ARTIGO
ORIGINAL
Estudo
comparativo da funcionalidade e qualidade de vida entre idosos de diferentes
classes econômicas
Comparative study of functionality and quality of life among elderly
from different economic classes
Mansueto Gomes Neto*,
Mariana Mayan**, Larisse Caldas**, Carla Laine**, Paulo Amorim**
*Departamento
de Fisioterapia, Curso de Fisioterapia da Universidade Federal da Bahia (UFBA),
Programa de Pós Graduação em Medicina e Saúde (UFBA), Salvador/BA, **Faculdade
Social da Bahia (FSBA), Salvador/BA
Recebido em 25 de
fevereiro de 2016; aceito em 28 de setembro de 2017.
Endereço
para correspondência:
Mansueto Gomes Neto, Departamento de Biofunção, Instituto de Ciências da Saúde,
Universidade Federal da Bahia (UFBA) 40110-100 Salvador BA, E-mail: mansueto.neto@ufba.br
Resumo
Objetivo: Comparar a
Capacidade Funcional (CF) e Qualidade de Vida (QV) entre idosos de diferentes
classes econômicas. Métodos: A
amostra foi constituída por idosos de ambos os sexos, capazes de deambular. A
CF foi avaliada através dos testes Timed
up and Go (TUG), teste de caminhada de 6 minutos
(TC6) e velocidade de marcha (VMH), já a QV por meio do perfil de saúde de
Nottingham (PSN) e a classe econômica de acordo com o critério de classificação
econômica Brasil e subdivididos de acordo com a classe econômica. Como os dados
foram distribuídos de forma não paramétrica, a comparação da CF e QV entre as
classes econômicas utilizou o teste Kruskal-Wallis
e, para a comparação do TC6 e TUG dos idosos com valores de referência, o teste
Wilcoxon. O nível de significância
estabelecido foi de 5%. Resultados:
Foram avaliados 60 idosos e subdivididos nos grupos: A1(9), A2 (9), B1(9), B2
(10), C (12), e D (11). Não houve diferença na CF e QV entre os idosos de
diferentes classes econômicas (p < 0,05). A prática de exercício foi
relevante nos grupos A1 e D. Os grupos com maior impacto de morbidade foram A1
e A2 (89% ambos). Foi observado um pior desempenho no TC6’ em A2 e D e no TUG
em D. Na VMH foram vistos menores valores em A1. Maiores valores na escala PSN
foram visualizados no grupo D, revelando uma pior QV. Conclusão: Não houve interferência direta da classe econômica sobre
a capacidade funcional e a qualidade de vida dos idosos.
Palavras-chave: aptidão física,
envelhecimento, expectativa de vida ativa.
Abstract
Objective: To compare
the functional capacity (FC) and Quality of Life (QOL) among the elderly in
different economic classes. Methods:
The sample was composed of elderly of both sexes, able to walk. The CF was
assessed by means of tests Timed up and Go (TUG), 6-minute walk test (6MWT) and
gait speed (GS), in relation to the QOL we used the Health Profile of
Nottingham (HPN) and the economic class according to the criterion of Economic
Classification Brazil and subdivided according to the Economic Class. Data were
distributed in a non-parametric test, and the comparison of the CF and QOL
between economic classes was performed using the Kruskal-Wallis
test and for the comparison of TC6 and TUG of the elderly with reference values
was used the Wilcoxon test. The level of significance was set at 5 %. Results: We evaluated 60 elderly and
subdivided into two groups: A1 (9), A2 (9), B1 (9), B2 (10), C (12), and D
(11). There was no difference in CF and QOL among the elderly people of
different economic classes (p<0.05). The practice of exercise was relevant
in the groups A1 and D. The groups with higher impact of morbidity were A1 and
A2 (89% both). The results showed that the worst performance was in TC6' in A2
and D and the TUG in D. In GS were seen lower values in A1. Higher values in
scale HPN were visualized in group D, revealing the poorer QOL. Conclusion: There was no direct
interference of economic class on functional capacity and quality of life of the
elderly.
Key-words: physical
fitness, aging, active life expectancy.
O envelhecimento
populacional é um fator mundial que por muito tempo esteve vinculado a países
desenvolvidos. No entanto, esse fenômeno vem atingindo cada vez mais e de forma
acelerada os países em desenvolvimento, influenciando e sendo influenciados por
aspectos econômicos [1]. Estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) revelam que em 2050 o número de idosos acima de 60 anos vai
ser de cerca três vezes maior que a mesma população em 2000 [2].
A senescência é um
processo natural de transformação do organismo que ocorre ao longo do ciclo
vital de forma multifatorial e sofre influências intrínsecas e extrínsecas.
Redução de mobilidade, força muscular, equilíbrio, e capacidade funcional (CF)
estão associadas ao envelhecimento e podem gerar impacto na Qualidade de Vida
(QV) [3].
