REVISÃO
Efeitos
fisiológicos e terapêuticos da luz intensa pulsada
Physiological and therapeutic effects of intense pulsed light
Andressa Perin
Martins, M.Sc.*, Mariana Ribeiro de Paula, M.Sc.**,
Naudimar Di Pietro Simões, M.Sc.***
*Fisioterapeuta,
Mestre em Fisiologia, professora da Faculdade Opet e Universidade Positivo,
**Fisioterapeuta, Mestre em Engenharia Biomédica, professora da Faculdade Opet
e Universidade Positivo, ***Fisioterapeuta, Coordenadora e professora da
Faculdade IBRATE
Endereço
para correspondência:
Andressa Perin Martins, Rua Governador Agamenon Magalhães, 55 Curitiba PR,
E-mail: aperinmartins@gmail.com; Mariana Ribeiro de Paula:
mariribpaula@hotmail.com; Naudimar Di Pietro Simões: naudipietro@hotmail.com
Resumo
Os dispositivos de
luz intensa pulsada promovem o princípio básico de absorção de fótons por
cromóforos endógenos ou exógenos encontrados na pele. A luz pulsada é
convertida em energia calorífica, a qual coagula o alvo desejado
(foto-termólise seletiva). Essa tecnologia envolve um sistema de lâmpadas
paralelas de xenônio e capacitores contidos, que é aplicada diretamente à
superfície da pele. Seu espectro de emissão varia de 500 a 1300 nm,
apresentando assim, uma grande versatilidade de tratamentos. Para a construção
deste artigo de revisão, a metodologia adotada foi uma pesquisa bibliográfica
em revistas científicas da área de saúde indexadas no Pubmed (entre os anos de
1989 a 2016) que abordam os efeitos terapêuticos e fisiológicos da terapia de
luz intensa pulsada. Dentre os efeitos terapêuticos aplicados à terapia com luz
intensa pulsada, destacamos a remoção de pelos,
tratamento de lesões pigmentadas, lesões vasculares, acnes, e rejuvenescimento
da pele. Uma das maiores vantagens dos dispositivos de luz intensa pulsada é em
relação à sua versatilidade e a economia.
Esses dispositivos são mais vantajosos devido a sua capacidade em tratar
grandes áreas de pele. No entanto, mais ensaios controlados comparativos com um
período de acompanhamento estendido são necessários para determinar diferenças
significativas da LIP e outras terapias.
Palavras-chave: luz intensa
pulsada, efeitos fisiológicos, efeitos terapêuticos.
Abstract
The devices of intense pulsed light, similar to lasers, has the basic
principle to absorption of photons by endogenous or exogenous chromophores in
the skin. The pulsed light is converted into heat energy, which coagulates the
desired target (photo-selective thermolysis). The
intense pulsed light technology involves a system of parallel xenon lamps and
capacitors contained in an articulated arm that is applied directly to the skin
surface. Its emission spectrum ranges from 500 to 1,300 nm, thus presenting a
great versatility of treatments. For the construction of this review, the
methodology adopted was a literature search in scientific journals healthcare
indexed in Pubmed (between the years 1989 to 2016)
that address the physiological and therapeutic effects of intense pulsed light
therapy. Among the therapeutic effects of the intense pulsed light therapy, we
highlight hair removal, pigmented lesions, vascular lesions, acnes treatment,
and finally skin rejuvenation. One of the major advantages of the intense
pulsed light is in relation to its versatility and economy. Moreover, the
devices of intense pulsed light are more advantageous due to their ability to
treat large areas of skin. However, more comparative controlled trials with extended
follow-up period are needed to determine significant differences between the
intense pulsed light and other therapies.
Key-words: intense
pulsed light, physiological effects, therapeutic effect
Em 1990, Goldman e
Eckhouse descreveram uma lâmpada de alta intensidade como uma nova ferramenta
para tratar lesões vasculares. Portanto, a luz intensa pulsada (LIP) foi
lançada comercialmente como um dispositivo médico em 1994 [1].
Nos anos seguintes,
várias modificações técnicas permitiram um fácil manuseio, aumento da
segurança, e ampliação do espectro de indicações potenciais desse aparelho.
