ARTIGO
ORIGINAL
Avaliação
linfocintilográfica qualitativa de pacientes com linfedema de membros
inferiores tratados com compressão pneumática intermitente por quatro semanas
Qualitative lymphoscintigraphic evaluation of patients with lower limb lymphedema,
treated with sequential intermittent pneumatic compression for four weeks
Paula Brunhara
Postali Armellini*, Isabela Azeredo Laurini Pires*, Cinira Assad Simão Haddad, D.Sc.**, Maria del Carmen Janeiro Perez, D.Sc.***, Fausto
Miranda Junior, D.Sc.****
*Pós-graduanda
de Mestrado do Curso de Pós-graduação em Ciências da Saúde da Universidade
Federal de São Paulo, **Universidade Federal de São Paulo, ***Profa. Adjunta
da Disciplina de Cirurgia Vascular e Endovascular Departamento de Cirurgia
EPM UNIFESP, ****Prof. Titular da Disciplina de
Cirurgia Vascular e Endovascular Departamento de Cirurgia EPM UNIFESP
Recebido em 4 de novembro de 2015; aceito em 30 de dezembro de 2015.
Endereço
de correspondência:
Cinira Assad Simão Haddad, Disciplina de Cirurgia Vascular e Endovascular, Rua
Borges Lagoa, 754, Vila Clementino, 04038-001 São Paulo SP, E-mail:
cinira_fisio@hotmail.com, paulapostalia@gmail.com
Resumo
Introdução:
O tratamento
conservador do linfedema periférico consta de drenagem
linfática manual,
exercícios terapêuticos, contenção
elástica e inelástica e também a compressão
pneumática intermitente sequencial. Objetivo:
Avaliar o efeito da compressão pneumática intermitente sequencial associada ao
uso de contenção inelástica e elástica e exercícios miolinfocinéticos, durante
quatro semanas, em pacientes com linfedema das extremidades inferiores,
utilizando a análise qualitativa da linfocintilografia e a perimetria. Material
e métodos: Dez pacientes portadores de linfedema das extremidades inferiores
selecionados por conveniência, totalizando 14 membros acometidos, foram
submetidos a quatro semanas de tratamento com compressão pneumática
intermitente sequencial, contenção inelástica e elástica e exercícios
miolinfocinéticos. Para a avaliação dos membros realizou-se a análise
qualitativa da linfocintilografia e também a perimetria dos membros antes e
após o tratamento proposto. Resultados:
Não foi encontrada diferença estatisticamente significativa nos achados
linfocintilográficos pré e pós-tratamento. Contudo, encontrou-se redução
significativa da perimetria dos membros (p < 0,01) cuja redução máxima
encontrada foi de 5,9% na perimetria do tornozelo e a mínima de 1,8% na
perimetria da coxa. Conclusão: O
tratamento realizado foi eficaz na redução da perimetria do membro tratado,
porém não foi observada alteração significativa nos padrões
linfocintilográficos qualitativos para estes pacientes.
Palavras-chave: linfedema,
dispositivos de compressão pneumática intermitente, extremidade inferior,
cintilografia, reabilitação.
Abstract
Introduction: Conservative treatment of peripheral lymphedema consists of manual
lymphatic drainage, therapeutic exercises, elastic and inelastic compression
and sequential intermittent pneumatic compression. Objective: The objective of this study was to evaluate the effect
of four weeks of sequential intermittent pneumatic compression combined with
elastic and inelastic compression and lymphokinetic
exercises on patients with lymphedema of the lower extremities by means of
qualitative analysis with lymphoscintigraphy and circumference measurements. Methods: Ten people with lymphedema of
the lower limbs, totaling 14 limbs treated, selected by convenience, underwent
lymphoscintigraphy before and after four weeks of treatment with sequential
intermittent pneumatic compression, elastic and inelastic sleeves and lymphokinetic exercises. For evaluating limbs, were carried
out qualitative analysis of lymphoscintigraphy and also circumference
measurements before and after the proposed treatment. Results: No statistically significant differences were detected in
lymphoscintigraphic findings before and after treatment. However, there was a
significant reduction in the circumference measurements (p < 0.01) of the
limbs. The maximum reduction was found 5.9% in the ankle circumference and the
minimum was 1.8% thigh circumference. Conclusion:
The treatment was effective at reducing limb circumference, however, no
significant changes were observed on the qualitative lymphoscintigraphic analysis
for these patients.
