ARTIGO
ORIGINAL
Sobrepeso
e obesidade infantil: fatores predisponentes para alterações ortopédicas
Overweight and obesity in children: predisposing factors for orthopedic
alterations
Gisélia Gonçalves de
Castro, M.Sc.*, Nilce Maria de Freitas Santos,
M.Sc.**, Eliana Vitória Silva Barbosa***, Luana Cristina dos Reis Amaral***,
Franciele Lima Queiroz***, Kelly Christina de Faria, M.Sc.****
*Docente
Centro Universitário do Cerrado Patrocínio (UNICERP), **Mestre em Atenção à
Saúde, ***Discente Centro Universitário do Cerrado Patrocínio
(UNICERP),****Docente Centro Universitário do Cerrado Patrocínio (UNICERP)
Recebido em 28 de
julho de 2016; aceito 15 de março de 2017.
Endereço
para correspondência:
Nilce Maria de Freitas Santos, Avenida Bahia, 646, Centro, 38295-000 Limeira do
Oeste MG, E-mail: nilcemfsantos@hotmail.com, Gisélia Gonçalves de Castro:
giseliagcastro@gmail.com; Eliana Vitória Silva Barbosa:
viihbarbosa@outlook.com; Luana Cristina dos Reis Amaral:
luanaamaral1@outlook.com; Franciele Lima Queiroz: francielequeirozzp@gmail.com;
Kelly Christina de Faria: kellyfisiofaria@gmail.com
Resumo
Introdução: O sobrepeso e a
obesidade infantil apresentam prevalência elevada no Brasil e podem estar
ligadas a importantes alterações posturais adaptativas. Objetivo: Avaliar as principais alterações ortopédicas em crianças
de 4 a 10 anos de idade, com sobrepeso e obesidade, de uma escola da rede
pública da cidade de Patrocínio/MG; correlacionar essas alterações com o índice
de massa corporal (IMC) e avaliar o pé de maior apoio plantar. Métodos: Estudo transversal realizado
com 94 estudantes que utilizou a classificação de sobrepeso e obesidade segundo
cálculo de IMC preconizado pela OMS. Para avaliação postural utilizou-se
fotogrametria e os dados foram analisados no software de avaliação postural
SAPO®. Para avaliação dos pés utilizou-se Plantigrama e índice de
Chippaux-Smirak. Os dados foram analisados através de estatística descritiva e
teste W de Shapiro-Wilk. Resultados:
Na avaliação postural foi observada uma tendência à retificação lombar e
joelhos valgos, porém não foram observadas diferenças significativas em relação
às angulações médias de coluna vertebral e dos joelhos de acordo com o IMC e o
gênero. A maioria das crianças apresentou pé plano e tinham maior apoio sob o
pé direito. Conclusão: Foi observada
uma maior prevalência de obesidade e sobrepeso entre os meninos. Na avaliação
postural, observou-se que as crianças com sobrepeso e
obesidade apresentaram tendência à retificação da lordose lombar, joelhos
valgos e pés planos.
Palavras-chave: obesidade
pediátrica, postura, sobrepeso.
Abstract
Introduction: Overweight and obesity in children have high prevalence in Brazil and
may be related to important adaptive postural changes. Objective: To assess the main orthopedic disorders in children
between 4 and 10 years old, with overweight and obesity, attending a public
school in the city of Patrocinio/MG; to correlate
these changes with BMI and assess the foot with more support. Methods: Cross-sectional study with 94 overweighted or obese students according to BMI calculation
recommended by WHO. For postural
evaluation was used photogrammetry and data were analyzed with the postural
assessment software SAPO®. For evaluation of the feet we used Plantigrama and Chippaus-Smirak
index. Data were analyzed using descriptive statistics and Shapiro-Wilk W test.
Results: In the postural evaluation a
tendency to lumbar rectification and valgus knees was observed, but no
significant differences were observed in relation to the means spine and knee
angulation according to BMI and gender. Most of the children had flat feet and
greater support under the right foot. Conclusion:
A higher prevalence of obesity and overweight was observed among boys. In the
postural evaluation we observed that overweighted and
obese children presented a tendency to rectify lumbar lordosis, valgus knees
and flat feet.
Key-words: pediatric
obesity, posture, overweight.
