ARTIGO
ORIGINAL
Prevalência
de alterações no ultrassom de calcâneo em Centro de Saúde Escola
Prevalence of ultrasound calcaneus changes in School Health Center
Beatriz da Silva
Magro, M.Sc.*, Luciano
Garcia Lourenção, D.Sc.**,
Patrícia Maluf Cury***
*Nutricionista,
Prefeitura Municipal da Estância Turística de Olímpia, São Paulo, **Enfermeiro,
Professor Titular-Livre, Escola de Enfermagem, Universidade Federal do Rio
Grande (FURG), Rio Grande/RS, ***Médica, Livre Docente, Coordenadora do Curso
de Medicina, Faculdade FACERES, São José do Rio Preto/SP
Recebido em 22 de
setembro de 2017; aceito em 06 de agosto de 2018.
Endereço
de correspondência:
Luciano Garcia Lourenção, Universidade Federal do Rio
Grande, Escola de Enfermagem, Rua General Osório, s/nº, 4º piso, Centro,
Campus da Saúde 96203-900 Rio Grande RS, E-mail: luciano.famerp@gmail.com;
Beatriz da Silva Magro: biamagro@gmail.com; Patrícia Maluf Cury: pmcury@hotmail.com
Resumo
Objetivo: Verificar a
prevalência de alterações no exame de ultrassonometria
óssea de calcâneo (UOC) entre usuários de uma Unidade de Saúde Escola do
Sistema de Atenção Primária à Saúde de um município do interior do estado de
São Paulo, Brasil. Métodos: Estudo
transversal entre indivíduos que participaram da campanha de rastreamento de
alterações ósseas realizada em um Centro de Saúde Escola, no período de 6 a 13
de setembro de 2013. Realizou-se a medida da UOC dos indivíduos maiores de 18
anos que participaram da campanha, utilizando-se a Achilles Express®. Os indivíduos com resultados alterados foram
subdivididos em: Grupo de médio risco (GMR) quando o T-score ≤ -1 e > -2,5 e Grupo de alto risco (GAR) quando o T-score ≤
-2,5. Resultados: Foram realizados
389 exames de UOC, sendo 349 (89,71%) em mulheres e 40 (10,28%) em homens.
Cento e sessenta e três (41,90%) usuários apresentaram alterações, dos quais
141 (86,50%) eram de médio risco e 22 (13,40%) eram de alto risco; não houve
diferenças estatísticas significantes quanto à comparação dos fatores de riscos
avaliados nestes grupos, exceto para a idade (p = 0,003). Conclusão: A idade foi um fator de risco não modificável, no
entanto, deve-se atuar nos fatores de riscos modificáveis para melhorar a saúde
óssea.
Palavras-chave: ultrassom,
calcâneo, osteoporose, prevalência, Atenção Primária à Saúde.
Abstract
Objective: To assess
the prevalence of altered quantitative ultrasound (QUS) between individuals of
a School Health Unit of Primary Health Care System in a municipality in the
State of São Paulo, Brazil. Methods:
Cross-sectional study among individuals who attended the screening campaign of
bone alterations carried out in a Teaching Health Center, in the period 6 to
13, September 2013. The measure of the QUS of individuals > 18 years who
participated in the campaign was carried out, using the Achilles Express®.
Individuals with altered results were subdivided into: medium-risk group (MRG)
when the T-score ≤ -1 and > -2.5 and high-risk group (HRG) when the
T-score ≤ -2.5. Results: We
performed 389 tests QUS, 349 (89.71%) in women and 40 (10.28%) in men. One
hundred sixty-three (41.90%) users showed changes, which 141 (86.50%) were
medium-risk and 22 (13.49%) were high-risk. We did not observe statistically
significant differences in the comparison between assessed risk factors, in
these groups, except for age (p = 0.003). Conclusion:
Age is a non-modifiable risk factor, however, we must
act on the modifiable risk factors for improving bone health.
Key-words: ultrasonics, calcaneus, osteoporosis, prevalence, care,
primary health.
A osteoporose é uma
doença osteometabólica definida pela diminuição da
densidade mineral óssea, com alterações na sua microarquitetura que levam a um
aumento da fragilidade óssea e a suscetibilidade a fraturas, mesmo aos mínimos
traumas [1].
