ARTIGO
ORIGINAL
Aplicação
da banda neuromuscular e seus efeitos na alteração da flexibilidade da coluna
lombar
Application of the neuromuscular band and its effects on flexibility of
the lumbar spine
Joelmma Maria Rebouça de Lima*, Kalyne do
Nascimento Moreira Fidelis*, Gildasio Lucas de
Lucena, D.Sc.**, Rafael
Limeira Cavalcanti, M.Sc.***
*Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, Departamento de Fisioterapia, Natal/RN,
**Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Departamento de
Fisioterapia, Natal/RN, ***Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
Departamento de Fisioterapia, Natal/RN
Recebido em 29 de
maio de 2017; aceito em 16 de novembro de 2017.
Endereço
de correspondência:
Joelmma Maria Rebouça de
Lima, Rua Teófilo Brandão, 131B, Petrópolis, 59014-135 Natal RN, E-mail:
joelmmappg@hotmail.com, Kalyne do Nascimento Moreira
Fidelis: kalyne_f@hotmail.com; Rafael Limeira Cavalcanti:
rafaellimeirafisio@gmail.com; Gildasio Lucas de
Lucena: gillucas@bol.com.br
Resumo
Introdução: A utilização da
banda neuromuscular tem se tornado cada vez mais presente como uma forma
auxiliar no tratamento de diversas disfunções musculoesqueléticas. Objetivo: Avaliar se aplicação da banda
neuromuscular na coluna lombar aumenta a sua flexibilidade em comparação com o
grupo controle, na ausência de dor. Material
e métodos: Estudo experimental do tipo ensaio clínico, controlado e
randomizado. A amostra foi composta por 30 sujeitos saudáveis, do sexo masculino, com idade entre 18 e 30 anos, divididos em dois
grupos, 15 no grupo experimental, que usou a banda neuromuscular, e 15 no grupo
controle. A flexibilidade lombar foi medida pelo teste de sentar e alcançar
(TSA), índice de Schober e goniometria
para flexão anterior, laterais e extensão. Resultados:
No grupo controle, foi observado um aumento significativo da distância
alcançada no segundo TSA (p < 0,01). Não foram encontradas diferenças
significativas nas demais variáveis. No grupo experimental, porém, não foram
observadas diferenças significativas em nenhuma das variáveis, quando se
comparou as avaliações que ocorreram antes e depois da aplicação da banda neuromuscular.
Conclusão: O presente estudo conclui
que a banda neuromuscular não foi capaz de melhorar a mobilidade e
flexibilidade da coluna lombar, em nenhum dos testes de flexibilidade e para
nenhum movimento da coluna avaliado.
Palavras-chave: bandagens, maleabilidade,
região lombar.
Abstract
Introduction: The use of the neuromuscular band has become increasingly present as
an auxiliary form in the treatment of various musculoskeletal disorders.
Objective: To evaluate if the application of the neuromuscular band in the
lumbar spine increases its flexibility compared to a control group, in the
absence of pain. Methods:
Experimental study of clinical trial, controlled and
randomized. The sample consisted of 30 healthy male subjects, aged between 18
and 30 years, divided into two groups, 15 in the experimental group, who used
neuromuscular band, and 15 in the control group. Lumbar flexibility was
measured by sit-and-reach test, Schober index and
goniometry for anterior flexion, lateral and extension. Results: In the control group, a significant increase in the
distance reached in the second SRT was observed (p < 0.01). No significant
differences were found in the other variables. In the experimental group,
however, no significant differences were observed in any of the variables, when
comparing the evaluations that occurred before and after the application of the
neuromuscular band. Conclusion: The
present study concludes that the neuromuscular band was not able to improve the
mobility and flexibility of the lumbar spine in any of the flexibility tests
and for no movement of the spine evaluated.
Key-words: bandages,
pliability, lumbosacral region.
A flexibilidade pode
ser definida como sendo “a capacidade de mover um único conjunto ou série de
articulações, de forma harmoniosa e facilmente, através de uma amplitude de
movimento irrestrita e livre de dor [1]”.
Não existe uma
definição para padrões ótimos de flexibilidade, mas sabe-se que sua perda
limita a mobilidade e pode aumentar a probabilidade de lesão na articulação e
na musculatura envolvida [2]. A musculatura que compõe a coluna vertebral está
diariamente sujeita a vícios posturais, que podem levar a um desequilíbrio e ao
encurtamento dessa musculatura, ocasionando uma alteração de postura e o
surgimento de algias.
