ARTIGO
ORIGINAL
Prevalência
de diabetes mellitus em idosos da zona rural no Sul do Brasil
Letícia Pilotto Casagranda*, Celmira Lange, D.Sc.**,
Juliana Graciela Vestena Zillmer,
D.Sc.***, Fernanda dos Santos****, Denise Somavila Przylynski Castro*****,
Patrícia Mirapalheta Pereira de Llano,
D.Sc.*****
*Enfermeira,
Doutoranda em Ciências da Saúde pelo Programa de Pós Graduação da Faculdade de
Enfermagem UFPel, Docente no
Centro Universitário Cenecista de Osório,
**Enfermeira, Professora Associada da Faculdade de Enfermagem UFPel, Coordenadora da Pesquisa Pelotas/RS, ***Enfermeira,
Professora Adjunta da Faculdade de Enfermagem UFPel,
****Enfermeira, Doutoranda em Ciências da Saúde pelo Programa de Pós-Graduação
da Faculdade de Enfermagem da UFPel, Enfermeira na
Prefeitura Municipal de Lajeado, *****Enfermeira, Doutoranda em Ciências da
Saúde pelo Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Enfermagem UFPel, Enfermeira no Hospital Universitário São Francisco
de Paula, ******Enfermeira, Membro do Núcleo de Condições Crônicas e Suas Interfaces
(NUCCRIN), Pelotas/RS
Recebido em 26 de
maio de 2017; aceito em 4 de abril de 2018.
Endereço
de correspondência:
Letícia Pilotto Casagranda,
Rua Gomes Carneiro 01/202, Pelotas RS, E-mail: cissapc@yahoo.com.br; Celmira Lange: celmira_lange@terra.com.br; Juliana Graciela
Vestena Zillmer:
juzillmer@gmail.com; Fernanda dos Santos: drenffernanda@gmail.com; Denise Somavila Przylynski Castro:
deprizi@gmail.com; Patrícia Mirapalheta Pereira de Llano: pati_llano@yahoo.com.br
Resumo
Objetivo: Avaliar a prevalência
de diabetes mellitus autorreferido em idosos
residentes na zona rural. Métodos:
Pesquisa quantitativa de caráter descritivo e delineamento transversal, com
idosos de dez Unidades Básicas de Saúde com Estratégia de Saúde de Família, de
julho a outubro de 2014. Resultados:
Dos 820 idosos entrevistados, 139 referiram ter Diabetes Mellitus (DM), sendo
131 do tipo II. A prevalência de DM foi de 16,9%, 53,2% dos idosos estavam na
faixa etária de 60 a 69 anos, 65,6% eram do sexo feminino, 87,8% de cor branca,
79,6% tinham renda de até dois salários mínimos e 43,9% tinham o ensino
fundamental incompleto. Destaca-se o alto índice de peso em excesso, entre as
complicações a retinopatia, a neuropatia e a nefropatia.
A maioria dos idosos relatou sua autopercepção de
saúde como boa ou ótima. Conclusão:
Encontrou-se alta prevalência de DM, acima do índice mundial, bem como alto
índice de complicações. Esta doença é desafiadora para os serviços de saúde.
Ressalta-se a importância de profissionais de saúde manter conhecimentos acerca
da doença, etiologia e sintomas, para que se possa intervir nos cuidados a esta
patologia, bem como na prevenção de complicações.
Palavras-chave: Enfermagem, idoso,
zona rural, diabetes mellitus.
Abstract
Prevalence of diabetes mellitus in elderly of the countryside in
southern Brazil
Objective: Evaluating
the prevalence of diabetes mellitus among elder people living in the rural
area. Methods: Descriptive and
cross-sectional characteristics, with elderly people from ten Healthcare Units
with Family Health Strategy, from July to October of 2014. Results: Out of 820 elders interviewed, 139 reported having
Diabetes Mellitus (DM), being 131 of type two resulting in a prevalence of DM
16,9%. Other characteristics related were: 53,2% of
the elders were from 60 to 69 years old, 65,6% were women, 87,8% had white
complexion, 79,6% had an income of at most two minimum wages and 43,9% did not
complete elementary school. The fact that most of them presented overweight can
be highlighted, and among the common complications, retinopathy, neuropathy,
and nephropathy were prevalent. Most of the interviewed reported a
self-referred health as good or great. Conclusion:
High prevalence of DM was observed, above the world average, as well as a high
number of complications. This disease presents itself as challenging for
healthcare services. It is important to emphasize the importance of health
professionals to maintain knowledge about the disease, etiology and symptoms,
in order to intervene in the care of this pathology, as well as in the
prevention of complications.