A prevalência da
osteoporose aumenta à medida que a população envelhece, atinge um número imenso
de pessoas, de ambos os sexos e todas as raças, e por isso é considerada um
grave problema de saúde pública. Atualmente estima-se que mais de 200 milhões
de pessoas no mundo sofram desta doença [2] e, de acordo com a Organização
Mundial de Saúde (OMS), 13% a 18% das mulheres e 3% a 6% dos homens acima de 50
anos no mundo têm osteoporose [3].
Com base em dados do National Health and Nutrition Exam Survey III (NHANES III), a National Osteoporosis Foundation (NOF) estima que
mais de 9,9 milhões de americanos têm osteoporose e um adicional de 43,1
milhões têm baixa densidade óssea [4]. Em geral, a prevalência de osteoporose
em estudos brasileiros varia de 6% a 33% dependendo da população e outras
variáveis avaliadas [5].
Os fatores de risco
mais importantes relacionados à osteoporose, segundo a NOF são: idade, sexo
feminino, história prévia e familiar de fratura, tabagismo atual, índice de massa
corpórea (IMC ≤ 19 kg/m2), ingestão de álcool (> 2
doses/dia), uso de glicocorticóide oral (dose ≥
5,0 mg/dia de prednisona por tempo superior a três
meses) e artrite reumatoide [4]. Existem, portanto, os fatores de risco não
modificáveis, como o avanço da idade e a característica genética, e os fatores
de risco modificáveis, como prática regular de exercícios físicos, controle de
peso, abandono do tabagismo, redução na ingestão de álcool, cafeína e suspensão
do uso de glicocorticóides ou drogas que possam
determinar a perda de massa óssea em longo prazo, que podem contribuir para a
redução do risco de fraturas [6].
A técnica considerada
padrão ouro para o diagnóstico da osteoporose pela Organização Mundial da Saúde
(OMS) desde 1994 é a densitometria mineral óssea [7] que compara a densidade
mineral óssea do paciente em questão com a média da população adulta jovem
normal, com idade entre 20 e 29 anos, para o mesmo sexo e raça [1,8]. Deste
modo, o diagnóstico da osteoporose é definido pela densitometria mineral óssea quando o resultado do T-score for menor ou
igual a -2,5 desvios padrão na coluna lombar, colo de fêmur e fêmur total [6].
Entretanto, é um procedimento de custo elevado para o sistema de saúde. Já a ultrassonometria
óssea avalia o risco de fratura com
eficiência similar à densitometria óssea, é
mais acessível à população, mais
fácil de manusear, tem um custo baixo, é uma
técnica livre de radiação e pode
orientar a indicação da densitometria óssea e o
tratamento precoce [2,6-10].
Segundo a International Society for Clinical Densitometry, a
recomendação é para que os equipamentos de densitometria óssea periférica sejam
utilizados para exames de avaliação do risco e não para o diagnóstico
definitivo da osteoporose, constituindo uma importante ferramenta de triagem
[8].
Ante o exposto, este
estudo objetivou verificar a prevalência de alterações no exame de Ultrassonometria Óssea de Calcâneo (UOC).
Realizou-se uma
pesquisa de campo de corte transversal, com uma amostra de conveniência de
pessoas que participaram da campanha de rastreamento de alterações ósseas
realizada em um Centro de Saúde Escola da Faculdade de Medicina de São José do
Rio Preto (FAMERP), São Paulo, Brasil, no período de 06 a 13 de setembro de
2013.
A população da área
de abrangência do Centro de Saúde Escola (CSE) do Estoril é de 33.346
habitantes, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), no ano de 2010 [11].
A amostra do estudo
foi constituída pelas pessoas que realizaram a ultrassonometria
de calcâneo, maiores de 18 anos e que quiseram participar do estudo. Foram
disponibilizados 389 exames da ultrassonometria óssea
do calcâneo aos interessados.
Durante a campanha,
os usuários da unidade de saúde foram submetidos à ultrassonometria
óssea de calcâneo para investigação de alterações ósseas, utilizando-se o
aparelho Achilles Express®, que foi calibrado e utilizado
pela mesma profissional treinada. Para cada exame, o pé direito do paciente era
higienizado com álcool e então se passava um transdutor, durante 5 minutos,
para obter o resultado do T-score. Os usuários com o resultado do T-score
>-1 foram classificados como normais (baixo risco de ter osteoporose) e os
usuários com alterações no ultrassom de calcâneo foram subdivididos em dois
grupos: o Grupo de médio risco (GMR) quando o T-score ≤ -1 e > -2,5 (com algum risco de baixa massa óssea) e Grupo
de alto risco (GAR) quando o T-score ? -2,5 (alto risco de ter osteoporose e
alto risco de fratura) [8].