A coluna lombar
apresenta uma curvatura capaz de permitir a execução de movimentos em três
planos; biomecanicamente está bem estruturada para a
flexão e é o movimento mais comum durante as atividades diárias. A flexão da
coluna lombar a partir da posição ortostática ereta envolve deslordificar
ou retificar a lordose lombar [3].
O número de afecções
que acometem a coluna vertebral é amplo, em sua grande maioria tem como
principal sintoma a lombalgia, gerando as principais causas de incapacidade,
estando relacionada principalmente a posturas e movimentos corporais
inadequados e a condições de trabalho capazes de produzir impacto [4].
A Fisioterapia é uma
das ciências da saúde que tem como objetivo o diagnóstico, tratamento,
prevenção das diversas disfunções cinético-funcionais, assim como promoção da
saúde. Dentre os diversos recursos de tratamento disponíveis temos a Banda
Neuromuscular, um método auxiliar terapêutico que vem se tornando cada vez mais
utilizado na prática clínica.
A Banda Neuromuscular
representa uma técnica de aplicação de bandagens elásticas funcionais,
utilizada em larga escala atualmente e que pode ser inserida na prevenção e
tratamento de lesões. A banda neuromuscular, também conhecida por Kinesio Taping (KT), foi criada
pelo Japonês Kenzo Kase que através dos princípios da
quiropraxia e da kinesiologia,
fundamentou esse método de tratamento, considerando que para a recuperação da
saúde são imprescindíveis a atividade muscular e o movimento [5].
Através da utilização
de uma fita elástica descobriu-se que músculos e outros tecidos podem ter uma
assistência exterior. O uso da banda neuromuscular se torna uma abordagem nova
para o tratamento de disfunções dos componentes do sistema musculoesquelético,
pode ser empregado para imobilizar o movimento de músculos e articulações
afetadas e, por outro lado, baseia-se em um princípio
que visa possibilitar livre amplitude de movimento, permitindo que ocorra o
processo natural da cura do sistema muscular biomecanicamente
e, para permitir essa liberdade articular, as fitas elásticas possuem uma
elasticidade de 130 -140% do seu comprimento original [6].
As funções da banda
neuromuscular de acordo com Kenzo Kase [6] podem ser
divididas em quatro principais: “suporte muscular, remove o congestionamento ao
fluxo de fluidos do corpo, ativa o sistema analgésico endógeno e correção de
problemas articulares”. Dentro da função de suporte muscular está o aumento da
amplitude de movimento e dentro da função de correção de problemas articulares,
a melhora da amplitude de movimento.
Portanto, o presente
estudo tem como objetivo principal avaliar se aplicação da banda neuromuscular
na coluna lombar aumenta a sua flexibilidade em comparação com o grupo
controle, na ausência de dor.
Trata-se de um estudo
experimental do tipo ensaio clínico, controlado e randomizado, realizado entre
Outubro e Novembro de 2016, na cidade de Natal/RN. Foram incluídos no estudo,
por conveniência não probabilística, 30 sujeitos saudáveis, do sexo masculino,
ativos e com idade entre 18 e 30 anos, recrutados na
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Os sujeitos que
apresentassem dor ou lesão na coluna vertebral e membros inferiores, por pelo
menos três meses prévios aos procedimentos da pesquisa, alergia à substância
adesiva da banda neuromuscular e se enquadrassem como indivíduos sedentários,
de acordo com o Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ), foram
excluídos do estudo.
A variável dependente
foi a manutenção ou aumento da flexibilidade na coluna
lombar avaliada por meio do teste de sentar e alcançar (TSA), índice de Schober e a goniometria, e para
cada sujeito foram aferidas informações sobre condições sociodemográficas
(idade, sexo, altura, peso e índice de massa corpórea (IMC)).
Para os dados
antropométricos foi utilizada uma balança digital e uma fita métrica
convencional. Para a avaliação da flexibilidade, o TSA, também conhecido como
Banco de Wells da marca Sanny, o avaliado deveria
sentar no colchão com os pés totalmente apoiados na parte anterior da caixa, os
membros superiores estendidos à frente com uma mão colocada sobre a outra
(região palmar para baixo). Era solicitado que o sujeito flexionasse o tronco
sobre o quadril, empurrando a régua sobre a caixa que possui uma fita métrica milimetrada e mantendo essa posição por dois segundos. Este
procedimento foi realizado três vezes, considerando-se a maior distância
atingida. A classificação de normalidade para homens e mulheres vai de
excelente ao fraco de acordo com a idade de cada sujeito.
