REVISÃO

Atuação do fisioterapeuta em enfermaria hospitalar no Brasil

Physiotherapist activity in hospital ward at Brazil

 

Janieldes Ferreira, Ft.*, Jefferson Carlos Araujo Silva**, Tamires Barradas Cavalcante, M.Sc.***, Gaussianne de Oliveira Campelo, Ft. M.Sc.****

 

*Residente do programa de residência multiprofissional em saúde do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HU-UFMA), **Especialista em Fisioterapia Traumato-ortopédica Manipulativa pelo Centro de Ensino Unificado de Teresina (CEUT), residente do HU-UFMA, ***Enfermeira da unidade neuromuscular e ortopédica do HU-UFMA, **Fisioterapeuta da Unidade de Terapia Intensiva do HU-UFMA

 

Recebido em 10 de maio de 2017; aceito em 26 de outubro de 2017.

Endereço para correspondência: Janieldes Ferreira, Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Hospital Universitário Presidente Dutra (HUPD), Rua Barão de Itapary, 227, Centro 65020-070 São Luís MA, E-mail: janieldes@hotmail.com; Jefferson Carlos Araujo Silva: jeffcasilva@gmail.com; Tamires Barradas Cavalcante: tamiresbarradas@gmail.com; Gaussianne de Oliveira Campelo: gaussianne.campelo@gmail.com

 

Resumo

A atuação do fisioterapeuta nas enfermarias hospitalares visa diminuir as consequências que o imobilismo proporciona, bem com a redução no tempo de internação hospitalar. O objetivo deste trabalho foi descrever a atuação do profissional fisioterapeuta no ambiente hospitalar com foco nas enfermarias por meio de uma revisão integrativa de literatura. Foi realizada uma busca nas bases de dados Medline, Scielo, Lilacs, Pubmed, Google Acadêmico delimitado ao período de 2007-2017, utilizando os descritores fisioterapia, enfermaria, hospitalar. Dos 223 artigos inicialmente encontrados, 12 compuseram a amostra. São estudos que abordavam perfil clínico de pacientes que receberam atendimento fisioterapêutico nas enfermarias hospitalares, além de avaliação de técnicas e condutas utilizadas pelos fisioterapeutas. A maioria dos estudos foram publicados em 2014 (25%), 2007 (16,6%) e 2011 (16,6%). A fisioterapia no ambiente da enfermaria hospitalar se mostrou relevante por reduzir o impacto que a internação ocasiona nos sistemas osteomioarticular, cardiovascular e respiratório, e atua de forma eficaz no pré e pós-operatório.

Palavras-chave: Fisioterapia, enfermaria, hospitalar.

 

Abstract

The physiotherapist performance in hospital ward aims to decrease the consequences of immobility, as well as reducing the length of hospital stay. The aim of the study was to outline physiotherapist’s acting in hospital environment focusing at ward through an integrative literature review. The research was made on the databases Medline, Scielo, Lilacs, Pubmed, Academic Google delimited between the years 2007 to 2017, using the descriptors physiotherapy, ward, hospital. Of the 223 articles initially found, 12 were included on the sample. These studies approached the clinical profile of patients who received physical therapy care in hospital wards, as well as evaluation of techniques and behaviors used by physiotherapists. Most studies were published in 2014 (25%), 2007 (16.6%) and 2011 (16.6%). Physical therapy in the hospital ward environment proved to be relevant for reducing the impact of hospitalization on the osteo-myo-articular, cardiovascular and respiratory systems, and it works effectively in the pre and postoperative periods.

Key-words: Physical therapy, ward, hospital.

 

Introdução

 

A fisioterapia surgiu como um elemento no processo de reabilitação das condições incapacitantes. No Brasil, a regulamentação da profissão em nível superior ocorreu pelo Decreto Lei n. 938 de 13 de outubro de 1969 [1]. É uma ciência que estuda, diagnostica, previne e recupera pacientes com distúrbios cinéticos funcionais que acometem órgãos e sistemas do corpo humano, decorrentes de traumas, alterações genéticas, doenças adquiridas, podendo ser observadas na Atenção Primária à Saúde (APS), na média e na alta complexidade. O objetivo da área de atuação do fisioterapeuta é preservar, manter, desenvolver ou restaurar (reabilitação) a integridade de órgãos, sistemas ou funções [2].

