REVISÃO
Contribuições
da enfermagem na assistência a paciente com Leucemia Linfoblástica Aguda
André Luiz Thomaz de
Souza, M.Sc.*, Dayane Siqueira Sales**, Dayane dos
Santos Valente**, Edna Rocha do Rosário**, Marcela Fonseca Machado Vieira
Silva**, Sirlene Lourenço da Silva de Abreu**, Bárbara de Oliveira Prado Sousa,
M.Sc.***
*Doutorando
em Enfermagem pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP/USP), Docente na Faculdades Integradas do Vale do Ribeira (FVR),
Registro/SP, **Enfermeira pela Faculdades Integradas do Vale do Ribeira (FVR),
Registro/SP, ***Doutoranda em Enfermagem pela Escola de Enfermagem de Ribeirão
Preto (EERP-USP)
Recebido em 19 de
setembro de 2016; aceito em 19 de dezembro de 2016.
Endereço
de correspondência:
André Luiz Thomaz de Souza, Rua Oscar Yoshiaki Magário, 185, Jardim das
Palmeiras, 11900-000 Registro SP, E-mail: alfenas2@hotmail.com; Dayane Siqueira
Sales: dayanesiqueirasales@gmail.com; Dayane dos Santos Valente:
day_valente2@hotmail.com; Edna Rocha do Rosário: ednadicaipo@hotmail.com;
Marcela Fonseca Machado Vieira Silva: marcela_dudhu@hotmail.com; Sirlene Lourenço
da Silva de Abreu: sirlenelourencoa@hotmail.com; Bárbara de Oliveira Prado
Sousa: barbaraprado89@hotmail.com
Resumo
Objetivos: Identificar as
evidências disponíveis na literatura publicada, a partir do ano de 2005, quanto
ao papel do enfermeiro na assistência a paciente com leucemia linfoblástica
aguda. Métodos: Revisão integrativa
com buscas pelos estudos primários realizadas em outubro de 2015 nas bases de
dados Lilacs, BDENF, Medline, por meio dos descritores: Enfermagem; assistência
de enfermagem; leucemia linfoblástica aguda. Foram incluídos sete estudos que
se incluíam dentro dos critérios de elegibilidade. Resultados: Os estudos incluídos nesta revisão evidenciaram o papel
do enfermeiro em diferentes situações envolvendo o Processo de Enfermagem, com
destaque para o planejamento assistencial, a comunicação terapêutica, o apoio à
família e a classificação genética e molecular da doença. Conclusão: O papel assistencial do enfermeiro envolveu as dimensões
biopsicossociais no diagnóstico e no tratamento da família e da criança
portadora de leucemia linfoblástica aguda, o que permitiu a ampliação no
horizonte de possibilidades terapêuticas diante da doença.
Palavras-chave: Enfermagem,
assistência de enfermagem, leucemia linfoblástica aguda, criança.
Abstract
Contribution of nursing care for patients with acute lymphoblastic
leukemia
Objective: To identify
the available evidence in the literature regarding the role of nurses in acute
lymphoblastic leukemia. Methods: In
this integrative review the search for primary studies was carried out in
October 2015 in the databases Lilacs, BDENF, Medline using the descriptors:
Nursing; nursing care; acute lymphoblastic leukemia. Seven studies have been
included. Results: The studies
included in this review highlight the role of nurses in different situations
directly involving the Nursing Process, especially for the care planning,
therapeutic communication, family support and genetics and molecular
classification of the disease. Conclusion:
The role of the nurse care involved biopsychosocial dimensions in the diagnosis
and treatment of the family and the child with acute lymphoblastic leukemia,
which allowed expanding the horizon of therapeutic possibilities on the
disease.
Key-words: Nursing,
nursing care, acute lymphoblastic leukemia, child.