No índice de Schober, o sujeito se posicionava em posição ortostática e
se localizava em um ponto imaginário entre as espinhas ilíacas póstero
superiores, onde era demarcado com uma caneta dermatográfica.
Com uma fita métrica marcava-se outro ponto 10 cm acima. Solicitava-se ao
sujeito a flexão do tronco (com os joelhos estendidos) e observou-se novamente
a medida entre os dois pontos. Esperava-se como valor de normalidade, para a
mobilidade lombar, que a diferença entre os dois pontos aumentassem em no
mínimo 5 cm.
Na avaliação da goniometria, foi utilizado o goniômetro universal de
material plástico da marca LANE, para mensurar os movimentos de flexão
anterior, flexão lateral direita e esquerda, e extensão da região lombar. Os
movimentos foram realizados de forma ativa pelos sujeitos de acordo com o
comando do avaliador. Para todos os movimentos, os sujeitos deveriam está na
posição ortostática, com os pés separados na largura do quadril, joelhos em
extensão, bem alinhados e descalços. Para a flexão anterior o sujeito foi
instruído a evitar a flexão dos joelhos. O eixo do goniômetro alinhado com a
espinha ilíaca ântero-superior, o braço fixo
perpendicular ao solo no nível da crista ilíaca, o avaliador solicitava a
flexão do tronco ao máximo possível e o braço móvel ao completar o movimento,
foi posicionado ao longo da linha axilar média do tronco. Na flexão lateral, o
eixo foi alinhado entre as espinhas ilíacas póstero- superiores sobre a crista
sacral mediana, o braço fixo nivelado com as espinhas ilíacas
póstero-superiores, solicitava-se a inclinação lateral evitando que ocorresse
uma flexão, extensão e rotação de tronco e a inclinação da pelve e, então, o
braço móvel ao se completar o movimento era alinhado com o processo espinhoso
da sétima vértebra cervical, sendo realizado bilateralmente. Por último foi
realizado o movimento de extensão, devendo evitar a hiperextensão do joelho, o
eixo posicionado na espinha ilíaca ântero-superior, o
braço fixo colocado em direção ao côndilo lateral do fêmur, com o ombro em
flexão solicitava-se que o sujeito realizasse o movimento e o braço móvel
posicionado ao longo da linha axilar média do tronco.
Após atenderem aos
critérios de inclusão, os sujeitos foram igualmente divididos e alocados em um
dos grupos, grupo experimental (GE) ou grupo controle (GC), os quais passaram
pelos mesmos procedimentos de avaliação (condições sociodemográficas
e flexibilidade) antes e 30 minutos após. Foi realizado o teste de reação
alérgica à substância adesiva da banda neuromuscular, de modo que se aplicou
uma pequena porção da fita no dorso da mão dos voluntários, por um período de
dez minutos. Caso não houvessem sinais de prurido, sensação de queimação e/ou
vermelhidão na pele, os procedimentos foram continuados.
O GE utilizou a banda
neuromuscular da marca TAPE K, aplicada imediatamente, após a avaliação
inicial, sobre os ventres musculares dos paravertebrais,
a nível tóracolombar. O voluntário permaneceu em
posição ortostática e com o tronco descoberto. Foram aplicados os primeiros 5 cm de cada fita adesiva nas projeções da musculatura paravertebral a nível de S1, sem tensão (0%). Solicitou-se
a flexão máxima de tronco e as zonas terapêuticas, duas fitas em forma de “I”,
foram aplicadas longitudinalmente, com baixa tensão ou também conhecida como paper off (15%) até o nível de
T10, ao longo da musculatura. Logo após, a correção mecânica, também em “I”,
foi sobreposta horizontalmente com moderada tensão (50%), em nível de L2-L3. O
avaliador passava os dedos várias vezes sobre as fitas
para aquecê-las, já que a substância adesiva é termossensível.
Após 30 minutos da aplicação, os testes de flexibilidade foram realizados
novamente. No GC, não foi aplicada a banda neuromuscular e após a avaliação
inicial, os sujeitos repousavam durante 30 minutos, sem realizar nenhuma intervenção,
até que a segunda avaliação ocorresse.
