ESTUDO
DE CASO
Estudo
comparativo entre drenagem linfática manual e endermoterapia no edema de
membros inferiores
Comparative study between manual lymphatic drainage and endermotherapy in the edema of lower limbs
Bruna Mariane
Ferreira*, Jaqueline Antunes de Oliveira*, Juliana Aparecida Ramiro Moreira,
Ft., M.Sc.**
*Graduanda
do Curso de Bacharelado em Estética pelo Centro Universitário Hermínio Ometto
FHO/Uniararas, **Especialista em Fisioterapia Dermato-Funcional e Estética pelo
Centro Universitário Hermínio Ometto, FHO/Uniararas, Docente do Curso de
Bacharelado em Estética FHO/Uniararas
Endereço
para correspondência:
Juliana Aparecida Ramiro Moreira, Centro Universitário Hermínio Ometto, Av. Dr.
Maximiliano Baruto, 500 Jd Universitário 13607-339 Araras SP, E-mail:
juliana.rm@uniararas.br, Bruna Mariane Ferreira: bruna.mari@hotmail.com
Resumo
O edema é uma das
disfunções associadas ao sistema linfático caracterizado pelo acúmulo de
líquido no espaço intersticial. Para a redução e melhora deste problema existe
diversas técnicas que possuem como objetivo estimular o sistema linfático
aumentando sua capacidade de absorção e circulação da linfa por entre seus
vasos até a corrente sanguínea, de modo manual ou eletrônico, como o caso da
drenagem linfática manual e da endermoterapia. O presente estudo teve como
objetivo verificar se a endermoterapia como drenagem linfática eletrônica
possui os mesmo efeitos que a drenagem linfática manual na redução do edema de
membros inferiores. Devido ao seu caráter experimental qualitativo pertinente
ao tema escolhido, optou-se por um estudo de caso. Este estudo contou com um
voluntário do sexo feminino, com idade de 25 anos, apresentando edema nos
membros inferiores. Após avaliação feita por anamnese, perimetria e exame
físico, foram realizadas 10 sessões de drenagem linfática manual no membro
direito e no membro esquerdo drenagem linfática eletrônica por meio do aparelho
de endermoterapia Beauty Dermo Vacuoterapia® da marca HTM, para comparação de
ambas as técnicas. As sessões foram realizadas duas vezes na semana em um
período de 30 dias. Os resultados obtidos mostraram que houve diminuição de 0,5
cm no membro que recebeu a drenagem linfática manual, enquanto aquele que
recebeu a técnica de drenagem linfática eletrônica com aparelho de
endermoterapia um total de 5,5 cm, além da melhora no aspecto da pele
ocasionado pelos efeitos secundários do aparelho. Com o estudo pode-se concluir
que a endermoterapia usada como drenagem linfática eletrônica obteve melhores resultados que a drenagem linfática manual, na redução do
edema nos membros inferiores, contudo são necessárias novas pesquisas com um
grupo maior de indivíduos para melhores resultados.
Palavras-chave: drenagem linfática,
endermoterapia, sistema linfático, edema, linfa.
Abstract
Edema is one of the dysfunctions associated with the lymphatic system
characterized by the accumulation of fluid in the interstitial space. To reduce
and improve this problem, there are several techniques that aim to stimulate
the lymphatic system by increasing its capacity for absorption and circulation
of lymph through its vessels into the bloodstream, either manually or
electronically, such as manual lymphatic drainage and endermotherapy.
This study aimed to verify if the endermotherapy as
electronic lymphatic drainage has the same effects as manual lymphatic drainage
in the reduction of lower limb edema. This case study had a female volunteer,
aged 25 years, presenting edema in the lower limbs. After anamnesis, perimetry and physical examination, 10 sessions of manual
lymphatic drainage were performed on the right limb and left lymphatic drainage
using the HTM brand Beauty Dermo Vacuoterapia®
endermoterapia, for comparison of both techniques.
The sessions were held twice a week over a period of 30 days. The results
showed that there was a decrease of 0.5 cm in the limb that received manual
lymphatic drainage, while the one who received the electronic lymphatic
drainage technique with an endermotherapy device, a
total of 5.5 cm, besides the improvement in the appearance of the skin caused
by the side effects of the appliance. We concluded that the endermotherapy
used as electronic lymphatic drainage obtained better results than manual
lymphatic drainage, in the reduction of the edema in the lower limbs, however, new studies are necessary with a larger
group of individuals for better results.
