ARTIGO
ORIGINAL
Análise
da prevalência de crianças vítimas de queimaduras atendidas em um hospital de
referência em Recife
Avanilde Paes
Miranda, M.Sc.*, Maysa Gomes de Lima Duarte**, Maria Geilza de Arruda
Rodrigues***, Lígia Cristiane Rodrigues dos Santos****
*Graduada
em Enfermagem com Habilitação em Enfermagem Médico-Cirúrgica, Profª Saúde
Coletiva da Fundação de Ensino Superior de Olinda – FUNESO, **Graduanda em
Enfermagem da FUNESO, ***Especialista em Administração de Serviços de Saúde,
Graduada em Enfermagem pela Universidade Federal da Paraíba, ****Graduanda em
Enfermagem da FUNESO
Recebido em 31 de
maio de 2016; aceito em 12 de dezembro de 2016.
Endereço
para correspondência:
Avanilde Paes Miranda, Avenida Parnamirim, nº 327/301, 52060-000 Recife PE,
E-mail: avanilde.miranda@gmail.com, ysa_gomes@hotmail.com,
geilzaarruda@outlook.com, euzinha1722@gmail.com
Resumo
Este estudo teve como
objetivo analisar a prevalência das crianças vítimas de queimaduras atendidas
em um hospital de referência em queimados em 2014. Estudo analítico,
observacional, transversal e quantitativo cuja coleta foi realizada no Hospital
da Restauração no Recife/PE. A pesquisa foi executada após Carta de Anuência concedida
pelo Hospital da Restauração, aprovada na Plataforma Brasil e Parecer do Comitê
de Ética. Foram analisados 162 prontuários, na faixa etária de 0 a 14 anos
incompletos. Percebe-se que 53,70% (n = 97) eram do gênero masculino, que 100%
(n = 162) das queimaduras foram de forma acidental, e o agente etiológico, em
sua maioria, teve como causa água quente 34,00% (n = 55). Quanto à superfície
queimada 19,14% (n = 31) tiveram o tórax e mais outra área queimada. Referente
à permanência hospitalar, 66,67% (n = 108) foi inferior a 10 dias e 100% (n =
162) tiveram cura. Concluiu-se que a maioria dos pacientes era do gênero
masculino com idade inferior a 4 anos, as queimaduras ocorreram em domicílio
com alimentos ou água quente, tiveram 2 ou mais superfícies queimadas,
realizaram curativo sob narcose, fizeram antibioticoterapia e 100% tiveram
cura. Novos estudos visando à prevenção contra queimaduras e programas
educativos devem ser realizados como melhor forma de combater as queimaduras.
Palavras-chave: criança,
prevalência, queimaduras.
Abstract
Prevalence analysis of children victims of burns attended in a reference
hospital in Recife, Brazil
The aim of this study was to analyze the prevalence of children victims
of burns attended in a reference hospital of burns in 2014. This was an
analytical, observational, transversal and quantitative study which data were
collected at the Hospital da Restauração in Recife/PE. The study was performed
after Consent Letter granted by the mentioned hospital, approved at Platform
Brazil and Research Ethics Committee. We analyzed 162 records, ages range from
0 10 to 14 years old (incomplete). It was observed that 53.70% of the victims
(n = 97) were male; related to the etiological agent, 34.00% (n = 55) were
caused by hot water. As per the burn surface, 19.14% (n = 31) had the chest and
another burned area. With regard to hospital stay, 66.67% (n = 108) stayed less
than 10 days, and 100% (n = 162) of burns healed. It was concluded that burns
were more common in boys, younger than four years old, and the burns occurred
in their houses with food or hot water. They had two or more burned areas, the
cure was performed under narcosis with antibiotherapy and 100% have healed. New
studies aiming at prevention of burns and educational programs should be
carried out as a best way to fight burns.
Key-words: child,
prevalence, burns.