O excesso de peso na
infância e na adolescência tem aumentado significativamente em função das
modificações nos hábitos de vida, como o sedentarismo e o consumo inadequado de
alimentos. A obesidade é considerada uma doença crônica e está inter-relacionada
direta ou indiretamente com outras situações patológicas levando ao surgimento
de problemas respiratórios, dermatológicos e ortopédicos [1].
Dentre estes
problemas, destacam-se os ortopédicos. Em crianças a obesidade traz grandes
alterações posturais, principalmente na coluna vertebral e membros inferiores,
além de interferir na estabilidade corporal [2].
A obesidade interfere
no padrão postural de indivíduos obesos devido ao deslocamento anterior do
centro de gravidade, levando o indivíduo a assumir posturas que o mantém
estável durante a bipedestação. Consequentemente gera uma sobrecarga
assimétrica sobre a coluna, alterando suas curvaturas normais, e na maioria dos
casos elas se apresentam mais acentuadas [3].
Pesquisa científica conduzida
na Bahia confirmou que crianças e adolescentes obesos são mais predispostos a
apresentarem complicações ortopédicas que os indivíduos eutróficos, e os
principais problemas relatados foram as alterações
posturais, como hiperlordose lombar e joelhos valgos, e dores
musculoesqueléticas, principalmente na coluna lombar e membros inferiores. Os
principais fatores que causaram esses problemas incluíram o aumento da
sobrecarga articular associado à fragilidade óssea em fase de crescimento e à
diminuição da estabilidade postural, o que conduziu ao aumento das necessidades
mecânicas regionais [1].
Estudo realizado no
interior de São Paulo verificou que muitas adaptações podem ocorrer na
organização postural de crianças com sobrepeso e obesas, o que pode levar a
graves consequências e alterações compensatórias como: valgismo dos tornozelos
e joelhos, além de sua hiperextensão, rotação medial de quadris e anteroversão
pélvica [4].
Crianças obesas,
devido ao excesso de massa corpórea, apresentam mudanças na morfologia do pé,
com rebaixamento ainda maior do arco longitudinal medial e alterações na
pressão plantar [2]. Além disto, elas possuem um risco
aumentado para o desenvolvimento de lesões e patologias nos pés em função da
sobrecarga excessiva e repetitiva causada pelo aumento da massa corporal [5]
interferindo consequentemente nas variáveis cinéticas da marcha [6].
Os estudos voltados
para avaliação postural de crianças obesas e com sobrepeso são escassos e é
sabido que estas crianças necessitam de um cuidado e atenção para que se
desenvolvam de forma saudável prevenindo complicações. Neste contexto são
necessários mais estudos para delinear o padrão dos problemas ortopédicos que
acometem estas crianças e delinear propostas de intervenções.
Sendo assim o
presente estudo teve como objetivos: avaliar as principais alterações
ortopédicas em crianças de 4 a 10 anos de idade de uma escola da rede pública
da cidade de Patrocínio/MG; traçar o perfil social da amostra; correlacionar a presença de hiperlordose lombar e de joelhos valgos de
acordo com o gênero e classificação do IMC; avaliar o tipo de pé e o pé de
maior apoio plantar correlacionando com o IMC e gênero das crianças.
Tratou-se de um
estudo transversal, realizado no Centro Universitário do Cerrado Patrocínio
(UNICERP); sendo a coleta de dados realizada na Escola Municipal Honorato
Borges, na cidade de Patrocínio/MG.
Foi conduzido com os
estudantes de 4 a 10 anos de idade dos períodos matutino e vespertino da
escola. Inicialmente a população era constituída de 432 alunos, sendo excluídos
166 que não foram autorizados a participarem da pesquisa por não terem os
termos de consentimento assinados. Desta forma a população passou para 266
alunos.
Os critérios de
inclusão foram: IMC igual ou superior ao percentil 85 e 95 para idade e sexo,
respectivamente; ausência de sinais clínicos de puberdade; autorização dos
responsáveis e vontade pessoal. Foram selecionadas 94 crianças.
As crianças foram
avaliadas por alunos do curso de nutrição, fisioterapia e psicologia do
Unicerp, e a coleta de dados dividida em duas etapas. Primeiramente foram
feitas as medidas antropométricas de toda a população.