Resumen
Contribuciones de Enfermería en la atención al paciente con leucemia linfoblástica aguda
Objetivo: Identificar la evidencia disponible en la literatura publicada desde
2005 sobre el papel de los enfermeros en la leucemia linfoblástica aguda. Métodos: Revisión integradora con las
búsquedas de los estudios primarios realizados en el
octubre de 2015 en las bases de datos Lilacs, BDENF, Medline, a través de los
descriptores: Enfermería; cuidados de enfermería; la leucemia linfoblástica
aguda. Se incluyeron siete estudios que cumplieron los criterios de
elegibilidad. Resultados: Los
estudios incluidos en esta revisión mostraron el papel
de los enfermeros en diferentes situaciones envolviendo el Proceso de
Enfermería, especialmente para la planificación de la atención, la comunicación
terapéutica, el apoyo y la genética de la familia y la clasificación molecular
de la enfermedad. Conclusión: El rol
asistencial del enfermero implicó las dimensiones
biopsicosociales en el diagnóstico y tratamiento de la familia y del niño con
leucemia linfoblástica aguda, lo que permitió expandir el horizonte de
posibilidades terapéuticas en la enfermedad.
Palabras-clave: Enfermería,
cuidados de enfermería, leucemia linfoblástica aguda, niño.
O presente estudo
emergiu da necessidade em investigar as evidências sobre o modo como se dá à
atuação do enfermeiro na assistência direcionada a criança com Leucemia
Linfoblástica Aguda (LLA). Para tanto, buscou-se extrapolar os aspectos envolvidos
somente ao tratamento biológico.
A LLA é um câncer
maligno que afeta as células linfóides de crianças e adultos, entretanto, com
maior prevalência na idade inferior a cinco anos [1]. A doença apresenta como
principal característica a substituição das células sanguíneas normais por
células imaturas [2,3]. Embora tenha ocorrido uma evolução significativa nas
chances de cura para LLA nos últimos anos, o impacto negativo diante do
diagnóstico de câncer pediátrico ainda está associado ao conceito preditivo de
morte, de não cura, de perdas, de sofrimento e de desequilíbrio emocional
[4,5].
O percurso clínico da
doença expõe à criança a inúmeros procedimentos invasivos, aos efeitos
colaterais do tratamento antineoplásico, a cessação da rotina escolar e social,
a mudança da dieta, a descontinuação de atividades de recreação, a alteração da
autoimagem e autoconceito, as reinternações hospitalares e dores, despertando
um sentimento de incerteza sobre a progressão do tratamento [6,7].
Tal situação requer
uma equipe de saúde capaz de atender a todas as demandas geradas pela criança e
consequentemente pela família, cujo conhecimento sobre os diferentes aspectos
envolvidos no diagnóstico e no tratamento é essencial para tomada de decisão clínica
dos profissionais envolvidos na assistência. Neste contexto, destaca-se que o
enfermeiro deve desenvolver pesquisas para compreender o modo como o
comportamento familiar pode influenciar no prognóstico das doenças crônicas
[8].
A enfermagem, no uso
de suas atribuições e em conjunto com a equipe interdisciplinar, detém um papel
fundamental no reestabelecimento e na manutenção das condições saudáveis de
vida do indivíduo e da família. Desse modo, é necessário que os profissionais
envolvidos na assistência em saúde sejam munidos de conhecimento sobre os
aspectos biopsicossociais atrelados no diagnóstico e no tratamento das doenças
[9].
Para o enfermeiro a
utilização do Processo de Enfermagem representa uma importante estratégia que
direciona o cuidado de modo eficaz. Por isso, é essencial que esse profissional
fundamente suas ações a partir da Prática Baseada em Evidências (PBE). Tendo em
vista a complexidade que envolve o planejamento terapêutico na LLA, o presente
estudo fundamentou sua realização na PBE por meio da revisão integrativa, cujo
objetivo foi identificar as evidências disponíveis na literatura quanto ao
papel do enfermeiro na LLA.
Este estudo consiste
em uma revisão integrativa da literatura realizada entre os meses de maio e
outubro de 2015. Seu delineamento foi conduzido a partir das seguintes etapas:
elaboração da questão de pesquisa; definição dos critérios de elegibilidade;
definição das informações a serem coletadas nos estudos selecionados; avaliação
dos estudos; interpretação dos resultados e, por fim, a síntese de evidências e
a apresentação da revisão [10].
As buscas pelos
estudos foram realizadas no dia primeiro de outubro do ano de 2015 por dois
pesquisadores de modo independente, na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) por
meio do Sistema Integrado de Bibliotecas da Universidade de São Paulo (SIBiUSP). Foram selecionados estudos incluídos nas bases de
dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs),
Base de Dados Bibliográficos Especializada na Área de Enfermagem (BDENF) e na Medical Literature Analysis and Retrieval
System Online (Medline).
