ARTIGO
ORIGINAL
Benefícios
da atividade física em idosos do projeto de extensão Vida Ativa/UNATI
Benefits of physical activity in the elderly of the extension project
Active Life/UNATI
Priscila Batista Valdevite*, Carolina Kosour, Ft.,
D.Sc.**, Lívia Maria
Silvestre Elisei*, Letícia Magalhães Figueiredo e
Castro*, Andréia Maria Silva, Ft., D.Sc.**, Luciana
Maria dos Reis, Ft., D.Sc.**
*Acadêmicas
do Curso de Fisioterapia da Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL/MG),
**Docente do curso de Fisioterapia da Universidade Federal de Alfenas
(UNIFAL/MG)
Recebido em 25 de
outubro de 2017; aceito em 13 de junho de 2018.
Endereço
de correspondência:
Luciana Maria dos Reis, Av. Jovino Fernandes de Sales, 2600 Santa Clara
37130-000 Alfenas MG, E-mail: reislucianamaria@gmail.com; Carolina Kosour: carolina.kosour@unifal-mg.edu.br; Priscila Valdevite: priscilavaldevite@gmail.com; Andreia Maria
Silva: andreiamarias@bol.com.br; Lívia Elisei:
livinhaflor@hotmail.com; Letícia Castro: leticiamuz@hotmail.com
Resumo
Objetivo: Verificar os
efeitos da atividade física na força muscular respiratória, função motora,
sintomas depressivos, qualidade de vida e imagem corporal em idosos do projeto
de extensão Vida Ativa/UNATI. Métodos:
Sete indivíduos, ambos os sexos, com idade média de 68,14 ± 4,38 foram
submetidos a avaliações e reavaliações de força muscular respiratória (PiMáx e PeMáx),
função motora (FPP-D/E, TUG, SPPB, EEB), sintomas depressivos (GDS-15),
qualidade de vida (SF-36) e imagem corporal (IPCg)
após 10 intervenções com atividades físicas, duas vezes na semana, por uma
hora. Resultados: Houve aumento
significativo em SPPB (p = 0,01); aumento não significativo da média dos
valores de PiMáx (p = 0,07)
e diminuição de PeMáx (p = 0,65); manutenção em
FPP-D/E (p = 1); diminuição em TUG (p = 0,48); aumento EEB (p = 0,08);
diminuição em GDS-15 (p = 0,36); em SF-36, obteve-se aumento em alguns
domínios, como Capacidade Funcional (p = 0,79), Estado Geral de Saúde (p =
0,20), Vitalidade (p = 0,25) e Saúde Mental (p = 0,36), manutenção em Aspectos
Emocionais (p = -), e diminuição em Aspectos Físicos (p = 0,66), Dor (p = 0,28)
e Aspectos Sociais (p = 0,14); aumento em IPCg (p =
0,61). Conclusão: Foi observada
manutenção ou melhora de quase todos os aspectos analisados.
Palavras-chave: envelhecimento,
atividade física e qualidade de vida.
Abstract
Aim: To verify the
effects of physical activity on respiratory muscle strength, motor function,
depression symptoms, quality of life and body image in the aging process in
elderly participants of Active Life/UNATI extension project. Methods: Seven individuals of both sexes,
mean age 68.14 ± 4.38 years, were included in the study. Initially, evaluations
were performed and then reassessments of respiratory muscle strength (Pimax and Pemax), motor function
(FPP-D/E, TUG, SPPB, BSE), depressive symptoms
(GDS-15), quality of life and body image (IPCg) were
performed after 10 interventions with physical activities, twice a week,
lasting one hour. Results: We
observed a significant increase in SPPB (p=0.01); non-significant increase of
mean values of Pimax (p = 0.07) and decrease of Pemax (p = 0.65); maintenance in FPP-D/E (p = 1); decrease
in TUG (p = 0.48); increase in EEB (p = 0.08); decrease in GDS-15 (p = 0.36);
in SF-36, an increase was obtained in some areas, such as Functional Capacity
(p = 0.79), General Health Status (p = 0.20), Vitality (p = 0.25) and Mental
Health (p = 0.36), maintenance in Emotional Aspects (p= -), and decrease in
Physical Aspects (0.66), Pain (p = 0.28) and Social Aspects (p = 0.14);
increase in IPCg (p = 0.61). Conclusion: The proposed protocol of physical activity promoted
maintenance or improvement of almost all aspects analyzed.