Para a medida de peso
foi utilizada balança digital, marca Techline, modelo Tecsilver, capacidade 150
kg, devidamente calibrada, colocada em superfícies lisas para evitar oscilações
nas medidas. As crianças foram pesadas vestindo roupas leves e pés descalços, permanecendo
eretos, com os braços esticados ao lado do corpo, sem se movimentar.
Para a medida da
estatura foi utilizada fita métrica inextensível (fixada em paredes lisas). As
crianças foram colocadas em posição vertical, eretas, com os pés paralelos e
calcanhares, ombros e nádegas encostados na parede. As medidas de peso e
estatura foram realizadas por três vezes seguidas, calculando-se a média dos
valores para a obtenção do resultado final. Diante das medidas de peso e
altura, foi calculado o IMC (kg/ m²).
A classificação final
de sobrepeso e obesidade foi feita conforme recomendação da OMS, definidos como
IMC igual ou superior ao percentil 85 e 95 para idade e sexo, respectivamente.
Em seguida foi
realizada a avaliação ortopédica das crianças classificadas em sobrepeso e
obesidade.
Para a avaliação
postural da coluna lombar e joelhos utilizou-se a fotogrametria realizada por
meio de duas fotos digitais (vistas lateral esquerda e posterior), mantendo-se
eretos, braços ao lado do corpo e pés afastados. As fotografias foram obtidas
por uma câmera digital marca Olympus, 6,0 megapixels, modelo Fe 120,
posicionada sob um tripé de 1 m de altura localizado a 80 cm do ponto demarcado
para o posicionamento da criança. Elas foram fotografadas em uma sala restrita,
trajando roupa de banho, mantendo o sigilo da face. Adesivos esféricos foram
usados para marcar a vértebra T12 e o platô sacral; os côndilos mediais do
fêmur e maléolos mediais do tornozelo.
Para a análise da
postura e dos joelhos, as fotografias foram, então, transferidas para o
computador utilizando uma interface USB e analisadas no Software de avaliação
postural SAPO® fundamentando as medidas de ângulos livres no trabalho de Guedes
[7].
O ângulo da lordose
lombar foi mensurado a partir do ponto de maior convexidade da coluna torácica
e região glútea, tendo como vértice o ponto de maior concavidade da coluna
lombar, quanto maior o ângulo maior a retificação e quanto menor o ângulo maior
a lordose lombar [8].
Para a avaliação dos
joelhos, considerou-se o ângulo formado entre o trocânter maior do fêmur, linha
articular do joelho e maléolo lateral do lado ipsilateral. Para tal o joelho
foi classificado como varo quando os valores eram maiores que 175°, e como
valgo quando o ângulo era menor que 170° [8].
Para avaliação dos
pés, foi utilizado o método Plantigrama que consiste na impressão plantar com
tinta guache Faber Castel de cor preta em papel A4 e rolo de espuma no
comprimento de 5 cm para que a impressão fosse mais
uniforme. Com a ajuda do examinador, foi solicitado
para a pessoa levantar-se lentamente de modo a apoiar ambos os pés nas folhas
de papel logo abaixo destes, posteriormente era solicitado para voltar a
posição sentado de modo a retirar um pé de cada vez da folha com ajuda do
examinador a fim de evitar que se deslize, levando a invalidez do exame.
Para a análise das
impressões plantares foi utilizado o índice de Chippaux-Smirak (ICS), que é o
resultado da divisão entre a menor largura do médio pé e a maior largura do
antepé. Ele classifica o ALM como elevado (ICS=0%), morfologicamente normal
(ICS entre 0,1 e 29,9%), intermediário (entre 30,0 e 39,9%), rebaixado (entre
40,0 e 44,9%) e pé plano (a partir de 45%) [9].
Os dados foram
tabulados no Excel® e em seguida transportados e analisados no Statistic Statsoft (versão 8.0). Para a
análise estatística descritiva, foram realizadas medidas de frequências
absolutas utilizando média, frequência mínima, máxima e desvio padrão. Para
verificar a normalidade e homogeneidade dos dados foi aplicado o Teste W de
Shapiro-Wilk ao nível de significância de 95,0%.