Atualmente, os dispositivos LIP são controlados por computadores e por
capacitores para gerar alta intensidade de luz pulsada policromática [2].
Os dispositivos de
LIP, semelhantes aos lasers, promovem o princípio básico de absorção de fótons
por cromóforos endógenos ou exógenos encontrados na pele. Estes cromóforos são
caracterizados por estruturas como a hemoglobina, melanina e água. Além disso, outro princípio básico dos LIPs é
a transferência de energia para esses cromóforos, que pode gerar transferência
de calor e posteriormente, destruir a estrutura do alvo desejada [2].
A tecnologia com LIP
envolve um sistema de lâmpadas paralelas de xenônio e capacitores contidos em
um braço articulado, que é aplicada diretamente à superfície da pele. Pulsos
únicos ou múltiplos de luz de alta intensidade são rapidamente descarregados
para a superfície da pele. A luz viaja através da pele a um comprimento de onda
selecionado até que se atinja o cromóforo desejado. A luz pulsada é convertida
em energia calorífica, a qual coagula o alvo desejado, tal como uma lâmpada.
Esse alvo pode ser o bulbo capilar no interior da derme. A absorção da luz não
penetra tão profundamente, de maneira suficiente para causar danos térmicos à
epiderme. Esta técnica é conhecida como foto-termólise seletiva. Os pulsos de
luz produzidos são de curta duração, o que minimiza o desconforto e a
descoloração da pele [3].
O espectro de emissão
dos LIPs varia de 500 a 1.300 nm. Com o auxílio de filtros conversíveis de
corte, os LIPs podem ser facilmente adaptados para o comprimento de onda
desejado, permitindo maior versatilidade em sua utilização [2]. A variabilidade
de comprimentos de onda alcançada com uma simples mudança de um filtro de
cristal permite que se realize vários procedimentos
estéticos com um único aparelho (Figura 1) [4].
Figura
1 - Espectro de comprimentos de ondas e
indicações clínicas. Fonte: [45].
Tendo em vista que,
os dispositivos de LIP apresentam um largo espectro de comprimento de onda, os
três cromóforos chave da pele podem ser ativados com uma única exposição à luz.
Porém, esta versatilidade implica em seletividade reduzida. O tipo (foto-tipo)
da pele do paciente e o estado da mesma determinam a escolha dos filtros de
corte e, portanto, o espectro de comprimento de onda a ser emitido. Sabe-se
também, que a absorção da luz pela pele não está vinculada à sua coerência e
que a reação fotobiológica evocada ocorre independentemente da fonte de
aquecimento. Além disso, os cromóforos chave de pele humana apresentam largos
espectros de absorção. Desta forma, a monocromaticidade não é um requisito básico
para a foto-termólise [2].
Semelhante aos
dispositivos de laser, a duração de pulso deve ser menor que o tempo de
relaxamento térmico da estrutura alvo para prevenir danos não seletivos no
tecido circundante. A combinação de comprimentos de onda individuais, durações
de pulso, intervalos de pulso, e fluências facilitam o tratamento e apresentam
um largo espectro de condições de tratamentos, como acne vulgar, lesões
pigmentadas, lesões vasculares, excesso de pelos,
cicatrizes foto-danificada, dentre outras [2].
Material
e métodos
Para a construção
deste artigo de revisão, a metodologia adotada foi uma pesquisa bibliográfica
em revistas científicas da área de saúde (entre os anos de 1989 a 2016) que
abordam os efeitos terapêuticos e fisiológicos da terapia de luz intensa
pulsada.
Resultados
Figura
2 - Anatomia da pele. [Fonte: Van de Graaff KM.
Anatomia Humana. Barueri: Manole; 2003].
LIP na
remoção de pelos
A partir do século
XX, algumas mudanças de valores na sociedade passaram a ser notáveis. Dentre
elas está a o fato das mulheres darem mais foco na remoção de pelos visíveis do
corpo. Desde então, vários tipos de depilação temporária são amplamente
utilizados em uma base sazonal. Contudo, também faz-se
necessária uma solução mais permanente na remoção dos pelos.
