições de seguir o certo relacionado à dose.
Para que sejam
implantadas ações multidisciplinares que tragam melhorias para as instituições
de saúde é necessário conhecer e analisar os fatores que causam os erros de
medicação e interferem na qualidade assistencial, minimizando, portanto, os
erros dentro deste processo e padronizando assim, regras para toda a equipe
envolvida [2]. Ao levantar as situações que comprometem o entendimento e
aprendizagem do profissional de enfermagem sobre cálculos de medicações, será
possível identificar estratégias para reverter ou minimizar essas condições.
Diante disso, o
objetivo do presente estudo foi identificar fatores que dificultam o
entendimento do cálculo de medicamentos pela equipe de enfermagem e levantar as
possibilidades de melhorias quanto a esse entendimento.
Para alcançar o
objetivo proposto foi desenvolvido um estudo do tipo survey
descritivo e exploratório, com abordagem quantitativa. A pesquisa foi realizada
com uma amostra constituída de auxiliares e técnicos de enfermagem de ambos os
sexos, totalizando 50 indivíduos que atuam em área hospitalar, na região do
Alto Tietê e que realizam funções relacionadas ao preparo e administração de
medicamentos. Como critério de inclusão adotou-se as seguintes condições: serem
auxiliares e/ou técnicos de enfermagem, atuantes em área hospitalar e terem
experiência mínima de seis meses na área hospitalar, especificamente em setores
na qual tivessem contato com o processo de administração e preparo de
medicações.
A pesquisa teve
início após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da
Universidade de Mogi das Cruzes, no qual obteve parecer favorável para a sua
realização sob número 60142 e autorização dos
participantes por meio da assinatura do termo de consentimento livre e
esclarecido (TCLE).
Para a obtenção dos
dados foi aplicado um questionário semiestruturado, elaborado pelos autores do
estudo, com base nas literaturas existentes que envolvem e abordam o tema
segurança na administração de medicamentos, para atender ao objetivo proposto,
sendo aplicado individualmente, mediante explicação prévia do objetivo e
metodologia da pesquisa. Esse instrumento foi elaborado com questões
relacionadas às dificuldades e formas de melhorias possíveis, que possam ser
trabalhadas com a equipe de enfermagem para aumentar e melhorar o entendimento
sobre cálculos de medicações. De acordo com o objetivo do estudo e para
sistematizar a coleta de dados, o questionário foi dividido em duas partes:
caracterização do indivíduo e coleta de dados específicos.
Após a finalização da
coleta de dados por meio do instrumento apontado neste estudo, foi realizada
uma análise descritiva dos resultados obtidos, no qual as informações relatadas
foram representadas por meio de números absolutos e percentuais, sendo
demonstradas ainda com o auxílio de tabelas.
Entre os 50
profissionais de enfermagem participantes, 62% eram auxiliares de enfermagem e
38% técnicos de enfermagem, 80% eram do sexo feminino e 20% do sexo masculino,
com a idade variando entre 21 e 43 anos, com média de 28,1 anos. A média de
tempo de formado foi de 4,9 anos e o tempo de atuação na área da enfermagem
variou de 6 meses a 10 anos, com média de 3,4 anos,
50% dos indivíduos trabalhavam em instituição pública, 40% em instituição
particular e 10% em instituição filantrópica.
Uma das situações
levantadas junto aos participantes foi o conhecimento desses profissionais em
relação aos certos que envolvem a prática de aplicação de medicamentos.
Percebe-se com os resultados demonstrados na tabela I que a maioria conhece os
cinco certos fundamentais da medicação, entretanto nem todos responderam
corretamente. A dose certa, que é o enfoque deste estudo devido ao cálculo de
medicação, foi o certo mais citado (82%), o que demonstra, inclusive, a relação
do conhecimento dos participantes sobre a importância desse certo, quando
relacionado a sua função que é a de garantir a dose
adequada para administração ao paciente, sendo citado por 84% dos indivíduos.
Tabela
I - Descrição do conhecimento dos profissionais
de enfermagem em relação aos certos da medicação. Mogi das Cruzes/SP, 2013.
Já a dificuldade
relacionada ao cálculo de medicação foi relatada por 84% dos participantes,
dentre as citadas, a regra de três, o gotejamento, a transformação de soro e a rediluição de medicamentos foram identificadas como
potenciais obstáculos em suas intervenções medicamentosas, diferenciando-se
entre si (tabela II).
Tabela
II -
Descrição das dificuldades relatadas
pelos profissionais de enfermagem em relação à realização e o tipo de cálculo
de medicação. Mogi das Cruzes/SP,2013.
Em geral,
verificando-se a média dos dados relacionados às respostas sobre as
dificuldades em realizar o cálculo de medicação, percebe-se que 19% dos
indivíduos referiram não ter dificuldades, enquanto os demais 81% apresentaram
algum grau de dificuldade na realização dessa atividade, variando de muita
dificuldade a pouca dificuldade, não saber fazer a atividade e/ou não ter
resposta à situação.
