ARTIGO ORIGINAL

Introduzindo a história da fisioterapia na evolução do futebol brasileiro e europeu

Introducing the historic evolution of physical therapy in Brazilian football

 

Gilson Ramos Oliveira, D.Sc.*, Rodrigo Gomes Souza Vale, D.Sc.**, Flávio Boechat de Oliveira, M.Sc.**, Oswaldo Leite Dias Junior, M.Sc.***, Carlos Dória, D.Sc.***, Rodolfo Alkmim Moreira Nunes, D.Sc.**

 

*UTAD-PT, LABES-IEFD/UERJ, **LABES-IEFD/UERJ, ***UTAD-PT

 

Recebido em 29 de março de 2016; aceito em 15 de maio de 2017.

Endereço para correspondência: Gilson Ramos Oliveira, Estrada do Rio Morto, 847, 22783-210 Rio de Janeiro RJ, E-mail: gilsonolivfil@gmail.com; Rodrigo Gomes Souza Vale: rodrigovale@globo.com; Flávio Boechat de Oliveira: fisioboechat@gmail.com; Oswaldo Leite Dias Junior: oswaldodias@gmail.com; Carlos Dória: carloshdoria@gmail.com; Rodolfo Alkmim Moreira Nunes: rodolfoalkmim@gmail.com

 

Resumo

Introdução: Podemos entender que o processo de evolução da fisioterapia no futebol brasileiro favoreceu a introjeção da fisioterapia esportiva como aliada na aceleração da recuperação do atleta. A fisioterapia é indubitavelmente um recurso terapêutico de primeira linha para o tratamento, habilitação e recuperação de atletas, principalmente de jogadores de futebol. Objetivo: Estabelecer uma periodização, relacionando o futebol brasileiro e a aplicação da fisioterapia esportiva nas suas atividades. Material e métodos: Através da metodologia descritiva e relacional com um levantamento bibliográfico e entrevista com fisioterapeutas na qual foi utilizado um questionário com perguntas fechadas elaborado pelos pesquisadores. As respostas foram relacionadas aos blocos de conteúdos e períodos de evolução da fisioterapia no futebol brasileiro e posterior análise dos resultados utilizando a estatística descritiva. Resultados: Foram entrevistados 33 fisioterapeutas que atuam na área desportiva. Conclusão. Com esta pesquisa se tornou evidente o fato de que a fisioterapia está consolidada no cenário futebolístico nacional. O estudo possibilita inclusões no referendo histórico relacionando à periodização da evolução da fisioterapia esportiva no futebol brasileiro.

Palavras-chave: História, fisioterapia esportiva, futebol brasileiro.

 

Abstract

Introduction: We can understand that the process of physical therapy evolution in Brazilian soccer favored the introduction of sports physiotherapy as an acceleration of athlete recovery. Physical therapy is undoubtedly a first-class therapeutic resource for the treatment, habilitation and recovery of athletes, especially soccer players. Objective: To establish a periodization, relating Brazilian soccer and the application of sports physical therapy in its activities. Methods: Through the descriptive and relational methodology with a bibliographical survey and interview with physiotherapists in which a questionnaire with closed questions elaborated by the researchers was used. The answers were related to the blocks of contents and periods of physical therapy evolution in Brazilian soccer and later analysis of the results using the descriptive statistics. Results: We interviewed 33 physiotherapists who work in sports area. Conclusion: With this research it became evident the fact that physical therapy is consolidated in the national soccer scene. The study allows inclusion in the historical referendum relating to the periodization of the evolution of sports physical therapy in Brazilian soccer.

Key-words: History, sportive physical therapy, Brazilian soccer.

 

Introdução

 

O mundo moderno evolui rapidamente nas mais diversas áreas. Na área esportiva observam-se avanços que não seriam imagináveis há trinta ou quarenta anos ou até em menos tempo. A preparação acadêmica e a experiência prática dos profissionais que militam no esporte, mais especificamente no futebol, são de fundamental importância para a evolução desta modalidade. No caso brasileiro, o esporte tem o seu centro de referência principalmente no futebol, que é completamente inserido no contexto cultural brasileiro.

