ARTIGO
ORIGINAL
Avaliação
do alinhamento postural e extensibilidade muscular pela escala SAROMM em
crianças com paralisia cerebral após fisioterapia aquática
Evaluation of postural alignment and muscle extensibility with SAROMM
scale in cerebral palsy after aquatic physiotherapy
Evanir Miranda da Silva*, Tassiane Araújo dos Santos da Silva*, Rodrigo de Souza Balk****, Robson Ricardo Lopes, M.Sc.**, Christian Caldeira Santos***, Simone
Lara***, Susane Graup****
*Acadêmicas
de Fisioterapia, Grupo de Pesquisa em Fisioterapia Neurofuncional,
Universidade Federal do Pampa, Campus Uruguaiana/ RS,**Professor Universidade
Barão de Mauá, Ribeirão Preto/SP, ***Professor Assistente, Grupo de Pesquisa em
Fisioterapia Neurofuncional, Universidade Federal do
Pampa, Campus Uruguaiana/RS, ****Professor Adjunto, Grupo de Pesquisa em
Fisioterapia Neurofuncional, Universidade Federal do
Pampa, Campus Uruguaiana, RS
Recebido em 2 de julho de 2017; aceito em 22 de agosto de 2017.
Endereço
para correspondência:
Rodrigo de Souza Balk, Grupo de Pesquisa em
Fisioterapia Neurofuncional, BR 472, Km 592,
97500-970 Uruguaiana RS, Email: rodrigo.balk@gmail.com;
Evanir Miranda da Silva: evanir.miranda@yahoo.com.br;
Tassiane Araujo dos Santos
da Silva: tassi-araujo@hotmail.com; Robson Ricardo Lopes: robsonrlopes@hotmail.com;
Christian Caldeira Santos: christiancaldeirasantos@gmail.com; Simone Lara: slarafisio@yahoo.com.br;
Susane Graup : susigraup@gmail.com
Resumo
A paralisia cerebral
(PC) é a causa mais prevalente de desordens motoras em crianças no período de
maturação estrutural e funcional do sistema nervoso central. A fisioterapia
aquática é uma alternativa de tratamento que possibilita a aquisição de
funcionalidade na PC de acordo com as capacidades físicas e cognitivas da
criança. O estudo teve como objetivo analisar os efeitos da fisioterapia
aquática sobre o alinhamento postural e extensibilidade muscular em crianças
com diagnóstico de PC. Participaram do estudo quatro crianças com diagnóstico
de PC (duas espásticas e duas atetóicas).
Foi realizado um protocolo com 10 sessões de Fisioterapia Aquática, incluindo
exercícios de fortalecimento de tronco e de membros inferiores (MMII) e de
flexibilidade articular, e as crianças foram avaliadas
pré e pós-tratamento utilizando a escala Spinal Alignment and Range of Motion Measure (SAROMM). Os quatro sujeitos apresentaram melhora
na extensibilidade de MMII, porém não houve melhora no alinhamento de tronco. A
fisioterapia aquática apresentou efeitos benéficos sobre extensibilidade
muscular de MMII em crianças com PC.
Palavras-chave: paralisia cerebral,
Fisioterapia, criança, postura.
Abstract
Cerebral palsy (CP) is the most prevalent cause of motor disorders in
children in the structural and functional maturation of the central nervous
system period. The aquatic physical therapy is an alternative treatment which
enables the acquisition functionality in the PC according to the physical and
cognitive skills of the child. The study aimed to analyze the effects of
aquatic physical therapy on postural alignment and muscle extensibility in
children with CP diagnosis. The study included four children with diagnosis of
CP (two spastic and two athetosis). It carried out a
protocol with 10 sessions of Aquatic Physical Therapy, including trunk
strengthening exercises and lower limbs (LL) and joint flexibility, and the
children were evaluated before and after treatment using the Spinal Scale
Alignment and Range of Motion Measure (SAROMM). The four subjects showed
improved extensibility of the lower limbs, but there was no improvement in the
trunk alignment. The aquatic therapy showed beneficial effects on muscle
extensibility lower limbs in children with CP.
Key-words: cerebral
palsy, Physical Therapy, child, posture.