Neste contexto, uma
compreensão básica do ciclo de crescimento do pelo é essencial quando estuda-se o seu processo de remoção. Existem três fases de
crescimento do pelo: 1) anágena (fase de crescimento), 2) catágena (fase de
transição), e 3) telógena (fase de repouso). Anágena é a fase ativa do folículo
piloso [7]. As células-tronco no bojo
estão em divisão rápida, e, eventualmente, novos pelos são formados, os quais
são empurrados para cima e para fora do eixo da epiderme. O cabelo cresce cerca
de 1 cm a cada 28 dias. A perda de pelo pode ocorrer
quando a fase anágena é interrompida por medicamentos ou doenças diferentes.
O bulbo capilar está
na base do folículo, onde se encontra em contato com a papila dérmica e contém
o cromóforo de melanina. Mulheres com cabelos escuros têm maiores quantidades
de melanina e, portanto, melhores resultados na depilação com LIP [8].
Com a finalidade da
depilação permanente, o dispositivo LIP é ajustado a um comprimento de onda
entre 640 e 690 nm em modo pulsado. A duração da frequência de pulsos é
correlacionada com o comprimento do pelo a ser removido. Quanto mais longo for
o pelo, maior a será a frequência de pulso. A luz emitida
penetra através da pele até que se atinja o bulbo piloso. O bulbo contém a
maior concentração de melanina em comparação com o resto da haste do pelo. Como
a luz é convertida em energia térmica, o bulbo e a maior parte da haste do
cabelo são coagulados. O calor produzido também destrói a produção de papila do
pelo ou todo o folículo piloso. Para ser eficaz, uma quantidade adequada de
energia térmica deve alcançar ambas as estruturas para promover coagulação e
parar o crescimento do pelo. Uma redução mais eficaz na quantidade de pelos,
através da terapia com LIP, é conseguida quando os folículos pilosos
encontram-se na fase anágena. Em geral, são necessários intervalos de 4 semanas entre os tratamentos para se obter os melhores
resultados, pois em média, esse é o tempo necessário para que os pelos entrem
na fase anágena [8].
Uma série de artigos
científicos documenta a eficácia do tratamento do LIP para a remoção de pelos.
Em um estudo com participantes do sexo feminino, ao comparar o laser de diodo
(Lightsheer CE, Lumenis, Inc., Santa Clara, CA, 20-45 J/cm2, duração
de pulso de 30 milissegundos) com um dispositivo de LIP (Luminette, Lynton
Lasers, Cheshire, Reino Unido, , lem = 625-1.100 nm, 32 J/cm2, duração de pulso:
8X4 milissegundos, duração total de pulso: 95 milissegundos), observou-se que
tanto o laser quanto o LIP apresentaram uma substancial redução da contagem de
pelos após o término do tratamento [9].
Em outro estudo,
pesquisadores investigaram os efeitos colaterais do LIP para a remoção de pelos
em 1.000 pacientes do sexo feminino com hirsutismo. As pacientes foram tratadas
a cada 4 ou 6 semanas por oito sessões ou mais
(fluência: 16 - 30 J/cm2, de acordo com os tipos de pele, segundo
classificação de Fitzpatrick e conforme sua tolerância). Os autores
documentaram o sintoma de ardência como um efeito colateral, seguido por
hiperpigmentação pós-inflamatória (n = 75), ruído e erosão (n = 64), foliculite
(n = 35), hipopigmentação pós-inflamatória (n = 10) e, por fim, a formação de
cicatrizes (n = 1). Inesperadamente, hipertricose paradoxal ocorreu em todas as
pacientes [10].
O mesmo autor do
estudo citado anteriormente [11], encontrou aumento da
densidade paradoxal de pelos depois do tratamento de foto-depilação com LIP.