Resumen
Análisis de la prevalencia de niños víctimas
de quemaduras atendidos en un hospital de referencia de Recife
Este estudio tuvo
como objetivo analizar la prevalencia de niños víctimas de quemaduras que
fueron atendidos en hospital de referencia de quemadas en el 2014. Se trata de
estudio analítico, observacional, transversal y cuantitativo con recolección de
datos en el Hospital Restauração en Recife, Brasil. La investigación se realizó
después de recibir la carta de anuencia del mencionado hospital, aprobada en la
Plataforma Brasil y parecer del Comité de Ética. Fueron analizados 162
prontuarios, en el grupo de edad entre 0 y 14 años incompletos. Se percibe que
el 53,70% (n = 97) eran del sexo masculino, que el 100% (n = 162) de las
quemaduras fueron producidas en forma accidental, según el agente etiológico
causante predominó el agua caliente 34,00% (n = 55). Con respecto a la
superficie corporal quemada, 19,14% (n = 31) tuvieron el tórax y más otra área
quemada. Referente a la estadía hospitalaria, el 66,67 (n = 108) ha sido
inferior a 10 días y el 100% (n = 162) de las lesiones por quemadura han sido
curadas. Se concluye que la mayoría de los pacientes eran del sexo masculino
con edad inferior a los 4 años, las quemaduras ocurrieron en el ámbito
doméstico con alimentos o con agua caliente, tuvieron 2 o más superficies
quemadas, realizaron curativo bajo anestesia, hicieron uso de terapia
antibiótica y el 100% resultaron curados. Estudios con nuevos enfoques en la
prevención de quemaduras y un programa educativo deben ser realizados como
mejor forma de combatir las quemaduras.
Palabras-clave: niño, prevalencia,
quemaduras.
Queimadura é uma
injúria da pele, resultante de numerosos agentes térmicos, como o calor
excessivo sobre o tecido orgânico, exposição a corrosivos químicos, radiação,
contato com corrente elétrica ou frio extremo [1]. Estas lesões podem
comprometer diferentes estruturas orgânicas e são avaliadas em graus, conforme
a profundidade do trauma nos tecidos [2].
Constituem-se em um
dos tipos de trauma mais graves e uma das principais causas de morte não
intencionais em crianças [3]. Devido principalmente à infecção, que pode
evoluir com septicemia, assim como à repercussão sistêmica, com possíveis
complicações renais, adrenais, cardiovasculares, pulmonares,
musculoesqueléticas, hematológicas e gastrointestinais [1].
De acordo com a
literatura internacional e nacional, a maioria das queimaduras ocorre em
crianças, em ambiente doméstico, sendo a principal causa os líquidos
superaquecidos, seguido de objetos quentes e chama direta [4]. A gravidade e o
prognóstico de uma queimadura são definidos avaliando-se: agente causal,
profundidade, extensão da superfície corporal queimada, localização, idade,
doenças preexistentes e lesões associadas [5].
A ocorrência com de
acidentes como a queimadura é um dos aspectos que influenciam o desenvolvimento
saudável da criança [6]. Mesmo com a sobrevivência física, as cicatrizes e as
contraturas culminam, com frequência, na distorção da imagem que será levada
para sempre [7]. Por isto, é de fundamental importância à prevenção, encarando a
queimadura como um acidente grave que pode ser evitado por meio da aplicação de
princípios epidemiológicos, realização de campanhas de conscientização e
programas educativos [8].
O objetivo deste
estudo foi analisar a prevalência de crianças vítimas de queimaduras internadas
no Hospital da Restauração no ano de 2014, serviço de referência em queimados
do município de Recife, estado de Pernambuco, Brasil.
Trata-se de um estudo
que utilizou desenho observacional, de corte transversal retrospectivo,
quantitativo, com dados secundários em um hospital público, o Hospital da
Restauração no Recife, Estado de Pernambuco, que atende a população de todo o
estado. O estudo foi aprovado pela referida instituição, incluído na Plataforma
Brasil e aprovado pelo Parecer Comitê de Ética e Pesquisa da Fundação de Ensino
Superior de Olinda.