O desenvolvimento
motor consiste em uma aquisição contínua de habilidades motoras de acordo com a
idade cronológica da criança [1]. Nesse sentido, existem características
esperadas para cada faixa etária como reflexos e reações primitivas no primeiro
ano de vida, tais como alcançar objetos com as mãos, rolar de prono para supino
e vice-versa, apoiar-se nos braços e erguer a cabeça, sentar-se e manter a
postura, engatinhar, ficar em pé e, por fim, caminhar sem perder o equilíbrio
[2,3]. Por outro lado, o desenvolvimento motor atípico apresenta a falta de uma
ou mais, ou, ainda, a permanência de alguma destas características, como acontece
na Paralisia Cerebral (PC) [3], em que a criança não consegue ou tem
dificuldade de controlar e coordenar seus movimentos e posturas, levando a
alterações no desenvolvimento motor [4,5].
Na PC há um desajuste
no controle postural normal, assim como nas reações posturais, que são a base
para a realização de movimentos contra a gravidade [6]. Estes desajustes
posturais podem ser causados por disfunções musculoesqueléticas oriundas da PC,
ocasionando déficit na mobilidade e o desenvolvimento de contraturas musculares
e deformidades na coluna vertebral (hipercifose,
retificação da lordose e escoliose) e extremidades [7,8]. Tais deformidades
associadas ao desalinhamento de tronco prejudicam o desenvolvimento da criança,
podendo alterar o padrão de marcha [6].
Neste sentido, um
tratamento apropriado pode promover o aumento, tanto quanto possível, das
habilidades do indivíduo [9]. Desta forma, visando potencializar os resultados
terapêuticos e proporcionar ao indivíduo maior facilidade na realização das
atividades por meio da redução da gravidade, a fisioterapia aquática torna-se
uma alternativa no tratamento das disfunções causadas pela PC. De fato, a água
reduz os efeitos da força da gravidade e com a diminuição do estresse
gravitacional nos músculos e articulações, ocorre a
redução das informações sensoriais provenientes destes receptores articulares
pela ação do empuxo [10].
A fisioterapia
aquática possibilita a estabilização e desestabilização do paciente em imersão,
devido às propriedades hidrodinâmicas da água que atuam nos movimentos, tendo
como principal objetivo para o paciente com PC, a aquisição da funcionalidade
de acordo com as suas capacidades físicas e cognitivas [11]. A água facilita a
realização de exercícios, proporcionando ao sujeito sensações e facilidades que
não são conseguidas em ambiente terrestre [12], devido às propriedades físicas
como a pressão hidrostática, a força de empuxo, a termocondutividade
e a força de resistência [13,14].
Portanto, o exercício
executado no meio aquático representa uma ótima opção para reabilitação e
treinamento físico, acarretando melhorias, dentre as quais se destacam o
aumento na força muscular, na habilidade para desenvolver as atividades
cotidianas, no equilíbrio postural, na flexibilidade, na composição corporal e
condicionamento cardiorrespiratório [12,15]. Sendo assim, é necessário realizar
uma avaliação funcional dos indivíduos para definir a conduta fisioterapêutica
adequada e individualizada a partir das características de cada sujeito e da
gravidade da lesão, o que direciona o fisioterapeuta e permite a visualização
do antes e depois da realização do tratamento.
Considerando os
processos de avaliação, destacamos a Spinal Alignment and Range of Motion Measure (SAROMM),
transcrita e validada para o Brasil em 2014 [16] como ferramenta discriminativa
para ser usada em reabilitação. Ademais, ela avalia os desvios posturais e a
extensibilidade muscular de regiões que fazem conexão direta com o tronco, como
o quadril, o ombro e extremidades, como o tornozelo. Este instrumento indica se
a criança apresenta o alinhamento e a amplitude de movimento normal ou anormal
[17]. Outra ferramenta utilizada nesse contexto, a fim de classificar a
gravidade de indivíduos com PC, bem como o nível de habilidade e de limitação
funcional dos mesmos é o Gross Motor Function Classification System (GMFCS).