Outros autores em um estudo retrospectivo [12] relataram maior crescimento de
pelos em 57 de 543 pacientes tratadas com laser de alexandrita (Nd: YAG pulsado) ou
com dispositivo de LIP (Epilight),
correspondendo a 10,5% do total de tratamentos. Infelizmente, seus resultados
não foram proporcionalmente alocados conforme os diferentes dispositivos
utilizados em cada caso. Contudo, o maior crescimento de pelos apareceu tanto
dentro quanto fora da área tratada. Os autores assumem que uma energia térmica sub-terapêutica é fornecida aos folículos vizinhos,
induzindo o crescimento do pelo terminal. Como estratégia protetora, uma
posterior aplicação de frio nas áreas adjacentes ao tratamento minimizou a
incidência do crescimento de pelos.
Lip no
tratamento de lesões pigmentadas
No tratamento de
lesões pigmentadas, o primeiro passo é, um diagnóstico
da lesão a ser tratada e a exclusão de um processo maligno. O fato de que os
dispositivos LIP emitem luz com durações de pulso no intervalo de
milissegundos, torna-os uma boa alternativa para o tratamento de lesões
pigmentadas.
Alguns pesquisadores
estudaram a eficácia e a segurança de um dispositivo LIP (Lumenis One, Lumenis,
Inc., Santa Clara, CA; Fluência: 13-17 J/cm2; filtros 560-/590-nm,
pulsos duplos ou filtros 590-/615-/640-nm e pulsos triplos, 3-4 milissegundos
de duração de pulso; 25-40 milissegundos de atraso de pulso) no tratamento do
melasma em pacientes chinesas (n = 89). As pacientes receberam tratamentos de
LIP com 3 semanas de intervalo. Sessenta e nove de 89
pacientes (77,5%) apresentaram 51% de melhoria global, segundo a avaliação por
dermatologistas. A auto-avaliação por parte das
pacientes, indicou que 63 de 89 pacientes consideraram 50% ou mais de melhora
com o tratamento [13].
Em outro estudo,
pesquisadores determinaram a eficácia do combinado LIP e Q-switched ruby laser
(QSRL) para clarear pigmentos cutâneos e também para foto-rejuvenescimento
global em mulheres coreanas com dois ou mais tipos de distúrbios faciais
pigmentares. O tratamento inicial foi realizado com um dispositivo de LIP, as
reaplicações eram realizadas a cada 3-4 semanas conforme a necessidade. O
tratamento com QSRL, foi adicionado a mesma sessão ou no prazo de 1 semana após o tratamento com LIP. De acordo com os
resultados, 76% das pacientes relataram uma boa resposta. Independente da
avaliação médica, 60% das pacientes apresentaram 76% de melhora. Outro fator
importante a ser mencionado, é que os efeitos colaterais foram mínimos: 12% das
pacientes mostram hiperpigmentação pós-inflamatória transitória e 4% das
pacientes tiveram hipopigmentação linear [14].
A eficácia de um
dispositivo de LIP (Elipse Flex, Desenvolvimento Dermatológico Dinamarquês; lem = 400-720 nm, tamanho do ponto: 10 milímetros
x 48 milímetros; duração do pulso: 2-7 milissegundos, atraso: 25 milissegundos;
Fluência: 10-20 J/cm2), foi avaliada no tratamento de lentigo
solarar (18 pacientes) e de nevos melanocíticos benignos (8
pacientes). Dois meses após um único tratamento, a avaliação
por meio de fotografias mostraram uma redução em 96% das pacientes e uma
depuração média de 74,2% para o lentigo solar e 66,3% para os nevos
melanocíticos [15].
Teleangectasia
Os filtros de corte
dos dispositivos de luz intensa, permitem a emissão de
comprimentos de onda mais seletivos para tratamento de lesões vasculares,
visando oxigenoglobina em várias profundidades. No entanto, alguns dos filtros
para lesões vasculares frequentemente atuam em comprimentos de onda que são
facilmente absorvidos pela melanina, de modo a serem mais arriscado para
fototipos mais escuros.
Neste sentido, alguns
novos dispositivos oferecem filtros que permitem a omissão dos comprimentos de
onda mais longos, escolhidos para alcançar uma menor absorção de melanina [16]. Além disso, os
modelos mais recentes incorporam mais de um filtro que bloqueia os comprimentos
de onda mais curtos e longos, resultando em uma faixa estreita de luz. O
intervalo de comprimento de onda destes dispositivos de LIP de banda estreita
pode permitir um tratamento mais seguro de lesões vasculares [17,18].