Key-words: drainage, endermotherapy, lymphatic system, edema, lymph.
O corpo humano é uma
espécie de máquina constituída por vários setores/sistemas que possuem funções
específicas e que necessitam trabalhar em conjunto para que o indivíduo
desfrute de uma vida normal e saudável. Como parte de um desses sistemas está o
linfático, importantíssimo para a drenagem e homeostasia hídrica do corpo
humano [1].
O sistema linfático é
formado por uma vasta rede de vasos linfáticos, capilares linfáticos e órgãos
(tonsilas, timo, baço, medula óssea e linfonodos), além da linfa e seus
componentes incluindo os linfócitos T e B. Como principal função do sistema
linfático está à drenagem do líquido intersticial, seu transporte e devolução
para a corrente sanguínea [2].
A linfa consiste no
conteúdo circulante do sistema linfático que é absorvido do espaço intersticial
que banha as células, proveniente do plasma sanguíneo, que possui como
diferença deste, menor quantidade de proteínas em sua composição [3].
A circulação da linfa
pelos capilares e vasos linfáticos é causada pela variação de pressão durante a
respiração, mais precisamente na inspiração, e pela ação muscular, onde as
contrações dos músculos promovem o fluxo graças à pressão atribuída aos vasos
linfáticos. Durante sua passagem pelos vasos a linfa é drenada pelos linfonodos
e dividida: a região esquerda do corpo é depositada no ducto torácico esquerdo,
e do lado direito no ducto torácico direito. Ambos os ductos desembocam
respectivamente nas junções de duas grandes veias, a jugular e subclávia, tanto
no lado esquerdo quanto direito do corpo, devolvendo assim a linfa para a
corrente sanguínea [3].
Algumas alterações
podem afetar esse sistema causando funcionamento anormal de sua circulação,
levando a estagnação de seu conteúdo em determinadas regiões do corpo, capazes
de formar proeminências dolorosas e até patologias, como quadros de celulite e
edemas, onde o segundo será mais bem descrito neste trabalho [4].
De acordo com
Derrickson [3], o edema ocorre devido ao acúmulo de líquido que fica disponível
no meio intersticial, que pode ocorrer por diversos erros no sistema linfático,
como obstrução dos vasos, aumento da permeabilidade vascular causando uma má
distribuição de líquido no espaço intersticial, falta dos movimentos de
contração para a circulação da linfa, levando ao aparecimento de tecidos
edemaciados.
Os casos mais
relatados de aparecimento de edemas são nos membros inferiores que podem ser um
sinal para diversos problemas de saúde [5].
Herpertz [6] afirma
que a formação primária de edemas nos membros inferiores sofre interferência da
força gravitacional do planeta, que exigem um esforço maior dos vasos
linfáticos no sentido contrário para que ocorra a circulação.
A fim de amenizar
disfunções relacionadas ao sistema linfático e melhorar a qualidade de vida desses
indivíduos, está à drenagem linfática manual (DLM), uma técnica composta de
movimentos suaves, lentos, monótonos e rítmicos que obedecem ao sentido dos
vasos, muito utilizada com a função de estimular e potencializar a circulação
linfática, aumentando seu funcionamento e eficiência [7].
A DLM é indicada para
vários casos, porém possuem algumas restrições, denominadas de contraindicações
relativas, que são casos especiais como período menstrual ou até o terceiro mês
da gravidez, e as absolutas, como câncer e trombose [8].
Outra técnica não tão
utilizada, mas existente para estimulação do sistema linfático é a drenagem
eletrônica (DLE), realizada especificamente neste estudo com o uso do aparelho
de endermoterapia, desenvolvido por um engenheiro francês nos anos 70, inicialmente
com o intuito de trabalhar a cicatrização de feridas causadas por acidente de
carro, verificando depois suas demais utilidades. O aparelho utiliza de um
cabeçote que promove pressão negativa, ou seja, sucções sobre a pele com
manobras capazes de reestruturar o tecido conjuntivo e estimular a circulação
sanguínea e linfática, promovendo assim uma drenagem linfática [9], [10].
Para a técnica de DLE
com a endermoterapia as contraindicações são basicamente as mesmas que as DLM,
acrescentando indivíduos que apresentem varizes e tecido muito flácido [1].
Como ambas as
técnicas realizam o procedimento drenagem linfática surge à problemática deste
estudo, de verificar se DLM e endermoterapia como DLE, apresentam os mesmos
resultado na redução do edema de membros inferiores.
