ARTIGO
ORIGINAL
Doença
de Parkinson: efeito da terapia vibratória no recrutamento da musculatura
postural
Parkinson disease: effects of vibrating therapy in recruitment of
postural muscle
Hayslenne Andressa Gonçalves
de Oliveira Araújo*, Andreia Mara Moreira*, Andreia Maria Silva, Ft., D.Sc.**, Carolina Kosour, Ft., D.Sc.**, Luciana
Maria dos Reis, Ft., D.Sc.**
*Discente
do Curso de Fisioterapia, Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de
Alfenas (UNIFAL-MG), Alfenas/MG, **Docente do curso de Fisioterapia da
Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL-MG), Alfenas/MG
Recebido em 18 de
outubro de 2017; aceito em 14 de agosto de 2018.
Endereço
para correspondência:
Hayslenne Andressa Gonçalves de Oliveira Araújo, Rua
Alagoas, 1572/401, Centro, Londrina PR, E-mail: h.andressa.goa@hotmail.com;
Andreia Mara Moreira: m.andreiamara@hotmail.com; Andreia Maria Silva:
andreia.silva@unifal-mg.edu.br; Carolina Kosour:
carolina.kosour@unifal-mg.edu.br; Luciana Maria dos Reis: reislucianamaria@gmail.com
Resumo
A Doença de Parkinson
(DP) é uma doença degenerativa e progressiva do sistema nervoso central,
caracterizada por sintomas motores, alterações musculoesqueléticas e posturais
que podem ser influenciadas por um processo de organização sensorial anormal. A
eletromiografia (EMG) é uma ferramenta de avaliação não invasiva importante
para análise do recrutamento da musculatura postural. A terapia vibratória
surge como uma opção promissora na estimulação somatossensorial
desta população. Objetivo: Avaliar os
efeitos da terapia vibratória no recrutamento da musculatura postural em
pacientes com DP. Métodos: Foram
analisados os músculos longuíssimo lombar (LL) e
trapézio ascendente (TA) por EMG. Foi realizada a aplicação de um protocolo de 8 semanas (24 atendimentos) de terapia vibratória em 10
indivíduos com DP, com avaliação e reavaliação por análise eletromiográfica
da contração isométrica voluntária (CIV). Resultados:
A terapia vibratória não mostrou resultados significativos na ativação da
musculatura postural na DP, pela avaliação por EMG, sendo na comparação pré e pós-tratamento TAD (p = 0,655), TAE (p = 0,655), LLD
(p = 0,848) e LLE (p = 0,565). Conclusão:
Não houve resultados significativos na EMG após intervenção com terapia
vibratória em indivíduos com DP, o que pode ser devido principalmente ao
tamanho amostral. Sugere-se a realização de novos estudos com maior tamanho
amostral para comprovar a eficiência da terapia vibratória nesta população.
Palavras-chave: Parkinson,
vibração, eletromiografia.
Abstract
Parkinson Disease (PD) is a degenerative and progressive disease of the
central nervous system, characterized by motor symptoms, musculoskeletal and
postural disturbance, which may be influenced by an abnormal sensory
organization process. Electromyography (EMG) is an important non-invasive
assessment tool for postural muscle recruitment analysis. Vibratory therapy
appears as promising option to somatosensory stimulation in this population. Objective: To evaluate the effects of
vibratory therapy on the recruitment of postural muscles in patients with PD. Methods: Longissimus
lumborum (LL) and the upper trapezius (UT) muscles
were analyzed by EMG. A protocol of 8 weeks (24 attendances) of vibratory
therapy was applied in 10 individuals with PD, with evaluation and revaluation
performed by EMG analysis of voluntary isometric contraction (VIC). Results: Vibratory therapy did not show
significant results in the activation of the postural muscles in the PD, by the
EMG evaluation, being the TAD (p = 0.655), APR (p = 0.655), LLD (p = 0.848) and
LLE (p = 0.565). Conclusion: We did
not observe significant results in the EMG after intervention with vibratory
therapy in individuals with PD, which may be mainly due to the sample size. It
is suggested to carry out new studies with a larger sample size to prove the
efficiency of the vibratory therapy in this population.
Key-words: Parkinson,
vibration, electromyography.