Na evolução técnico-científica do esporte verifica-se a grande evidência do uso constante da fisioterapia. Entretanto, não se tem notícia de estudos que expliquem o crescimento, do conhecimento e sua contribuição para o futebol moderno. Buscam-se as relações entre o futebol e a fisioterapia quanto à sua importância nas abordagens nos diversos períodos dessa interatuação [1].

A fisioterapia é uma área da saúde relativamente nova, que cada vez mais ganha espaço no tratamento multidisciplinar do indivíduo, proporcionando a ele uma melhor qualidade de vida. Um campo explorado pela fisioterapia é a atuação nos esportes, tanto na prevenção quanto no tratamento das lesões decorrentes da prática das atividades esportivas [2].

Uma pergunta que esteve presente durante muito tempo no debate esportivo era: Até que ponto a ciência pode ajudar o homem a superar os desafios do treinamento e a quebrar recordes sem prejudicar a saúde do atleta?

Os congressos e reuniões científicas, cada vez mais numerosos e profundos no mundo esportivo, já não deixam dúvidas da relevância da ciência no processo do esporte.

O ideal de saúde é muito difícil de ser alcançado, pois não é sempre que uma pessoa pode dizer que sente um completo bem-estar físico e mental [3]. Quando se passa para o coletivo, fica ainda mais complexo pensar a saúde, uma vez que não é difícil levantar problemas de saúde coletiva e identificar objetivos a serem alcançados em programas específicos.

Com o uso da ciência, os atletas recebem influências positivas de comissões técnicas, de preparações físicas adequadas, da utilização da medicina esportiva, da fisioterapia, da biomecânica de outros campos de estudos científicos do esporte. Estes quadros atualizados dão contornos a uma ambiência identificada pela cientificidade que acompanha o conhecimento humano [4].

A preparação física no futebol é um dos fatores que mais evoluiu nas últimas décadas e continua evoluindo. O conhecimento científico do condicionamento físico para o futebol é de muita importância para o sucesso de uma equipe dentro de uma competição. Entretanto quando se evidencia o uso constante de fisioterapia não se tem notícia de estudos que mostrem a contribuição desta para o avanço do futebol brasileiro ao longo do seu desenvolvimento [1].

A busca na identificação dos períodos históricos da fisioterapia esportiva no contexto histórico do futebol brasileiro há muito se tornou imperativo para que se possa compreender, de fato, a contribuição desta área do conhecimento e a atuação humana nesta prática esportiva no país.

A pesquisa tem um caráter pragmático e é um processo formal e sistemático com o objetivo fundamental de descobrir respostas para problemas mediante o emprego de procedimentos científicos [5].

Segundo Thomas e Nelson [6], a pesquisa descritiva é aquela preocupada com o status, incluindo técnicas como exploratórias, estudos de caso e a pesquisa. Ainda fundamentado nos mesmos autores, o estudo seguiu a perspectiva de pesquisa histórico descritiva, de caráter transversal, que tem a finalidade de se obter informações dos sujeitos pedindo que respondam as questões, em vez de observar seu comportamento.

O estudo histórico [7] tem por objetivo juntar informações e contar precisamente, de modo contínuo, acerca dos eventos passados. Este autor relata que se deve buscar a tradição de um campo de origem, nos pensamentos e esforços dos primeiros líderes que delinearam a profissão e partindo deste momento, o princípio destas profissões nas suas tradições profundas.

Assim, a pesquisa histórica tem o propósito de demonstrar os sucessos, fracassos, ocorrências em geral ou eventos no âmbito de interesse do historiador; e se entende por metodologia o modo pelo qual são enfocados os problemas e se buscam as respostas.

Desta forma, este trabalho tem como objetivo estabelecer uma periodização relacionando a fisioterapia esportiva no futebol brasileiro.