Key-words: Nursing,
aged, rural areas, diabetes mellitus.
Resumen
Prevalencia de diabetes mellitus
en adultos mayores de la zona rural en
el Sur de Brasil
Objetivo: Evaluar la
prevalencia de diabetes mellitus auto-referido
en adultos mayores
residentes en el medio rural. Métodos: Investigación cuantitativa de
carácter descriptivo y delineamiento
transversal, con mayores de
diez Unidades Básicas de Salud
con Estrategia de Salud de la
Familia, periodo de julio a octubre de 2014. Resultados: De los
820 adultos mayores entrevistados, 139 mencionaron tener diabetes
mellitus (DM), siendo 131 del
tipo II. La prevalencia de DM fue
16,9%, 53,2% de las personas de edad
tenían entre 60 y 69 años,
65,6% del sexo femenino, 87,8% blancos, 79,6% con rendimientos hasta dos salarios mínimos y 43,9% con educación primaria incompleta. Se destaca el alto índice de peso en exceso, entre complicaciones retinopatía, neuropatía y la nefropatía. La mayoría de los adultos mayores relató su auto-percepción
de salud como buena u
óptima. Conclusión: Se
encontró alta prevalencia
de DM, superior al índice mundial, bien
como alto índice de complicaciones. Esta enfermedad es desafiadora para los servicios de salud. Se resalta la importancia
de los profesionales mantener conocimiento acerca de la enfermedad, etiología y síntomas, para que se
pueda intervenir en los cuidados a esta patología, bien como la prevención de complicaciones.
Palabras-clave: Enfermería,
anciano, medio rural,
diabetes mellitus.
O Diabetes Mellitus
(DM) vem sendo considerado uma doença devastadora para a saúde pública.
Estima-se que no mundo 425 milhões de pessoas adultas são diabéticas, e a cada
oito segundos uma pessoa vem a óbito devido a esta patologia. No Brasil, cerca
de 13 milhões de pessoas possuem DM. Já no Rio Grande do Sul, estima-se que
135.075 mil habitantes são diabéticos, e no município do estudo há 4.978 mil
pessoas com DM. Destaca-se ainda que para o ano de 2040, 642 milhões de
pessoas, a nível mundial, provavelmente serão diagnosticadas com DM [1-3].
Esses dados em nível
mundial nos levam a um grande cenário dramático no que se refere ao aumento
desta condição crônica de saúde, tornando-se necessária a realização de
prevenção e promoção desta patologia. A DM quando acometida, porém sem realizar
o tratamento adequado, é uma das principais causas de doenças cardiovasculares,
cegueira e insuficiência renal [4].
Além disso, o DM,
dentre todas as doenças crônicas, destaca-se pela sua alta mortalidade entre os
idosos. Por possuir uma evolução muitas vezes insidiosa e em muitos casos
trazer consequências que podem ser agravantes, é temido por esta população,
prejudicando sua qualidade de vida [5]. Contudo, observa-se na literatura que
pesquisas com a temática idoso vêm ocorrendo
principalmente em zonas urbanas e, desta forma, gera-se uma lacuna no que se
refere ao contexto idoso rural [6].
E quando se fala em
contexto rural, é preciso ter um olhar diferente sobre esta população. O meio
rural apresenta um estilo de vida diferente de quem vive em áreas urbanas, e
suas principais atividades econômicas estão voltadas para a produção de matéria
prima, como a agrícola e a pecuária. Os idosos enfrentam algumas dificuldades,
como o difícil acesso, dificuldades na linguagem - nestas localidades
utiliza-se muito o dialeto local - e a condição climática, visto que as
estradas em sua maioria são de chão batido e, quando chove em grande
quantidade, tem-se muito barro, dificultando a passagem de veículos [7].
Portanto, é relevante um estudo com idosos que vivem neste contexto.
Diante do exposto,
este estudo visa contribuir com a temática do idoso no contexto rural e com o
diagnóstico de DM. Assim, o objetivo do estudo é avaliar a prevalência de
diabetes mellitus autorreferido em idosos residentes
na zona rural.