Foram analisados os
prontuários das crianças na faixa etária de 0 a 14 anos incompletos internadas
na Unidade Tratamento Queimados, ano de 2014. Como critérios de inclusão todos
os prontuários de crianças que foram internadas no Hospital da Restauração
vítimas de queimaduras no ano de 2014 e critérios de exclusão prontuários que
não estivessem no Serviço de Arquivo Médico e Estatística. O período de dados
foi de dezembro de 2015 a fevereiro de 2016 e 162 prontuários foram incluídos
na pesquisa. A pesquisa dispensou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido,
por serem utilizados dados secundários.
Para o estudo, foi
utilizado um instrumento composto por duas partes: a primeira consistia em
dados de identificação da amostra, e a segunda com questões destinadas à
investigação do que levou a queimadura e grau, sua extensão e permanência
hospitalar. Os dados foram analisados utilizando-se o Excel 2007 para valores
de frequência absoluta e relativa. Os resultados foram consolidados em forma de
tabelas com dados percentuais para melhor compreensão do tema.
Na tabela I,
observa-se que quanto ao gênero 53,70% (n = 87) são do sexo masculino e 69,29%
(n = 113) são menores de 4 anos de idade. Ao observarmos o local do acidente,
nota-se que 90,70% (n = 147) tiveram como local de ocorrência da queimadura o
seu próprio domicílio.
Na tabela II,
percebe-se a circunstância em que ocorreu a queimadura, 100% (n = 162) dos casos
ocorreram de maneira acidental. Nota-se que 34,00% (n = 55) tiveram como agente
etiológico água quente; 28,40% (n = 46) causados por alimentos quentes, 8,60%
(n = 13) por chama direta e eletricidade respectivamente. De acordo com a
pesquisa, quanto aos alimentos quentes, nota-se que 34,78% (n = 16) dos
acidentes foram com o café, enquanto que 28,26% (n = 13) foram com o leite.
Ainda com relação a alimento quente, percebe-se que 10,87% (n = 5) foram
acidentadas com papa.
Observa-se também na
tabela II, relacionado à superfície aquecida, que 42,85% (n = 3) foram vítimas
em cano de escape, e 28,57% (n = 2) acidentaram-se com a porta do forno. Quanto
à classificação das queimaduras, percebe-se que 66,05% (n = 107) tiveram
queimadura de 2º grau, 27,16% (n = 44) apresentaram queimadura de 1º e 2º grau,
3,70% (n = 6) foram classificadas com queimaduras de 1º, 2º e 3º grau.
Conforme a tabela
III, pode-se verificar apenas uma área de superfície corporal queimada: 14,81%
(n = 24) tiveram as mãos queimadas; 6,17% (n = 10) foram vítimas de queimaduras
nos pés; 4,32% (n = 7) apresentaram queimadura em MMII; 2,46% (n = 4) tiveram o
tórax queimado. Quando se observa o tórax associado a mais de uma área
queimada, percebe-se que 19,14% (n = 31) tiveram o tórax e outra área queimada
e 17,90% (n = 29) foram vítimas de queimaduras no tórax e mais duas áreas
queimadas. Ao analisar a superfície corporal queimada sem queimar o tórax,
nota-se que 14,81% (n = 24) tiveram duas áreas queimadas, e que 7,41% (n = 12)
apresentaram 3 áreas queimadas.
De acordo com a
tabela IV, quanto à área de superfície corporal queimada e tamanho/gravidade da
queimadura, nota-se que 84,57% (n = 137) tiveram área menor ou igual a 10% de
área corporal queimada. Quanto à realização de curativo, 95,06% (n = 154)
realizaram curativo sob narcose. Ao analisarmos uso de antibioticoterapia,
nota-se que 59,26% (n = 96) não a utilizaram. Quando avaliada a variável tempo
de permanência hospitalar, observa-se que 66,67% (n = 108) foi inferior a 10
dias de hospitalização, 20,99% (n = 34) permaneceram de 10 a 20 dias. Em
relação à evolução clínica, observa-se que 10% (n = 162) evoluíram com cura.
Após alta para enxerto e curativo, nota-se que 86,41% (n = 140) não retornaram,
e 10,49% (n = 17) que tiveram retorno para realização do primeiro enxerto.