Devido à ausência de
estudos documentados na literatura sobre tal assunto, o objetivo deste estudo
foi comparar as técnicas e verificar os resultados, com o propósito de auxiliar
os profissionais na escolha do melhor método, proporcionando melhores
resultados aos pacientes.
De acordo com Fialho
e Neauber Filho [11], este estudo se enquadra como um Estudo de Caso, com
caráter de pesquisa quantitativa e exploratória, através da coleta de informações
pessoais, realizada em um ou mais indivíduos dentro de um contexto com prazo
determinado. A pesquisa contou com indivíduo do sexo feminino com idade de 25
anos, apresentando edema nos membros inferiores, que foi diagnosticada através
da ficha de anamnese constando dados referentes à perimetria e exame físico
realizado a partir da palpação.
Mesmo com dificuldade
de diagnóstico nos membros inferiores por conta da variedade de edemas
existentes, a anamnese e o exame físico foram escolhidos por serem os métodos
mais comuns e indicados para uma correta identificação [6].
O projeto foi
inserido na Plataforma Brasil segundo o CAAE 62309516.3.0000.5385 e liberado
para a realização, após a assinatura do termo de consentimento livre e
esclarecido pela paciente.
Após a anamnese
utilizou-se fita métrica da marca Dias e Silva® para mensuração da região de
coxa: proximal, medial e distal a partir da região patelar, com demarcação de
10 cm entre cada ponto; e região de perna, 10 cm abaixo da região patelar,
local de maior circunferência. As coletas de perimetria foram realizadas antes
da primeira, sexta e a após a última sessão.
As sessões tiveram
duração de 40 minutos cada, sendo 20 minutos em cada membro, em um período de
30 dias, duas vezes na semana, tendo início no dia 16 de janeiro de 2017 e
término em 16 de fevereiro de 2017.
Ambas as técnicas
tiveram a região de perna, virilha e pés higienizados, seguidos de pressão e
descompressão realizadas nas principais cadeias de linfonodos: maleolares,
poplíteos e inguinais.
O procedimento
totalizou em 10 sessões de DLM utilizando de manobras inspiradas no método de
Vodder no membro direito, enquanto no esquerdo foi realizada a mesma quantidade
de sessões com a técnica de DLE utilizando o aparelho de endermoterapia Beuaty
Dermo Vacuoterapia® (HTM), juntamente com creme e óleo de massagem
neutros e manipulados em laboratório. O procedimento ficou de total
responsabilidade de uma das pesquisadoras.
As manobras de DLM
fundamentadas no método de Vodder incluíram manobras circulares, lentas e com
variações de pressão, no sentido proximal-distal para o livre fluxo da linfa,
com o tempo de 1 segundo entre elas. Cada manobra foi repetida sete vezes não
causando desconforto ou lesões na paciente [4].
Para o procedimento
com a DLM em decúbito ventral, na região da coxa os movimentos foram de
compressão e descompressão dos linfonodos inguinais laterais e mediais
superiores; encaminhamento da linfa da região inguinal até o joelho e retornando
para a inguinal; bracelete da região inguinal até o joelho e retornando para a
inguinal. Ambos com pressão e descompressão no linfonodos inguinais laterais e
medias após retornar para a inguinal.
Na região do joelho
primeiramente os linfonodos poplíteos foram bombeados, seguidos dos movimentos
com as mãos espalmadas na face medial do joelho impulsionando a linfa para a
região antero-medial da perna, com vinte e uma
repetições e movimentos fixos; círculos com os polegares em volta do joelho e
bombeamento do linfonodos poplíteos.
Nas pernas com as
mãos espalmadas a linfa foi impulsionada da face lateral medial do joelho ate o
maléolo medial e retornou, seguida de movimento com as mãos em bracelete do
joelho até maléolos medial e lateral e retornando para o poplíteo finalizando
com bombeamento dos mesmos.
Nos pés primeiramente
foram bombeados as laterais dos maléolos, em seguida com as mãos fechadas
fazendo pressão e descompressão em três linhas na horizontal do dorso do pé e
movimentos circulares em todos os dedos até a ponta e retornando.
O membro esquerdo
recebeu a técnica de DLE com aparelho de endermoterapia, como ilustra a figura
1:
Fonte: da pesquisa
Figura
1 - Imagem do aparelho de endermoterapia Beuaty
Dermo Vacuoterapia® (HTM).