 

Material e métodos

 

A pesquisa, visando à caracterização dos períodos de evolução da fisioterapia no futebol brasileiro, é um estudo descritivo, com abordagens históricas e delineamento de estudo de campo no qual foi utilizado um questionário.

Os participantes dos estudos foram fisioterapeutas que estão diretamente ligados com o esporte ou com o futebol e tenham o conhecimento sobre os períodos do envolvimento do fisioterapeuta com este esporte. Deste modo foi possível chegar-se aos objetos de uma ação histórica para o estudo em questão.

Utilizou-se amostra de 33 fisioterapeutas, que exercem força de trabalho em clubes no Brasil, universidades, projetos e centros de treinamentos. Seguiu-se como parâmetro, não estabelecer a identidade dos envolvidos na pesquisa, para poder garantir a privacidade dos mesmos.

Realizaram-se encaminhamentos para a execução da investigação, solicitando aos pesquisadores escolhidos que colaborassem com a pesquisa, validando a proposta de validação desenvolvida em relação às interações entre o futebol e a fisioterapia e também a busca de material impresso através de artigos de jornais e revistas, ocorreu uma boa aceitação dos mesmos e o contato foi amistoso e agradável.

Após a realização do primeiro momento, encontrou-se na natureza da pesquisa descritiva a utilização do instrumento de validação da linha de tempo, estipulado no objetivo deste estudo. Assim sendo, optou-se pelo questionário que [5] é a técnica de investigação com um número de questões que são apresentadas às pessoas para verificar as suas opiniões, crenças e situações vivenciadas.

Desta maneira, apoiou-se [7] ao citar que a justificativa do questionário está relacionada às informações que não poderiam ser coletadas de outro modo. Portanto, o autor conclui que os questionários, expressando a periodização extraída da linha de tempo procuram expressar informações de eventos, permitindo e investigando o conhecimento através da opinião dos experts, que são aceitos como autoridades em suas áreas de referência e conhecimento.

Elaboradas as perguntas, o instrumento foi submetido a um processo de seleção e validação de conteúdo. Este procedimento foi apoiado [8] na afirmação de que a pessoa que utiliza ou elabora um instrumento deseja determinar o comportamento de um sujeito em um universo de situações, as quais são colocadas no instrumento, referindo-se à sua validez de conteúdo. O conteúdo de instrumento (as perguntas ou itens) é amostra de diferentes situações, e o grau em que os itens representam essas situações denomina-se validez de conteúdo.

Nesta primeira etapa do processo de validação do instrumento participaram como juízes, o orientador deste estudo e três fisioterapeutas de áreas distintas.

Foi preparado um questionário com cinco blocos, elaborado em relação ao problema desenvolvido, com base nos objetivos do estudo. Apoiou-se em Kerlinger [9] que afirma "ser a validação do conteúdo de forma eminente a um julgamento de valor, devendo cada item ser avaliado pela sua suposta relevância para o universo que faz parte".

Nos blocos de validação, procurou-se estipular através de um resumo das linhas de tempo os períodos neles relacionados.

No questionário, os blocos foram ordenados e devidamente testados em amostra diferente, visando investigar o conteúdo descrito dos itens, na sua adequação da vinculação aos objetivos propostos. Nesta etapa o instrumento recebeu as alterações necessárias para o seu ajustamento teórico.

Após o término da primeira etapa de validação (por conteúdo) e organização e orientação do questionário em blocos, procedeu-se a segunda etapa. O procedimento de validação nesta etapa foi por critério (criterium validity), por um segundo júri. Depois, elaborou-se uma ficha de validação contendo os critérios em função dos objetivos de cada bloco, nas questões que seriam investigadas.

Assim, nesta etapa foi submetido à apreciação de um júri composto por fisioterapeutas esportivos da área específica do Futebol.

A validação ganhou legitimidade pela qualidade dos validadores, com formação profissional sólida e experiências efetivas relacionadas ao assunto proposto.