A Doença de Parkinson
(DP) é definida como uma doença degenerativa e progressiva do sistema nervoso
central (SNC) [1-3].
Clinicamente, a DP
caracteriza-se por tremor, rigidez, bradicinesia e
alterações da postura, equilíbrio, controle postural e marcha. Além disso, pode
gerar alterações musculoesqueléticas como fraqueza, encurtamento muscular e instabilidade
postural por perda de reflexos posturais que vão interferir diretamente no
desempenho funcional e independência destes indivíduos [4-6].
O padrão postural em
indivíduos parkisonianos é predominantemente flexor.
A presença de hiperlordose cervical e protusão de cabeça faz com que esta se mantenha fletida
sobre o tronco e abdome, intensificada por hipercifose
torácica e protusão de ombros, o que mantém os
membros superiores ligeiramente à frente do centro de massa e os cotovelos semifletidos. Além disso, percebe-se nestes indivíduos
padrão de semi-flexo de joelhos e a chamada camptocormia, a flexão anterior de tronco acentuada e que é
amenizada em postural sentada ou deitada [6,7]. A perda do controle postural na
DP está relacionada com as respostas posturais anormais, podendo ser
influenciadas por um processo de organização sensorial anormal, e esta
instabilidade postural é uma preocupação especialmente no que diz respeito ao
aumento do risco de quedas nesta população [4,6,8].
O
controle do
equilíbrio requer a manutenção do centro de
gravidade (CG) sobre a base de
sustentação durante situações
estáticas e dinâmicas. As alterações
posturais
levam à alteração do CG, passando este a se
localizar sobre o antepé, favorecendo uma readaptação na base de suporte [4,9,10].
Dentre as diversas
formas de avaliação neuromuscular está a eletromiografia de superfície (EMG),
que é um método não invasivo e pode ser uma importante ferramenta de análise de
padrões de recrutamento da musculatura postural. O padrão eletromiográfico
é embasado na captação dos sinais de despolarização e hiperpolarização
das membranas das células musculares, dados por aumento e diminuição de
voltagem, respectivamente, sendo a despolarização precedente da contração
muscular [11].
Existem diversas
opções de tratamentos fisioterapêuticos que visam à manutenção e aumento do
controle postural. Uma das técnicas utilizadas para este fim são os exercícios
para estabilidade de tronco, importantes para manter o controle e equilíbrio da
postura [12,13]. Os exercícios fisioterapêuticos são auxiliares no tratamento
medicamentoso ou cirúrgico da DP, sendo focados nos sintomas principais da
doença como marcha, equilíbrio e atividades de vida diárias (AVD) [14]. Uma
nova forma, considerada promissora, de estimulação somatossensorial
é a terapia vibratória. A vibração é definida como um movimento oscilatório
dependente da frequência, da amplitude, duração e do tipo de vibração, podendo
ser potente estímulo para respostas neuromusculares [4,15].
A vibração do corpo
inteiro é um método alternativo de treinamento de resistência aplicado em
populações idosas, porém pouco estudada em condições de saúde específicas,
particularmente a DP. A plataforma vibratória estimula as fibras de ação rápida
e atua transmitindo microvibrações ao corpo, o que
desequilibra o eixo corporal. Após receber e processar esta informação, o
cérebro envia o estímulo necessário para a musculatura retomar o equilíbrio
reflexo sensório-motor [3,4]. Alguns estudos relatam efeitos positivos da terapia
vibratória no controle postural, equilíbrio, força muscular e marcha, sendo um
tipo de exercício seguro e tolerável em idosos [16,17].
Os estímulos
sensoriais, proporcionados por este recurso, têm sido relacionados à melhora da
propriocepção e do controle motor [4,18], bem como da performance
neuromuscular [12]. Em teoria, o movimento oscilatório da plataforma vibratória
nos eixos horizontal e vertical é transmitido para todo o corpo, e enquanto a
vibração horizontal mantém o equilíbrio na plataforma, a vibração vertical
fornece sensações táteis e proprioceptivas [17]. Estes estímulos recebidos pela
vibração superam os circuitos de gânglios basais que são afetados em pessoas
com DP e, consequentemente, esses mecanismos poderiam resultar em força e resistência
aprimoradas que são necessárias para a estabilidade postural e a marcha [17].