Tabela
I – Distribuição quanto ao gênero, idade (n
=162), segundo o local onde ocorreu o acidente. Crianças internadas no Hospital
da Restauração, 2014.
Fonte: Coleta dos
dados.
Tabela
II –
Descrição da população quanto à
circunstância que ocorreu a queimadura, agente etiológico, alimentos quentes,
superfície aquecida e classificação das queimaduras (n =162). Crianças
internadas no Hospital da Restauração, 2014.
Fonte: Coleta dos
dados.
Tabela
III
– Distribuição dos pacientes internados
no Hospital da Restauração com queimaduras quanto à área de superfície corporal
atingida (n = 162) segundo prontuários do ano de 2014.
Fonte: Coleta dos
dados.
Tabela
IV –
Características das crianças internadas
no Hospital da Restauração quanto à área de superfície corporal queimada,
tamanho, gravidade da queimadura, curativo, uso de antibioticoterapia, tempo de
permanência hospitalar, evolução clínica e retorno pós-alta para enxertia ou
curativo (n = 162), no ano de 2014.
Fonte: Coleta dos
dados.
Na variável gênero,
constatou-se que houve o predomínio do sexo masculino 53,70%, resultado este
que corrobora outros estudos realizados em que também se observou uma maior
incidência de queimaduras em crianças do sexo masculino. Provavelmente, esse
fato pode estar relacionado às diferenças de comportamento de cada sexo e,
ainda, aos fatores culturais, que determinam maior liberdade aos meninos [9].
Além disso, os meninos estão mais expostos a atividades de risco, outro fator
que pode justificar este percentual [10].
Quando avaliada a
faixa etária, percebe-se que a maioria são menores de 4 anos de idade. Durante
a infância, as crianças estão iniciando os primeiros passos e a circulação no
interior dos domicílios se torna mais frequente e permeada de riscos e isso é
perfeitamente explicado pelas próprias características da criança: curiosa,
inquieta, exploradora, inexperiente, muita ativa e desconhecedora do perigo
[8]. De modo geral, as queimaduras em crianças pré-escolares estão relacionadas
às características do desenvolvimento nesta fase [11]. Além disso, a
negligência dos adultos contribui para o acontecimento dos acidentes [10].
Quanto ao local do
acidente, a maior parte dos acidentes (58.57%) ocorreu na residência dos
pacientes [6]. Estudo [12] encontrou resultado semelhante acerca do local do
acidente, com grande parte dos acidentes (61 pacientes) em casa. No presente
estudo o resultado condiz com os autores acima, com a maioria dos acidentes
ocorridos em residência.
No estudo foi
avaliado à circunstância em que ocorreu a queimadura, constatando que todas
ocorreram de maneira acidental. Esse resultado é semelhante ao encontrado em
estudo [13] com (94,9%) e em outro [2] com (67,4%), que os acidentes foram responsáveis
por maior parte dos casos.
Na pesquisa foi
evidenciado que o agente etiológico de maior incidência foi escaldadura por
água quente e em seguida alimento quente. A maioria dos acidentes (80%) ocorreu
por exposição a objetos, líquidos ou alimentos quentes [14]. Os dados confirmam
os achados da literatura que destacam os líquidos quentes/fervente (44,0%)
entre os principais causadores de queimaduras em criança [15]. Dentre os
alimentos quentes, o café foi o mais evidenciado nos acidentes no presente
estudo, confirmando os dados de outro estudo [16] no qual o café quente está
entre os agentes causadores que mais acarreta queimaduras. Outro estudo [17]
encontrou que as queimaduras com café foram bem inferiores com 7,4%.
Em relação à
superfície aquecida a que ocasionou mais queimaduras foi o cano de escape
seguido de porta do forno. As queimaduras causadas por cano de escape, forno,
chapa quente, panela quente, ferro, entre outros agentes perfazem 29% dos casos
[18].