Key-words: aging,
physical activity and quality of life.
Estudos demográficos
indicam aumento da expectativa de vida, com consequente crescimento do número
de idosos. Com isto, tornam-se necessárias intervenções voltadas a esta
população, uma vez que no processo de envelhecer ocorrem declínios funcionais
que afetam a capacidade respiratória e o desempenho motor, além de alterações
em âmbitos psicológicos e sociais [1].
No sistema
respiratório, a limitação da capacidade fisiológica decorrente do
envelhecimento induz à dimiuição da mobilidade das
articulações costovertebrais, diminuição da
complacência da parede torácica, aumento da complacência pulmonar, redução da
força e resistência da musculatura respiratória e alterações na ventilação
pulmonar [1,2].
Em relação às
alterações motoras, podemos observar rigidez articular, déficit de força e
resistência muscular, diminuição de equilíbrio e coordenação, proporcionando
maior risco de quedas, prejuízos nas atividades de vida diária, por reduzir
aspectos de independência e autonomia, e má qualidade de vida [1,2],
ressaltando a necessidade de abordagem preventiva, curativa e multidisciplinar.
Os programas de
prevenção e reabilitação desempenham importante papel na manutenção ou
restauração de aspectos físicos, psicológicos e sociais dos idosos. Nesse
sentido, avaliar a funcionalidade e suas relações com a capacidade e desempenho
colabora para a identificação de medidas terapêuticas mais efetivas [3].
Diversos estudos
comprovam que a realização de atividades físicas orientadas favorece o retardo
dos efeitos do envelhecimento, melhora a capacidade funcional dos idosos,
diminui o sedentarismo, produz modificações positivas na autoimagem, promove a
socialização e melhora a qualidade de vida [1,3].
Desse modo, o
objetivo do presente estudo foi verificar os efeitos da atividade física na
força muscular respiratória, função motora, sintomas depressivos, qualidade de
vida e imagem corporal no processo de envelhecimento em idosos participantes do
projeto de extensão Vida Ativa/UNATI.
Delineamento
do estudo e local de pesquisa
Trata-se de um estudo
longitudinal realizado no período de junho a setembro de 2016, com idosos
cadastrados no projeto de extensão “Vida Ativa da Universidade Aberta da
Terceira Idade (UNATI)”, no Prédio L, sala 106, do Campus I da Universidade
Federal de Alfenas/MG, que se localiza na Rua Gabriel Monteiro da Silva, 700,
Centro, Alfenas/MG.
Aspectos
éticos
Os procedimentos do
estudo foram aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da Universidade
Federal de Alfenas, de acordo com as normas e diretrizes da resolução 466/12 do
Conselho Nacional de Saúde, com o número de CAAE 52111515.2.0000.5142. Todos os
sujeitos envolvidos leram e assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido.
Seleção
da amostra
Foram selecionados,
aleatoriamente, e de acordo com os critérios de inclusão e exclusão, 12 idosos
participantes do projeto de extensão Vida Ativa/UNATI, com idade média de 67,25
± 6,14 anos, sendo 10 (83,33%) do sexo feminino e dois (16,67%) do masculino.
Critérios
de inclusão e exclusão
Foram incluídos no
estudo indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos, aqueles que
concordaram com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e não apresentaram
fatores de exclusão para tal estudo.
Excluíram-se os
indivíduos com sugestão de alterações cognitivas pelo Mini-Exame
do Estado Mental (MEEM), com limitação ortopédica (cadeirantes; amputados, com
dificuldade acentuada na marcha, além de limitações para a realização das
atividades propostas), que realizavam atividades físicas além da oferecida pelo
protocolo em estudo e grande número de faltas (sem justificativa,
caracterizando abandono à pesquisa ou por motivo de doença).
Procedimentos
e instrumentos de coleta
Foram realizadas 10
intervenções com o protocolo estipulado em estudo, sendo executadas duas vezes
na semana, com duração de uma hora. Inicialmente os sujeitos foram instruídos
quanto aos procedimentos de avaliação, protocolo e reavaliação realizados na
pesquisa.