Para a seleção dos
estudos foram utilizados os Descritores em Saúde (DeCS): “Enfermagem”; “Leucemia
Linfoblástica Aguda” e “Assistência de Enfermagem”, com suas combinações por
meio do operador booleano AND. Os estudos foram pré-selecionados a partir da
leitura criteriosa do título e do resumo, para tanto, deveriam responder a
seguinte questão de pesquisa: Quais as contribuições da enfermagem na LLA?
Especificamente qual o contribuição do enfermeiro no diagnóstico e no
tratamento da doença.
Foram incluídos
estudos primários; disponíveis na íntegra online e gratuitos; nos idiomas
inglês, português e espanhol; publicados a partir do ano de 2005. Os estudos
que não se incluíssem nos objetivos estabelecidos, bem como as monografias, as
dissertações e as teses foram excluídos. Para a coleta das informações que
respondessem à questão de pesquisa, foi elaborado pelos autores um formulário
para uso específico nessa revisão no qual contemplava itens relacionados às
características dos estudos, quanto ao objetivo, ao delineamento e os
principais resultados. Além disso, foi avaliado o nível de evidência dos
estudos a partir da classificação estabelecida Melnyk e Fineout-Overholt [11].
Após a seleção dos
estudos frente aos critérios de elegibilidade, os mesmos foram julgados pelos
autores quanto às evidências científicas apresentadas. Nesta etapa todo
material selecionado foi comparado com as informações disponíveis na literatura
sobre o tema. Após essa comparação e a interpretação dos resultados, as
informações que respondessem a questão de pesquisa foram agrupadas e
apresentadas de modo descritivo.
A partir do protocolo
de busca definido foram selecionados sete estudos para esta revisão. Com a
estratégia de cruzamento: “Assistência de Enfermagem” AND “Leucemia
Linfoblástica Aguda” foi possível identificar incialmente 130 estudos, dentre
os quais 128 estavam indexados nas bases de dados selecionados, sendo 24
disponíveis na íntegra. Ao implementar os critérios de
elegibilidade, um estudo foi excluído pelo idioma, um estudo pelo ano de
publicação, 14 estudos por não responderem à questão norteadora e cinco estudos
por se tratarem de método de revisão.
Por meio do
cruzamento: “Enfermagem” AND “Leucemia Linfoblástica Aguda”, foi possível
identificar inicialmente 152 estudos, dentre os quais 149 estavam indexados nas
bases de dados selecionados nesta revisão, sendo 30 disponíveis na íntegra.
Após o uso dos critérios de elegibilidade, um estudo foi excluído pelo idioma,
dois estudos pelo ano de publicação, 12 estudos por não responderem à questão
norteadora, seis estudos encontrados na primeira estratégia de busca, um estudo
repetido nas bases de dados e encontrado na primeira estratégia de busca, um
estudo repetido nas bases de dados e três estudos por se tratarem de métodos de
revisão. A Figura 1 apresenta o fluxograma das etapas de seleção dos estudos.
Figura
1 - Fluxograma de seleção dos estudos nas bases
de dados. Ribeirão Preto/SP, 2015.
Para a caracterização
amostral todos os artigos selecionados foram codificados pela letra “A” (artigo)
acompanhado pelo número em ordem crescente de inclusão. As evidências dos
estudos selecionados foram extraídas de acordo com a relevância clínica
analisada por meio da leitura exploratória, seletiva, analítica e
interpretativa [12].
O Quadro 1 apresenta a síntese de informações sobre as
características dos estudos incluídos nesta revisão (n = 7), quanto ao idioma,
ao ano de publicação, aos objetivos, a amostra, ao delineamento do estudo e a
classificação do nível de evidência.
Quadro
1 - Síntese de informações sobre as
características dos estudos incluídos (n = 7), quanto ao ano de publicação, ao
idioma, aos objetivos, a amostra, ao delineamento do estudo e a classificação
do nível de evidência. Ribeirão Preto/SP, 2015.
Fonte: Do autor; Nota:
*Nível de evidência.
As evidências desta
revisão revelaram a participação do enfermeiro em diferentes situações
envolvendo a LLA. Todos os contextos de atuação deste profissional
identificados nos estudos refletem direta ou indiretamente no Processo de
Enfermagem.