O presente estudo foi
realizado no Departamento de Fisioterapia da UFRN e foi submetido e aceito sob parecer: 1809241, pelo Comitê de Ética em Pesquisa -
CEP, vinculado à Plataforma Brasil, como rege a Resolução 466/2012 do Conselho
nacional de Saúde. Adicionalmente, foram considerados os aspectos éticos,
específicos da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde e da Declaração
de Helsinki para estudos em humanos. Cada sujeito assinou o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (TCLE), concordando com os propósitos, procedimentos,
riscos e benefícios da pesquisa, para confirmar a sua participação voluntária
no estudo.
Para a análise
estatística dos dados obtidos, foi utilizado o software Statistical
Package for Social Sciences
(SPSS), versão 20.0. A análise descritiva foi expressa através da média (medida
do centro de distribuição) e o desvio padrão (medida de dispersão). Na análise
inferencial, inicialmente, foi utilizado o teste de Kolmogorov-Smirnov,
para verificar a normalidade dos dados. Em seguida, utilizou-se o teste t para
duas amostras independentes para verificar a homogeneidade dos dados da
avaliação prévia à intervenção, entre os grupos. O teste t Pareado foi
utilizado para comparação intragrupo das variáveis
com distribuição paramétrica, enquanto que o teste de Wilcoxon
foi utilizado para comparação das variáveis não paramétricas.
Para comparação do
resultado das avaliações entre os grupos, foram
utilizados o teste t para duas amostras independentes para os dados
paramétricos e o teste de Mann Whitney para os dados não paramétricos. Foi
considerado um nível de significância de 5% (P < 0,05) e um intervalo de
confiança de 95%.
Inicialmente, foi
realizada a análise descritiva das características antropométricas da amostra
utilizada no estudo, bem como a comparação dessas variáveis entre os grupos,
evidenciando homogeneidade entre as variáveis. Os dados podem ser visualizados
na Tabela I.
Tabela
I - Caracterização da amostra.
Valores das médias e
desvios-padrão. Sem diferenças significativas »; Homogeneidade: Teste t para
amostras independentes (p>0,05).
Em seguida,
observou-se a descrição da normalidade das variáveis utilizadas na pesquisa,
com o objetivo de identificar o tipo de distribuição de cada uma delas. Esses
dados estão descritos na Tabela II.
Tabela
II -
Análise descritiva da normalidade das
variáveis testadas no estudo.
Valores das médias e
desvios-padrão. Teste de Kolmogorov-Smirnov (KS); TSA
= Teste de sentar e alcançar; GFA = Goniometria de
flexão anterior; GFLE = Goniometria de flexão lateral
esquerda; GFLD = Goniometria de flexão lateral
direita; GEXT = Goniometria de extensão; * =
distribuição não paramétrica (p < 0,05).
Foi observado que as
variáveis TSA, goniometria de flexão anterior (GFA), goniometria de flexão lateral esquerda (GFLE) e goniometria de extensão (GEX) apresentaram distribuição
normal, enquanto as variáveis do teste de Schober e
da goniometria de flexão lateral direita (GFLD) foram
consideradas não-paramétricas.
Na análise intragrupo, realizou-se a comparação das variáveis de
flexibilidade e mobilidade antes e após o momento da intervenção experimental,
em cada grupo. Para as variáveis com distribuição paramétrica, utilizou-se o
teste T pareado, enquanto que para as variáveis não paramétricas foi aplicado o
teste de Wilcoxon.
No GC, foi observado
um aumento significativo da distância alcançada no segundo TSA. Não foram
encontradas diferenças significativas nas demais variáveis (Tabela III).
Tabela
III
- Comparação das variáveis de
flexibilidade e mobilidade antes e após a intervenção, no GC.
Valores das médias e
desvios-padrão. Teste T pareado para TSA, GFA, GFLE e GEXT
(t); Teste de Wilcoxon para Schober
e GFLD; TSA = Teste de sentar e alcançar; GFA = Goniometria
de flexão anterior; GFLE = Goniometria de flexão
lateral esquerda; GFLD = Goniometria de flexão
lateral direita; GEXT = Goniometria de extensão);
t = valor estatístico obtido no teste T pareado; * = diferença significativa (p
< 0,05).
No GE, porém, não
foram observadas diferenças significativas em nenhuma das variáveis, quando se
compararam as avaliações que ocorreram antes e depois da aplicação da banda
neuromuscular nos paravertebrais da região tóracolombar. Esses dados estão descritos na Tabela IV.
Tabela
IV -
Comparação das variáveis de flexibilidade
e mobilidade antes e após a intervenção, no grupo experimental.