A partir da
identificação da opinião dos participantes sobre características que envolvem a
prática de cálculo de medicações, esses foram convidados a desenvolverem alguns
exercícios (macrogotas, microgotas,
ml/hora, regra de três com Decadron e cálculo de
transformação de soro). A tabela III apresenta os acertos e erros referentes a
essa atividade proposta.
Tabela
III
- Descrição dos acertos e erros
referentes aos cálculos de medicamentos de acordo com os exercícios propostos.
Mogi das Cruzes/ SP, 2013.
A média de acertos
apresentados na realização dos cálculos foi de 21,6%, já os erros apresentaram
média de 20,4%. Além disso, houve um percentual de 58% dos participantes que
deixaram os exercícios em branco, o que pode estar relacionado ao fato de não
saberem fazê-los.
A dificuldade para a
realização das atividades de cálculos de medicações é multifatorial. Dentre as
condições que mais se destacaram e chamaram a atenção está a
dificuldade na compreensão da matemática (26%), associada a cálculos mais
complexos como no caso da transformação de soluções (24%) e falta de
conhecimento sobre fórmulas existentes (16%), além de outros fatores, como
dificuldade em entender prescrições médicas, poucas aulas teóricas e falta de
cursos gratuitos (20%), entretanto houve participantes que relataram não
possuir dificuldades (2%) e alguns não responderam (12%), conforme apresentado
na tabela IV.
Tabela
IV -
Relato dos principais fatores que
dificultam o entendimento a cálculos. Mogi das Cruzes/SP, 2013.
Uma vez identificadas
as condições que desfavorecem a realização do cálculo,
a sequência do estudo partiu para levantar junto aos participantes as
possibilidades de melhorias na opinião deles. Assim, ao verificar a tabela V
são identificadas diversas condições, destacando-se a necessidade de melhorar a
clareza referente ao processo de medicação (36%), bem como reforçar os
programas de educação continuada (18%), entre outras possibilidades, juntos aos
envolvidos.
Tabela
V - Descrição dos fatores que podem possibilitar
o melhor entendimento dos cálculos de medicação pelos profissionais de enfermagem.
Mogi das Cruzes/SP, 2013.
Entre os cinco certos
da administração de medicamentos, o mais relatado entre os participantes foi a dose, portanto, estudos reforçam que os erros envolvidos
com doses são mais comuns e apresentam um risco considerável para os pacientes
[8].
Observou-se que houve
o reconhecimento entre os profissionais de enfermagem sobre a importância do
cálculo de medicação em relação à dose, uma vez que sua prática influencia a
segurança do paciente e a qualidade do cuidado na prática assistencial.
Realizar um cálculo incorreto significa administrar uma dose errada e,
consequentemente, traz implicações ao paciente, como a redução do efeito
terapêutico, a necessidade de administrar outros medicamentos e, em alguns
casos, prolongamento da terapia medicamentosa [10].
A maior parte dos
eventos adversos relacionados à administração de medicamentos apresenta a dose
medicamentosa como a causa de maior prevalência. Isso
demonstra a necessidade de ressaltar a importância dos profissionais em
aperfeiçoar seus conhecimentos e habilidades referentes ao cálculo de medicação
[10].
Muitas medicações são
diluídas e preparadas de maneira inadequada devido à dificuldade dos
profissionais em lidar com cálculos matemáticos [11]. Esse fato foi comprovado
ao questionar os participantes sobre a existência de dificuldade durante o
exercício medicamentoso e como resultado grande parte dos participantes citou
possuí-la.
Entre os tipos de
cálculos especificados no estudo, a regra de três foi citada como o que
apresenta menor dificuldade para realização quando comparada aos demais. A
dificuldade no cálculo de gotejamento, assim como o de rediluição
e transformação de soro foram relatados como complexos na opinião dos
participantes.
Em um estudo
realizado com 113 indivíduos, verificou-se que 92% dos participantes afirmaram
pouca ou nenhuma dúvida em relação à regra de três, em contrapartida, 24%
relataram muita dúvida em relação a cálculos com porcentagem [12].
Dentre os fatores que
influenciam na realização do cálculo da medicação estão o conhecimento
insuficiente quanto à matemática e a falha na educação farmacológica do
profissional [13]. Percebe-se, em geral, que a principal barreira que impede a
realização de cálculos de medicação efetivamente é a falta de conhecimento de
princípios matemáticos básicos que são exigidos durante o cálculo de medicação.
Tais deficiências podem levar a dificuldades mesmo com o auxílio de uma
calculadora [14].
Aliado à necessidade
de conhecer sobre o ponto de vista dos participantes em relação à prática de
cálculo de medicações, foi sugerido neste estudo a
resolução de alguns exercícios (regra de três, cálculo de infusão e
transformação de soluções), com o intuito de correlacionar as respostas obtidas
com os resultados relatados na pesquisa.