Primeiramente foi
realizado o bombeamento dos linfonodos inguinais medias e laterais com pressão
de 30 mmHg no modo pulsado com 25 pulsos, seguido de
deslizamentos longitudinais com a ventosa rolete grande no modo contínuo a 60
mmHg com ajuda de creme e óleo de massagem, finalizando com bombeamento dos
linfonodos novamente.
Em decúbito ventral
no membro direito os movimentos de DLM foram de bracelete da região da prega
glútea até o joelho e retornando, de encaminhamento da região inguinal até o
joelho e retornando. E na face lateral da coxa movimento de impulsionamento da
linfa da região lateral superior até o joelho e em seguida retornando.
Na perna, iniciou-se
com pressão e descompressão dos linfonodos poplíteos, com as mãos espalmadas
impulsionando a linfa do joelho até maléolos e retornando, seguido de bracelete
do joelho até os maléolos e retornando.
Ainda em decúbito
ventral agora no membro esquerdo com pressão de 30 mmHg
e 25 pulsos no modo pulsado e ventosa chuveirinho, foram bombeamos a região dos
linfonodos poplíteos seguido de deslizamentos longitudinais com a ventosa
rolete grande no sentido da circulação linfática, sendo realizados na perna dos
maléolos até os linfonodos poplíteos (panturrilha), com bombeamento dos mesmos
e da região do poplíteo até a prega glútea com pressão de 60 mmHg no modo
contínuo.
Após o término das
sessões os dados obtidos foram colocados em tabelas e gráfico para melhor
visualização, comparação e análise; e a partir disso foram relacionados com
dados já existentes na literatura.
Ao fazer as comparações
entre as tabelas 1I, II e III ilustradas abaixo, observamos que as medidas
entre a primeira e a segunda coleta de perimetria se mantiveram as mesmas.
Essas medidas podem ter sofrido alterações devido ao período pré
menstrual em que a paciente se encontrava, período este, em que o corpo
feminino passa por algumas transições como as que foram identificadas no estudo
realizado por Luiz et al. [12], que
contou com 193 voluntárias graduandas do curso de enfermagem, avaliadas por um
questionário contendo perguntas abertas e fechadas, relacionadas com vida
sexual, sintomas e sinais físicos; e emocionais da síndrome pré menstrual.
Sendo um dos principais relatos o edema, aparecendo em 54,4% das fichas
analisadas, relacionado diretamente com as queixas de sensação de ganho de
peso, e ao aumento na produção do hormônio progesterona, que afeta os vasos
sanguíneos e linfáticos levando a uma deficiência circulatória e
consequentemente a retenção líquida.
Tabela
I - Primeira coleta de perimetria antes do
início da primeira sessão.
Fonte: dados da
pesquisa
Tabela
II -
Segunda coleta de perimetria antes do
início da sexta sessão.
Fonte: dados da
pesquisa
Tabela
III
- Ultima coleta de perimetria após a
décima sessão.
Fonte: dados da
pesquisa
A paciente não
apresentou grandes diferenças na perimetria no que se diz respeito ao membro
que recebeu a técnica de DLM, apenas 0,5 cm na região distal da coxa, como
visto na tabela abaixo. Porém, para tais resultados é necessário associação aos
maus hábitos alimentares e a falta de atividade física da paciente, que pode
ter influenciado na redução das medidas. Já que, a fragilidade do sistema
linfático pode ser ocasionada por fatores como o sedentarismo e estresse, que
levam a uma pobre atividade circulatória, tanto linfática, quanto sanguínea,
que afetam diretamente a eliminação de toxinas e líquidos do organismo, levando
ao aparecimento de edemas e outras patologias [13,14].
Tabela
IV -
Diferença total da perimetria das
técnicas de drenagem linfática manual (DLM) e drenagem linfática eletrônica
(DLE).
Fonte: dados da
pesquisa
Brandão et al. [15], explicam que o edema pode ser
gerado por diversas formas, sendo por falta de exercícios, obesidade, uso de
anticoncepcionais (hormônios), estresse gerado no cotidiano, gestação, uso
exagerado de café e bebidas alcoólicas.
Na paciente foi
notado leve edema nas regiões de joelhos e pés, porém mínimos, difíceis de
serem identificados em fotos e com maior aparecimento no final da tarde,
horário que as sessões foram realizadas, além de algias e peso nas pernas.