Ao considerar a
escassez de estudos sobre os benefícios da fisioterapia aquática em crianças
com PC, principalmente, usando métodos de classificação como o GMFCS e
avaliação através da SAROMM, este estudo objetiva investigar os efeitos da
Fisioterapia Aquática sobre o alinhamento postural e extensibilidade muscular
em crianças com diagnóstico de PC, utilizando a escala SAROMM como método de
avaliação.
Este estudo quase-experimental foi realizado em quatro crianças com
diagnóstico de PC as quais foram classificadas de acordo com a GMFCS quanto ao
nível de habilidades e limitações na função motora grossa em crianças e jovens com
PC. Este instrumento foi traduzido e adaptado para o Brasil em 2007 [18]. Os
critérios de inclusão para participação no estudo foram: diagnóstico de PC,
ambos os sexos, faixa etária compreendida entre 02 e 12 anos de idade e ser
cognitivamente apto para a realização das tarefas. Os critérios de exclusão
foram: cirurgias e problemas ortopédicos recentes, dor na realização das
tarefas, alterações de visão ou audição, problemas dermatológicos, lesões na
pele e que não completasse o protocolo composto por 10 sessões de fisioterapia
aquática.
Durante a realização
deste estudo as crianças não realizaram nenhum outro tratamento
fisioterapêutico concomitante. O instrumento utilizado para avaliação foi uma
escala para avaliação do alinhamento postural e extensibilidade muscular
denominada SAROMM.
Este trabalho foi
submetido ao Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Universidade
local e aprovado sob o parecer número 089461/2015. A participação na
pesquisa foi voluntária e um termo de consentimento livre e esclarecido foi
assinado pelas (os) responsáveis dos participantes. O quadro I mostra as
características dos participantes.
Quadro
I - Características descritivas dos sujeitos da
amostra do estudo.
Avaliação
A avaliação da SAROMM
foi transcrita para o Brasil em 2014 [16] e indica se a criança apresenta o
alinhamento ou a amplitude de movimento normal ou anormal. Os itens que a
escala avalia foram desenvolvidos com conhecimento das variações posturais
(sentado-engatinhar-marcha), alinhamento e variedade de limitações de movimento
de crianças com PC. Ela possui quatro itens para alinhamento da coluna
vertebral e onze para amplitude de movimento e extensibilidade muscular que são
testados bilateralmente [17]. No presente estudo, optou-se por utilizar os
seguintes aspectos: alinhamento das curvaturas da coluna - tronco (lordose cervical, cifose torácica, lordose lombar e
escoliose (patológica); quadril (flexão e extensão, rotação interna e externa,
adução e abdução); joelho (extensão de joelho e extensibilidade de isquiotibiais) e; tornozelo (plantiflexão
e dorsiflexão). A pontuação de cada item varia de
zero a quatro pontos, no qual, zero ocorre o alinhamento sem limitações e
quatro há desvios graves na coluna vertebral ou limitação na amplitude de
movimento ou extensibilidade muscular. O total é a soma dos valores obtidos nas
articulações de cada membro e a média é o resultado da divisão dessa soma pela
quantidade de articulações avaliadas.
Para a aplicação da
SAROMM, a criança foi posicionada para avaliação dos itens 1 a 4 (Alinhamento
da coluna vertebral) na posição sentada sobre o tablado ou sobre um banco,
sendo sempre necessário que este, estivesse em uma postura alinhada e
posicionado com os pés ao chão, distância preservada com ângulo poplíteo a 90º
sem flexão maior de 90º de quadril, respeitando caso a criança apresentasse
contratura muscular que o mantivesse acima de 90º de flexão de quadril. Para
avaliação dos itens 5 a 24, avaliação da amplitude de movimento e
extensibilidade muscular, a criança era posicionada em decúbito dorsal sobre o
tablado.
A avaliação ocorreu
apenas uma vez com cada criança, sendo esta filmada para posterior análise. As
filmagens das curvaturas da coluna, os movimentos de extensão e flexão de
quadril, extensão de joelho, dorsiflexão e flexão
plantar foram realizadas com a câmara posicionada em vista
lateral, respeitando o lado a ser testado. Para a avaliação da curva
lateral (avaliação da escoliose), a câmera foi posicionada posterior ao tronco.