Em um estudo
randomizado, pesquisadores compararam a eficácia do laser pulsado (LPDL) com um
dispositivo de LIP (Elipse Flex, Desenvolvimento Dermatológico Dinamarquês;, lem = 530-750 ou 555 - 950 nm; duração do pulso: 10 - 20
milissegundos; fluência: 8-20 J/cm2) para o tratamento de
telangiectasias após radioterapia para câncer de mama. Os autores relataram
clareamento dos vasos medianos de 90% (LPDL) versus 50% (IPL) depois de três
meses tratamento [19].
A eficácia e os
efeitos colaterais de um dispositivo de LIP (Elipse Flex, Desenvolvimento
Dermatológico Dinamarquês; lem = 555-950 nm; duração de pulso: 10-30 milissegundos;
fluência: 10-26 J/cm2) foi analisada no tratamento de pacientes com
telangiectasias faciais. O tratamento foi realizado com 1
mês de intervalo entre as sessões. Dois meses após o último tratamento, 79,2%
dos pacientes obtiveram mais do que 50% de redução no número de vasos e 37,5%
obtiveram redução de aproximadamente 75%. Os efeitos colaterais foram raros
(eritema e edema moderado), e nenhuma cicatriz ou alterações pigmentares foram
observadas [20].
Um estudo de
perspectiva comparou um dispositivo LIP (Vasculight, Lumenis, Londres, Reino
Unido; filtro: 515, 550 ou 570 nm, fluência: 15-38
J/cm2; duração de pulso: não indicado) com um laser Nd: Yag em pacientes com telangiectasias, veias
aparentes nas pernas, ou angiomas da cereja. Os pacientes com telangiectasias,
angiomas de cereja, ou veias aparentes nas pernas de espessura menor de 1 mm, ficaram satisfeitos após o tratamento com IPL. Por
outro lado, os pacientes com veias aparentes nas pernas de espessura maior de 1mm ficaram mais satisfeitos após o tratamento com o
laser Nd: YAG, que foi relatado por
todos os pacientes como o tratamento mais doloroso [21].
Pesquisadores
investigaram a eficácia e a segurança de um dispositivo de LIP (515-1.200 nm)
no tratamento de telangiectasias faciais. Neste estudo, 67,1% pacientes
responderam de maneira excelente ao tratamento, 30,7% responderam de maneira
boa ao tratamento e 2,1% apresentaram apenas um pequeno clareamento das
teleangectasias. Os efeitos colaterais no pós-tratamento foram mínimos e
transitórios [22].
LIP no
tratamento de acne
Quase 90% de todos os
adolescentes e 20% de todas as mulheres adultas experimentam a acne em algum
momento de suas vidas. As terapias tradicionais incluem cremes ou loções de uso
tópico, que causam vermelhidão e irritação da pele. Os antibióticos orais são
também amplamente utilizados, mas estudos recentes indicam uma taxa de
resistência associada a 40% dos casos. No Reino Unido, cerca de U$ 1,4 bilhões são gastos anualmente com esses tratamentos
com resultados pouco satisfatórios [23].
A terapia com LIP é
utilizada para erradicar de forma segura o sebo e bactérias nos poros da pele
que levam à formação da acne [23,24] e por consequência é uma boa indicação
no tratamento de acne. Esta terapia, utiliza a mesma
faixa de comprimento de onda (420 nm), porém com a filtragem de raios UV.
O folículo piloso é
localizado em ambas as camadas superiores da pele. Com as alterações hormonais
femininas, um endurecimento da camada de queratina ou hiperqueratinização pode
ocorrer como resultado de um aumento na produção de sebo. Este endurecimento
pode causar o bloqueio dos poros da pele e do folículo piloso, formando um
ambiente anaeróbio. As bactérias causadoras da acne acumulam-se e replicam-se
rapidamente em ambientes anaeróbios. Estas bactérias danificam a parede do
folículo e iniciam uma reação inflamatória.
