Por que é mais fácil lamentar e reclamar pela falta de sucesso profissional do que manter o foco e o comprometimento no próprio potencial?

Autores

  • Luiz Fernando Oliveira Nogueira

DOI:

https://doi.org/10.33233/eb.v17i4.2544

Resumo

Cada vez mais, fico impressionado com a quantidade de profissionais que encontro nos cursos em que atuo como Docente, comentando que a vida está difí­cil ou complicada, que não conseguem trabalho, que estão passando por necessidades ou, ainda, que o mercado está cada vez mais difí­cil. Percebo uma gama de lamentações e reclamações e pouca disponibilidade para estruturar e buscar o que realmente interessa, ou seja, aquilo que fará diferença em sua vida profissional.

Tento entender o que se passa no dia a dia de alguns deles, sabendo que nas redes sociais especializadas na área de Gestão de Pessoas em que participo, muitos anúncios são veiculados, inclusive com certa insistência de algumas empresas em captar pessoas rapidamente. Além disso, comparando as contratações realizadas no primeiro semestre de 2017 com as realizadas no mesmo perí­odo em 2018, houve um saldo positivo de 392.461 empregos com carteira assinada, segundo dados do Caged, veiculada pelo site Uol Economia [1], em 20/07/2018. Então, percebo que há oportunidades para trabalhar, porém, o que estimula tais pessoas a manter essa postura de acomodação?

Algumas delas, inclusive, não se conformam em participar de processos seletivos e não serem contratadas, comentando até que estão dispostas a assumir qualquer posto de trabalho, independente do salário que receberão, alegando, desesperadamente, que precisam muito. Ainda há casos em que são indicados para algum tipo de trabalho ou para participar de processo de seleção, porém, decidem por não procurar as empresas pelo salário baixo ou por ter que trabalhar demais. Como mostrar para essas pessoas que o sucesso ou a busca de remuneração mais digna, ou ainda que trabalhar naquilo que realmente gostamos ou sonhamos requer foco, planejamento da carreira e assumir responsabilidades mais complexas?

Pode-se inferir que tais profissionais, tanto na vida profissional pregressa quanto na sua vida educacional não receberam ou não captaram informações e incentivos sobre colocar em prática a sua criatividade ou mostrar a sua potencialidade, já que muitas geralmente não querem, não buscam ou não apresentam habilidades adequadas para encarar e planejar hipóteses de soluções para as situações problemáticas que surgem como desafios no seu cotidiano de vida.

Falconi [2] reforça o conceito de Potencial Mental de Maslow mostrando que cada pessoa apresenta um ritmo de aprendizado para lidar com as situações problemas e desafios diários. Entretanto, como a maioria das pessoas, principalmente no processo escolar, não foram incentivadas a enfrentar tais desafios, surge a dificuldade em pensar de forma criativa e focar o que realmente é importante, tanto para o seu crescimento pessoal quanto para o crescimento profissional.

Então, colocam-se em posição de vitimização, transferindo a responsabilidade dessas situações para outras pessoas, familiares, governo ou a empresa ou instituições, ficando assim, "isentas" de tentar algum tipo de reação ou contrapartida individual para sanar tais dificuldades.

Por outro lado, consigo vislumbrar que as pessoas que procuram adotar postura flexí­vel em relação í  mudança de comportamento ou que estão dispostas a quebrar velhos paradigmas começam a apresentar mais foco nas suas decisões, tornando-as mais conscientes. Embora estejam interagindo em ambientes cada vez mais exigentes, aceitam que existe a sua própria contrapartida buscando cada vez mais a autoconsciência a autorregulação, conforme Goleman [3] que coloca o autodomí­nio como essencial para melhorar a eficácia pessoal e, como consequência, a profissional.

Diante disso, entendo que o ser humano pode mudar a sua postura em relação ao enfrentamento das suas dificuldades diárias, principalmente em relação ao mercado de trabalho e sua carreira, porém, configura grande desafio aos profissionais das áreas da educação, da saúde ocupacional, de gestão de pessoas, dentre outros, diretamente engajados na orientação e desenvolvimento das competências técnicas e comportamentais das pessoas, mostrar que é possí­vel o aprimoramento e aplicação do próprio potencial para que seja protagonista da sua carreira, buscando plenitude e qualidade de vida.

Dessa forma, a minha experiência como docente mostra o seguinte cenário: quando incentivamos os estudantes a compartilhar suas próprias experiências, há uma interação saudável entre as situações e vivências apresentadas, pois eles começam a perceber que há possibilidade de enfrentamento e sucesso para os desafios diários e também percebem o quanto podem usar o seu potencial humano. Kahane [4]reforça a necessidade de entender o cenário atual para planejar e focar o futuro cenário. Portanto, é possí­vel sair de uma "situação catastrófica" para uma situação de sucesso na vida profissional, entretanto, é preciso dedicação, confiança em si, ampliar a rede de relacionamento, seriedade, persistência e buscar parceiros para compartilhamento de experiências positivas.

 

 

Biografia do Autor

Luiz Fernando Oliveira Nogueira

Psicólogo, Educador, Consultor de Empresas, Especialista em Administração de Recursos Humanos e Especialista em Sistemas de Gestão Integrados em Saúde e Segurança do Trabalho, Qualidade, Meio Ambiente e Responsabilidade Social

Referências

Uol Economia. País fecha 661 vagas com carteira em junho, mas tem 1° semestre positivo. [citado 2018 Jul 7]. Disponível em: https://economia.uol.com.br/empregos-e-carreiras/noticias/redacao/2018/07/20/caged-junho-2018-saldo-empregos-com-carteira.htm>

Falconi V. O verdadeiro poder. 2. Ed. Nova Lima: Falconi; 2013.

Goleman D. O cérebro e a inteligência emocional: novas perspectivas. Tradução: Carlos Leite da Silva, 1ª ed., Rio de Janeiro: Objetiva; 2012.

Kahane A. Planejamento de cenários transformadores: trabalhando juntos para mudar o futuro. Tradução de Marcelo Michelsohn. São Paulo: Senac; 2013.

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Publicado

2018-09-28