O objeto de estudo da fisioterapia é o movimento humano e suas desordens, possibilitando ao profissional realizar diagnóstico físico e funcional baseado nos déficits evidenciados [3]. A fisioterapia, tida com uma profissão jovem na área da saúde, atua prevenindo e minimizando a perda funcional e atende pacientes em condições clínicas graves, em cuidados paliativos e em situação de risco de vida [4]. Recentemente, a fisioterapia foi incluída no Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), com o objetivo de aumentar as ações da APS e melhorar a atenção integral ao indivíduo, passando a ter, também, caráter de ciência promotora da saúde [5].

O profissional fisioterapeuta atua em diversos campos de trabalho, dentre os quais clínicas, ambulatórios, centros de reabilitação, hospitais, atenção básica, entre outros [3]. A fisioterapia vem ganhando cada vez mais respaldo e espaço nas suas áreas de atuação, devido à comprovação científica dos benefícios que o tratamento fisioterapêutico proporciona ao paciente, visando o retorno as suas atividades, seja de vida diária, seja laboral [6,7]. O desempenho do profissional fisioterapeuta no ambiente hospitalar dentro das Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e nas enfermarias tem ganhado destaque em virtude da mobilização precoce do paciente crítico, sendo uma alternativa na prevenção dos agravos que o imobilismo proporciona [8,9], bem como o manejo da ventilação mecânica, auxiliando o paciente a reverter quadros de insuficiência respiratória [10].

Em se tratando de assistência em saúde, torna-se fundamental a inserção do profissional de fisioterapia no aspecto assistencial dentro das unidades hospitalares [11]. O papel do fisioterapeuta no pré e pós-operatório, bem como nas condições clínicas agudas e crônicas, reflete de maneira consubstancial na recuperação do paciente, interferindo positivamente no quadro clínico dos pacientes e diminuindo os dias de internação hospitalar [12,13]. Este fato reflete numa menor exposição aos riscos de infecções hospitalares, além de promover a rotatividade dos leitos e a redução dos custos de internações por paciente [14].

A relevância dessa categoria nos hospitais foi reconhecida na década de 70 [15] e, posteriormente, destacou-se ainda mais sua importância, especialmente com a fisioterapia respiratória. A partir de então se consolidou como indispensável a permanência do fisioterapeuta em todas as unidades hospitalares, desde a UTI até as enfermarias, possibilitando importante integração multiprofissional e interdisciplinar [3,16].

O público atendido pelo fisioterapeuta advém de diversas especialidades médicas, apresentando pluralidade nosológica [17,18], existindo assim poucos estudos que abordam a prática clínica e os procedimentos de reabilitação realizados dentro das enfermarias hospitalares pelo profissional fisioterapeuta. Com base nas considerações expostas, o estudo objetiva descrever a atuação do profissional fisioterapeuta no ambiente hospitalar com foco nas enfermarias por meio de uma revisão integrativa de literatura.

 

Material e métodos

 

A presente pesquisa apresenta-se como revisão integrativa, pois objetiva traçar uma análise sobre o conhecimento já construído em pesquisas anteriores de um determinado tema. A revisão integrativa possibilita a síntese de vários estudos já publicados, permitindo a geração de novos conhecimentos, pautados nos resultados apresentados pelas pesquisas anteriores [19].

A busca foi realizada nas bases de dados online, Medline, Scielo, Lilacs, Pubmed e Google Acadêmico, utilizando-se dos descritores: fisioterapia, enfermaria, hospitalar, de forma individual e cruzada.

Foram selecionados os artigos disponíveis na íntegra nas bases de dados no idioma português publicados nos últimos dez anos (2007 a 2017) e cada artigo deveria tratar dos procedimentos executados pelo fisioterapeuta nas enfermarias hospitalares, incluindo as avaliações executadas e protocolos clínicos testados. Somente artigos em português de pesquisas realizadas no Brasil foram incluídos, no intuito de se realizar um reconhecimento das práticas profissionais do fisioterapeuta na enfermaria hospitalar nacional.