Os indivíduos foram avaliados antes e após as 10 intervenções. As variáveis mensuradas foram:
- Mini-Exame do Estado Mental
(MEEM), que permite a avaliação da função cognitiva e rastreamento de quadros
demenciais. Inclui 30 itens, dividido em duas seções. O escore máximo é 30
pontos. Pontos de corte: 13 – analfabetos; 18 – escolaridade média ou baixa; 26
– escolaridade alta [4].
- Força muscular
respiratória (PiMáx e PeMáx), pelo manovacuômetro
analógico M120, com intervalos de quatro cmH2O, Globalmed®.
Paciente sentado em uma cadeira, com os pés apoiados no chão, usando clip nasal
durante os testes. Parte de uma expiração máxima e realiza uma inspiração
forçada no aparelho para mensurar a PiMáx.
Parte de uma inspiração máxima e realiza uma expiração forçada no aparelho para
mensurar a PeMáx. Realiza-se
a PiMáx e PeMáx três vezes com descanso de um minuto no intervalo das
medidas, adotando-se o maior valor [5].
- Força de preensão
palmar (FPP), foi mensurada utilizando o dinamômetro
hidráulico de mão da marca Saehan Corporation®
adotando-se a unidade de quilograma-força (Kgf). Com o indivíduo em posição
sentada, coluna ereta, membro superior com cotovelo fletido a 90 graus
segurando o instrumento. O mesmo foi realizado três vezes em mão direita e esquerda,
adotando-se o maior valor, para ambos [6].
- A avaliação da imagem
corporal foi realizada por meio do teste de projeção de pontos, o IMP (ImageMarking Procedure), capaz de predizer o grau de
distorção entre a imagem real e percebida nos diferentes pontos do corpo (alto
da cabeça, ombros, cintura e quadril). Estas foram mensuradas com os indivíduos
de olhos fechados a uma distância da parede de 90 graus de flexão da
articulação glenoumeral. Deste modo, foram demarcados
os pontos reais (com marcador dourado) e percebidos (com marcadores prata,
vermelho e azul) em papéis fixados na parede (alto da cabeça, ombros, cintura e
quadril). As marcações apontadas pelos participantes foram realizadas por três
repetições. Foram mensuradas as distâncias e, por fim, calculou-se o Índice de
Percepção Geral (IPCg) pela
soma das médias das três tentativas percebidas de cada ponto, dividida por
quatro e este valor pela média das medidas reais e multiplicado por 100. De
acordo com a literatura são considerados valores adequados os que estão entre o
intervalo de 99,4% e 112,3%, assim valores abaixo são classificados como hipoesquemáticos e valores acima como hiperesquemáticos
[7].
- Escala de depressão
geriátrica em versão reduzida (GDS-15), utilizada como instrumento de
rastreamento para a depressão em pacientes idosos, com 15 perguntas
negativas/afirmativas cujo resultado de cinco ou seis
rastreia sinais e sintomas de depressão [8].
- Questionário de
qualidade de vida Short Form Health Survey (SF-36),
instrumento que avalia a percepção de qualidade de vida/saúde do indivíduo em
estudo. É composto por 36 itens, dispostos em oito domínios: capacidade
funcional, limitações por aspectos físicos, dor, estado geral de saúde,
vitalidade, aspectos sociais e limitações por aspectos emocionais e saúde
mental. Podendo variar cada domínio de 0 a 100, porém quanto mais próximo de
100 melhor [8].
- Timed Up And Go
Test
(TUG), avalia a mobilidade funcional, equilíbrio sentado, transferências de
sentado para a posição em pé, estabilidade na deambulação e mudanças de curso
da marcha. O paciente deve levantar-se de uma cadeira sem o apoio de braços,
caminhar três metros, girar 180º, retornar sentando-se na cadeira, com o tempo
sendo cronometrado. Pacientes que realizam o teste com um tempo inferior a 10
segundos, apresentam boa mobilidade; entre 11 e 19 segundos são independentes
em atividades básicas; duração igual ou superior a 20 e até 29 segundos tem
indicativo de dependência moderada; e igual ou superior a 30 indica dependência
na mobilidade e atividade de vida diária [9].