Embora tenha sido observada melhora em alguns aspectos clínicos da DP com o uso
da plataforma vibratória [4], alguns fatores como adequação dos parâmetros
utilizados em diferentes fases da doença e consideração sobre períodos de tempo
de reação, decorrentes da bradicinesia, permanecem
pouco elucidados na literatura.
O objetivo do
presente estudo foi avaliar por meio de sinal eletromiográfico
o efeito da terapia vibratória no recrutamento da musculatura postural em
indivíduos com doença de Parkinson.
Sujeitos
e local do estudo
Trata-se de um estudo
clínico, prospectivo e longitudinal. Participaram do estudo dez indivíduos com
DP, ambos os sexos, idade entre 40 e 70 anos e encaminhados à clínica de
Fisioterapia da Universidade Federal de Alfenas (Unifal/MG).
Como critérios de
inclusão foram usados o diagnóstico clínico da DP, estadiados
no nível II e III pela escala de Hoehn e Yahr,
caracterizados em sinais e sintomas da patologia pela
Escala unificada de Avaliação de Parkinson (UPDRS), que
não haviam realizado
tratamento convencional nos últimos meses. Os critérios
de exclusão foram
determinados pela presença de outras condições
neurológicas e o não uso de medicação
específica para a DP.
Todos os
participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e o
estudo foi aprovado pelo comitê de ética da Unifal
(Protocolo número 270.870)
Para avaliação e
reavaliação dos indivíduos do estudo foi utilizado o eletromiógrafo
da marca EMG System do Brasil, Modelo EMG-800C. Antes da colocação dos
eletrodos foi realizada a tricotomia da pele e limpeza pela fricção com álcool
70% a fim de diminuir a impedância da pele evitando interferência e proporcionando
melhor aquisição do sinal [19].
Para o registro da
atividade eletromiográfica do músculo eretor da
espinha (longuíssimo lombar), o eletrodo ativo foi colocado 2
cm lateral ao processo espinhoso da primeira vértebra lombar bilateralmente.
Para o músculo trapézio ascendente, o eletrodo foi posicionado 2 cm lateral ao processo espinhoso da oitava vértebra
torácica bilateralmente. O eletrodo de referência foi posicionado no maléolo
lateral direito.
O sinal eletromiográfico foi coletado na posição de repouso – para
servir como referencial – e em contração isométrica voluntária (CIV), durante
cinco segundos com o paciente posicionado em decúbito ventral e membros
superiores ao longo do corpo, sendo orientado a realizar movimento de extensão
de tronco e quadril (“elevar da maca apenas os ombros e as coxas”).
Figura
1 - Desenho do estudo.
Terapia
vibratória
Para realização do
protocolo de intervenção, os indivíduos foram posicionados na plataforma
vibratória (Lion® – triplanar) descalços, como os pés
afastados, na postura ortostática, com joelhos semifletidos
a 30 graus - para evitar a frequência de ressonância [20]. A postura estática
refere-se à manutenção deste posicionamento durante todo o tempo de vibração,
enquanto a postura dinâmica refere-se ao exercício de agachamento de 30º a 45º
de flexão de joelho durante o período.
A terapia foi
realizada em 8 semanas, com três intervenções
semanais, totalizando 24 sessões. As sessões duraram em média 28 minutos e 18
segundos, sendo a inicial (mais rápida) com duração de 7,5 minutos e a última
(mais demorada) realizada com cerca de 60 minutos. A diferença no tempo foi
devido ao aumento do número de repetições das posições com o decorrer do
tratamento. Os indivíduos receberam o treino de vibração de acordo com a tabela
I.
Tabela
I - Treino vibratório.
Análise
estatística
Foram considerados
para a análise eletromiográfica das avaliações pré e pós- intervenção por plataforma vibratória os dados
de Root Mean
Square (RMS) das coletas de CIV, que leva em consideração o valor médio de
unidades motoras ativadas durante a contração.
