Uma análise retrospectiva dos erros de medicação ocorridos em unidades de transplante de medula óssea
DOI:
https://doi.org/10.33233/eb.v19i6.4429Resumo
A terapia medicamentosa no transplante de medula óssea (TMO) é complexa, os pacientes são expostos a protocolos de tratamentos prolongados, com inúmeros medicamentos, o que aumenta o risco do erro de medicação (EM). Objetivos: Identificar os erros de medicação, os profissionais envolvidos, os medicamentos envolvidos, as causas da ocorrência, as consequências para o paciente e as ações de melhoria implementadas. Métodos: Trata-se de um estudo observacional retrospectivo com abordagem quantitativa, o período de coleta dos dados foi de janeiro de 2008 a janeiro de 2018. Resultados: Foram identificados 42 erros de medicação. Os agentes antineoplásicos, imunossupressores e antibióticos foram os mais frequentes no EM. O fator humano foi a causa da ocorrência do EM mais frequente (69%). Nas consequências para os pacientes, foram identificados eventos adversos: leves 82%; moderados 14%; graves 2% e fatais 2%. As ações de melhoria implementadas para prevenção foram: treinamento da equipe; elaboração de protocolos padrões; orientação de pacientes e acompanhantes; revisão do sistema eletrônico de prescrição; dupla checagem da prescrição; aprazamento por enfermeiras com tempo de experiência; entre outras. Conclusão: Os EM põem em risco a segurança do paciente, as causas dos EM foram multifatoriais e as consequências em alguns casos foram graves ou fatais.
Palavras-chave: transplante de medula óssea, erros de medicação, segurança do paciente.
Referências
Magalhães AMM, Moura GMSS, Pasin SS, Funcke LB, Pardal BM, Kreling A. Processos de medicação, carga de trabalho e a segurança do paciente em unidades de internação. Rev Esc Enferm USP 2015;49:43–50. https://doi.org/10.1590/S0080-623420150000700007.
Jha AK, World Health Organization, World Alliance for Patient Safety, Research Priority Setting Working Group. Summary of the evidence on patient safety: implications for research. Geneva, Switzerland: World Health Organization; 2008.
World Health Organization. Medication without harm - Global Patient Safety Challenge on Medication Safety; 2017.
Brasil MS. Documento de referência para o Programa Nacional de Segurança do Paciente 2014.
ANVISA. Gestão de riscos e investigação de eventos adversos relacionados à assistência à saúde; BrasÃlia: Anvisa; 2017.
Fonseca RB, Secoli SR. Medicamentos utilizados em transplante de medula óssea: um estudo sobre combinações dos antimicrobianos potencialmente interativos. Rev Esc Enferm USP 2008;42:706–14. https://doi.org/10.1590/S0080-62342008000400013.
Otero López MJ, Castaño RodrÃguez B, Pérez Encinas M, Codina Jané C, Tamés Alonso MJ, Sánchez Muñoz T. Actualización de la clasificación de errores de medicación del grupo Ruiz-Jarabo 2000. Farmacia Hospitalaria 2008;32:38–52. https://doi.org/10.1016/S1130-6343(08)72808-3.
Ministério da Saúde. Resolução 466/12: Trata de pesquisas em seres humanos e atualiza a resolução 196. BrasÃlia: MS; 2012.
Guastaldi R, Secoli S. Interações medicamentosas de antimicrobianos utilizados em transplante de células-tronco hematopoéticas. Rev Latinoam Enferm 2011;19(4):960-7. https://doi.org/10.1590/S0104-11692011000400015.
Lermontov SP, Carreiro BS, Rezende CM. Medication errors in the context of hematopoietic stem cell transplantation: a systematic review. Cancer Nursing 2019;42:365–72. https://doi.org/10.1097/NCC.0000000000000613.
Impicciatore P, Choonara I, Clarkson A, Provasi D, Pandolfini C, Bonati M. Incidence of adverse drug reactions in paediatric in/out-patients: a systematic review and meta-analysis of prospective studies: Incidence of adverse drug reactions in children. Br J Clin Pharmacol 2001;52:77–83. https://doi.org/10.1046/j.0306-5251.2001.01407.x.
Belela ASC, Pedreira MLG, Peterlini MAS. Erros de medicação em pediatria. Rev Bras Enferm 2011;64:563–9. https://doi.org/10.1590/S0034-71672011000300022.
Silva CH, Spinillo CG. Dificuldades e estratégias no uso de múltiplos medicamentos por idosos no contexto do design da informação. Estudos em Design 2016;24:130–44.
Suclupe S, Martinez-Zapata MJ, Mancebo J, Font-Vaquer A, Castillo-Masa AM, Viñolas I, et al. Medication errors in prescription and administration in critically ill patients. J Adv Nurs 2020;76:1192–200. https://doi.org/10.1111/jan.14322.
Boletim ISMP. Medicamentos potencialmente inadequados para idosos. Boletim ISMP; 2017. http://biblioteca.cofen.gov.br/wp-content/uploads/2017/11/Medicamentos-potencialmente-inadequados-para-idosos.pdf
Boletim ISMP. Desafio global de segurança do paciente medicação sem danos. Boletim ISMP; 2018. http://biblioteca.cofen.gov.br/desafio-global-seguranca-paciente-medicacao-sem-danos/
Makary MA, Daniel M. Medical error—the third leading cause of death in the US. BMJ 2016:i2139. https://doi.org/10.1136/bmj.i2139.