Este estudo está
vinculado a um projeto de uma pesquisa quantitativa de caráter descritivo e
delineamento transversal, sendo portanto um
subprojeto. Foi desenvolvido entre a população idosa com 60 anos ou mais, de
ambos os sexos, residentes na zona rural do munícipio de Pelotas/RS e que
frequentavam Unidades Básicas de Saúde com Estratégia Saúde da Família
(UBS/ESF). A Zona rural do munícipio conta com 12 UBS, porém fizeram parte
desta pesquisa dez, pois estas possuem ESF.
Por tratar-se de um
trabalho descritivo, este não exige cálculo de tamanho/poder amostral, uma vez
que não pretende realizar testes de associação. Desta forma, utilizou-se a
população obtida no cálculo amostral da pesquisa “Prevalência e fatores
associados à síndrome da fragilidade na população idosa”, da qual este trabalho
deriva. A população idosa da zona rural de Pelotas é composta por 3.395 habitantes
[2], havendo 2.920 idosos cadastrados nas ESF. Para o estudo principal foi
determinada uma amostra de 834 idosos, já consideradas perdas e recusas.
Foram excluídos do
estudo os idosos sem condições de responder ao questionário e sem acompanhante
que convivesse ou conhecesse a história do idoso no momento da entrevista, os
que estivessem viajando no momento da coleta daquela localidade, privados de
liberdade por decisão judicial, ou que estivessem residindo em Instituições de
Longa Permanência. Do total de 834 idosos contemplados a participar da
pesquisa, nove foram considerados como perda e cinco como recusas. Assim, foram
entrevistados 820 idosos.
As entrevistas foram
realizadas no domicílio ou nas UBS, de acordo com a preferência de cada idoso,
por entrevistadores devidamente capacitados. Contou-se com a colaboração dos
agentes comunitários de saúde para a localização das residências dos idosos
sorteados. A coleta de dados ocorreu nos meses de julho a outubro de 2014.
As informações foram
obtidas por meio de questionário composto por questões fechadas, organizadas em
blocos. A variável dependente deste estudo foi o DM autorreferido
e as variáveis independentes foram características sociodemográficas
e econômicas relacionadas à patologia de DM, aos hábitos comportamentais,
estilo de vida, atividades desenvolvidas pelo idoso e autopercepção
da saúde.
A pesquisa seguiu os
princípios da Resolução do Conselho Nacional da Saúde 466/2012 [2]. O projeto
foi cadastrado na Plataforma Brasil e aprovado pelo Comitê de Ética, do qual
recebeu o parecer favorável de número 649.802. Aos idosos que concordaram em
participar do estudo foi entregue e assinado o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE).
Os dados coletados
foram digitados no programa Epi Info® 6.04 com dupla
entrada e checagem de consistência. Para a análise do desfecho, realizou-se a
estatística descritiva das variáveis pertinentes empregando-as o programa
computacional Stata® 11.1.
A prevalência de
diabetes autorreferido na população idosa da zona
rural foi de 16,9%. A maioria foi representada pelo sexo feminino, faixa etária
de 60 a 69 anos, da cor branca, residindo com companheiro e possuindo
escolaridade de um a três anos. O consumo de tabaco e álcool foram
referidos por menos da metade dos idosos diabéticos. Quanto à realização
de atividade laboral, a maioria referiu que já realizou estas atividades. Estes
dados podem ser observados na Tabela I.
Tabela
I - Características dos idosos residentes na
zona rural com diabetes mellitus autorreferido,
segundo variáveis sociodemográficos, socioeconômicos
e hábitos comportamentais (N=139). Pelotas/2014.
*Um idoso não soube
informar a escolaridade.
Quanto ao tipo de DM,
houve predominância de Diabetes Mellitus Tipo 2 (DM2)
(92,3%). Apenas 3 idosos referiram ter DM1 (2,1%) e
cinco não souberam informar qual o tipo de DM que possuíam. O motivo pela maior
presença de DM2, pode ser explicado pelo estudo ser
desenvolvido com idosos, e este tipo de diabetes acomete principalmente adultos
e idosos com histórico familiar deste tipo de patologia e excesso de peso.
Tabela
II -
Cuidados realizados, autopercepção
de saúde e Índice de Massa Corporal dos idosos com diagnóstico de Diabetes
mellitus autorreferido (N=139). Pelotas/2014.
**Um idoso não soube
informar; ***Nas complicações o n = 44, sendo que um idoso pode apresentar mais
de uma complicação; ****Sete idosos não souberam informar o peso e a altura.
O uso de medicamentos
foi citado pela maioria dos idosos, sendo a medicação oral a mais utilizada.