Assim, após a execução da segunda etapa, o modelo final do questionário foi construído com perguntas fechadas, que foram referenciadas na afirmação de que as perguntas fechadas “estão destinadas a obter informações sociodemográficas do entrevistado (sexo, escolaridade, idade) e respostas de identificação de opiniões (sim-não, conheço-não conheço)” [8].

Os dados foram coletados no contato direto com os fisioterapeutas e fisioterapeutas esportivos que estão ligados ou não ao futebol. Foram tratados considerando-se as frequências absolutas e relativas a cada uma das respostas às perguntas fechadas (objetivas) distribuídas nos cinco blocos.

As variáveis quantitativas foram tratadas pela estatística descritiva usando percentagem e as variáveis não contáveis, respostas de questões abertas, foram agrupadas por conteúdo e tratadas descritivamente.

Face às limitações inerentes ao tamanho da amostra (n = 33), todas as afirmativas e/ou negativas encontradas, foram limitadas a este estudo em particular, tendo como objetivo limitar o método indutivo.

O tratamento estatístico, portanto, foi direcionado pela proposta básica constituída pelo presente estudo.

 

Resultados

 

Para maior clareza dos resultados, optou-se pela ordem da categorização [10]. Foram constituídos pelos blocos do questionário e norteados pelos objetivos e as questões a investigar no presente estudo, dividindo-se em:

 

 

A tabela I apresenta os períodos e as respostas dos entrevistados para cada categorização de período.

 

Tabela I - Itens assinalados pelos entrevistados, segundo as alternativas propostas.

 

 

A conclusão dos itens assinalados nesse primeiro período deu-se em 33 dos entrevistados (100%), na alternativa (sim). Não tendo sido encontrado nenhum registro histórico no tocante a Fisioterapia Esportiva nesse período. Estes resultados coadunam com estudo que afirma ser um período de empirismo pela inexistência da profissão na época [2].

No segundo período, dos 33 entrevistados, 30 (91%) assinalaram (sim), por entenderem que este período realmente retrata o período da Massoterapia. Nenhum dos entrevistados assinalou a alternativa (dúvida) (0%). Três dos entrevistados (9%), assinalaram a alternativa (não). Desses três, um assinala que o termo correto era Massagista o outro ratifica que esta nomenclatura também utilizada, valoriza a questão mítica do termo empregado. Estipula-se que no período Pós-Guerra, com a criação do Centro de Recuperação dos Incapazes das Forças Armadas (CRIFA), destacaram-se as seguintes respostas em relação a este item:

 

 

Entretanto, pode-se constatar que, dos (91%) que assinalaram a alternativa (sim), um deles afirma que, neste período, os termos Fisioterapia e Fisioterapeuta não pertenciam aos profissionais de hoje e sim aos médicos, pois estes acreditavam que a terminação EUTA era privativa do médico sendo por andrologia atribuída aos futuros profissionais a terminologia ISTA, que significava técnico. Mesmo assim, toda a sistemática do serviço era chefiada por médicos.

No terceiro período, verificou-se que 31 (94%) dos entrevistados assinalaram a alternativa (sim). Dois dos entrevistados, ou seja, (6%) sinalizaram (dúvida). Dentre os 31 que assinalaram (sim), um deles afirma que o primeiro curso para a formação de Técnicos em Fisioterapia do Hospital das Clínicas de São Paulo não era reconhecido, pois funcionava na sala de gesso do serviço de ortopedia desse mesmo hospital, sendo que em 1954 foi fundada a Associação Brasileira de Fisioterapia e não a Sociedade Brasileira de Fisioterapia. Diz também que o primeiro curso superior de Fisioterapia foi o da ABBR. Atualmente este curso foi adquirido pela UNISUAM, fato não encontrado em nenhuma das referências consultadas.