Após a realização do
exame, os usuários responderam um questionário padronizado contendo as
variáveis: idade, gênero, raça, estado civil, ocupação, escolaridade, fraturas
anteriores, Índice de Massa Corpórea (IMC), comorbidades
(DM e HAS), etilismo e tabagismo (quantidade e frequência).
Considerou-se
tabagismo quando houve a presença do uso de tabaco verificando-se também a
quantidade e a frequência deste uso; e etilismo quando houve o consumo diário
de etanol maior que 20 gramas por dia. Para a realização do cálculo da
concentração de etanol em gramas/litro (g/l) de cada bebida alcoólica
consumida, multiplicou-se seu teor alcoólico (oGL), pela densidade do etanol e por 10 [12] e
obteve-se a quantidade de etanol por litro de cada bebida. Após a informação da
quantidade e dos tipos de bebidas alcoólicas consumidas semanalmente por cada
usuário, dividiu-se este valor por 7 (que equivale aos
7 dias da semana) obtendo-se o consumo diário de etanol.
Durante a abordagem
inicial, os objetivos do estudo foram explicados de forma detalhada e
individual a todos os usuários do serviço, solucionando as dúvidas apresentadas
e coletando-se a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido
(TCLE).
Após coletados, os
dados foram armazenados em um banco de dados utilizando-se uma planilha do
programa Microsoft Excel® e foram analisados com o programa SPSS, versão 17.0,
realizando-se tratamento estatístico apropriado, de forma a responder aos
objetivos do estudo, considerando significante valor p menor ou igual a 0,05.
Este estudo foi
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina de São José
do Rio Preto (FAMERP) em 10 de setembro de 2013, com Parecer nº. 361.137. A
pesquisa foi realizada de acordo com a Resolução n. 466/12 do Conselho Nacional
de Saúde [13].
Foram realizadas 389 ultrassonometrias ósseas de calcâneo, sendo 349 (89,71%) em
mulheres. Cento e sessenta e três (41,90%) exames apresentaram alterações e
foram incluídos no estudo. Houve prevalência do sexo feminino (153 - 93,90%)
entre os usuários com alterações da ultrassonometria
óssea de calcâneo (Figura 1).
Figura
1 - Resultados da Ultrassonometria
Óssea de Calcâneo na campanha de rastreamento de alterações ósseas.
A idade média foi de
62,81 ± 11 anos. Em relação à raça, 124 (76,10%) usuários eram brancos, 25
(15,30%) pardos/mulatos, 9 (5,50%) negros, 4 (2,50%)
indígena e 1 (0,60%) asiático.
Quarenta e oito
(29,60%) usuários referiram fraturas anteriores e 114 (70,40%) afirmaram nunca
terem sofrido fraturas. Dezenove (11,70%) eram tabagistas e 03 (1,80%),
etilistas. A média do IMC foi de 27,5 ± 4,74 kg/m2.
A Tabela I apresenta
a distribuição dos usuários com alterações da ultrassonometria
óssea de calcâneo avaliados, segundo estado civil,
ocupação e escolaridade. Observou-se que 80 (49,08%) usuários eram casados, 77
(47,23%) eram do lar e 43 (26,38%) aposentados; 84 (51,53%) tinha ensino
fundamental incompleto e havia 11 (6,74%) usuários analfabetos.
Tabela
I - Distribuição dos usuários estudados, segundo
estado civil, ocupação e escolaridade.
A proporção de
alterações na ultrassonometria foi estatisticamente
diferente em homens e mulheres. A prevalência do sexo masculino foi menor tanto
entre os usuários com ultrassonometria normal quanto
entre os que apresentaram alterações na ultrassonometria
(p=0,002), conforme mostra a Tabela II.
Tabela
II -
Comparação entre as
variáveis gênero e T-score para Ultrassonometria
Óssea de Calcâneo (UOC).
*Teste qui-quadrado de Pearson.