A CF abrange a
capacidade de o indivíduo manter competência, habilidades físicas e mentais
para uma vida independente e autônoma e, assim como a QV, pode ser afetada por
um fator físico, social, econômico e psicológico [4,5]. A situação
socioeconômica, hábitos de vida, contexto familiar em que esse idoso está
inserido devem ser observados já que esses também podem ser fatores relevantes
no bem-estar desse indivíduo [6].
Em um estudo
transversal realizado com idosas de baixa renda no município de Jequié/BA, não
foi encontrado o fator econômico como potencial preditivo para o
desenvolvimento das limitações funcionais. No entanto, esses autores só fazem
comparação entre classes baixas e sugere novos estudos que compare diferentes
classes [7].
É essencial
compreender as características dessa população no Brasil e identificar fatores
que possam influenciar a condição funcional e QV, para se atuar incisivamente
na prevenção das incapacidades comumente observadas, imobilidade e de doenças
crônicas. A influência de fatores econômicos e ambientais na QV é reportada
[6,7], no entanto há uma escassez de pesquisas avaliando a associação destes
com a CF e QV, sendo assim, o objetivo deste estudo foi comparar a CF e QV
entre idosos de diferentes classes econômicas.
Foi realizado um
estudo analítico de caráter temporal transversal, com uma amostra não
probabilística, estabelecida por conveniência, constituída por idosos não
institucionalizados, de ambos os sexos, capazes de deambular com ou sem
dispositivo de auxílio, residentes em diferentes bairros da cidade de
Salvador/BA.
Foram definidos como
critério de exclusão indivíduos que apresentavam dificuldade de entender os
procedimentos a serem realizados (dificuldade para responder os questionários
ou realizar os testes), doenças ou agravos que pudessem interferir no desempenho
dos testes e/ou condições clínicas importantes que impedisse a realização dos
mesmos. Após esclarecimentos sobre o estudo todos os voluntários assinaram o
termo de consentimento livre e esclarecido. O projeto foi aprovado pelo Comitê
de Ética e pesquisa da Universidade Salvador sob protocolo
10.04.45.
O protocolo de
execução do estudo foi dividido em duas etapas: a 1ª coleta de dados e 2ª
execução dos testes. Ambas só foram realizadas após treinamento prévio dos
pesquisadores para garantir a adequada aplicação do procedimento. Na primeira
etapa foram aplicados três questionários: ficha de avaliação elaborada pelo
autor que inclui dados sociodemográficos (sexo, idade além de questionamentos
acerca da prática de exercício físico definido como mais do que 150
minutos/semana e a presença de morbidades), o Critério de Classificação
Econômica Brasil (CCEB) [8] e o Perfil de Saúde de Nottingham (PSN) [9].
Na etapa seguinte, os
sujeitos do estudo foram submetidos aos testes: Time Up and Go
(TUG); Teste de caminhada de seis minutos(TC6’) e análise da velocidade de
marcha habitual (VMH) para a avaliação da CF. Os indivíduos foram distribuídos
em grupos de acordo com os critérios de classificação econômica.
O CCEB atribui uma
pontuação que varia de 0 a 5 pontos aos itens de posse de acordo com a
quantidade destes e instrução do chefe de família. A partir do somatório dos
pontos, os indivíduos foram distribuídos de acordo com a classe encontrada: A1
(30-34), A2 (25-29), B1(21-24), B2(17-20), C (11-16), D (6-10) e E (0-5) [8].
A QV foi avaliada
pelo PSN, que é um instrumento genérico de avaliação, já adaptado e validado
para a população idosa brasileira, de fácil entendimento, que foi aplicada sob forma de entrevista visando minimizar os vieses de
pesquisa, conforme recomendação após adaptação transcultural. Essa escala é
composta de 38 questões, com formato de resposta sim/não, e a cada resposta
positiva atribui-se um ponto e cada resposta negativa não gera pontuação [9].
Antes e após a
realização dos testes, os dados vitais foram mensurados a fim de fornecer
segurança aos examinadores e ao sujeito. Para avaliação da mobilidade funcional
foi utilizado o teste TUG. Todos os indivíduos foram orientados a sentar-se em
uma cadeira com altura de 45 cm, com sua parte posterior encostada, instruídos
a levantar, deambular por 3m em linha reta, retornar e sentar-se na posição
inicial, sendo o tempo de execução cronometrado [10].
Para avaliar a
velocidade habitual da marcha, foram orientados a deambular no seu ritmo
habitual, num percurso de 11m demarcado, desprezados os 3 metros iniciais e
finais, correspondentes aos períodos de aceleração e desaceleração, e
cronometrado o tempo necessário para percorrer os 5 metros centrais [11]. O
TC6’ foi realizado de acordo com as diretrizes da American Thoracic Society (ATS), demarcando um corredor de 30
metros onde os sujeitos deambularam por 6 minutos em velocidade máxima, sem
correr [12].