Todos esses relatos e sintomas coletados pela ficha de anamnese foram
essenciais para o diagnóstico do aparecimento e tipo de edema, sendo que, o
ortostático ou edema postural, denominado por Herpertz [6], foi o que mais se
enquadrou no caso da paciente.
O edema ortostático é
comumente acometido pelo sexo feminino e tem como principal sintoma a sensação
de peso nas pernas no final da tarde, principalmente em dias de intenso calor.
Ele é causado pelo aumento da permeabilidade dos vasos sanguíneos e linfáticos
que levam a saída de líquidos para o interstício ocasionado normalmente por
longas horas na mesma posição, normalmente em pé. O mesmo se restringe aos
membros inferiores, sendo acentuado no período da noite, onde não acontece
nenhum tipo de esforço [6].
Além de todas essas
características ele é um tipo de edema de difícil visibilidade em fotos, pois
seu aparecimento é mínimo, podendo ter um aumento nas regiões dos pés,
assemelhando-se aos sintomas apresentados pelo edema da paciente. Com isso,
para seu tratamento basicamente é indicado o uso meias de compressão e drenagem
linfática manual [6].
A drenagem linfática
manual (DLM) não é apenas recomendada para o tipo de edema apresentado pela
paciente, mas também para diversos outros, como linfedema, lipedema,
fleboedema, edema ortopédico, edema menstrual, além do edema causado pelo
pós-operatório [16].
Soares et al. [17] afirmam que essa técnica é
benéfica graças a sua atuação na fisiologia do sistema linfático devido às
áreas que são estimuladas, que promovem a remoção do excesso de líquido
encontrado no meio intersticial causador dos diversos quadros de edemas.
No estudo de Dano et al. [18], pode-se verificar que a DLM
método de Leduc também não causou significativa diferença na perimetria dos
membros inferiores, segundo o desvio padrão de P < 0,05 definido pelos
pesquisadores, porém segundo o questionário contido na ficha de anamnese as
sessões foram bem satisfatórias, em relação a diminuição da dor, aumento na
circulação e sensação de bem estar. O estudo contou com 9
voluntárias, com idade acima de 40 anos e que apresentavam edema de membros
inferiores, avaliadas por ficha de anamnese contendo dados de perimetria,
coletadas na primeira e ultima sessão, submetidas a 8 sessões de DLM método de
Leduc, durante 2 semanas com duração de 40 minutos.
Contudo, na pesquisa
realizada por Soares [19], que contou com a participação voluntária de 14
mulheres de 35 a 50 anos de idade, entre o 8º e 26º dia de pós-operatório de
abdominoplastia dermolipectonia, comparou os efeitos das técnicas de DLM e DLE,
verificando que o grupo de DLM apresentou maior eficiência na eliminação dos
líquidos presentes, amenizando assim o edema e diversas outras alterações clínicas ocasionadas pela operação, além dos relatos das
pacientes dos benefícios proporcionados pelo toque que auxiliaram na ansiedade
e melhora na qualidade do sono.
Em outro estudo
realizado por Ceolin [20], foi analisado os efeitos da DLM no edema abdominal
de pós-operatório imediato da lipoaspiração. O estudo contou com 3 indivíduos do sexo feminino com idade entre 20 e 30 anos,
sedentárias, e que apresentavam dor e edema pós cirurgia de lipoaspiração no
abdômen, que foram submetidas a 15 sessões de drenagem linfática manual, três
vezes na semana, tendo 50 minutos cada sessão. Após o término das sessões foram
mensuradas as medidas de perimetria da região abdominal e constatou diminuição
do edema, hematoma e dor apresentados, garantindo total satisfação das
pacientes.
Com base neste estudo
e nos relatados acima a DLM obteve resultados satisfatórios, em relação à
sensação de bem estar, diminuição da dor, e em alguns casos do edema. Contudo,
para este estudo não foram evidentes os resultados na redução do edema, onde
talvez fosse necessária a associação de outros meios à técnica, como o caso das
meias de compressão, indicadas para indivíduos que permanecem por longas horas
na posição em pé, causando um acúmulo de líquidos nos membros inferiores que
sofrem com a ação da gravidade e do aumento na pressão dos vasos linfáticos,
levando a saída de líquidos para o interstício, ocasionando o aparecimento de
regiões edemaciadas [21].