A normalidade dos
dados foi testada pelo teste de Shapiro-Wilk e para
fazer a comparação entre os momentos pré e pós intervenção com plataforma vibratória foram aplicados os
testes t pareado para os dados normais e o teste não-paramétrico de Wilcoxon para os não normais. Foi usado o programa SPSS 21
e em todos os casos, os valores de P ≤ 0,05 foram considerados
significativos. O tamanho do efeito foi calculado e classificado como pequeno
(0-0,39), (médio= 0,4-0,79) ou grande (> 0,8) e Power maior que 80%.
Seguindo os critérios
de inclusão e exclusão, foram selecionados para participação no estudo 10 indivíduos
com DP com idade média de aproximadamente 66 anos e estadiamento
da patologia de leve a moderado de acordo com a escala
de Hoehn & Yahr, para
comparação entre pré e pós-intervenção com plataforma
vibratória. Seus dados são mais bem apresentados na Tabela II.
Nas avaliações pré e pós-intervenção com terapia vibratória houve diminuição
nos valores de RMS nos músculos TAD e TAE e aumento nos músculos LLD e LLE,
entretanto estes valores não foram estatisticamente significativos, sendo TAD
(p=0,655), TAE (p=0,655), LLD (p=0,848) e LLE (p=0,565), como pode ser visto na
Tabela III.
Tabela
II -
Dados demográficos relativos à amostra de
indivíduos com doença de Parkinson selecionada para a realização de treinamento
com terapia vibratória.
Tabela
III
- Avaliação da atividade eletromiográfica de TA e LL em indivíduos com DP, dados em
RMS. Comparação entre pré e pós-intervenção com
plataforma vibratória.
Na DP, a
propriocepção periférica pode ser prejudicada em diferentes níveis. O padrão
postural predominantemente flexor e a marcha típica parkinsoniana,
caracterizada pela diminuição da altura e comprimento dos passos e
irregularidade destes, e o movimento de membro superior reduzido trazem
prejuízos funcionais para esta população e aumentam risco de queda, já
considerado problema de saúde pública [7]. A plataforma vibratória atua nos
receptores proprioceptivos periféricos, exigindo uma readequação postural do
indivíduo para manutenção do equilíbrio e realização da tarefa [21].
No presente estudo,
as análises dos dados eletromiográficos não
demostraram diferença estatística no recrutamento de fibras musculares nos
pacientes com DP em condições de pré e
pós-intervenção com a plataforma vibratória. Os resultados observados
corroboram um estudo em que foram selecionados 17 indivíduos com DP,
randomizados em grupo experimental e controle, ambos submetidos a um protocolo
de tratamento de 12 sessões com a plataforma vibratória, sendo o primeiro
submetido à vibração de fato e o segundo apenas aos estímulos visual e auditivo
similares aos da plataforma vibratória, com os indivíduos posicionados sobre a
mesma. Não foram observadas diferenças estatísticas entre os grupos nas
avaliações funcionais propostas [22]. Outro estudo comparou o treinamento em
plataforma vibratória e fisioterapia convencional com objetivo de melhora do
equilíbrio com 27 indivíduos com DP, tendo encontrado melhora tanto na terapia
convencional quanto na vibratória, entretanto sem diferença estatística intra ou intergrupos [23].
Os resultados
encontrados no presente estudo corroboram outros estudos voltados para a análise
do efeito da terapia vibratória em outras condições neurológicas. Silva et al. [24] seguiram um protocolo de
aplicação única de terapia vibratória em 28 indivíduos com histórico de
acidente vascular cerebral (AVC) e não observaram diferença significativa nas
atividades funcionais e padrão de recrutamento muscular entre avaliação e
reavaliação eletromiográfica [24]. Resultados
semelhantes também foram encontrados na análise da vibração segmentar em
indivíduos com Esclerose Lateral Primária (ELP) e não observaram alterações
significativas na atividade eletromiográfica após
intervenção [25].
Características
clínicas específicas da DP podem estar relacionadas ao resultado encontrado
neste estudo. Indivíduos com esta condição de saúde têm maior dificuldade no
ajuste postural diante de uma instabilidade forçada, uma vez que já apresentam
instabilidade no seu padrão contrátil [21]. Outro fator é o caráter
degenerativo e progressivo da doença. Estudos mostram que a instabilidade
postural na DP demonstra progressão independentemente da implementação
de terapias medicamentosas ou físicas [6].
