REVISÃO
Criolipólise: pré e pós-tratamento eletroterapêutico
Cryolipolysis: pre and post
electrotherapy
Melissa Vieira
Nunes*, Fernanda da Costa Silva*, Juliana Aparecida Ramiro Moreira, Ft., M.Sc.**
*Graduanda
do Curso de Bacharelado em Estética pelo Centro Universitário Hermínio Ometto
FHO/Uniararas, **Mestre em ciências biomédicas, Especialista em Fisioterapia
Dermato-Funcional e Estética pelo Centro Universitário Hermínio Ometto,
FHO/Uniararas, Docente do Curso de Bacharelado em Estética FHO/Uniararas
Endereço para
correspondência: Juliana Aparecida Ramiro Moreira, Centro Universitário
Hermínio Ometto, Av. Dr. Maximiliano Baruto, 500 Jd Universitário 13607-339 Araras
SP, E-mail: juliana.rm@uniararas.br; Melissa Vieira Nunes:
melissavnunes@gmail.com; Fernanda da Costa Silva: adnanrefcsilva@hotmail.com
Resumo
O tecido adiposo é
formado por células chamadas adipócitos, podendo ser encontradas isoladas, em
pequenos grupos ou agrupadas em grandes áreas do corpo, como no tecido
subcutâneo. Independentemente de se fazer dieta e exercícios físicos é
necessário um tratamento específico para elimina-las. A criolipólise
é um tratamento não-invasivo e vem ganhando espaço no
mercado estético por ser uma técnica que consiste na destruição das células de
gordura sensíveis ao frio, através da morte adipocitária
por apoptose, gerando assim no organismo um processo inflamatório, obtendo-se
então a redução de medidas e melhorando também o contorno corporal. Para
potencializar o tratamento da criolipólise, pode-se
fazer uso da eletroterapia, que associada a outras técnicas promove diferentes
estímulos na gordura, possibilitando sua eliminação. O objetivo desta revisão
foi contribuir para melhor compreensão das associações terapêuticas à criolipólise de modo a auxiliar na potencialização dos
resultados da técnica. Sendo assim, há necessidade de mais estudos em relação
às associações para que se obtenha conhecimento científico, até mesmo podendo
evitar resultados negativos citados nessa pesquisa.
Palavras-chave: adipócito,
eletroterapia, tratamento.
Abstract
The adipose tissue is formed by cells called adipocytes, and can be
found isolated, in small groups or grouped in large areas of the body, as in
the subcutaneous tissue. Regardless of dieting and physical exercise, a
specific treatment is necessary to eliminate them. Cryolipolysis
is a non-invasive treatment and has been gaining space in the aesthetic market
because it is a technique that consists in the destruction of fat cells
sensitive to cold, through the adipocitary death by
apoptosis, thus generating in the body an inflammatory process, obtaining the
reduction of measures and also improving the body contour. To potentiate the
treatment of cryolipolysis, it is possible to use
electrotherapy, which, together with other techniques, promotes different
stimuli in the fat, allowing its elimination. The objective of this review was
to contribute to a better understanding of the therapeutic associations to cryolipolysis in order to help in the potentiation of the
results of the technique. Therefore, there is a need for more studies in
relation to the associations in order to obtain scientific knowledge, even
avoiding the negative results mentioned in this review.
Key-words: adipocyte,
electrotherapy, treatment.
A gordura localizada
é um problema para a grande maioria das pessoas, a preocupação com o corpo
perfeito tornou-se constante. Para aprimorar e ter boa aparência estética as
pessoas se submetem a sacrifícios como dietas, medicamentos e até mesmo
cirurgias [1].
A gordura localizada
pode ser encontrada em várias regiões do corpo, como coxas, abdômen, quadril,
subescapular e pré-axilar. Ocorre por conta do
desenvolvimento desarmônico do tecido adiposo devido a fatores como origem
genética, postural ou circulatória. Os adipócitos (células de gordura) encontram-se em tamanhos maiores e com uma quantidade de
triglicerídeos em níveis superiores a outras regiões. Consequentemente, o local
pode apresentar-se com metabolismo lento e mesmo em indivíduos que praticam
exercícios físicos e tem alimentação balanceada, as regiões não são totalmente
mobilizadas, tornando-se um incomodo. Para removê-las são necessários
tratamentos específicos, independentemente de dieta e prática de atividades
físicas [2].