Quando questionados sobre a realização do controle de glicemia, a maioria dos
idosos, afirmou manter o controle.
As complicações,
devido ao diagnóstico de DM, acometeram 44 idosos e estas questões, por serem
de múltiplas escolhas, considerou-se a probabilidade de um idoso poder
apresentar mais de uma complicação.
Destaca-se ainda, a autopercepção da saúde, em que a maioria dos idosos a
classifica como boa/ótima. Outro dado que chamou a
atenção foi quanto ao IMC, em que a maioria encontra-se em excesso de peso.
A prevalência de DM
neste estudo foi de 16,9%, sendo considerada superior à prevalência de diabetes
mellitus na população mundial que é de 9% e inferior a regiões
como a ilha do pacífico que é de 33% [3].
Em relação às
características demográficas, houve predominância do sexo feminino (65,6%). A
maior prevalência deste sexo já foi observado em
outros estudos, e também pode estar ligado ao fato de as mulheres serem mais
conscientes quanto aos cuidados à sua saúde e por procurarem mais os serviços
de saúde. Porém, na literatura, há uma discordância desta prevalência no sexo
feminino, quando são utilizadas medidas bioquímicas, a prevalência de DM autorreferida foi de 42,6% no sexo masculino [9].
Quanto à faixa
etária, observou-se uma maior predominância em idosos, cuja idade varia de 60 a
69 anos (53,2%). Estes dados assemelham-se ao estudo cujo objetivo foi
identificar a prevalência de diabetes mellitus referidos e seus fatores
associados em idosos residentes no munícipio de Campinas, Paraíba, em que 80%
encontram-se na mesma faixa etária [11]. Ainda considerando a idade dos idosos,
segundo dados do Vigitel [12], a doença é mais comum com o avanço da idade, especialmente após os 45 anos,
e um quarto dos indivíduos (24,4%) com 65 anos ou mais referem o diagnóstico de
DM. Dados estes semelhantes aos Estados Unidos (EUA), em que 29,1 milhões de
pessoas são diabéticos, desses 13,4 milhões estão na faixa etária de 45 a 64
anos, e 11,2 milhões acima de 65 anos [13].
Neste estudo houve
predominância da pele cor branca, conforme observado na Tabela I. Na
literatura, encontrou-se divergências entre a
prevalência de DM em brancos e não brancos. Alguns estudos referem que o DM é
mais constante em afrodescendentes, pois eles são mais vulneráveis a hiperinsulinemia e a resistência à insulina, causando
principalmente o DM2. Essa prevalência em afrodescendentes se dá pelo fato que
no Brasil há uma grande mistura racial dos cruzamentos de índios nativos,
colonizadores e dos negros africanos oriundos do oeste da África. Já em outros
estudos, mostra-se a frequência maior em pessoas cuja pele é branca. Porém,
outra pesquisa refere-se que os fatores ambientais e comportamentais também
sejam considerados, como o exemplo de maior prevalência de diabéticos japoneses
residentes nos EUA do que no Japão [14].
Neste estudo, somente
5% dos idosos estudaram oito anos ou mais, a maioria estudou de um a três anos.
De acordo com os dados do Vigitel [12], quanto maior
o grau de escolaridade, menor é a frequência de DM. A baixa escolaridade também
pode acarretar problemas aos diabéticos que necessitam de um plano de cuidado.
Observa-se no estudo realizado no Centro de Diabetes Alemão, a evidência de que
quanto mais baixa a escolaridade, maior a interferência na aprendizagem sobre o
autocuidado, prejudicando desta forma a prevenção das complicações, diferente
dos que possuem maiores formações, pois estes têm um maior acesso aos serviços
de saúde [15,15]. Outro fator que pode explicar essa baixa escolaridade na zona
rural é o período de estudos ser o mesmo em que
começam a contribuir com o trabalho no campo [17].
Ressalta-se que nesta
época, a escolaridade em localidades rurais eram disponibilizadas
somente nas séries iniciais, devido à má distribuição de escolas e também pelo
fato de muitas vezes não haver professor na localidade, e posteriormente para
dar continuidade aos estudos era necessário deslocar-se até a área urbana mais
próxima. Contudo, nem todas as zonas rurais possuíam algum tipo de transporte
que pudesse deslocar os alunos até a escola e, desta forma, as pessoas acabavam
se direcionando ao trabalho no campo [18].