Key-words: lymphedema,
intermittent pneumatic compression devices, lower limbs, radionuclide imaging,
rehabilitation.
Linfedema é uma
manifestação externa ou interna de uma insuficiência do sistema linfático e um transtorno
do transporte linfático. Pode ser uma displasia linfática congênita (linfedema
primário) ou uma oclusão anatômica, como após dissecções cirúrgicas radicais
(como retiradas de linfonodos axilares ou retroperitoniais), irradiação e
linfangites de repetição (linfedema secundário). No linfedema, o transporte
linfático está diminuído com acúmulo do filtrado microvascular, incluindo
proteína plasmática e células que normalmente deixam o vaso sanguíneo em
direção ao interstício. O edema é produzido pelo acúmulo de água, proteínas
plasmáticas, células sanguíneas extravasculares e produtos celulares do
estroma/parênquima no espaço extracelular e acumula-se nos tecidos moles na
parte do corpo afetada. Esse processo resulta em proliferação dos elementos estromais
e parenquimais com deposição excessiva de substância da matriz extracelular e
frequentemente tecido adiposo [1,2].
O tratamento do
linfedema periférico pode ser conservador e/ou cirúrgico. O tratamento
conservador consta da combinação de técnicas fisioterápicas como drenagem
linfática manual, exercícios terapêuticos, contenção elástica e inelástica e
por vezes compressão pneumática intermitente. São empregados também
termoterapia, LASER (Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation)
de baixa potência e cuidados com a pele. A compressão pneumática intermitente é
usada para o tratamento do linfedema periférico com 90% de bons resultados. Uma
recente revisão sistemática entre 2004-2011 sobre o uso da compressão
pneumática intermitente demonstrou resultados favoráveis, segurança e boa
tolerância pelos pacientes, no tratamento do linfedema periférico. Contudo o
efeito fisiológico da compressão pneumática é muito controverso [1-3].
A linfocintilografia
é um método de imagem que pode ser utilizado para a confirmação da suspeita
clínica do linfedema, também para o seguimento e monitoração da resposta de
medidas terapêuticas [4,5]. Por ser um método prático e de fácil reprodução, a
perimetria tem a mesma especificidade e poder diagnóstico que a volumetria, que
é padrão ouro na avaliação do linfedema das extremidades [6]. Em um estudo
publicado por Bergmann et al. [7] com o objetivo de analisar a
concordância e a validade de métodos utilizados para o diagnóstico de
linfedema, em mulheres submetidas a tratamento cirúrgico para câncer de mama, a
perimetria mostrou-se um método de fácil execução e a melhor relação entre
sensibilidade e especificidade.
O objetivo deste
estudo foi a avaliação linfocintilográfica qualitativa
e a perimetria em pacientes com linfedema de membros inferiores submetidos ao
tratamento com compressão pneumática intermitente sequencial por quatro semanas
associada à terapia compressiva e exercícios miolinfocinéticos.
O estudo foi
realizado no ambulatório da Disciplina de Cirurgia Vascular do Departamento de
Cirurgia da UNIFESP – Escola Paulista de Medicina, no período entre 2004 e 2006
em pacientes com diagnóstico de linfedema dos membros inferiores. O projeto de
pesquisa foi analisado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal de São Paulo sob número 0649/04.
Foram incluídos no
estudo pacientes portadores de linfedema de membros inferiores, de etiologia
primária ou secundária segundo a classificação de Kimonth et
al. [8], linfedema tipo I ou II de acordo com a classificação de Mowlen [9],
doentes com idade maior que 18 anos que aceitavam participar do estudo
assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foram excluídos do
estudo os pacientes com úlcera ativa infectada ou não, insuficiência cardíaca
grave, erisipela ou linfangite, linfedema de coto de amputação e linfedema tipo
III segundo a classificação de Mowlen [9].
Todos os pacientes
foram informados quanto ao estudo e estando de acordo, assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido. Em seguida, foram submetidos a dois exames
de linfocintilografia com injeção intradérmica de dextran 99mtecnécio,
no primeiro espaço interdigital dos membros inferiores. Os exames foram realizados
antes (controle) e após quatro semanas de tratamento com Compressão Pneumática
Intermitente Sequencial (CPIS), terapia compressiva e exercícios
miolinfocinéticos.