Além disso, para a avaliação dos abdutores, adutores e rotadores internos e externos
do quadril, as filmagens foram realizadas com a câmera posicionada na
extremidade inferior.
A figura 1 demonstra
a avaliação do alinhamento de tronco (1A e 1B) e da extensibilidade muscular de
membros inferiores (1C e 1D).
Figura
1 - Avaliação do alinhamento do tronco (1A e 1B)
e da extensibilidade muscular (1C e 1D).
Procedimentos
Foi realizado
protocolo terapêutico a partir de estudo realizado por Brancher
et al.[10], com ênfase em relaxamento, alongamento e
fortalecimento de tronco e membros inferiores e atividades que incentivaram o
caminhar, sentar e levantar [11]. O protocolo de exercícios foi elaborado de
forma individual, baseado nas limitações e capacidades de cada criança. O
tratamento baseou-se em 10 sessões de Fisioterapia Aquática, duas vezes por
semana, em uma piscina adaptada com água aquecida a uma temperatura de 32 ±
1ºC, entre outubro e dezembro de 2015. O tratamento foi realizado por 2 pesquisadores previamente treinados. Cada sessão teve
duração de uma hora, sendo, 10 minutos para avaliação pré-intervenção,
40 minutos para atendimento, dos quais 5 minutos iniciais e finais eram para
adaptação e relaxamento, respectivamente e 10 minutos finais para avaliação
pós-intervenção.
Análise
estatística
Os resultados foram
analisados através de estatística descritiva utilizando o programa Excel para
Windows e comparados intra e interparticipantes,
frente aos períodos pré e pós-intervenção, que foram
descritos e representados por tabelas.
As crianças foram
avaliadas pré e pós-tratamento utilizando a SAROMM
como método de avaliação, e os resultados obtidos antes e depois foram
comparados com dados do próprio sujeito. A análise da Tabela I permite
verificar que todas as crianças apresentaram melhora com o tratamento proposto,
particularmente, nas articulações de quadril, joelho e tornozelo. Vale destacar
que a articulação do quadril era a mais comprometida no
pré-teste e, após o tratamento, é possível perceber que, mesmo nos indivíduos
com maior nível de déficits, houve uma grande diminuição nos valores totais e
médios. Além disso, não foi possível identificar alterações no tronco após a
intervenção em nenhum dos sujeitos avaliados.
Tabela
I – Resultados obtidos por meio da SAROOM
comparando o antes e depois do tratamento intra sujeitos.
T=total, = média. O total refere-se à soma dos valores
obtidos nas articulações de cada membro e a média é o resultado da divisão
dessa soma pela quantidade de articulações avaliadas.
A tabela II mostra os
valores das diferenças entre o pré e o pós-teste,
sendo possível identificar que, considerando os valores médios, o joelho foi o
que teve maior variação na maioria dos sujeitos, com exceção apenas para o
sujeito II que não apresentava limitações nesta articulação.
Tabela
II –
Valores das diferenças da avaliação na
SAROOM entre o pré e o pós-testes de cada sujeito.
DT
= diferença no
total entre o pré e o pós-teste; Dc = diferença entre as
médias do pré e pós- teste.
O objetivo deste
estudo foi investigar os efeitos da Fisioterapia Aquática sobre o alinhamento
postural e a extensibilidade muscular em crianças com diagnóstico de PC
utilizando a escala SAROMM como método de avaliação. Todos os sujeitos
apresentaram melhora nas articulações de quadril, joelho e tornozelo, indicando
uma melhor extensibilidade nos grupos musculares que compõem estes componentes
articulares.
A água reduz a
necessidade de esforço para realizar os movimentos e melhora a qualidade deste
durante sua execução [19,20], assim como o exercício no ambiente aquático
proporciona melhora na amplitude de movimento e ativação muscular [21]. A
melhora na extensibilidade nas articulações de tornozelos apontada pela SAROMM
nos 4 sujeitos em nosso estudo pode ter ocorrido,
devido ao relaxamento do tônus muscular proporcionado pelas propriedades
terapêuticas da água que são benéficas nos casos de espasticidade ou tensão
muscular exacerbada [22], pois, a turbulência e temperatura da água interferem
no relaxamento muscular e na amplitude de movimento [23], proporcionando melhor
extensibilidade à musculatura.