O estudo A1[13]
evidencia o papel da enfermagem na assistência primária direcionado aos
cuidados com a criança com LLA, o que envolve a coordenação e o planejamento de
cuidados, bem como a colaboração com outros profissionais por meio da
identificação de problemas junto à criança e à família. Além disso, aponta o
papel do enfermeiro nas questões técnicas envolvendo o cuidado, cujo objetivo
deve ser promover a independência do paciente e da família nas práticas
relativas aos cuidados de oncologia pediátrica.
Ainda no estudo A1
[13] é apontado o papel do enfermeiro na comunicação para o estabelecimento de
vínculos terapêuticos, ao qual na percepção dos familiares este profissional
foi visto como um “parente próximo” e possibilitou uma relação positiva, em que
a família obtinha uma sensação de estar sendo cuidada. Aliado a este contexto,
a criação de protocolos de atendimentos representa uma importante ferramenta
para reconhecer e avaliar as necessidades da família. Cabe destacar, que
segundo os autores do estudo, ainda permanece o desafio em desvendar o papel da
enfermagem primária na oncologia pediátrica, principalmente no que se refere ao
modelo de trabalho que possa ser adotado.
O modelo assistencial
estruturado na coordenação e no planejamento deve sempre projetar a família
como o centro de cuidados e a porta de entrada ao estreitamento de laços
terapêuticos por meio dos conhecimentos ofertados pelo profissional de modo a
facilitar o envolvimento com a doença, além de criar habilidades no cuidado [13,17,18].
Para estruturar o
plano assistencial o enfermeiro necessita adquirir amplos conhecimentos
práticos e teóricos sobre o diagnóstico e o tratamento para a LLA,
fundamentando-se sempre em evidências científicas e pautado no cuidado humanizado
que direcionem o seu papel como facilitador para o alcance dos resultados
esperados diante a assistência [19].
O estudo A2 [14]
revela a importância da comunicação, destacando que o diálogo do médico e do
enfermeiro junto ao paciente e a família são fundamentais na prestação dos
cuidados. De modo que a ausência de comunicação resulta na falta de apoio
emocional para os que buscam uma assistência de qualidade. Destaca ainda
diferenças no modo de abordagem destes profissionais, cujo médico ressalta o
modelo biomédico, de autoridade e instrumentalidade na comunicação, enquanto o
enfermeiro direcionava a comunicação dentro do aspecto emocional.
Não basta apenas ao
enfermeiro um amplo conhecimento técnico-científico e não saber comunicar-se com
as pessoas que recebem sua assistência. É necessário trabalhar constantemente
diferentes formas de comunicação, na qual o receptor compreenda aquilo que se
busca. Além disso, é por meio da comunicação que se inicia a relação
terapêutica com o indivíduo e a família.
É importante
estreitar laços com os familiares e os pacientes para que seja possível
realizar orientações por meio de discussões abertas e como forma de promover o
cuidado emocional para que as aflições imediatas sejam minimizadas [20]. Tendo
em vista esta relação, o profissional deve estar atento para identificar as
necessidades de comunicação do paciente e também de seus familiares, buscando
ouvi-los e ter interesse sobre diversas interfaces do diagnóstico considerando
sempre as individualidades, as crenças e os valores culturais de cada portador
de LLA.
Estudos
indicam que
os enfermeiros sentem-se responsáveis por fornecer
diálogo emocional à família,
entretanto, esta comunicação pode ser uma fonte de
estresse relacionado com o
trabalho em oncologia, principalmente nos profissionais com menos
experiência
[21,22]. Diretrizes e treinamentos aos enfermeiros são
necessários para
fornecer um correto padrão de comunicação
emocional para que o integre o
diálogo em suas funções clínicas
além de minimizar consequências à saúde do
trabalhador.
O estudo A3 [4]
apresenta o papel do enfermeiro no conhecimento sobre os marcadores moleculares
e no monitoramento genético referente aos tipos mais comuns de câncer na
infância, especificamente a LLA. Sendo este um evento importante no auxílio
para o diagnóstico e para o tratamento da doença. Tal conhecimento possibilita
ao enfermeiro uma coleta de dados mais precisa e consequentemente na tomada de
decisão clínica nas demais etapas envolvidas no Processo de Enfermagem.