Características
específicas do modelo de aplicação da
vibração também podem ter interferido no
resultado deste estudo. Suspeita-se que outras características
da vibração de
corpo inteiro possam impor efeitos diferentes sobre a resposta de um
indivíduo
à intervenção [17]. Um estímulo não
previsível ativa mais áreas pré-frontais
envolvidas na tomada de decisões não-rotineiras e no
aprendizado inovador que são menos ativos em pacientes com DP [17]. Os
protocolos em que o padrão da vibração utilizado era variável estariam mais
relacionados a melhorias nos aspectos motores dos pacientes analisados. Um
estudo realizado por protocolo aleatório de terapia vibratória mostrou
efetividade na melhora da marcha e redução da rigidez em indivíduos com DP
[26]. É possível que a modificação na ativação do cérebro possa resultar da
vibração aleatória do corpo inteiro aplicada nestes estudos e consequentemente
melhorar o controle postural do indivíduo [17]. Assim, um sistema de vibração
aleatória pode ser mais adequado para pessoas que sofrem de bradicinesia
e problemas de congelamento, enquanto o presente estudo usou de um protocolo de
treinamento, que apesar de progressivo, apresentou pouca diversificação.
Além disso, a
literatura aponta a transitoriedade no efeito da terapia vibratória inclusive
em indivíduos sem condições de saúde instaladas. Em um estudo, um grupo de
indivíduos saudáveis foi submetido a uma sessão de terapia vibratória de corpo inteiro
para averiguar possíveis lesões musculares em decorrência do impacto causado
pelo recurso, tendo como resultado aumento do recrutamento muscular em
avaliação realizada uma hora após a intervenção, porém retorno ao estado basal
em 48 horas após o procedimento [27].
Uma das explicações
para o padrão encontrado na EMG pode estar nas adaptações do sistema nervoso do
indivíduo com DP para a realização de movimentos voluntários. As interrupções
de atividade neuronal em gânglios de base e a depleção de dopamina no córtex e
medula espinhal alteram a organização recíproca dos neurônios motores
primários, reduzindo suas atividades, o que exige o recrutamento de fibras
musculares adicionais para a realização do movimento [27]. Além disso, a
literatura sugere alterações nas sinergias posturais e aumento da rigidez de
tronco devido aos altos níveis de co-ativação
o que pode interferir nos padrões de recrutamento muscular na DP.
A literatura ainda
não apresenta um consenso em relação ao padrão de recrutamento muscular na DP
[28]. Embora seja descrita alteração no padrão de movimento, desencadeada por
início e reinício de várias contrações musculares para que o movimento seja
realizado, há indícios de que a duração e amplitude do movimento são fatores
relevantes a serem considerados no padrão de recrutamento muscular, bem como em
análises eletromiográficas em indivíduos com DP.
Em todos os músculos
analisados o tamanho amostral se mostrou pequeno (Power<0,80) e o tamanho do
efeito foi considerado baixo (d<0,4). Uma amostra reduzida pode ser um
obstáculo para o alcance de resultados mais consistentes, e foi uma limitação
importante para este trabalho, por isso sugere-se em estudos futuros com
aumento do tamanho da amostra. Outro fator limitante para o alcance de resultados
mais significativos pode ter sido o tempo decorrido entre o fim da última
intervenção e a reavaliação dos pacientes, cerca de 48
horas, e que, devido à transitoriedade do efeito da vibração, se reduzido
poderia ter demostrado resultados diferentes.
Ressalta-se a
relevância de novos estudos com maior tamanho amostral, com intuito de
esclarecer melhor os efeitos do treino vibratório na DP, bem como os fatores
que possam estar relacionados ao tempo de reação e aos padrões de recrutamento
muscular nesta condição de saúde, especialmente no que se refere à coleta de
sinais eletromiográficos como instrumento de
avaliação.
Diante do exposto
conclui-se que a terapia vibratória não demonstrou resultados estatisticamente
significativos sobre o recrutamento de fibras da musculatura postural em
indivíduos com DP na análise por EMG. Os resultados encontrados podem ser
devidos especialmente ao reduzido tamanho amostral e ao caráter progressivo da
DP. Assim sugere-se a realização de novos estudos com maior amostra que possa
comprovar a eficiência do treinamento com terapia vibratória para indivíduos
com DP.