Os dados encontrados
através do TC6’ foram comparados intergrupos bem como aos valores previstos
propostos pela fórmula de Enright e Sherril [13]. Mulheres: Distância prevista
= (2,11 x altura cm) – (2,29 x peso kg) – (5,78 x idade) + 667m / Homens:
Distância prevista = (7,57 x altura cm) – (5,02 x idade) – (1,76 x peso kg) –
309 [14]. Os dados de TUG ainda foram comparados com os valores obtidos em um estudo
populacional americano [15].
Para análise dos
dados demográficos e clínicos, foram utilizadas estatísticas descritivas. Os
dados de variáveis contínuas foram avaliados como medidas de tendência central
e dispersão e expressos como médias e desvio-padrão, dados de variáveis
dicotômicas ou categóricas foram avaliados com medidas de frequência e
expressos como percentagens.
Para análise da
normalidade dos dados foi utilizado o teste Kolmogorov-Smirnov.
Como os dados foram distribuídos de forma não normal, o teste Kruskal Wallis foi utilizado para
comparação das variáveis, idade, QV e CF entre os grupos. Para comparação entre
os valores do TC6 e TUG dos idosos com os valores de referencia descritos foi
utilizado o teste Wilcoxon. Para
análise estatística foi utilizado o software SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) for Windows (versão
14.0), estabelecendo um nível de significância α = 0,05.
A amostra final foi
composta por 65 idosos, sendo excluídos do estudo 5
indivíduos por apresentarem hipertensão no momento da avaliação, restando 60
idosos, destes 90% do sexo feminino mostrando um predomínio de mulheres no
estudo. Os dados sociodemográficos estão descritos na tabela I.
Tabela
I - Caracterização sóciodemográfica dos
participantes por classe econômica.
A amostra foi obtida
em diferentes regiões da cidade, porém não foram encontrados idosos
pertencentes ao grupo E, que seria o grupo menos favorecido, que atingissem de
0-5 pontos segundo o CCEB.
Quanto à idade, não
houve diferença significativa entre os grupos. Pode-se destacar que a prática
de atividade física, relatada como indivíduos que
realizavam exercício físico por no mínimo 150 minutos, por semana, foi
estatisticamente relevante nos grupos A1 e D, com o maior percentual (82%) na
classe economicamente menos favorecida. Além disso, foi perceptível neste mesmo
grupo um maior hábito de tabagismo. Os grupos com maior impacto de morbidade
foram A1 e A2 (89% ambos).
A análise dos valores
obtidos nos testes de TC6’, TUG, VMH, bem como na aplicação do questionário
foram descritas na tabela II. Após a análise dos dados, não houve diferença
estatisticamente significativa entre os grupos (p < 0,05) evidenciando uma
homogeneidade entre a CF e a QV entre os grupos.
Tabela
II –
Descrição das variáveis de desempenho
funcional e qualidade de vida entre as classes econômicas.
Em relação à
velocidade de marcha habitual foi visto menores valores no grupo A1, já no TC6’
nos grupos A2 e D e no TUG em D. Maiores valores na escala de Perfil de Saúde
de Nottingham (PSN) foram visualizados no grupo D, revelando um maior
comprometimento da QV desses sujeitos.
Quando comparados os
valores do TC6’ encontrado e o previsto pela fórmula de Enright e Sherrill,
houve diferença significativa entre os valores dos grupos A1 e A2 com p <
0,028 e p < 0,021 respectivamente (Tabela III).
A análise dos valores
de média encontrados no TUG no presente estudo foi de 9,72, este valor quando
confrontado com os dados de um estudo americano [14] que apresentou média do
TUG de 8,01 mostrou-se reduzido de forma estatisticamente significativa p =
0,00001. O que confirma uma menor mobilidade dos idosos brasileiros.
Tabela
III
– Comparação entre os valores encontrados
do TC6 e o valor previsto pela fórmula de Enright e Sherrill.
As características
sociodemográficas da população deste estudo revelou um predomínio do sexo
feminino, uma média de idade total 69,83 ± 7,27 distribuídos de forma homogenia
nos grupos. Pode-se destacar que a prática de atividade física nos grupos A1 e
principalmente D e o morbidade relatadas foram superiores em A1 e A2 (89%
ambos).
Diante do maior
índice de prática de exercício físico apresentado pelo grupo D, pode-se
justificar a equivalência da CF e QV encontrada entre os grupos, fator já analisado
por Morey et al. [16], em um estudo clínico, que
verificou o impacto da atividade física na CF em idosos e revelou que os
indivíduos ativos (≥ 150 min/semana) apresentaram 15,9 ± 2,6 pontos
acima, numa escala de avaliação funcional, do que os indivíduos menos ativos,
revelando melhor desempenho.