Houve exclusão de artigos que não possuíam parâmetros claros no desenvolvimento do estudo ou eram estudos prospectivos qualitativos, como também aqueles que discorriam sobre a atuação do profissional fisioterapeuta nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI).

Os artigos foram analisados individualmente tanto no seu conteúdo quanto no seu referencial teórico com a finalidade de abranger o universo da temática abordada e facilitar o acesso a artigos potencialmente utilizáveis.

 

Resultados

 

Foram encontrados 223 artigos que abordavam o tema da revisão. Após a leitura dos resumos, e em observância aos critérios de inclusão e exclusão, foram excluídos um total de 163. Restando 60 artigos, estes foram lidos na íntegra e, em seguida, elegeram-se 12 artigos em língua portuguesa que contemplavam o objetivo desta revisão. Os artigos excluídos não demonstravam clareza sobre as técnicas e/ou atuação do fisioterapeuta na enfermaria, além de não especificarem se o estudo havia sido conduzido em UTI ou enfermaria. A seguir, apresenta-se o fluxograma da estratégia adotada na busca e seleção dos artigos.

 

 

Figura 1 - Fluxograma da estratégia adotada na busca seleção dos artigos.

 

Quanto ao ano de publicação das pesquisas, constatou-se que a maioria dos estudos foram publicados em 2014 (25%), 2007 (16,6%) e 2011 (16,6%). Tendo em vista a caracterização metodológica dos artigos utilizados nesta revisão, verificou-se a maior presença de estudos descritivos de caráter prospectivo (50%) seguidos daqueles de caráter retrospectivo (25%), em detrimento de estudos experimentais (16,6%) e de ensaio clínico (8,5%), conforme mostra a Tabela I.

 

Tabela IQuantificação da distribuição dos artigos acerca da metodologia adotada.

 

n = valor absoluto; % = porcentagem

 

Nos quadros I e II são apresentados e descritos, em ordem cronológica, os 12 estudos selecionados e incluídos nesta revisão, os quais abordam o perfil clínico de pacientes atendidos pelo fisioterapeuta nas enfermarias hospitalares, como também, avaliação de técnicas e condutas utilizadas por este profissional, delimitadas à enfermaria hospitalar.

 

Quadro ICaracterização dos artigos selecionados sobre atuação da fisioterapia nas enfermarias hospitalares. 2007-2017. (ver tabelas em PDF em anexo)

 

Quadro IISíntese dos estudos sobre atuação da fisioterapia nas enfermarias hospitalares 2007-2017. (ver tabelas em PDF em anexo)

 

Discussão

 

O benefício do tratamento fisioterapêutico para o paciente é incontestável, fato comprovado pelas pesquisas científicas e pela experiência clínica, seja em nível ambulatorial, hospitalar ou na atenção primária [8,13]. O fisioterapeuta atua nas mais diversas desordens, seja de origem neurológica, cardíaca, hemodinâmica, respiratória ou motora. E, nas enfermarias hospitalares, esse profissional ajuda a minimizar os efeitos deletérios que o prolongando tempo de internação hospitalar provoca nos pacientes. Esse fato acaba por otimizar o tratamento a que o sujeito está submetido repercutindo num menor tempo de internação, isso proporciona uma melhor qualidade de vida e redução da mortalidade pós-alta hospitalar [9,32].

É observada uma ênfase nas discussões sobre técnicas, protocolos e perfis de pacientes sob atendimento da fisioterapia delimitado às UTI, bem como os benefícios da mobilização precoce nos pacientes internados neste setor hospitalar [8,14,33]. Porém, o profissional fisioterapeuta também atua de forma eficaz e imprescindível nas enfermarias hospitalares. Sua atuação no pré e pós-operatório de cirurgia cardíaca [12], ortopédica [13], bariátrica [34], entre outras, é evidenciada como de suma importância.