No membro que foi
submetido à técnica de drenagem eletrônica (DLE), com o aparelho Beuaty Dermo
Vacuoterapia® (HTM), notaram-se maiores mudanças nas perimetrias, tendo
diferença total de 5,5 cm, valor este distribuído por toda região de coxa e
perna, como visto na tabela IV. Este aparelho se enquadra dentro da
eletroterapia, onde se utilizam da eletricidade para interferir nas ações do
organismo, através de aquecimento, contrações e relaxamentos [22].
Esse tipo de drenagem
através de aparelho, também recebe o nome de drenagem mecânica ou eletrônica,
onde é gerado um vácuo normalmente com pressão positiva e negativa de forma não
invasiva, com função de auxiliar na melhora circulatória, favorecendo a
diminuição de edema, oxigenação e renovação celular, além de promover melhora
no aspecto da pele afetado por disfunções como a fibro edema gelóide [23,24].
Sabe-se que para
promover o processo de drenagem linfática é necessário afetar os vasos
linfáticos, que são estruturas superficiais a pele, ou seja, a pressão exercida
pelo aparelho de endermoterapia mesmo sendo baixa e com pressão negativa, é capaz de estimular o sistema linfático permitindo a
melhora em sua circulação e consequentemente da circulação sanguínea [1].
Silva [25] descrimina
que aplicação desta terapia traz benefícios ao indivíduo pelos estímulos
gerados no organismo, desencadeando processos de vasodilatação, eliminação de
toxinas, estimulação nos fibroblastos, restauração da circulação e aumento da
nutrição do tecido. Sendo assim indicada também em processos de queimadura,
fibro edema geloide, gordura localizada, cicatriz, tonificação e relaxamento.
Neste estudo um dos
relatos da paciente após o término das sessões foi de ter sentido uma grande
melhora no aspecto da pele no membro que recebeu a DLE com a endermoterapia.
Esses dados também foram relatados no estudo de Bacelar e Vieira [26], que
através de revisão bibliográfica, apresentaram vantagens na preferência no uso
do aparelho eletrônico, do que em relação às manobras manuais, já que ambos
estimulam o sistema linfático, porém o aparelho se destaca em relação ao tempo
da sessão que pode ser mais rápido, assim como a padronização de todos os
estímulos que são desenvolvidos durante toda a aplicação.
Já a DLM requer mais
esforços físicos do massagista, onde apesar da técnica e do aperfeiçoamento de
cada profissional, ela é realizada com as duas mãos podendo sofrer alterações
na pressão dos movimentos [27].
Robertson et al. [22], ainda afirmam que o aparelho
de endermoterapia atuando sobre a circulação, é capaz de melhorar muitas
patologias e alterações que afetam o sistema linfático, especialmente casos de
fibro edema gelóide.
Bolla e Arruda [28]
realizaram um estudo onde aplicaram 20 sessões de endermoterapia, duas vezes na
semana em uma voluntária com 30 anos e que apresentava fibro edema gelóide grau
III. Cada sessão teve duração de 42 minutos, tempo este dividido entre as
regiões de abdômen, lombar, coxas e glúteo. Os movimentos realizados sobre a
malha foram conforme as fibras musculares variando entre 6
mmHg e 76 mmHg, da região com menor e maior concentração de fibro edema
gelóide. Como resultados a paciente apresentou significativa diminuição das
áreas edemaciadas, melhora no aspecto da pele, aumento da circulação, na
quantidade de produção de urina e sensação de bem estar ao final dos dias.
Por fim, embora este
estudo tenha limitações no conteúdo relacionado à endermoterapia como DLE e com
apenas uma voluntária avaliada, os resultados demonstrados na figura 2,
apresentam redução em todas as regiões mensuradas no membro esquerdo, que
recebeu a DLE utilizando o aparelho de endermoterapia, enquanto no membro
direito, que recebeu a técnica de DLM, na maioria das regiões mensuradas as
medidas se mantiveram as mesmas, não ocorrendo nenhuma redução.
Fonte: dados da
pesquisa
Figura
2 - Gráfico com as perimetrias das técnicas de
DLM e DLE por região e sessão.
Com este estudo de
caso pode-se concluir que a endermoterapia como DLE obteve melhores resultados que a DLM na redução do edema, e consequentemente
trouxe benefícios secundários como a melhora no aspecto da pele causada pela
fibro edema gelóide. Acreditamos que este estudo possa estimular a realização
de novas pesquisas nessa área, principalmente envolvendo o uso da
endermoterapia como DLE, contando com um número maior de voluntários que
apresentem edema de membros inferiores.