Nos processos
metabólicos de acnes, porfirinas são produzidas. Estas moléculas orgânicas
absorvem a luz com um comprimento de onda na faixa de UV. Quando as porfirinas
estão ativas quimicamente, eles induzem uma reação fotodinâmica e,
posteriormente, liberam oxigênio ou radicais livres. Os radicais livres
destroem as bactérias causadoras da acne nas glândulas sebáceas. Este é um dos
mecanismos de ação do IPL. Grande parte dos estudos mostram uma melhora de 80%
com apenas 3 aplicações de IPL. Esta terapia tem
demonstrado ser muito superior a agentes tópicos, tais como peróxido de
benzoíla, que é largamente utilizado no tratamento de acne [24].
Um estudo comparou a
eficácia de laser PDL e LED com a eficácia de um dispositivo LIP lem = 550-1.200 nm;
fluência: 22 J/cm2, duração de pulso: 30
milissegundos) o tratamento em um ambiente controlado ensaio clínico
randomizado. Pacientes com acne moderada à severa foram divididos
aleatoriamente em três grupos iguais. A redução nas lesões de acne foi de 90,0%
no tratamento com laser PDL, de 41,7% no tratamento com LIP e de 35,3% no
tratamento com laser LED. Todos os tratamentos foram bem tolerados [25].
A avaliação de um
dispositivo de LIP (Elipse Flex, Desenvolvimento Dermatológico dinamarquês; lem = 530-750 nm; duração do pulso: 2- 2,5 milisegundos;
atraso: 10 milissegundos; fluência: 7,5-8 J/cm2) foi realizada em
pacientes do sexo feminino com acne leve a moderada. Um lado da face foi
tratado somente com gel de peróxido de benzoilo; e do outro lado da face, foi
aplicado o gel de peróxido de benzoilo e LIP. Depois de três sessões em 3 semanas, não detectou-se diferença significativa no que
diz respeito a uma eventual redução de lesões inflamatórias em ambos os lados
da face. No entanto, máculas vermelhas, pigmentação
irregular, e tom de pele melhorou em 63% dos voluntários que foram
tratados com LIP em um lado da face versus 33% no lado controle [26].
LIP no
rejuvenescimento da pele
O envelhecimento da
pele é determinado por vários fatores e é caracterizado clinicamente não só
pelas rugas, mas também por alterações pigmentares, afinamento da pele e
telangiectasias. Atualmente, diversas técnicas de tratamento não-ablativas
estão disponíveis para auxiliar no rejuvenescimento da pele, incluindo lasers e
dispositivos de LIP. Por esse e por outros motivos, permanece elevado o
interesse na eficácia do tratamento com dispositivos de LIP [27].
Muitas teorias
relacionadas aos tratamentos não-ablativos contra o foto-envelhecimento, são
discutidas. Uma delas relaciona-se ao calor dérmico promovido por esse tipo de
tratamento, que leva a um mecanismo de reparação de fibroblastos e consequente
ativação e remodelamento do colágeno [27,28]. Comprimentos de
ondas mais curtos tem sido proposto para induzir calor que promove
ativação de citocinas, levando a um remodelamento secundário do colágeno
através das proteínas que sofrem alterações térmicas endoteliais e vasculares,
bem como, modulação fibroblástica e de fatores de crescimento [29].
Para definir melhor o
mecanismo de ação da LIP aplicada ao rejuvenescimento da pele, um estudo
realizou biópsias antes e depois do tratamento, posteriormente essas amostras
foram examinadas histologicamente. A análise mostrou um aumento no colágeno do
tipo 1 e 3 após o tratamento, enquanto que o teor de
elastina diminuiu, mas as fibras de elastina foram dispostas de maneira mais
ordenada. De acordo com investigações de microscopia eletrônica de transmissão,
a ativação dos fibroblastos aumentou. Os fibroblastos se tornaram mais ativos,
e mais fibras de colágeno se rearranjaram ordenadamente dentro do estroma [30].
Além disso, outro
estudo evidenciou a formação de novo colágeno em pacientes, após 4 tratamentos utilizando uma fonte de LIP. Também observaram
uma melhora qualitativa fotográfica em 25 de 30 pacientes após quatro sessões
de tratamento utilizando um filtro de corte de 645 nm e energias entre 40 e 50
J/cm2 [29]. Com isso, demonstra-se
evidências morfológicas da melhora clínica da textura da pele após tratamentos
com LIP.