Valores das médias e
desvios-padrão. Teste T pareado para TSA, GFA, GFLE e GEXT (t); Teste de Wilcoxon para Schober e GFLD; TSA
= Teste de sentar e alcançar; GFA = Goniometria de
flexão anterior; GFLE = Goniometria de flexão lateral
esquerda; GFLD = Goniometria de flexão lateral
direita; GEXT = Goniometria de extensão; t = valor
estatístico obtido no teste T pareado. Sem diferenças significativas.
Por fim, foram
comparadas as variáveis de mobilidade e flexibilidade após a intervenção
experimental, entre o GC e o GE. Para as variáveis com distribuição
paramétrica, utilizou-se o teste t para duas amostras independentes, enquanto
que para as variáveis não paramétricas foi aplicado o teste de Mann-Whitney
(Tabela V).
Tabela
V - Comparação das variáveis de flexibilidade e
mobilidade após a intervenção experimental, entre os grupos.
Valores das médias e
desvios-padrão. Teste t de 2 amostras independentes
para TSA, GFA, GFLE e GEXT (t); Teste de Mann-Whitney para Schober
e GFLD; Sem diferenças significativas; TSA = Teste de sentar e alcançar); GFA =
Goniometria de flexão anterior; GFLE = Goniometria de flexão lateral esquerda; GFLD = Goniometria de flexão lateral direita; GEXT = Goniometria de extensão.
De um modo geral, não
foram encontradas diferenças significativas em nenhuma das variáveis na análise
intergrupo.
Segundo os resultados
encontrados, a Banda Neuromuscular não alterou nenhuma das variáveis
analisadas, porém, no teste de sentar e alcançar para o grupo controle, em sua
análise intragrupo, foi estatisticamente
significativo, por se tratar de um grupo sem intervenção, esse resultado pode
ter sido influenciado pelo aprendizado decorrente das repetições do teste ou
ainda, pelo aquecimento e alongamento da musculatura envolvida no movimento.
Diferente do achado
neste estudo, Merino et al. [7] encontraram diferenças
estatisticamente significativas para o aumento da flexibilidade da lombar,
através do TSA. Nesse estudo foi aplicado kinesiotaping
também nos músculos isquiotibiais, o que pode ter
influenciado no incremento dos valores do teste. Já no estudo de Salvat e Salvat [8] encontrou-se
um aumento superior na flexão do tronco no grupo kinesiotaping,
quando comparado aos outros grupos que não usaram, mas que esta diferença não
foi estatisticamente significativa. Segundo os autores, este incremento se deu
pela diminuição do ângulo da articulação coxofemoral, uma vez que essa
diminuição pode ser devido a uma maior flexibilidade dos músculos posteriores
dos membros inferiores.
Em seu estudo,
Labrador-Cerrato et al. [9] também avaliaram a flexibilidade da lombar através do TSA,
antes e após a aplicação da bandagem neuromuscular, diferente deste estudo,
foram utilizadas duas outras técnicas placebo. Totalizando três grupos de
intervenção, foi encontrado um aumento na flexão de tronco para os três grupos,
no grupo da banda neuromuscular o aumento foi ligeiramente maior.
Podemos observar que
em relação ao TSA, os estudos têm diferido em seus resultados, demonstrando
diferenças entre grupos que utilizam ou não a banda neuromuscular, e que também
não existe uma padronização de avaliação entre os estudos que avaliam o aumento
da flexibilidade da coluna lombar através desse teste.
Para os movimentos de
flexão anterior, flexões laterais e extensão da coluna lombar, avaliados
através da goniometria, não houve diferença
significativa entre os grupos.
Em seu estudo Yoshida
e Kahanov [10] avaliaram com uma fita métrica os
movimentos de flexão anterior, flexão lateral direita e extensão da lombar, em
trinta indivíduos saudáveis, antes e após a aplicação do kinesiotaping.
Diferente do nosso estudo, o KT foi aplicado em “Y”, e em seus resultados teve
um aumento, no grupo kinesio, apenas para a flexão
anterior do tronco. Segundo os autores, a técnica específica de adesão em forma
de “Y” com a fixação no sacro, seguida pelo alongamento da fita em extensão usada
por eles, pode ser benéfica apenas no aumento da
flexibilidade da flexão do tronco. Técnicas de gravação adicionais, como uma
técnica “Y” ou reta colocada enquanto o participante está em extensão ou flexão
lateral, devem ser investigadas para verificar se essas técnicas são mais
apropriadas para esses movimentos. Mesmo que a avaliação do nosso estudo tenha
sido feita através da goniometria, e não por fita
métrica, os movimentos avaliados foram os mesmos com o estudo citado.