- Short Physical Performance Battery (SPPB) é composto de
três testes que avaliam, o equilíbrio em pé, a velocidade da marcha em passo
habitual e indiretamente, a força muscular dos membros inferiores, por meio de
sentar e levantar da cadeira. O escore total da SPPB, obtido pela soma das
pontuações de cada teste, pode variar entre zero a 12 pontos (pode-se receber
de zero a quatro pontos em cada etapa), sendo graduado de zero a três pontos,
quando é incapaz ou mostra desempenho muito ruim; quatro a seis pontos
representa baixo desempenho; sete a nove pontos em caso de moderado desempenho
e 10 a 12 pontos, ao apresentar bom desempenho [10].
- Escala
de Equilíbrio de Berg (EEB), instrumento de avaliação do equilíbrio composto de
14 tarefas, com cinco itens cada e pontuação de zero a quatro para cada tarefa
(zero - é incapaz de realizar a tarefa e quatro - realiza a tarefa
independente). O escore total varia de zero a 56 pontos. Quanto menor for a pontuação, maior é o risco para quedas; quanto maior,
melhor o desempenho [11].
Protocolo
de estudo
A prática de atividade
física já era realizada pelos idosos no projeto de extensão (Vida Ativa),
contudo, posteriormente foi estabelecido um protocolo, com embasamento
científico e teórico, a ser desenvolvido pelos indivíduos responsáveis pela
pesquisa. Assim, os idosos participantes do projeto de extensão Vida
Ativa/UNATI realizaram exercícios, que visavam aquecimento, alongamentos,
treino de mobilidade, fortalecimento muscular, treino de equilíbrio, treino de
coordenação motora e relaxamento, executados em frente ao espelho, para
estimular uma melhor percepção corporal.
Análise
estatística
Os resultados foram
apresentados em Média
Para a comparação
entre os momentos (avaliação e reavaliação), foram aplicados os
testes t pareado e Wilcoxon.
Para determinar o poder da amostra (power),
se adotou valor maior que 80%, enquanto para definir o efeito da amostra (d),
se considerou d baixo contendo intervalo entre 0 a 0,4, médio entre 0,5 a 0,7 e
alto maior que 0,8. Os valores foram considerados significativos quando p menor
que 0,05.
Para a realização da
estatística foi usado o programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 20.0 e para o cálculo do poder
(power)
e efeito (d) da amostra, utilizou o G Power,
versão 3.1.9.2.
A amostra inicial foi
constituída de 12 idosos participantes do projeto Vida Ativa/UNATI, porém cinco
desistiram da pesquisa por motivos pessoais. Portanto, fizeram parte da
pesquisa, apenas sete indivíduos, com idade média de 68,14 ± 4,38, cinco
(71,43%) do sexo feminino e dois (28,57%) do masculino.
Em relação aos
parâmetros respiratórios (PiMáx
e PeMáx), foi observada ausência de significância
estatística, porém houve aumento da média dos valores em PiMáx
(p = 0,07) e diminuição de PeMáx (p = 0,65) (Tabela
I).
Acerca de os
parâmetros motores (FPP-D/E, TUG, SPPB, EEB), foi observado aumento
significativo apenas no SPPB (p = 0,01), porém, em relação aos valores de
média, houve manutenção na FPP-D/E (p = 1), diminuição no TUG (p = 0,48), e
aumento em EEB (p = 0,08) (Tabela II).
A respeito dos
parâmetros psicossociais (GDS-15 e SF-36) estudados, não foi verificada
significância estatística, contudo, houve diminuição da média na GDS-15 (p =
0,36) e, em SF-36, houve aumento em alguns domínios, como Capacidade Funcional
(p = 0,79), Estado Geral de Saúde (p = 0,20), Vitalidade (p = 0,25) e Saúde
Mental (p = 0,36), manutenção em Limitações por Aspectos Emocionais (p = -), e
diminuição em Limitações por Aspectos Físicos (p = 0,66), Dor (p = 0,28) e
Aspectos Sociais (p = 0,14) (Tabela III).
Sobre a Imagem
Corporal (IPCg) foi
observado aumento não significativo (p = 0,61; d = 0,17; Power = 0,07), porém
em avaliação () =101,43 e DP = ±
7,51%) e reavaliação () =102,51 e DP=±4,08%)
os valores estão classificados dentro do intervalo de normalidade.