Os sujeitos 2, 3 e 4
não apresentaram melhora no alinhamento de tronco, pois, a classificação no
nível IV e V do GMFCS direciona para disfunções mais
severas [24] com diminuição da ativação muscular em extensores de tronco, falta
de reações de equilíbrio [6] e limitações no controle voluntário dos movimentos
e na habilidade de manter posturas antigravitacionais
do pescoço e do tronco [25]. Neste sentido, na PC há deficiência no mecanismo
de controle postural normal, com alteração nas reações posturais que são base
para a realização de movimentos contra a gravidade [26] e as variações clínicas
encontradas nas crianças com PC dependem do seu grau de severidade funcional,
que está relacionada à persistência dos reflexos primitivos, estiramento
muscular e reações posturais que impõem padrões de movimentos rudimentares e
controle inadequado da postura [27].
Cabe ressaltar que no
presente estudo os sujeitos não obtiveram melhora no alinhamento de tronco após
dez sessões de fisioterapia aquática. De fato, é possível inferir que os
efeitos de intervenções sobre o tronco necessitem de um maior período de
reabilitação [28]. Esses autores [28] realizaram 20 sessões de fisioterapia,
com base na técnica de reeducação postural global em paciente com PC e
perceberam que, após as primeiras 10 sessões, não houve efeitos positivos sobre
o tronco e, sim, somente ao final da vigésima sessão de fisioterapia. Em outro
estudo, após 30 sessões de fisioterapia aquática em paciente com PC foi
possível verificar melhora no equilíbrio devido à perturbação do meio aquático
sobre a organização espacial do indivíduo [10].
A reabilitação
aquática é proposta para o tratamento de lesões cerebrais e seus problemas
associados, como fraquezas musculares, déficit de coordenação motora e
equilíbrio [29,30]. Considerando este último, é relevante destacar que a
manutenção do equilíbrio postural humano depende das informações dos sistemas
visuais, proprioceptivos e vestibulares [31].
Assim, Alagesan e Shetty [32] descrevem
que intervenções que induzem a um forte estímulo aferente sobre o sistema
nervoso, principalmente o proprioceptivo, contribuem para recuperar o atraso
motor decorrente da PC, como a hidroterapia, que melhora o equilíbrio postural
através da estimulação proprioceptiva [33]. Corroborando, os exercícios
aquáticos tornam possível a criação de situações de instabilidade, fornecendo
uma grande quantidade de informações sensoriais, que promovem a melhoria nas
reações de equilíbrio do corpo [34], uma vez que o alinhamento postural ocorre
devido à organização do sistema somatossensorial e
vestibular, proporcionando ao indivíduo a autocorreção de algum desajuste que
venha a ocorrer [35]. De fato, o aprendizado adquirido dentro da água é
transferido para o meio terrestre facilitando a realização dos movimentos e
melhor controle do alinhamento postural [13], melhorando a extensibilidade
muscular. Desta forma a fisioterapia aquática se torna uma intervenção efetiva
em crianças com paralisia cerebral [36] ampliando sua melhora inclusive sobre a
saúde mental e atividade cerebral [37].
O presente estudo
apresenta algumas limitações. Primeiramente a ausência de um grupo controle e
pequena amostra. Em segundo lugar o tempo utilizado no protocolo e ausência de
estudos envolvendo a escala SAROMM. Entretanto mesmo com estas limitações é
possível verificar resultados positivos na reabilitação seguindo como base para
futuros estudos.
A fisioterapia
aquática interferiu de forma positiva sobre a reabilitação dos sujeitos da
pesquisa, uma vez que melhorou a extensibilidade muscular de membros inferiores
em crianças com PC. No entanto, seus efeitos positivos não puderam ser
percebidos sobre o alinhamento de tronco. Como limitações para este estudo,
sentimos falta de estudos mais atuais sobre a aplicabilidade de Fisioterapia
Aquática em crianças com PC, visto que a maioria dos trabalhos está relacionada
a adultos voltados para outros tipos de patologias neurológicas.