Dentre os estudos selecionados, quatro se tratavam de reconhecimento de perfis de pacientes atendidos pela fisioterapia. Tais pesquisas de cunho epidemiológico são importantes haja vista que o conhecimento prévio permite adequação de técnicas e propostas de tratamento que visem à reversão e/ou melhora do quadro do paciente [35], além de serem observados os cuidados com a prevenção de infecções hospitalares, estando o profissional paramentado com os Equipamentos de Proteção Individual (EPI). Este se justifica pelo fato de que em uma das pesquisas as doenças infectocontagiosas tiveram destaque. Muniz et al. [21] buscaram a identificação dos pacientes idosos que sofreram fratura proximal de fêmur, evidenciando fatores como sexo prevalente, idade e o local mais acometido, além da causa da fratura e do tipo de cirurgia a que o paciente foi submetido. Dassie et al. [25] caracterizaram as crianças vítimas de queimaduras que são atendidos pela fisioterapia em enfermaria hospitalar. O estudo permitiu identificar a causa das queimaduras, o tipo mais comum, idade, sexo e regiões acometidas. Franceschi et al. [27] também tiveram foco em pacientes pediátricos, mas com patologias respiratórias, e confirmaram que a pneumonia foi o principal diagnóstico nosológico e que o objetivo fisioterapêutico do tratamento era a higiene brônquica, alcançada por meio da técnica tapotagem. Conceição et al. [29] observaram que a maioria sumária dos pacientes submetidos ao tratamento fisioterapêutico na enfermaria hospitalar apresentava patologia oncológica, seguido de doenças infectocontagiosas.

Os estudos recentes sugerem os benefícios alcançados com tratamento fisioterapêutico observado no pré e pós-operatório. A mobilização precoce é uma forma segura e efetiva para melhora dos resultados funcionais do enfermo, do nível de consciência, da independência funcional, do aumento de força e resistência muscular [13,34]. Este fato foi observado em 4 estudos da presente revisão, Arieiro et al. [20] analisaram os efeitos da Drenagem Linfática Manual (DLM) em pacientes submetidos a ressecção de tumor de cabeça e pescoço que apresentaram linfedema no pós-operatório e concluíram que, mesmo com o método proposto para avaliar apresentando dificuldades em seu uso, a DLM se mostrou eficaz na redução do linfedema após cirurgia oncológica na cabeça e pescoço, reduzindo as limitações decorrentes da sequela linfedema. A pesquisa de Lunadi et al. [22] evidenciou que a continuidade da fisioterapia realizada na enfermaria hospitalar após o paciente receber alta da UTI contribui para reduzir as complicações pulmonares após cirurgia de esofagectomia. Trevisan et al. [23] avaliaram a expansibilidade toracoabdominal de pacientes submetidos a cirurgia abdominal alta e concluiu que pacientes que utilizaram a espirometria de incentivo apresentaram resultados superiores aos que realizaram apenas a técnica de padrões ventilatórios, porém ambos os grupos apresentaram aumento da expansibilidade toracoabdominal. Lima et al. [24] centralizaram seu estudo na visão que o paciente cardíaco tem a atuação do fisioterapeuta no pré e pós-operatório delimitado a enfermaria hospitalar, reconhecendo pontos deficientes do tratamento, como a insuficiência de atenção e orientações no pré-operatório foram identificadas pelo paciente.

O paciente internado fica a maior parte do tempo em decúbito dorsal, o que resulta em alterações na mecânica diafragmática, ocasionando uma menor expansibilidade e diminuição da ventilação [36]. O fisioterapeuta deve estimular a adoção da sedestação no leito e a beira leito, quando possível, além de orientar o paciente a executar técnicas expansivas de respiração visando uma manutenção da capacidade vital [37], estando diretamente associado ao suporte de oxigênio (O2) em pacientes com quadro de insuficiência respiratória [11]. A pesquisa de Reis et al. [26] procurou caracterizar a força muscular respiratória dos pacientes da enfermaria hospitalar afim de se identificar déficits dessa musculatura, para isso utilizou o manovacuômetro e correlacionou os resultados com os do Teste de Caminhada de 6 minutos e escala de Barthel. Ao fim do estudo pode concluir que a hospitalização prolongada interfere na capacidade funcional e força muscular, principalmente nos músculos respiratórios durante a caminhada. O foco da pesquisa de Souza et al. [30] foi direcionado à oferta de aporte de O2 nas enfermarias hospitalares e seu uso, muitas vezes, indiscriminado, visto que o O2 possui efeitos deletérios ao organismo, procurando verificar se a oferta era condizente com a necessidade do paciente, para tal utilizaram a gasometria arterial e a oximetria de pulso e concluíram que uma considerável parcela dos sujeitos estava com a concentração de O2 esperada, evidenciado pela gasometria e oximetria de pulso, no entanto os dispositivos de oferta de O2 não apresentavam relação fração inspirada de O2 versus fluxo estimada.