Em relação à idade,
os indivíduos com alterações na ultrassonometria de
calcâneo apresentaram idade mediana de 63 anos (mínima: 22 anos; máxima: 88
anos), enquanto os que não apresentaram alterações tinham idade mediana de 56
anos (mínima: 21 anos; máxima: 87 anos), sendo valor p < 0,001 (Teste
Mann-Whitney).
Dos 163 indivíduos
com alteração na ultrassonometria óssea, 141 (86,51%)
deles estavam com o T-score entre -1 e -2,5 (Grupo de
Médio Risco), enquanto 22 (13,49%) estavam com T-score < -2,5 (Grupo de Alto
Risco). Em relação à idade, o grupo usuários de alto risco apresentou idade
média maior (69,23 anos; DP: ±8,90 anos) do que os usuários do grupo de médio
risco (61,81 anos; DP: ±11 anos), com valor p = 0,003 (Teste t de Student).
Quanto ao gênero,
houve a prevalência do sexo feminino em ambos os grupos sendo, 94,33% de
mulheres no grupo de médio risco (GMR) e 90,91% no grupo de alto risco (GAR) (p
= 0,626). Em relação ao IMC médio, este foi de 27,56 (DP: ±4,95) no GMR e 26,90
± 3,09 no GAR (p = 0,590).
A Tabela III mostra a comparação das variáveis clínico-epidemiológicas entre os
usuários dos grupos de alto e médio risco. Observou-se a maior
ocorrência de fraturas anteriores entre os usuários do grupo de alto risco
(GAR), em relação ao grupo de médio risco (GMR). Destaca-se, que não houve diferenças
estatísticas significativas entre as variáveis
clínico-epidemiológicas para os grupos de médio e alto risco.
Tabela
III
- Comparação entre os Grupos de médio e
alto risco, segundo variáveis clínico-epidemiológicas.
*Teste qui-quadrado de Pearson
Diversos estudos têm
constatado que a ultrassonometria óssea de calcâneo
em locais periféricos pode ser utilizada como uma ferramenta de rastreamento
para a avaliação da saúde óssea [14].
Neste estudo,
observamos uma prevalência de alterações no ultrassom de calcâneo de 41,90%
(163) dos usuários, 36,24% (141) pertenciam ao grupo de médio risco (GMR) e
5,65% (22) ao grupo de alto risco (GAR). Esses resultados são inferiores aos
encontrados por outros estudos.
Ao estudar 385 mulheres
na pós-menopausa, utilizando a máquina Sonost 2000®,
Oliveira et al. [10] encontraram 59,22% de
alterações na UOC, 42,34% pertenciam ao grupo de médio risco (GMR) e 16,88% ao
grupo de alto risco (GAR). Da mesma forma, estudo com 168 mulheres com diagnóstico
clínico de menopausa e idade média de 69,56 ± 6,27 anos, selecionadas
aleatoriamente, encontrou 81,00% de exames alterados, sendo 41,00% GAR contra
40,00% GMR [15]. Essas diferenças podem ser explicadas pela seleção amostral
que, nos dois últimos estudos, foi composta apenas por mulheres em idades mais
avançadas e que sofreram a influência da menopausa.
Corroborando os
resultados deste estudo, ao avaliar 6.029 homens e mulheres com idade entre
20-90 anos, através do dispositivo Achilles InSight (GE Healthcare®), Schürer et al. [16] verificaram alto risco de
fratura (GAR) em 4,60% dos indivíduos do sexo masculino e 10,60% dos indivíduos
do sexo feminino. As percentagens correspondentes entre indivíduos com mais de
65 anos de idade foram de 8,80% para os homens e 28,20% para as mulheres.
Os usuários do Centro
de Saúde Escola estudados que apresentaram alteração no UOC tinham idade
mediana superior à dos usuários que não apresentaram alterações no UOC. A
alteração do UOC em usuários com idade mais avançada pode ser explicada pela
possível influência da deficiência de estrogênio decorrente da provável
menopausa nesta faixa etária [17] e da composição da amostra do estudo,
composta por 89,71% de mulheres.