Quanto à profundidade
da lesão, constatou-se a predominância das queimaduras de 2º grau em 181
(62,6%) dos casos [19]. De acordo com Varela et al. [14], em 90% dos casos as queimaduras são de 2º grau, os
dados estão de acordo com o presente estudo que constatou a queimadura de 2º
grau na maioria dos casos, 66,05% apresentaram queimadura de 2º grau.
Dentre as regiões
corpóreas queimadas, no que se refere a apenas uma área queimada, as mãos foram
as mais afetadas, em seguida pés, membros inferiores e tórax. Já no estudo de
Aragão et al. [20] os resultados
diferem apresentando o tórax como área mais afetada com 28,9%, em seguida MMSS
com 24,9%, MMII 18,5% e cabeça com 14,9%.
No que se refere a
mais de uma área corpórea afetada, a maioria é relacionada ao tórax e mais uma
área corpórea em seguida o tórax e mais 2 áreas corpóreas afetadas. Existindo
semelhança com o estudo de Martins et al.
[15], no qual o tronco e MMSS foram às áreas mais frequentes (44,5%) seguidas
pelas queimaduras de múltiplas regiões (20,3%).
Neste estudo, grande
parte das crianças teve duas áreas de superfície corporal afetadas sem o tórax,
semelhante ao estudo de Silva et al.
[6] que as áreas da cabeça e pescoço foram mais acometidas.
Em relação à área de superfície
corporal queimada e tamanho/gravidade da queimadura, a maior distribuição
encontra-se em até 10% de superfície atingida que foi de 84,57% dos casos. Em
outras palavras, a maioria dos queimados é de extensão pequena a moderada,
assim como no estudo de Yoda et al.
[21], com 91 (48,92%) casos e Oliveira et
al. [22], com 31 (55%) casos.
Para a realização de
curativo, neste estudo, em quase sua totalidade foi realizado o curativo sob
narcose chamado de balneoterapia. Esse procedimento consiste em uma importante
intervenção utilizada na maioria dos estudos que abordam tratamento clínico em
queimaduras cujo objetivo é reduzir a contaminação das áreas afetadas [19].
Dentre os pacientes internados
neste estudo a maioria (40,74%) não fez uso de antibioticoterapia. Evidência
também observada no estudo de Leão et al.
[5], no qual 217 (33%) dos pacientes internados fizeram uso de antibiótico
durante a internação. Já segundo estudo de Yoda et al. [21], verifica-se o uso
de antibiótico na maioria dos pacientes internados 110 (59,1%).
Em relação ao tempo
de permanência hospitalar, foi evidenciado que a maior parte dos pacientes teve
permanência inferior a 10 dias. Varela et
al. [14] confirmam também tempo de hospitalização inferior a 10 dias em 60%
dos pacientes. Já no estudo de Oliveira [23], 45,6% dos pacientes ficaram de 6
a 11 dias internados. Para Lima et al. [24] a média de internação hospitalar de
crianças de 0 a 9 anos foi de 8 dias, mínimo de 6 dias e no máximo de 29 dias.
No presente estudo
todos os pacientes tiveram cura em sua evolução clínica. Nigro et al. [25] mostraram que 99,07% tiveram
cura em sua evolução clínica. Em relação à enxertia, foram poucos os pacientes
que fizeram esse procedimento. Nos estudos de Montes et al. e Aragão et al.
[2,20] o procedimento de enxertia teve variação entre 4,2% e 21,7%.
Foi evidenciado que a
maioria são do gênero masculino com idade menor de 4 anos, as queimaduras
ocorreram em domicílio com alimentos ou água quentes, tiveram 2 ou mais
superfícies queimadas, realizaram curativo sob narcose, fizeram
antibioticoterapia e 100% tiveram cura.
Diante dos resultados
obtidos, realizar estudos que visem à prevenção da mesma pode ser um grande aliado
na tentativa de diminuição das ocorrências de lesões por queimaduras. Tais
medidas como programas educativos, palestras em escolas, creches, além de
orientação às mães na consulta de puericultura, por exemplo, podem ser
consideradas medidas eficazes para divulgação e conscientização a respeito da
importância de se evitar a ocorrência de queimaduras.