A autora ainda
retrata sobre a importância de incorporar nos currículos das escolas de
enfermagem informações sobre a genômica das doenças, bem como nas instituições
de trabalho, possibilitando assim uma melhor compreensão sobre o tratamento e o
prognóstico clínico do câncer pediátrico.
A apresentação de
métodos clínicos e perfis moleculares de leucemia de uma criança têm sido muito
utilizados como um indicador de prognóstico e também de risco a terapia
medicamentosa, mas também com grande importância no monitoramento constante a
doença. Neste contexto o enfermeiro deve acompanhar a evolução dessas
tecnologias e, além disso, a instituição de trabalho deve fornecer instruções
genéticas em cursos de implicações clínicas de tratamento e prognósticos, para
que este profissional possa desenvolver um plano educacional para os
funcionários e as famílias dos pacientes que inclui a tecnologia emergente da
genômica [4].
O mesmo autor reforça
ainda que acompanhar evidências científicas sobre as vias de monitorização
molecular da LLA diretamente relacionada ao desenvolvimento de drogas
específicas para o tratamento é de extrema importância na assistência de
enfermagem para que sejam minimizados riscos e também para a promoção da saúde
do portador da leucemia [4].
No estudo A4 [5] as
evidências refletem na importância da enfermagem na assistência a família para
que ocorra o envolvimento no tratamento da doença e consequentemente no
alicerce psicológico e na readaptação a nova realidade. Aponta ainda os
sentimentos desencadeados pela vivência familiar diante a LLA, tais como o
medo, a tristeza, o desespero, a preocupação, a impotência e as incertezas, bem
como a ruptura nas expectativas em relação ao futuro da criança, transformando
tudo em frustração.
Ao investigar essa
vivência também foi identificada a necessidade de ampliar a assistência de
saúde aos familiares, já que, os mesmos passam a envolver significativamente no
trajeto clínico da doença. O uso da fé como forma de fortalecimento para
superar os momentos difíceis é um dado de extrema importância. Em todos esses
contextos, cabe ao enfermeiro o planejamento de ações que minimizem o
sofrimento e auxiliem a criança e a família no processo de reabilitação e/ou cura
para LLA.
Na investigação A5
[15], observa-se que o enfermeiro deve possuir conhecimento sobre as razões que
levam ao abandono na participação de pacientes em estudos clínicos envolvendo a
LLA. Chama a atenção neste estudo que 25 participantes abandonaram a
investigação em questão, por motivos relacionados à intolerância as medicações
utilizadas, dificuldades familiares e conflitos de agendamento. Este
conhecimento possibilitará o uso de intervenções que encorajem a permanência
nestes estudos. A etapa inicial do Processo de Enfermagem determinará a
condução das etapas seguintes, desse modo conhecer o perfil populacional em que
será oferecida a assistência de enfermagem resulta no planejamento e na implementação de estratégias que minimizem perdas no
seguimento assistencial e de pesquisa.
Autores enfatizam
[15] a importância do enfermeiro para o início e manutenção de investigações
sobre a LLA, pois deve auxiliar os pacientes a identificar variáveis a respeito
do uso dos medicamentos, além de identificar e selecionar potenciais sujeitos
de pesquisa. Provavelmente a recusa dos pais de crianças com câncer em
participar de estudos na enfermagem e na medicina estaria relacionada à carga
do método de investigação que predomina comumente amostras de sangue ou tomada
de decisão em fim de vida [23].
O estudo A6 [8]
evidencia o papel do gerenciamento familiar diante da LLA por meio do uso de um
instrumento para facilitar o direcionamento da assistência de enfermagem de
acordo com as características de cada criança e/ou família. Isto possibilita a
adequação mais eficaz ao tratamento e o maior vínculo entre a enfermagem e os
grupos de indivíduos que recebem a assistência. Os autores ainda apontam que os
enfermeiros e os profissionais da saúde devem atuar em colaboração com as
famílias para identificar a melhor abordagem no tratamento na oncologia
pediátrica. É fundamental considerar a criança e a família como um todo.
O enfoque sobre o
papel da família junto à criança com LLA nos estudos A1, A5 e A7 reforçam a
ideia de que no uso de suas atribuições é fundamental que o enfermeiro amplie a
assistência de enfermagem, envolvendo todas as pessoas atreladas ao “indivíduo”
doente. Neste contexto, a participação dos familiares repercute no sucesso terapêutico
e no enfretamento da criança diante do câncer.