Diante do exposto,
ressalta-se a permanência dos idosos na zona rural podendo estar atrelada ao
início precoce nas atividades ligada ao campo. Estudo relata que as enxadas
utilizadas para carpir eram produzidas de acordo com a estatura da criança,
para que pudessem contribuir. Nesse estudo, ainda identificou-se que 91% dos
entrevistados desempenham funções voltadas ao campo, 30,4% na ordenha de vaca e
73,9% cuidando de animais [17].
Quanto à renda, a
maioria recebe até dois salários mínimos. Estudos evidenciam que quanto menor
for a renda mensal de idosos diagnosticados com DM, maiores
são as chances de virem a óbito. A renda pode ser um fator desencadeante para a
não adesão de tratamentos destes pacientes diabéticos. Por esse motivo, é de
extrema importância considerar as necessidades básicas dos indivíduos, para que
desta forma se possa designar qual o melhor tratamento a ser seguido [19,20].
Além destas importâncias, ressalta-se que o
profissional de saúde necessita utilizar um linguajar que favoreça o
entendimento destes idosos, quantos aos cuidados que necessitam ser realizados
para controle da patologia.
A alta prevalência de
DM2 neste estudo pode estar associada ao fato da pesquisa ser com a população
idosa, e este tipo de patologia é mais propenso a ser desenvolvido por esta
faixa etária. Esta maior prevalência também pode ser um fator para explicar o
maior número do uso de hipoglicemiantes orais. Geralmente, a DM2 pode evoluir
durante anos antes que seja necessário o uso de insulina para maior controle
[3]. Em relação às complicações, neste estudo a retinopatia foi a que mais
acometeu. Estes dados assemelham-se ao estudo, cujo objetivo foi analisar a
prevalência de diabetes em idosos e as medidas de controle adotadas [21].
A autopercepção
de saúde destes idosos, apesar da patologia clínica, foi considerada como boa
ou ótima, concordando com estudo em que foi avaliada a percepção de saúde de
idosos residentes em um munícipio do interior do Rio Grande do Sul, em que dos
274 entrevistados, 13,5% são diabéticos, e classificaram sua autopercepção de saúde como boa [22].
Em um estudo
realizado com idosos rurais e urbanos, evidenciou-se que os idosos que residem
na zona rural desenvolvem mais a patologia de DM, enquanto aqueles que vivem na
zona urbana são mais propícios a desenvolverem doenças relacionadas ao sistema
nervoso central. Esta expansão de DM pode estar associada ao aumento de
prevalência de obesidade na população mais velha. Há evidências que no meio
rural existem maiores taxas de sobrepeso e obesidade, e esta é considerada um
fator de risco para o DM. Contudo, os dados revelados pelo Vigitel
[13] afirmam que esta taxa de obesidade começou a declinar após os 65 anos
[20,23-24].
Quanto ao tabagismo e
etilismo, não houve valores significativos neste estudo, conforme
se observa na tabela I. Estes dados são semelhantes ao estudo em que dentre os
idosos que referiram fazer uso de bebida alcoólica, a maioria (57,1%) referiu
beber moderadamente em algumas ocasiões [21].
Diante dos fatos expostos, identificar a
presença desta patologia precocemente, é uma forma de amenizar os problemas
decorrentes da DM. Desta forma, a pessoa com esta doença necessita realizar o
tratamento ao qual está submetido, de forma correta, proporcionando uma melhora
em sua qualidade de vida.
Uma das limitações
deste estudo é pelas informações coletadas terem sido autorreferidas.
Ao final do estudo, prevaleceu o sexo feminino, a cor branca, a baixa
escolaridade e o alto índice de sobrepeso e obesidade. A prevalência de DM foi
de 16,9%, estando acima da média mundial que é de 10%. A predominância da cor
branca pode estar atrelada ao fato de que a localidade estudada é descendente
de alemães.
O DM é considerado
uma doença desafiadora para os serviços de saúde. A cada ano que passa atinge
mais a população, tornando-se um agravante na saúde pública. Desta forma, é de
extrema importância que todos os profissionais da área da saúde estejam atualizados
sobre os riscos que o DM implica nos idosos, para que seja possível realizar o
acompanhamento necessário, repassando as informações e cuidados, principalmente
entre os idosos, por muitos desconhecer a sua patologia.
Destaca-se, ainda, a
realização da pesquisa ser em localidade rural, em que há uma lacuna de
pesquisas realizadas e, desta forma, este estudo contribuiu para que outros
pesquisadores possam realizar estudos voltados para esta temática.