A pesquisa é parte de
um projeto de Iniciação Científica do Centro Universitário do Cerrado
Patrocínio - Unicerp e foi realizada mediante aprovação em 14/04/2015 do Comitê
de Ética desta instituição. Previamente foi apresentada uma carta de
solicitação de autorização junto à Secretaria Municipal de Educação para fins
de esclarecimento e apresentação do projeto e posterior autorização para a realização
da pesquisa na escola. Em seguida, as crianças receberam um termo de
consentimento livre e esclarecido encaminhado aos pais e/ou responsáveis
autorizando-as a participarem da pesquisa.
Participaram do
estudo 42 meninas (44,68%), sendo 19,15% obesas e 25,53% com sobrepeso, e, 52
meninos (55,32%), sendo obesos e com sobrepeso, ambos com 27,66%. A faixa
etária de maior frequência foi de 8 anos ou mais
(51,06% das crianças), sendo destes 27,66% meninos e 23,40% meninas (Tabela I).
Tabela
I – Informações sociais das crianças
participantes do estudo conforme a distribuição por gênero e classificação do
índice de massa corporal (IMC).
Em relação às
angulações da lordose lombar verificou-se uma média de 140º, demonstrando uma tendência
à retificação da lordose lombar de acordo com parâmetros de Pezzan [8]. Ao
analisar os ângulos dos joelhos direito e esquerdo notou-se média de 147º e
145º, classificando-os como joelhos valgos (Tabela II).
Tabela
II –
Angulações da coluna vertebral e dos
joelhos de todas as crianças em estudo.
Porém, ao comparar as
angulações médias da coluna vertebral e dos joelhos direito e esquerdo de
acordo com o IMC (Tabela III), bem como entre os gêneros (Tabela IV) não foram
observadas diferenças significativas nas crianças.
Tabela
III
– Angulações da coluna vertebral e dos
joelhos de todas as crianças em estudo conforme a classificação IMC.
*Teste U de
Mann-Whitney (p < 0,05); **Teste t de Student (p
< 0,05).
Tabela
IV –
Angulações da coluna vertebral e dos
joelhos de todas as crianças em estudo conforme a distribuição por gênero.
*Teste
U de Mann-Whitney (p < 0,05); **Teste t de Student
(p < 0,05).
De acordo com a
classificação do arco longitudinal medial do pé, a maioria das crianças obesas
e com sobrepeso tem pé plano, tanto no direito (44,68%) quanto no esquerdo
(39,36%) em ambos os sexos; sendo o apoio maior sobre o pé direito (63,83%)
(Tabela V).
Tabela
V – Tipo de pé e pé de apoio das crianças
conforme gênero e classificação do IMC.
Ao correlacionar o
IMC e os ângulos dos joelhos direito e esquerdo e da coluna vertebral não foram
encontradas correlações consideráveis (Tabela VI).
Tabela VI – Coeficientes de correlação de Spearman entre
o IMC e os ângulos dos joelhos e da lordose-lombar das crianças em estudo.
Concernente à faixa
etária encontrada no presente estudo, foram encontrados resultados semelhantes
em outras pesquisas. No Paraná, em estudo comparativo de alterações posturais e
ortopédicas com crianças e adolescente obesos e não obesos, de acordo com o
gênero, houve predomínio da faixa etária de 9 a 17 anos [10], e, outra
realizada no interior de São Paulo de 9 e 10 anos de
idade [11].
É preocupante a
incidência de sobrepeso e obesidade em idades tão tenras, pois a obesidade pode
levar ao aumento da sobrecarga articular, a fragilidade óssea na fase de
crescimento e a diminuição da estabilidade postural [1] comprometendo o
desenvolvimento destas crianças.
No presente estudo
não houve diferença significativa entre angulações da coluna vertebral e dos
joelhos entre gêneros nem entre obesos e com sobrepeso, porém observou-se uma
tendência à retificação lombar e presença de joelhos valgos.
Alguns estudos
demonstram que os obesos apresentam maior frequência de alterações posturais
quando comparados aos não-obesos, independente do
sexo. As crianças obesas apresentaram aumento nas curvaturas sagitais da
coluna, principalmente na lordose e na cervical. Já as com sobrepeso obteriam
tendência ao aumento apenas da curvatura cervical [12].