A utilização de
foto-protetores deve ser seguida rigorosamente de 7 a 10 dias antes e pós o
tratamento com LIP. Alguns autores defendem a cessação temporária de agentes de
rejuvenescimento tópico [27]. Agentes tópicos de rejuvenescimento, como a
aplicação diária de 10% a 30% de ácido alfa-hidroxi associado com hidroquinona
4% e tratamentos epidérmico como microdermoabrasão podem ser estratégias
sinérgicas e que fazem parte da abordagem combinada para programas de
foto-rejuvenescimento não-ablativos.
Um estudo
randomizado, controlado, avaliou a eficácia e os efeitos adversos do laser LPDL
contra terapia com LIP (Elipse Flex, Desenvolvimento Dermatológico dinamarquês;
lem = 530-750 nm ou 555-950 nm; duração de pulso: 2-2,5 milissegundos, atraso: 10 ou 8-20 milissegundos;
fluência: 6-20 J/cm2) no tratamento de peles foto-danificada em
mulheres com foto-tipos de pele I-III, segundo Fitzpatrick. O tratamento consistiu
de três aplicações com intervalos de 3 semanas entre
elas. Um, 3 e 6 meses após o tratamento, foi avaliado
o impacto do tratamento sobre telangiectasias, pigmentação, textura da pele,
rugas e efeitos adversos por meio de fotografias. O tratamento para
rejuvenescimento com LPDL apresentou vantagens sobre o tratamento com LIP
devido ao considerável clareamento de vasos e menor sensação de dor durante o
tratamento. Quanto a pigmentação e textura da pele
observou-se melhora com ambos os tratamentos sem diferenças significativas
entre os mesmos [31].
Os resultados do
tratamento através da luz intensa pulsada a longo prazo, apresentaram-se satisfatórios. Um estudo
retrospectivo sobre os efeitos a longo prazo da luz
intensa pulsada para rejuvenescimento, mostrou que a técnica é efetiva mesmo
após muitos anos de tratamento. Neste trabalho, as voluntárias receberam pelo
menos 3 aplicações de LIP e foram avaliadas através de
registro fotográfico anual durante 12 anos. Os resultados apresentam um índice
de tratamento satisfatório entre 88,24 e 96,45% com melhora dos
sinas da fotorejuvenescimento [32].
Atualmente a remoção
de pelos tornou-se uma indicação fundamental para os dispositivos de luz
intensa pulsada. Nesse contexto, sabe-se que há muitas semelhanças entre a
depilação a laser e aquela realizada com LIP. Ambos os procedimentos
batseiam-se na foto-termólise seletiva do alvo, que são os cromóforos da pele
(melanina, hemoglobina e água). É possível remover de 20% a 40% do pelo na fase
anágena em um único tratamento. Os melhores resultados ocorrem no pelo escuro e
curto, em pele clara. Os resultados podem durar 12 meses ou mais [8, 37].
Apesar da semelhante ação desses dois métodos existem algumas diferenças
importantes, que estão listadas na tabela I.
Tabela
I - Comparação entre técnicas de foto-depilação.
Em geral, os
resultados da remoção de pelos são parecidos em ambos os dispositivos, mas a
terapia com LIP ganhou mais popularidade por causa de seu custo relativamente
mais baixo e pelo menor desconforto nas sessões [37]. O processo de tratamento
com LIP é simples e apresenta um desconforto mínimo durante as aplicações
ganhando assim cada vez mais espaço no mercado atual.
Além da indicação da
terapia com LIP na remoção de pelos, uma das
indicações é para o tratamento de malformações vasculares. O mecanismo de ação
da LIP, neste tipo de patologia, está relacionado à absorção seletiva de luz
pela hemoglobina no interior dos vasos sanguíneos. O efeito térmico do LIP em
vasos da pele (diâmetros: 60, 150, 300, 500 lm) foi calculado para
diferentes comprimentos de onda com elementos definidos (duração do pulso: 30
milissegundos; influência: 15 ou 30 J/cm2) [38]. Estes autores
verificaram que o espectro investigado promoveu aquecimento homogêneo em todo o
vaso e foi suficiente para promover coagulação de vasos > 60 lem. Há evidências na
literatura demonstrando tratamento bem sucedido com LIP em casos de
telangiectasias essenciais [39], rosácea [40], manchas de vinho do porto
(hemangioma plano) [41], angiomas [42] e eritrose [39].