Estudo sobre a saúde
óssea de 598.757 mulheres e 173.326 homens de sete países asiáticos detectou um
alto grau de má saúde óssea em homens e mulheres nos países da Ásia. Para
mulheres, o T-score diminuiu lentamente até os 45 anos de idade; em seguida,
diminuiu rapidamente, até atingir um T-score médio de ≤ -2.5 entre 71-75
anos de idade. Para os homens, o T-score mostrou um declínio lento e constante
para chegar a uma média de -2,0 para -2,5 entre 80-85 anos. Nesta mesma
pesquisa, os autores verificaram que, no Vietnã e na Indonésia, mais de 50% das
mulheres poderiam estar em risco de ter osteoporose e fraturas relacionadas,
após os 70 anos, enquanto na Tailândia e nas Filipinas o risco surgiu a partir
dos 80 anos.
Destaca-se que a
idade mais avançada no grupo de alto risco é
compatível com a evolução natural de perda óssea, o que justifica a
recomendação da Sociedade Brasileira de Densitometria Clínica que preconiza a
realização da densitometria óssea nos indivíduos pertencentes ao grupo de médio
risco com fatores de risco presentes, pois o efeito destes fatores no
metabolismo ósseo se somaria ao efeito deletério da idade e provavelmente
prejudicariam ainda mais a saúde óssea e os resultados futuros dos exames de ultrassonometria [18].
Estudo realizado com
348 homens (idade 22-90 anos) e 351 mulheres (idade 21-93 anos), para verificar
a relação da avaliação da densidade óssea, numa variedade de locais do
esqueleto por densitometria óssea com várias estimativas de massa muscular, com
a avaliação da atividade física por entrevista e avaliação da força de forma
subjetiva e objetiva e concluíram que todos estes parâmetros diminuíram com a
idade [19].
Oliveira et al. [15] concordaram com estes achados
ao observarem, em estudo com ultrassonometria óssea
de calcâneo, um “aumento na prevalência
de exames alterados conforme o aumento da idade”. Nascimento et al. [20] verificaram uma redução da
densitometria óssea em função da idade no osso trabecular.
Segundo a literatura,
outros fatores relacionados ao avanço da idade como a redução da atividade
física e a menor capacidade da pele em fabricar vitamina D através da radiação
solar, também influenciam a redução da massa óssea [3,19].
A avaliação da
associação entre fatores de riscos e presença ou não de alterações no UOC é
importante e pode contribuir para melhorar a compreensão do processo de
comprometimento ósseo. Contudo, a análise não foi possível neste estudo.
Destaca-se
que a falta de correlação dos fatores de risco clássicos da osteoporose, com o grau de alteração da ultrassonometria óssea do calcâneo pode ser consequência de
alguns vieses, como, por exemplo: seleção da amostra ter ocorrido por
conveniência; ausência de avaliação sistemática; dificuldades de obter
resultados sobre fraturas e dificuldades na coleta de informações sobre
alimentação e uso de medicamentos. Além disso, dificuldades inerentes à
logística de agendamento e ao alto custo para o SUS não permitiram a comparação
dos resultados obtidos na ultrassonometria óssea de
calcâneo com uma avaliação por densitometria óssea, limitando a comparação da ultrassonometria com a densitometria, considerada
padrão-ouro para o diagnóstico de osteoporose.
Este estudo encontrou
alta prevalência de alterações na ultrassonometria
óssea de calcâneo (UOC) em usuários de maior idade, e sem alterações no UOC nos
mais jovens. Houve, ainda, prevalência de mulheres e, ao comparar os fatores de
riscos entre o Grupo de Médio Risco (GMR) e o Grupo de Alto Risco (GAR), houve
diferenças estatísticas significantes para a idade, que foi maior no GAR.
Apesar das limitações
existentes, este estudo evidenciou que o exame de ultrassonometria
óssea de calcâneo é um método rápido, barato e acessível, que pode ser
utilizado como uma ferramenta de screening para
verificar alterações ósseas, permitindo aos profissionais da atenção básica em
saúde intervir nos fatores de risco modificáveis, mesmo antes da confirmação
definitiva de osteoporose pela densitometria óssea.
Além disso, os
resultados obtidos pela ultrassonometria óssea podem
ser utilizados em ações educativas em populações jovens, mostrando a
importância da prevenção precoce de osteoporose e estimulando o comportamento
do indivíduo em relação a fatores de riscos como inatividade física e
alimentação.
Conhecer
o perfil dos
usuários do serviço de saúde permite a
elaboração de ações de
promoção de saúde
e prevenção de complicações decorrentes dos
desgastes ósseos inerentes à idade,
mais eficazes, potencializando o uso de recursos públicos e o
trabalho dos
profissionais de saúde do serviço.