Pesquisa realizada
com escolares da cidade de Uberaba/MG demonstrou que 65,2% dos obesos e 54,5%
dos sobrepesos apresentaram hiperlordose lombar [13], sendo significante o
ângulo da curvatura lombar entre os obesos [14].
A não ocorrência de
diferenças significativas na presente pesquisa nos remete a necessidade de uma
cautela em relação ao acompanhamento postural destas crianças por parte da
fisioterapia, pois não significa que não tiveram alterações posturais e sim que
não houve diferença entre os grupos.
Várias pesquisas
explicam a predisposição para o desenvolvimento de instabilidade na coluna e o
aparecimento de alterações posturais nos obesos, principalmente a hiperlordose
lombar, com inclinação pélvica, decorrentes da deposição do tecido adiposo no
abdômen [4,15,16].
Concernente ao nosso
estudo, Cicca et al. [3] mostraram que as crianças
obesas apresentaram predominantemente joelhos valgos e arcos longitudinais
rebaixados, tendo grandes chances de manterem essas alterações posturais na
vida adulta. A presença de joelhos valgos também foi identificada em crianças
obesas da Nova Zelândia utilizando medidas estáticas [6]. Encurtamento de
quadríceps e joelho valgo, também foram
significantemente mais evidenciados nos indivíduos obesos [4,16].
Os desníveis da
posição da pelve, escoliose e joelhos valgos estiveram presentes principalmente
no sexo feminino [17], diferindo do nosso estudo em que não foi encontrada
correlação entre as angulações de joelho e o gênero da criança.
Em relação ao pé,
pesquisa revelou que as crianças obesas apresentaram maiores áreas de contato
em todas as regiões do pé e maior área de contado total quando comparadas às
eutróficas, com diferenças significativas principalmente nas regiões do
médio-pé e antepé [5]. Porém, em um estudo com adultos obesos observou-se
elevação do ante e médio pé durante a marcha [18] e um pico de pressão plantar
durante a marcha [19]. Tais achados demonstram as consequências da obesidade no
pé tanto na criança quanto no adulto.
Neste estudo a
maioria das crianças de ambos os gêneros apresentaram pé plano. Entretanto, uma
pesquisa realizada em São Paulo com 100 crianças não obesas, demonstrou que
todas apresentavam pés estáveis e ausência de pés planos [20]. Também foi
observado que crianças polonesas obesas de 3 a 13 anos de idade apresentaram pé
cavo independente do sexo [21].
Já em uma pesquisa
que avaliou os efeitos da perda de peso na estrutura do pé, marcha e apoio
plantar em adultos obesos, demonstrou que mesmo uma modesta perda de peso
reduziu significativamente a dinâmica plantar destes indivíduos [22]. Estes
achados reafirmam a hipótese que o IMC influencia a configuração plantar tanto
na criança quanto no adulto [23].
Concernente ao pé de
apoio acredita-se que o direito ser o pé de apoio da maioria das crianças se
deve ao fato de a maioria da população ser destra, ou seja, tem o lado direito
como predominante.
Notou-se uma maior
prevalência de obesidade e sobrepeso entre os meninos. Na avaliação postural
observou-se que as crianças com sobrepeso e obesidade apresentaram tendência à
retificação da lordose lombar e joelhos valgos. Os pés eram planos e com maior
apoio no pé direito.
A presente pesquisa
coloca em pauta a questão da obesidade e sobrepeso infantil que pode ser
considerada uma epidemia mundial. A adoção de medidas preventivas a fim de
reduzir índices de sobrepeso e obesidade infantil deve ser intensificada tanto
no sistema de saúde público quanto nas escolas.
Os resultados obtidos
nos demonstram a necessidade da atenção por parte dos profissionais da
fisioterapia quanto ao desenvolvimento corporal destas crianças, pois muitas
das alterações posturais adquiridas por estas crianças podem ser prevenidas e
corrigidas através de uma intervenção fisioterápica precoce.
Foi possível
quantificar as medidas propostas através de uma ferramenta específica para tal
finalidade, confiável e com reprodutibilidade aceitável. Entretanto, houve
dificuldade em encontrar estudos contendo padronização de angulações das
curvaturas da coluna em crianças.