Giuliano KK. Intravenous smart pumps. Critical care nursing clinics of North America 2018;30:215–24. https://doi.org/10.1016/j.cnc.2018.02.004.
Goldspiel B, Hoffman JM, Griffith NL, Goodin S, De Christoforo R, Montello CM, et al. ASHP Guidelines on Preventing Medication Errors with Chemotherapy and Biotherapy. American Journal of Health-System Pharmacy 2015;72:e6–35. https://doi.org/10.2146/sp150001.
Bohomol E, Ramos LH, D’Innocenzo M. Medication errors in an intensive care unit. J Adv Nurs 2009;65:1259–67. https://doi.org/10.1111/j.1365-2648.2009.04979.x.
Silva AEBC, Reis AMM, Miasso AI, Santos JO, Cassiani SHDB. Adverse drug events in a sentinel hospital in the State of Goiás, Brazil. Rev Latinoam Enferm 2011;19:378–86. https://doi.org/10.1590/S0104-11692011000200021.
Boletim ISMP. Antineoplásicos parenterais: erros de medicação, riscos e práticas seguras na utilização. Boletim ISMP; 2014. https://proqualis.net/boletim/antineopl%C3%A1sicos-parenterais-erros-de-medica%C3%A7%C3%A3o-riscos-e-pr%C3%A1ticas-seguras-na-utiliza%C3%A7%C3%A3o
Institute for Safe Medication Practices. ISMP list of high-alert medications in acute care settings. 2018. https://www.ismp.org/recommendations/high-alert-medications-acute-list
Néri EDR, Gadêlha PGC, Maia SG, Pereira AGS, Almeida PC, Rodrigues CRM, et al. Drug prescription errors in a Brazilian hospital. Rev Assoc Med Bras (1992) 2011;57:301–8. https://doi.org/10.1016/S2255-4823(11)70063-7
Santos PRA, Rocha FLR, Sampaio CSJC. Ações para segurança na prescrição, uso e administração de medicamentos em unidades de pronto atendimento. Rev Gaúcha Enferm 2019;40:e20180347. https://doi.org/10.1590/1983-1447.2019.20180347.
Heneka N, Shaw T, Rowett D, Lapkin S, Phillips JL. Exploring factors contributing to medication errors with opioids in Australian specialist palliative care inpatient services: A multi-incident analysis. J Palliat Med 2018;21:825-35. https://doi.org/10.1089/jpm.2017.0578.
Keers RN, Williams SD, Cooke J, Ashcroft DM. Prevalence and nature of medication administration errors in health care settings: A systematic review of direct observational evidence. Ann Pharmacother 2013;47:237–56. https://doi.org/10.1345/aph.1R147.
Poder TG, Maltais S. Systemic analysis of medication administration omission errors in a tertiary-care hospital in Quebec. Health Information Management Journal 2018:183335831878109. https://doi.org/10.1177/1833358318781099.
Baraki Z, Abay M, Tsegay L, Gerensea H, Kebede A, Teklay H. Medication administration error and contributing factors among pediatric inpatient in public hospitals of Tigray, northern Ethiopia. BMC Pediatr 2018;18:321. https://doi.org/10.1186/s12887-018-1294-5.
Yamamoto MS, Peterlini MAS, Bohomol E. Notificação espontânea de erros de medicação em hospital universitário pediátrico. Acta Paul Enferm 2011;24:766–71. https://doi.org/10.1590/S0103-21002011000600006.
Lerner RBME, Carvalho M, Vieira AA, Lopes JMA, Moreira MEL. Medication errors in a neonatal intensive care unit. J Pediatr (Rio J) 2008;84:166–70. https://doi.org/10.2223/JPED.1757.
Rosa MB, Perini E, Anacleto TA, Neiva HM, Bogutchi T. Erros na prescrição hospitalar de medicamentos potencialmente perigosos. Rev Saúde Pública 2009;43:490–8. https://doi.org/10.1590/S0034-89102009005000028.
Teixeira TCA, Cassiani SHDB. Análise de causa raiz: avaliação de erros de medicação em um hospital universitário. Rev Esc Enferm USP 2010;44:139–46. https://doi.org/10.1590/S0080-62342010000100020.
Neuss MN, Gilmore TR, Belderson KM, Billett AL, Conti-Kalchik T, Harvey BE, et al. 2016 Updated American Society of Clinical Oncology/Oncology Nursing Society Chemotherapy Administration Safety Standards, Including Standards for Pediatric Oncology. JOP 2016;12:1262–71. https://doi.org/10.1200/JOP.2016.017905.
Elliott M, Liu Y. The nine rights of medication administration: an overview. Br J Nurs 2010;19:300–5. https://doi.org/10.12968/bjon.2010.19.5.47064.
Edwards S, Axe S. The 10 ‘R’s of safe multidisciplinary drug administration. Nurse Prescribing 2015;13:398–406. https://doi.org/10.12968/npre.2015.13.8.398.
Kavanagh C. Medication governance: preventing errors and promoting patient safety. Br J Nurs 2017;26:159–65. https://doi.org/10.12968/bjon.2017.26.3.159.