Para o tratamento, os
pacientes foram posicionados em decúbito dorsal, com a maca em elevação de 15
cm na parte distal (Trendelenburg), realizou-se estimulação linfonodal inguinal
bilateral para a evacuação da linfa e posteriormente foi colocada a bota do
compressor pneumático intermitente multicompartimental Lympha Press® (10
câmaras) a uma pressão de 60 mmHg, por uma hora. Após
a compressão, os membros eram enfaixados com atadura inelástica da marca
Famara® e posteriormente os pacientes realizavam os exercícios
miolinfocinéticos, sendo eles flexão/extensão da coxa e perna, dorsiflexão e
flexão plantar de tornozelo. Era realizada uma série de 10 repetições de cada
exercício. Os pacientes eram orientados a ficar 24
horas com a contenção inelástica e, quando retirada, deviam fazer uso de meia
elástica (contenção elástica) com pressão de 30 a 40 mmHg. Foram realizadas 13
sessões: na primeira e na segunda semana quatro dias por semana, na terceira
semana três dias e na quarta, dois dias por semana. O tratamento foi feito
dessa maneira, pois a maior redução do linfedema se dá nas primeiras semanas de
tratamento; após a terceira semana, a redução ocorre
de maneira pouco significativa [10].
Também foi realizada
a perimetria dos membros antes e após o término do tratamento. Esta foi
realizada da seguinte forma: a partir do segundo pododáctilo, fita métrica
sobre o dorso do pé, distância de 10 cm; fita métrica a partir da planta do pé
cada 10 cm até a prega inguinal, num total de sete medidas (Figura 1). As
medidas foram feitas pelo mesmo examinador no mesmo horário do dia.
As análises
qualitativas das linfocintilografias foram feitas por três examinadores
médicos, especialistas em medicina nuclear. Os avaliadores não sabiam se as
imagens eram antes ou após o tratamento, caracterizando uma avaliação “cega”.
Cada examinador preencheu um protocolo específico de avaliação, o qual foi
analisado nas pernas: aspecto do trajeto que poderia ser pontuado em 1 se o
aspecto fosse linear, 2 se o aspecto fosse tortuoso e 3
ausente; números de linfáticos: 1 caso não houvesse nenhum linfático, 2 se
fosse único e 3 se visualizassem múltiplos linfáticos; refluxo dérmico: 1
ausente, 2 moderado e 3 intenso; presença linfonodos poplíteos: 1 caso
visualizassem linfonodo poplíteo e 2 quando o mesmo não fosse visualizado; e
circulação colateral: seria pontuado 1 sim ( presença de circulação colateral)
e 2 não. Análise nas coxas: aspecto do trajeto, número de linfáticos, refluxo
dérmico, presença ou ausência de captação inguinal e circulação colateral foram
pontuados da mesma forma descrita para as pernas com a diferença da captação
inguinal, mas a pontuação era a mesma utilizada em linfonodos poplíteos.
Para a análise
estatística dos resultados, foram utilizados testes não paramétricos, de acordo
com a natureza das variáveis estudadas. Teste de Wilcoxon para duas amostras
não independentes: comparando em cada paciente os valores das medidas de
circunferência pré e pós-compressão pneumática intermitente sequencial. Também utilizou-se o teste de Wilcoxon para comparar pré e pós o
aspecto do linfático em perna e coxa, o número de linfáticos em perna e coxa,
refluxo dérmico em perna e coxa.
Foram calculadas as
diferenças percentuais (delta%) a partir dos valores observados no início e no
final do tratamento através da fórmula:
Delta% = (valor inicial - valor final)/(valor
inicial) ×100
Análise
de variância
de Friedman para a diferença percentual das medidas da
perimetria pré e
pós-tratamento. Teste de Mc Nemar: comparando os grupos
pré e pós-tratamento em
relação à presença ou não de
linfonodos poplíteos, circulação colateral de
perna e coxa e captação inguinal, sendo aplicado
separadamente para cada
examinador (A, B, C). Em todos os testes fixou-se em 0,05 ou 5% o
nível de
significância.
Foram selecionados 13
pacientes, somente 10 concluíram o protocolo. Desses 10 pacientes, seis eram
portadores de linfedema unilateral e quatro bilateral,
totalizando 14 membros tratados.