Tabela
I - Comparação do instrumento de avaliação Força
Muscular Respiratória (PiMáx
e PeMáx), pré e
pós-intervenção com o protocolo de estudo.
PiMáx = Pressão Inspiratório
Máxima; PeMáx = Pressão Expiratória Máxima; () = Média; DP (Desvio
Padrão da Média); a teste t pareado; b teste de Wilcoxon;
p<0,05; d = tamanho do efeito; Power = poder da amostra.
Tabela
II -
Comparação dos instrumentos de avaliação
FPP - D, FPP - E, TUG, SPPB, EEB, pré e
pós-intervenção com o protocolo de estudo.
FPP - D = Força de Preensão
Palmar - Direita; FPP-E = Força de Preensão Palmar - Esquerda; TUG = TimedUpandGo Test; SPPB = Short Physical Performance Battery; EEB
= Escala de Equilíbrio de Berg; () = Média; DP = Desvio
Padrão da Média; a teste t pareado; b teste de Wilcoxon;
p<0,05; d = tamanho do efeito; Power = poder da amostra.
Tabela
III
- Comparação dos instrumentos de
avaliação SF-36 e GDS-15, pré e pós- intervenção com
o protocolo de estudo.
GDS-15 (Escala de
Depressão Geriátrica em Versão Reduzia); SF-36 (Short Form
Health Survey 36; () = Média; DP = Desvio
Padrão da Média; a teste t pareado; b teste de Wilcoxon; p<0,05; d (tamanho do efeito); Power (poder da
amostra).
As alterações
respiratórias relacionadas ao envelhecimento contribuem para a percepção da
dispneia e intolerância ao exercício, embora se acredite que uma abordagem
multidisciplinar com atividades como educação, treinamento físico e suporte
psicossocial, promova importante melhora na capacidade do sistema respiratório
nestes casos [1,3].
No presente estudo,
não foram observadas alterações significativas em PiMáx e PeMáx, o que pode
estar relacionado ao número reduzido de sujeitos estudados.
Acerca da preensão
palmar direita e esquerda foi observada ausência de significância, porém
manutenção dos valores da média, o que pode estar relacionado com a efetividade
do treino em evitar a perda de força muscular global relacionada à idade. Estes
resultados corroboram um estudo realizado com 14 idosas, treinando três vezes
por semana, durante nove semanas, com duração total das sessões de 45 minutos, obtendo
resultados com ausência de significância estatística, porém com pequeno aumento
de média antes para após intervenção [12].
Em relação ao tempo
de execução do teste de TUG, a presente pesquisa apresentou diminuição não
significativa. Achados na literatura permanecem controversos em relação aos
resultados alcançados com o teste de TUG em idosos. Uma pesquisa com oito
idosos, com intervenções realizadas três vezes na semana, durante seis meses,
duração total das sessões de 90 minutos, apresentou aumento estatisticamente
significativo em mobilidade funcional por meio do TUG [1]. Em outro estudo,
envolvendo 39 idosas, obteve ausência de resultado significativo entre a
avaliação inicial e final [13].
Nesta pesquisa se
obteve aumento significativo em SPPB. Contribui com a presente pesquisa, um
estudo com 12 idosos, tendo intervenção com frequência de três vezes semana,
com duração de 60 minutos, totalizando 16 semanas, no qual foi constatado
aumento significativo de SPPB de avaliação para reavaliação [14]. Outro estudo,
realizado com 40 idosos (15 homens e 25 mulheres), divididos em dois grupos (n
= 20 para ambos), um contendo sujeitos sedentários e o outro, praticantes de
atividades físicas regulares, pelo menos nos últimos seis meses, no mínimo três
vezes por semana, por 30 minutos ininterruptos, tais como caminhada,
musculação, hidroginástica e dança, alcançou diferença significante entre os
grupos (sedentários com SPPB=8 e praticantes de atividades físicas regulares
com SPPB=10) quanto ao desempenho físico avaliado pelo SPPB [15]. Desta forma
pode-se inferir que a prática de atividade física foi fundamental para a
melhora do desempenho dos membros inferiores, promovendo um envelhecimento
funcional.