O gerenciamento
familiar é considerado estrutura importante para o envolvimento com o
tratamento, no alicerce psicológico e na readaptação a nova realidade quanto à
busca de evidências no uso de instrumentos para facilitar o direcionamento da
assistência de enfermagem, portanto esses profissionais criam vínculos e
tornam-se capazes de detectar possíveis problemas, a fim de proporcionar aos
familiares um ambiente mais acolhedor, que os auxilie no enfrentamento da
situação vivenciada [5].
Direcionado ao
cuidado adequado de enfermagem, esta equipe estabelece aos familiares
intervenções por meio do Processo de Enfermagem, pois seu uso possibilita a
aplicação de fundamentos teóricos na prática, organizando o cuidado de forma
individualizada acrescida de um contexto humanizado. O diagnóstico de
enfermagem aos familiares de pacientes portadores de leucemia é principalmente
denominado processos familiares alterados
ao qual se relaciona ao impacto da doença, interrupção da rotina familiar
devido aos tratamentos que consomem tempo, mudanças nos papéis familiares,
hospitalização de um membro doente da família, além de sobrecarga financeira
devido ao tratamento de um membro familiar doente [24].
O estudo A7 [16]
promoveu a utilização de animal (cachorro) para auxiliar no tratamento clínico
da criança. O enfoque foi à tentativa de promover o equilíbrio emocional e
diminuir o peso de se ver separado do ambiente familiar, tornando assim o
ambiente hospitalar menos hostil para o tratamento da doença e possibilitando a
humanização no cuidado. Segundo as autoras por meio dessa intervenção foi
possível fomentar um cuidado que proporcionou alegria. Elas ainda retratam que
o plano terapêutico deve objetivar a saúde e não a doença.
O tratamento por meio
da terapia assistida por animais é um método complementar em diversas situações
clínicas, pois é responsável por proporcionar benefícios tanto emocionais
quanto espirituais aos pacientes por reduzir o estresse da internação
hospitalar e promover uma melhor adesão às propostas terapêuticas [25,26]. O
principal foco desta terapia é estabelecer metas e planos de tratamento
específico para os pacientes de acordo com o perfil e a necessidade individual
[27].
Entretanto, deve-se
investigar por que o acesso a tratamentos assistidos com animais é tão
limitado. Possíveis explicações incluem a falta de interesse entre os
profissionais da saúde, talvez devido ao medo de infecção, contaminação e
agressão dos animais [28].
Para enfrentar o medo
de infecção pelos profissionais, o Santa Clara Valley
Medical Center desenvolveu um protocolo rígido, especificamente
distinguindo diversos tipos de animais a fim de tranquilizar os profissionais
da saúde, dentre eles os enfermeiros, sobre a improbabilidade do aumento das
taxas de infecção hospitalar [29]. Este tipo de tratamento deve incitar aos
enfermeiros sua utilização para outras situações clínicas, que contribuam para
a compreensão e a aplicação dessa intervenção pela equipe de enfermagem
objetivando a assistência humanizada e com qualidade.
Ressalta-se que o
planejamento de enfermagem e sua implementação devem
envolver intervenções direcionadas ao eixo biopsicossocial e não meramente aos
aspectos físicos manifestados pelas doenças.
Este estudo apontou
evidências de que a inserção do enfermeiro na LLA está diretamente atrelada as
etapas do Processo de Enfermagem, cujas evidências retratam que este
profissional participa do plano terapêutico por meio de ações relacionadas ao
apoio sentimental à criança e à família, à promoção da independência nos
cuidados, à comunicação terapêutica, ao gerenciamento familiar, ao mapeamento
genético e molecular da doença e ao uso de terapia holística. Tudo isso retrata
o papel da enfermagem no atendimento envolvendo os aspectos biopsicossociais.
Por meio dos estudos
de revisão torna-se possível direcionar o desenvolvimento de novas pesquisas e
consequentemente a tomada de decisão clínica no âmbito assistencial. Cabe
destacar a importância em aproximar a linguagem científica a dos profissionais
em âmbito assistencial. Neste contexto, as evidências reveladas neste estudo
permitiram ao enfermeiro uma ampliação no seu horizonte quanto aos aspectos
envolvidos na assistência a criança com LLA.