Também foi utilizado
o índice de Schober como forma de avaliação nesse
estudo, por se tratar de um teste específico da região lombar, no qual não
foram encontradas diferenças significativas entre os grupos. Labrador-Cerrato et al. [9] encontraram em
seu estudo que em comparação com duas fitas placebo, apenas o grupo com
bandagem neuromuscular aumentou o valor basal no índice de Schober.
Corroborando os
resultados encontrados neste estudo, Andrade et al. [3] não encontraram diferença entre os grupos para aumento da
flexibilidade no índice de Schober, explicando que
esse é um teste mais direcionado a pessoas com patologias e não indivíduos
saudáveis, portanto, entre as medições iniciais e finais não obtiveram aumento
de mobilidade da coluna lombar.
Já em seu estudo,
Lemos et al. [11] avaliaram o efeito do kinesiotaping na coluna lombar, em 24 horas, 48 horas e 30
dias após a remoção da fita em três grupos, um grupo controle, outro com
aplicação de KT sem tensão e outro com KT e tensão que variou de 15 a 50%. Não
foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre as médias
obtidas no índice de Schober antes da aplicação do
KT, 48 horas com a fita adesiva e 30 dias após a remoção da fita, em nenhum dos
grupos.
Algumas teorias para
o aumento da amplitude de movimento são abordadas por Yoshida e Kahanov [10] e citam que os defensores da fita kinesio afirmam que as áreas de convolução
da fita podem aumentar o fluxo de sangue e fluidos linfáticos devido a um
efeito de elevação, o que cria um espaço maior entre a pele e o músculo e o
espaço intersticial. Outra teoria seria da estimulação de mecanorreceptores
cutâneos na pele; esses mecanismos ativam impulsos nervosos quando cargas
mecânicas como toque, pressão, vibração, estiramento, criam deformações e a
aplicação de KinesioTaping
pode aplicar pressão sobre a pele ou esticá-la, e esta carga externa pode
estimular os mecanorreceptores cutâneos causando
alterações fisiológicas na área adesiva.
O tempo de avaliação
da efetividade da banda neuromuscular neste estudo foi de 30 minutos, Lemos et al. [11] sugerem que o uso da fita seja
por períodos mais longos, o que permitiria maiores tensões nos tecidos e
consequentemente promoveria melhores adaptações plásticas.
A amostra deste
estudo foi de jovens saudáveis, sem patologias em coluna lombar, portanto, esta
característica pode explicar o fato de não haverem resultados significativos,
sendo necessários estudos que avaliem indivíduos que apresentem disfunções na
coluna lombar.
Dentre as limitações
do estudo, o teste de sentar e alcançar também avalia a flexibilidade dos
músculos isquiotibiais e tríceps sural,
não sendo um método tão específico para avaliação da coluna lombar, também
alguns voluntários apresentavam uma boa flexibilidade e outros encurtamentos,
sendo necessário determinar uma população mais homogênea em relação a essa
característica. Também a amostra foi pequena para se tirar conclusões
fidedignas acerca da efetividade da banda neuromuscular, e o tempo de
permanência da fita foi de 30 minutos, tempo que não avalia o efeito crônico.
O presente estudo
concluiu que a banda neuromuscular não foi capaz de melhorar a mobilidade e
flexibilidade da coluna lombar, em nenhum dos testes de flexibilidade e para
nenhum movimento avaliado.
São escassos os
estudos na literatura que comprovem a efetividade da banda neuromuscular na
alteração da flexibilidade da coluna lombar. Portanto, necessita-se de mais
estudos, com padronização da forma de aplicação da bandagem em amostras
maiores, testes que avaliem especificamente a musculatura que irá receber a
aplicação, diferentes tempos de avaliação para saber até que ponto tem o seu
efeito, se a curto e/ou longo prazo. Como também ter controle com fatores
externos que possam influenciar nos resultados, como indivíduos encurtados ou
muito alongados, indivíduos ativos ou sedentários e as atividades realizadas
pelos mesmos no dia da intervenção, ou no dia anterior. Sugere-se que os
próximos estudos sejam cegos tanto para o avaliador quanto para o avaliado.