Foi observado,
também, aumento não significativo do valor médio na EEB. Este resultado
corrobora um estudo realizado com dois grupos de idosos, sendo 1) com idosos que realizaram exercício de coordenação motora
e equilíbrio e 2) que realizaram exercícios aeróbicos (n = 12 para ambos os
grupos). Os resultados obtidos para o grupo 1 foi de
aumento após intervenção para a EEB, contendo diferença estatisticamente
significativa ao comparar os dados antes e após a atividade física; o grupo 2
também apresentou aumento após a intervenção, porém não houve diferença
estatisticamente significativa [16]. Em outra pesquisa, envolvendo 55 idosas
divididas em dois grupos conforme a prática ou não de exercícios físicos
(grupos ativos, n = 27 e grupo sedentários n = 28), obteve-se diferença
estatisticamente significativa entre os grupos [17]. Embora os resultados deste
estudo não apresentassem significância, houve aumento na EEB após as
intervenções, conferindo bom desempenho em equilíbrio.
Neste estudo foi
observada diminuição não significativa do valor da GDS-15 e, de acordo com as
médias, os idosos não apresentaram sintomas depressivos. Em um estudo
desenvolvido com 850 idosos de ambos os sexos, divididos em dois grupos: 1)
ativos no lazer (n = 132) composto de idosos que dispendiam 150 minutos ou mais
de atividade física semanal; e 2) inativos no lazer (n = 718), idosos que
dispendiam de 0 a 149 minutos de atividade física semanal, observou-se que os
idosos do grupo 1 que não apresentaram sintomas
depressivos foram de 88,6%, já os que apresentaram foram 11,4%. Em relação aos
idosos do grupo 2, que apresentaram sintomas
depressivos, o valor foi de 24% e os que não apresentaram esses sintomas foram
de 76%. Os idosos do grupo 2 apresentaram maior
indicativo de depressão, comparados aos idosos ativos [18]. Apesar de não haver
significância estatística nos estudos apresentados, os resultados do GDS-15
expressaram a ausência de depressão nos grupos, pactuando com o estudo em
questão, o que indica a prática de atividade física como preditor
de diminuição nos sintomas depressivos em idosos.
Em relação à
qualidade de vida avaliada por meio da SF-36, não houve diferença estatística
nos oito domínios, porém, comparando pré e
pós-intervenção, a média dos domínios capacidade funcional, estado geral de
saúde, vitalidade e saúde mental aumentaram e as limitações por aspectos
emocionais se mantiveram, isso nos indica que os idosos tiveram melhora em
alguns aspectos de qualidade de vida. Corroborando a presente pesquisa, um
estudo com a amostra composta de 40 indivíduos, 20 praticantes de atividades
físicas e 20 sedentários, mostrou diferença entre os praticantes de atividades
físicas quando comparados aos sedentários, em que todos os domínios foram
significativamente bons em favor dos praticantes de atividades físicas [19].
A avaliação da imagem
corporal pelo IPCg mostrou
aumento não significativo após a prática de atividade física, porém os dados de
média se encontraram dentro da normalidade. Em um estudo com 146 indivíduos de
11 a 75 anos, sedentários, estratificados por faixas etárias: adolescentes (n =
30), adultos jovens (n = 92), adultos (n = 11) e idosos (n = 13), onde o grupo
de idosos apresentou um elevado índice de pessoas com hipoesquematia
(62%) [20]. A explicação para essa acurácia prévia e o pequeno aumento em resultados
de imagem corporal (IPCg)
dos idosos nesse estudo pode estar no fato de que esses já praticavam atividade
física no projeto.
Uma possível
justificativa para a maioria dos resultados não apresentarem significância
estatística é o número reduzido de idosos na pesquisa. Uma segunda
justificativa refere-se ao fato de que os idosos, componentes desta amostra, já
eram praticantes de atividade física no projeto em questão, denotando caráter
preventivo na promoção de um envelhecimento ativo, funcional e saudável.
Conclui-se que o
protocolo de atividade física proposto promoveu manutenção ou melhora de quase
todos os aspectos analisados, apesar de muitos destes não expressarem
significância estatística, proporcionado assim à manutenção de um
envelhecimento ativo, funcional e saudável.