Em relação ao quarto período, verificou-se que 27 dos entrevistados (82%) assinalaram a alternativa (sim), três (9%) assinalaram a alternativa (não) e três (9%) assinalaram a alternativa (dúvida), destes três que assinalaram (dúvida), um afirma que nesta ocasião o fisioterapeuta Nilton Petrone não integrava a Seleção Brasileira e sim o fisioterapeuta Claudionor Delgado, fato este não encontrado na literatura pesquisada. Foi ainda citado pelo entrevistado que o fisioterapeuta Nilton Petrone prestava atendimento aos jogadores da Seleção Brasileira, levado pelo atleta Romário de Souza Faria, fato não acordado pelo médico Lídio Toledo, que julgou tal atitude como sendo um problema de falta de ética, além de afirmarem que a Fisioterapia no âmbito europeu não tinha o desenvolvimento desejado tendo em vista o domínio da área médica.

Neste quinto período, 29 (88%) dos entrevistados concordaram que este é realmente o período da consolidação da Fisioterapia no Futebol Brasileiro. Três (9%) dos entrevistados não concordaram com esse período e 1 (3%), assinalou dúvida. Evidentemente, esse é o período em que a Fisioterapia Esportiva se consolida no Futebol Brasileiro.

Ao avaliar as respostas dos 33 entrevistados, em relação aos cinco períodos definidos, verifica-se que:

 

Quando se trata de comparações entre as frequências observadas e as esperadas e o banco de dados está na forma de unidade experimental ou dados coletados, pode-se usar o procedimento "Frequências Simples".

O estudo de frequências de eventos analisa as variáveis de forma dicotômica. Para aplicação em "Frequências Cruzadas", quando os dados estão na forma de unidade experimental ou dados coletados.

Sendo assim no que tange aos cinco períodos de evolução o cruzamento sim/não e sim/dúvida, deu ao trabalho o nível de validade esperado. Entretanto, o mesmo não ocorreu no cruzamento não/dúvida.

A partir desta premissa faz-se necessária esta categorização vinda a contribuir com outros estudos e até mesmo o desdobramento desta em pauta. Longe de esgotar o assunto apontando outros olhares sobre o tema caracterizamos nessa discussão a heterogeneidade de proporção dos períodos estudados, dentro do seu espaço temporal e sua evolução.

 

Discussão

 

Os fisioterapeutas representam a terceira maior profissão de saúde, são os profissionais, por excelência, especialistas em movimento humano. A prática da fisioterapia hoje é diferente do que era há uma ou duas décadas, havendo mais conhecimentos, mais recursos, novas modalidades e metodologias de intervenção com base na evidência científica. A fisioterapia moderna brasileira está pautada nas necessidades sociais e nos conceitos da saúde coletiva.

O processo de prevenção requer o registro das lesões e avaliação sistemática do efeito das medidas preventivas adotadas e a participação da equipe interdisciplinar no processo [11]. Fato percebido no estudo atual, no período de fortalecimento onde a fisioterapia entendeu o campo da prevenção como uma forma correta para evitar lesões.

Atualmente, os objetivos da fisioterapia vão além do controle de danos por meio da reabilitação de sequelados de diversas patologias, englobando também o controle de risco, ou seja, o controle dos fatores que potencialmente possam contribuir para o desenvolvimento das doenças.

Em se tratando de atletas, as lesões esportivas podem ser descritas como uma síndrome dolorosa que atua impedindo-os de desempenhar suas atividades esportivas, ou ainda, prejudicando seu desempenho [12].

A fisioterapia é parte essencial dos sistemas de saúde. Em pleno século XIX vários estudiosos de diversos países contribuíram para o desenvolvimento do que posteriormente foi definido como campo da fisioterapia. A partir do século XX foram muitas as mudanças na área da saúde.

A fisioterapia esportiva [13] certamente configura uma das mais promissórias áreas de atuação do profissional fisioterapeuta na atualidade. Atualmente o Brasil possui grandes tecnologias em equipamentos fisioterapêuticos e se aperfeiçoam constantemente.

A fisioterapia esportiva é um componente da medicina esportiva e suas práticas e métodos são aplicados no caso de lesões causadas por esportes, com o propósito de recuperar, sanar e prevenir as lesões [14]. Ratificado pelo estudo atual, no período do conflito da medicina esportiva e fisioterapeutas no tocante à dimensão de trabalho das duas áreas, favorecendo a qualidade da prestação do serviço.