Em uma pesquisa na
qual os autores classificaram o nível de atividade física através do IPAQ (International Physical Activity
Questionnaire) foi definido como “Mais ativos” aqueles que praticavam
atividade física por um tempo ≥ 150 min/semana e “Menos ativos” aqueles
que praticavam por menor período. Nessa classificação, observou-se que os
indivíduos menos ativos apresentavam um maior impacto na QV [17].
Outro dado
sociodemográfico relevante seria o elevado índice de morbidade apresentado
pelos grupos A1 e A2 que poderiam responder também a ausência de diferença na
CF e QV intergrupos. Evans et al. [18], em
2008, citaram o efeito negativo existente entre a presença de morbidades e a
CF, que pode justificar o pior desempenho do grupo A1 na análise de velocidade
de marcha e A2 no TC6’, já que estes grupos apresentaram maior número de
indivíduos com morbidades. Porém, os dados foram relatados pela população e os
indivíduos de classes menos favorecidas podem desconhecer a existência das
mesmas por falta de acesso às redes de atendimento a saúde.
A falta de associação
entre classe econômica e CF também foi observado em estudo prévio [19] que
avaliou 964 idosos e identificou que a renda per capita não se mostrou
associada com a dependência, o que também foi encontrado anteriormente [20].
Houve uma baixa
intensidade na associação entre a classe econômica e QV, diferente do que foi
visto por Parahyba et al. [21], que avaliaram os indivíduos
segundo renda per capita e observou-se que (27,9%) dos indivíduos com renda per
capita de até 1 salário mínimo apresentaram dificuldade para caminhar 100 m,
sendo significativamente relevante neste estudo. Entretanto, Inouye et al. [22] que avaliaram 80 idosos em São
Paulo, estratificados de acordo com o CCEB, não identificaram associação entre
nível socioeconômico e QV, corroborando nossos resultados.
Vercha et al. [23] avaliaram 365 idosos sobre a
definição e fatores relevantes para uma boa QV. Durante a análise das
respostas, 5 principais categorias foram observadas:
relacionamento interpessoal (49%), saúde (38%), equilíbrio emocional (34%),
bens materiais (28,5%) e lazer (22,46%), sendo relevante o fator econômico na
QV desses indivíduos. O estudo atual não observou influência isolada do fator
econômico na QV, embora a pior QV tenha sido observada no grupo D. Isso pode
ser justificável devido a QV ter associação com diferentes aspectos que não
apenas o fator econômico.
Em relação aos
valores obtidos, descritos como média no TC6’ quando comparados a outros
estudos também realizados na população brasileira, estes se encontram próximos
aos valores apresentados por Pires et al. [24], em
2007, que obtiveram uma média de 457 ± 64,10 m e superiores aos encontrados por
Barata et al. [14], em 2005, que
encontraram uma média de 390 m.
Barata et al. [14] analisaram três diferentes
equações, dentre elas a equação proposta por Enright e Sherrill [13], Troosters
et al. [25] e Enright et al. [26]. A fórmula que mostrou ter uma
melhor correlação com os dados obtidos em idosos brasileiros, nesse estudo, foi
a proposta por Enright et al. [26]. Contrapondo esse estudo, os
valores previstos que mais se assemelharam com os valores encontrados, neste
estudo, foram os previstos pela equação de Enright e Sherril, apresentando
diferença significativa apenas em A1 e D, cujos valores demonstraram um pior
desempenho da CF destes grupos.
O tempo de execução
do TUG realizado por idosos americanos, segundo Isles et al. [15] demonstraram ser superiores aos encontrados no estudo
atual, sendo estatisticamente significativos. Isso representa uma menor
capacidade funcional dos sujeitos destes estudos.
No estudo de Abreu et al. [27], em 2008, a velocidade de
marcha habitual mostrou-se superior no grupo de indivíduos mais ativos. No
entanto, no presente trabalho a velocidade de marcha não pareceu ter relação
com o nível de prática de exercício físico de forma isolada.
Algumas limitações
devem ser descritas no presente estudo. A amostra foi limitada pelo número
reduzido de indivíduos e o critério de classificação econômica Brasil pareceu
ser pouco discriminativo na estratificação dos grupos. Diante disso, é
importante a realização de novos estudos com uma amostra maior, bem como
pesquisas que desenvolvam novas formas de classificação econômica. Sugere-se
então a realização de estudos epidemiológicos visando à avaliação de fatores
relacionados à CF e QV.
A funcionalidade e
qualidade de vida não diferiram entre idosos de diferentes classes econômicas,
no entanto, observou-se redução destas nos idosos analisados. Assim, torna-se
importante a implementação de ações de exercício
físico, pois parecem estar fortemente ligados com uma melhora no desempenho
funcional e na QV.