Todos os pacientes
eram do gênero feminino, com idades variando de 20 a 57 anos (média de 40,6
anos). O tempo de duração do linfedema variou de 4 a 45 anos, com uma média de
23,4 anos. Dos 10 doentes, nove eram portadores de linfedema primário e um de
linfedema secundário, de acordo com a classificação de Kimonth et al. [8]. Nove pacientes tinham
linfedema tipo II e um tipo I, pela classificação de Mowlen [9].
Não foi encontrada
diferença estatisticamente significativa entre as linfocintilografias
realizadas antes e após quatro semanas de tratamento. As figuras 2 e 3 mostram
imagens linfocintilográficas pré e pós-tratamento de dois pacientes.
A tabela I mostra os
resultados da análise estatística em todos os aspectos da linfocintilografia
qualitativa. Os locais assinalados com um asterisco correspondem aos aspectos
em que foram detectadas alterações linfocintilográficas significativas nas
análises antes e depois do tratamento. Nos resultados relacionados ao pré e pós tratamento, as diferenças só foram significativas nos
aspectos: número de linfáticos da perna (para o examinador A) e aspecto do
trajeto das coxas (para o examinador B).
Na figura 4
apresenta-se a diferença percentual das medidas da perimetria pré e
pós-tratamento dos membros estudados, de acordo com os diferentes locais,
observando-se uma redução estatisticamente significativa da perimetria
realizada nos membros estudados antes e depois do tratamento.
Tabela
I - Pacientes portadores de linfedema de membro
inferior segundo a avaliação do aspecto do linfático, o número de linfáticos e
refluxo dérmico em perna e coxa, sendo aplicado separadamente para cada
examinador (A, B, C) nos tempos pré e pós-tratamento utilizando o teste de
Wilcoxon.
Figura
1 - Locais das medidas da perimetria.
Figura
2 - Linfedema secundário pós-infeccioso MIE pré
e pós-tratamento.
Figura
3 - Linfedema primário precoce bilateral pré e
pós-tratamento.
Figura
4 - Diferença percentual das medidas da
perimetria pré e pós-tratamento dos membros estudados de acordo com os
diferentes locais – Análise de variância de Friedman.
qui-quadrado crítico =
12,59; qui-quadrado = 22,76*
O presente estudo
avaliou o efeito da compressão pneumática intermitente sequencial associada a
outras medidas, como a terapia compressiva (contenção inelástica e elástica) e
os exercícios miolinfocinéticos. Para isso, utilizou-se a análise qualitativa
de estudos linfocintilográficos.
Os achados deste
estudo concordaram com a literatura, mostrando que a compressão pneumática
intermitente, associada ou não a outras medidas físicas como contenção elástica
e inelástica e exercícios miolinfocinéticos, é eficaz para o tratamento do
linfedema dos membros, com redução efetiva das medidas [11-22], porém Dini et al. [23] não encontraram efetividade no
uso da compressão pneumática isolada para o tratamento do linfedema
pós-mastectomia. Rech et al. [24], em uma revisão sistemática
sobre o uso da compressão pneumática para o tratamento de linfedema de membros
superiores pós-mastectomias, constataram que não há evidência suficiente para
dar suporte a qualquer tipo de recomendação dessa terapia, porém ressaltam a
escassez de estudos na área e o baixo rigor metodológico dos que se encontram
disponíveis dificultando um resultado fidedigno e verídico para apoiar ou
recusar o seu uso.
Em relação à
perimetria, foram encontradas diferenças estatisticamente significativas na
maioria dos pontos avaliados, com maior redução nas medidas 10 e 20
centímetros, que equivalem ao tornozelo e panturrilha. Estas reduziram em média
5,9 e 5,5%, respectivamente. Porém, no dorso do pé e terço proximal da coxa
(medidas 50 e 60 centímetros), as reduções foram menores, 2,7; 2,3 e 1,8%,
respectivamente. Os achados deste trabalho são semelhantes aos de outros
estudos, como o de Pappas e O’ Donnel [19], que mostraram reduções que variaram
de 5,37 ± 1,01 a 4,63 ± 0,88cm na perimetria da panturrilha, utilizando a
compressão pneumática intermitente diariamente por seis a oito horas, porém os
pacientes foram hospitalizados por um período de dois a três dias. Já
Zelikovski et al. [12] observaram reduções de 2,0 a
4,0 centímetros da perimetria da panturrilha, utilizando também a compressão
pneumática, porém por duas a quatro horas diárias durante 72 horas. Perez et al. [20], Miranda et al. [25], utilizando a compressão pneumática intermitente
sequencial somente três horas em pacientes com linfedema de membros inferiores,
também observaram uma redução maior nos locais E e D, que equivalem a tornozelo
e panturrilha, respectivamente e no terço médio da coxa. Mostrou também que no
dorso do pé e terço proximal da coxa não houve uma redução tão significativa
das medidas.