O tratamento de acne
com dispositivos de laser ou de luz pulsada também são amplamente aceitos na
literatura. Existem dois mecanismos de ação que elucidam os efeitos dessas
terapias no tratamento de acnes: 1) um efeito foto-dinâmico é evocados emissão
de ambas Luz UV e luz visível, que é absorvido pelas
porfirinas, produzidas pelo próprio organismo. Esta absorção conduz à geração
de espécies reativas de oxigênio [43] com posterior efeito bactericida, 2) o outro mecanismo baseia-se na foto-termólise seletiva
dos vasos sanguíneos que suprem as glândulas sebáceas, reduzindo, portanto, a taxa
de secreção de sebo [44].
Resultados
heterogêneos em testes clínicos atuais mostram que o tratamento de acne com LIP
está longe de ser um tratamento padrão. Grande parte dos estudos não têm
durações de tratamento suficientes nem acompanhamento periódico. Isso é
altamente relevante, particularmente no que diz respeito ao impacto do
tratamento contra acnes e lesões inflamatórias da acne. O nível de gravidade da
acne só permanece reduzido se o tratamento de luz é aplicado durante um longo
período de tempo, semelhante à necessidade de longos períodos na terapia com
antibióticos, contudo, a utilização da terapia com LIP também tem apresentado
resultados satisfatórios [2].
As vantagens do
foto-rejuvenescimento com LIP em comparação com outras técnicas incluem o
mínimo risco de lesão ocular. Esta técnica permite um espectro terapêutico
grande e é, portanto, apropriada para o tratamento de áreas maiores de pele não
facial, ou seja, pescoço, peito, braços, mãos e pernas. Uma melhora visual mais
rápida do paciente é observada, porque a coloração da pele envelhecida
apresenta melhora rápida. Além disso, existe menos desconforto durante a
aplicação de LIP em comparação com outras técnicas [45].
Para o
foto-rejuvenescimento, o programa de tratamento inicial consiste tipicamente de
5 sessões de tratamento realizados com intervalos de
3-4 semanas, porém os resultados podem ser obtidos com um número menor de
sessões. Os pacientes devem ser instruídos de que os tratamentos de manutenção
são parte integrante de todos os programas de tratamentos não-ablativos. A
manutenção do tratamento, pode ocorrer em intervalos de 6
meses para pele foto-envelhecida. Os parâmetros para observar os resultados nos
tratamentos para pele foto-envelhecida podem ser avaliados por melhoria nas
rugas, na textura da pele, na elasticidade e na aspereza da superfície da pele
[28].
Em grande parte dos
estudos realizados até agora, os dados sobre a eficácia da LIP para o
rejuvenescimento da pele são muito heterogêneos. Obviamente, o tratamento com
LIP é uma boa alternativa em termos de distúrbios vasculares e de pigmentação,
em vez de redução de rugas. Além disso, vantajosa é a incidência relativamente
baixa de complicações apresentada pela LIP, em comparação com dispositivos de
laser ablativos.
Numerosos estudos
mostram a eficácia e compatibilidade de dispositivos de LIP em uma variedade de
condições da pele. A maior parte dos ensaios comparativos atesta a eficácia de
LIPs semelhante à eficácia em tratamentos com lasers. Em alguns estudos, os
dispositivos de LIP parecem ser ainda mais eficazes no tratamento de
malformações vasculares ou de hipertricoses. No entanto, mais ensaios
controlados comparativos com um período de acompanhamento estendido são
necessários para determinar essas diferenças. A maior vantagem dos LIP é em
relação à versatilidade e a economia. Além disso, os dispositivos de LIP são
mais vantajosos devido a sua capacidade em tratar grandes áreas de pele.