O grande desafio do fisioterapeuta que atua na área desportiva não é apenas tratar, mas também atuar na elaboração de programas preventivos, buscando melhorar o desempenho físico de todos os atletas, minimizando os riscos de lesões e contribuindo para o alcance fortalecimento do atleta. No estudo atual, podemos entender também no período de conflito de outras ciências que estavam adaptando ao contexto esportivo e logicamente no futebol.

O fisioterapeuta esportivo deve procurar uma delimitação concreta do que é próprio da fisioterapia, ou seja, daquilo que o caracteriza como profissional, e se estabelecer como membro integrante e distinto da equipe de saúde esportiva [15].

O futebol, por ser uma competição de grande contato físico, movimentos curtos, rápidos e não contínuos, tais como aceleração, desaceleração, mudanças de direção, saltos e pivoteamento, aumenta progressivamente o índice de lesões por conta desses fatores [16,17]. Essa característica do futebol exige do fisioterapeuta aperfeiçoamento contínuo e domínio das técnicas que devem ser aplicadas na reabilitação.

A fisioterapia esportiva brasileira é reconhecida mundialmente. Com a escassez de recursos, foram criados protocolos alternativos de pouco custo. Assim, a criatividade dos profissionais da área faz com que tenhamos uma gama de opções. Hoje a fisioterapia brasileira é bastante respeitada [18]. Nesse contexto, a fisioterapia esportiva tem papel fundamental na reabilitação das lesões mais frequentes no futebol. Neste estudo, o período da consolidação mostra que o fisioterapeuta atualmente é uma figura importantíssima na área em questão.

Na comparação dos blocos de resumos das linhas de tempo, observou-se um desconhecimento total da ação da fisioterapia e do fisioterapeuta Esportivo, especificamente no período de 1928. Nas informações quanto ao período do desconhecimento da fisioterapia no futebol brasileiro, constatou-se, principalmente, que os fisioterapeutas unanimemente desconhecem historicamente tal período evidenciando o déficit histórico nesta fase.

Em relação ao período da massoterapia no futebol brasileiro, pode-se afirmar que a maioria concorda com todos os fatos acontecidos nesse período, mas discordam sobre o termo massoterapeuta, afirmando que em tal fase, o nome utilizado no Brasil era o de massagista e que o Ministério do Exército teve um valor expressivo, contribuindo no Pós-Guerra, criando a CRIFA.

No entanto, no período de conflito entre a medicina e a fisioterapia no futebol, um fato chamou a atenção, que foi a discordância com a revisão da literatura, no que diz respeito a presença do Fisioterapeuta na Copa do Mundo de 1990 (Itália), e por último, a consolidação da Fisioterapia no Futebol Brasileiro, que fundamentou-se como o verdadeiro período de efetivação desses profissionais no mercado, garantindo a indispensabilidade do mesmo no cenário futebolístico, tanto no ponto de vista quantitativo e/ou qualitativo.

 

Conclusão

 

Essa contextualização permite a criação de um novo bloco de resumo dos períodos e a inclusão de alguns pontos relevantes nas linhas de tempo na periodicidade da evolução da fisioterapia no futebol brasileiro e relatados pelos entrevistados. Assim sendo, o estudo possibilita algumas inclusões no referendo histórico relacionado na Periodização da Evolução da Fisioterapia Esportiva.

Também está evidente o fato em que se consolida a fisioterapia no cenário futebolístico brasileiro, proposta indexada pelo estudo em questão. Esta dinâmica leva a discussões sobre os valores que rodeiam o conhecimento dos fisioterapeutas sobre a sua história no campo da fisioterapia esportiva e passam a dar importância para o reconhecimento histórico e impulsão de novos valores na busca do conhecimento da trajetória dessa ciência que vem evoluindo juntamente com as outras ciências, em prol de aumentar e melhorar a “qualidade de vida” e, também, a qualidade esportiva.

 

Referências

 

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