Ao analisar as
respostas, o cálculo de Decadron, que usava a regra
de três para a sua resolução, foi o cálculo com mais acertos entre os
participantes. Já os exercícios que objetivavam o cálculo de infusão (macrogotas, microgotas e ml/h) e
os de transformação de soluções, apresentaram um número elevado de erros, bem
como respostas em branco. Demonstrando, assim, os pontos de maior dificuldade
entre os profissionais.
O cálculo de
porcentagens de medicamentos e as taxas de infusão podem ser conceitualmente
mais complicados do que outros cálculos de medicação, e isso explicaria o baixo
desempenho nos exercícios [13].
Diante disso, os
participantes relataram alguns fatores que comprometem seu entendimento sobre
os cálculos. Com isso, a falta de habilidade e conhecimento em matemática
associada aos tipos de cálculos conhecidamente mais complexos, como no caso da
transformação de soluções e de infusão, a falta de conhecimento em fórmulas,
entre outras condições podem ser considerados como contribuintes para falhas e
limitações.
A
dificuldade
evidenciada em matemática na área da enfermagem tem forte
relação com a
multiplicação de frações, seguido por
interpretação de informações,
proporções,
posição de valor, frações e porcentagens
[14]. Aliado a isso, uma situação que
pode corroborar essa condição pode estar atrelada ao
aumento no uso de
tecnologias, como, por exemplo, bombas de infusão com contadores
de taxa de
gotejamento que podem contribuir na perda de habilidades dos
profissionais
[13].
Dentre as sugestões
relacionadas a melhorias no processo de entendimento dos profissionais em
relação aos cálculos, na opinião dos participantes, percebeu-se a necessidade
de buscar maior clareza, bem como o reforço em educação continuada,
corroborando o entendimento e capacitando os envolvidos no processo da terapia
medicamentosa.
É necessário que as
instituições busquem identificar as habilidades matemáticas e o nível de
conhecimento sobre farmacologia de seus profissionais, a fim de elaborar
estratégias para manter a equipe de enfermagem atualizada, por meio de
programas de capacitação [15]. A educação continuada, neste contexto,
possibilita o aprimoramento do conhecimento técnico-científico e prático,
melhora a comunicação entre os profissionais envolvidos e corrobora na redução
e prevenção dos erros no processo de medicação. Esse conhecimento garante uma
maior qualidade da assistência, a confiança da equipe e uma prática humanizada
e fundamentada cientificamente [2].
Contudo, a adoção de
práticas profissionais baseadas em protocolos e evidências clínicas, assim como
a abertura para se aprender a partir de falhas, ajuda a tornar a assistência
hospitalar mais segura para o paciente [17]. Dessa forma, reconhecer a causa
raiz do erro é necessário para se identificar onde e como intervir [18].
Deve ser destacada a
importância na formação acadêmica dos profissionais de enfermagem em relação
aos cálculos de medicação, utilizando-se, ainda, da educação continuada por
meio de cursos de atualização, palestras e capacitações dos indivíduos que
estejam envolvidos com o preparo e administração de medicamentos, pois, além de
diminuir os erros de dosagem garante-se a segurança da assistência ao paciente.
O processo de
medicação é uma das funções de maior responsabilidade da equipe de enfermagem,
e erros durante esse processo podem ocasionar danos graves ao paciente, além de
consequências sérias ao profissional e à instituição de saúde. Assim, este
estudo permitiu identificar as dificuldades encontradas pelos profissionais em
realizar cálculos de medicações e os pontos a serem melhorados para que os
erros sejam minimizados ou prevenidos.
Diante dos resultados
alcançados, o fator que mais dificulta a realização dos cálculos é a falta de
conhecimento dos participantes em relação à matemática, bem como sobre a
compreensão do que se necessita. Dessa maneira, o cálculo incorreto da dosagem
a ser administrada interfere no processo dos cinco certos que auxiliam uma
assistência sem erros de medicações. Assim, ressalta-se que a falta de
conhecimento em matemática gera desconhecimento nas fórmulas, impedindo o
cálculo da dosagem correta dos fármacos, e o processo de medicação se torna
ineficaz.
Percebe-se que a
limitação encontrada na realização desta pesquisa direciona-se a falta de
estudos voltados a essa temática, pois muito se aborda sobre a segurança do
processo de medicação, mas dificilmente são realizados estudos que abordam a
dificuldade da equipe de enfermagem como um todo em relação ao processo de
cálculo de medicações, que também faz parte dessa atividade.
Diante disso,
conclui-se que existe a necessidade de reforçar os programas de educação
continuada no sentido de favorecer uma maior segurança e assertividade nesse
processo na assistência e enfermagem. Espera-se que a realização deste estudo
venha a contribuir para que profissionais e instituições direcionem atenção
para a minimização das condições de risco que possam estar associadas a esse
processo.