Dentre os sistemas afetados pelo tempo prolongado de internação destaca-se o sistema cardiovascular que contribui com o declínio funcional do paciente, sendo observadas alterações que predispõem a trombose venosa profunda, contribuindo com o risco de embolia pulmonar e alterações na volemia que repercutem no controle da pressão arterial sistêmica [38]. Costa et al. [31] comparam dois grupos de indivíduos submetidos a exercícios neuromusculares e fisioterapia convencional e observaram sua repercussão na redução no tempo de internação e no controle da pressão arterial (PA). O grupo que, além da fisioterapia convencional, recebeu atendimento com exercícios neuromusculares apresentou redução no tempo de internação, além de um controle mais efetivo da PA, tanto sistólica quanto diastólica. Isto decorre do fato que os exercícios funcionais e neuromusculares promovem uma melhora da função miocárdica, por se tratar de exercícios com características predominantemente aeróbicas.

Os pacientes internados estão sujeitos aos agravos que imobilização prolongada no leito ocasiona tais como: encurtamento muscular, rigidez articular, e o surgimento da polineuropatia do paciente crítico. O sistema osteomioarticular sofre consequências como hipotrofismo, osteoporose e deformidades articulares e o fisioterapeuta recorre a mobilizações e exercícios que minimizem esses efeitos adversos [39]. Costa et al. [28] avaliaram a funcionalidade motora de pacientes com prolongado tempo de internação hospitalar nas enfermarias hospitalares, para tanto utilizou testes como a Escala de Equilíbrio de Berg, o Timed Up and Go, teste de inclinação lateral e teste de Shober. Os pesquisadores concluíram que o tempo de internação superior a sete dias não interferiu na funcionalidade motora, mas quando observado um tempo de internação maior que dez dias os pacientes apresentaram considerável déficit de equilíbrio e coordenação motora.

A atuação do fisioterapeuta em enfermaria hospitalar é justificada pela otimização do paciente, seja em pré e pós-operatório, atendimento de pacientes em condições crônicas ou tratamento de condições respiratórias [6,7,9,12]. Resultando em significativa redução do tempo de internação e redução dos déficits que o imobilismo proporciona [37]. Não foram encontrados artigos que abordassem a atuação do fisioterapeuta em enfermarias hospitalares no período noturno, o que pode ser reflexo da implantação ainda recente do atendimento fisioterapêutico 24 horas nesses setores. Enquanto isso, já existem dados que evidenciam a importância do fisioterapeuta 24 horas em UTI relacionados à redução do tempo de ventilação mecânica e um maior número de extubações programadas para o período noturno, bem como ao aumento no número de extubações em tempo inferior a seis horas [40]. Pesquisas como esta devem ser destinadas ao ambiente da enfermaria para uma maior definição da contribuição do fisioterapeuta em parâmetros como tempo de internação hospitalar e repercussões clínicas.

Esta revisão torna-se relevante, pois contribui para um reconhecimento das ações que os fisioterapeutas brasileiros desenvolvem especificamente nas enfermarias hospitalares. As limitações deste trabalho referem-se ao acesso a alguns artigos que não se encontravam disponíveis na íntegra.

 

Conclusão

 

A atuação do profissional fisioterapeuta nas enfermarias hospitalares mostrou-se relevante por contribuir em diversos aspectos, reduzindo o impacto do imobilismo, prevenindo contraturas musculares e diminuindo o impacto sobre o sistema respiratório evitando assim, complicações decorrentes de efeitos deletérios promovidos pelas doenças. Além disso, reduz o tempo de internação dos pacientes e proporciona rotatividade de leitos, contribuindo para redução do risco de infecção hospitalar, justificando como relevante sua permanência na enfermaria. Sugerem-se mais pesquisas sobre o tema, que visem o estabelecimento de protocolos e condutas fisioterapêuticas e sua viabilidade clínica nas enfermarias hospitalares.

 

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