Muluk et al. [22] avaliaram a efetividade da
compressão pneumática em uso domiciliar associado a compressão elástica e
inelástica em 196 pacientes com linfedema de membros inferiores, e observaram
melhora de 90% dos pacientes, dos quais 35% obtiveram uma redução maior que 10%
do volume do membro.
A linfocintilografia
é o método atual de escolha para avaliar o sistema linfático e confirmar
suspeita clínica de linfedema. Pode ser utilizada para avaliar o resultado de
tratamentos, como aqueles que reduzem o volume do membro, analisando o seu
efeito fisiológico [5,20,25,26]. Fornece uma avaliação
satisfatória dos linfáticos e linfonodos, os resultados são facilmente
repetidos para controle e oferecem imagens das alterações anatômicas e
funcionais. O radiofármaco utilizado neste estudo foi o dextran99m tecnécio,
através de injeção intradérmica no primeiro interdigito das extremidades
inferiores, também utilizado por outros autores [5,20,25,27,28].
Não foi encontrada
diferença estatisticamente significativa entre os resultados pré e pós-tratamento
na linfocintilografia qualitativa. O mesmo resultado obtido por Partsch et al. [26] que realizaram um estudo com
compressão pneumática unicompartimental controlado por linfocintilografia,
utilizando albumina marcada com iodo 131. Observaram a
redução de aproximadamente 5% do tamanho do membro por sessão, aumento da
quantidade de urina e transito mais rápido nos linfonodos, indicando melhora do
transporte linfático. Concluíram que a CPIS mobiliza mais água livre do que
proteínas das extremidades, sendo a eficácia do tratamento relacionada à perda
de água dos membros.
Por sua vez
Zelikovski et al. [12] referiram que a compressão
pneumática aumenta o fluxo linfático, promovendo absorção de proteínas e água
do interstício, considerando que a compressão impulsiona o líquido rico em
proteínas para os linfáticos colaterais diminuindo o teor proteico do
interstício, porém não fizeram nenhum controle.
Perez et al. [20] avaliaram o efeito da
compressão pneumática por somente três horas em pacientes com linfedema de
membros inferiores, realizando uma linfocintilografia antes e uma após três
horas de compressão. Apesar da redução significativa das medidas de
circunferência dos membros, não houve alteração nos padrões
linfocintilográficos.
Olszewski et al.
[29], em seu estudo utilizando a
compressão pneumática em pacientes com linfedema de
membros inferiores,
observaram alteração nos achados
linfocintilográficos após 45 minutos de
tratamento, contudo eles utilizaram a análise semi quantitativa.
Houve aumento
na difusão do traçado em direção à
região inguinal, porém não houve
mobilização
do fluido tissular em direção à região
hipogástrica.
Na literatura, os
estudos semelhantes ao presente trabalho utilizando a análise qualitativa
linfocintilográfica para avaliar o efeito da compressão pneumática, foram os de
Perez et al. [20] e Miranda Junior et al. [25]. Não observaram mudanças linfocintilográficas
estatisticamente significativas sem e com três horas de compressão. Contudo,
nesses estudos a compressão pneumática intermitente sequencial foi empregada de
forma isolada por apenas três horas, permanecendo a dúvida de qual seria o efeito
com um tempo de compressão mais prolongado e associado a outras medidas
terapêuticas.
O tratamento durante
quatro semanas com compressão pneumática intermitente sequencial associada à
terapia compressiva e exercícios miolinfocinéticos foi eficaz na redução da
perimetria do membro, porém não foram observadas alterações significativas nos
padrões linfocintilográficos qualitativos.