A criolipólise
- um tratamento não invasivo - atua na gordura localizada, através do
congelamento das células lipídicas. Esse método com tecnologia de resfriamento
intenso atinge apenas o tecido desejado sem danos aos tecidos adjacentes. A
técnica de aplicação se dá pela colocação da manopla do aparelho na superfície
da pele submetendo-a a temperaturas negativas, provocando um congelamento das
células de gordura. A remoção dos adipócitos é feita pelo sistema imune, e a
gordura do interior dessas células é levada ao fígado pelo sistema linfático,
para que ocorra sua metabolização [3,4].
A técnica de criolipólise tem sido associada a outras terapias como ultracavitação, ondas de choque, radiofrequência, carboxiterapia e massoterapia, com o propósito de aumentar a
inflamação local, e intensificar os resultados da técnica [5].
A massoterapia
apresenta resultados eficazes quando associada à criolipólise,
pois potencializa a morte celular, aumentando a diminuição de áreas tratadas
quando comparada com regiões que receberam somente a técnica, sem a massagem
[6,7].
Hunt e Stork [8] em estudo relacionado à terapia por ondas de
choque comprovaram que pacientes que recebem sua aplicação associada à
massagem, tiveram o dobro de diminuição, quando comparada aos que não receberam
o tratamento imediatamente após a criolipólise.
Quanto às demais
associações estéticas, não se encontra respaldo científico a respeito de seus
êxitos ou complicações [5]. Assim, se faz necessário o estudo acerca das
associações estéticas que contribuam para a potencialização do método de criolipólise, possibilitando o desenvolvimento de
protocolos que elevem o grau de satisfação dos pacientes e que respeitem a
fisiologia do organismo e a funcionalidade das áreas a serem tratadas.
O objetivo desta
revisão de literatura foi contribuir para melhor compreensão das associações
terapêuticas à criolipólise de modo a auxiliar na
potencialização dos resultados da técnica.
Realizou-se uma
revisão de literatura com buscas em livros disponíveis no acervo da biblioteca
da FHO|Uniararas e bases em
dados bibliográficos como SciELO, Google Acadêmico e PubMed. Pesquisou-se artigos em
português e inglês publicados entre os anos de 2004 a 2017, no período de
dezembro de 2016 a maio de 2017.
A gordura localizada
pode acarretar vários problemas à saúde, como redução da expectativa de vida,
risco de doenças cardíacas, hipertensão, diabetes, osteoartrite
e até mesmo alguns tipos de câncer [9].
Constitui-se de um
conjunto de células chamadas adipócitos que compõe o tecido adiposo. Podem ser
encontradas isoladas em grupos pequenos, nas malhas de muitos tecidos ou em
grandes partes do corpo. Localiza-se em contato com a porção profunda da derme,
a hipoderme, sendo caracterizada como tecido adiposo superficial, constituída
por lóbulos gordurosos em camadas únicas ou múltiplas, entremeadas por septos
fibrosos [10,11].
Na
hipoderme, os
adipócitos encontram-se estocados na forma de
triglicerídeos, concentrando a
maior reserva de energia do corpo humano. Além disso, o tecido
adiposo
apresenta outras funções no organismo, como isolamento
térmico, preenchimento
de espaços entre os tecidos, fixação dos
órgãos, modelação e
harmonização da
superfície corporal [12].
A espessura e
dimensão da gordura localizada variam em homens e mulheres. Nas mulheres a
espessura é maior do que nos homens, por decorrência de hormônios sexuais, adrenocorticais, idade e herança genética. Nestes casos, a
gordura se localiza nas regiões de abdômen, quadril, pré axilares, subescapulares
e coxas [10,13].
Segundo Guirro e Guirro [10] a má
formação das células adiposas na infância é um dos principais desencadeadores
da gordura localizada. Para Borges [14], o corpo humano tem um limite para o
armazenamento de proteínas e carboidratos, sendo seu excedente armazenado em
forma de gordura no interior dos adipócitos.
O sistema nervoso e a
liberação de hormônios são os responsáveis pela mobilização da gordura,
estimulando a liberação de ácidos graxos e glicerol na corrente sanguínea. Os
hormônios lipolíticos, responsáveis pela quebra de gordura, são conhecidos como
adrenalina e noradrenalina. A adrenalina promove a mobilidade da gordura e a
sua quebra, enquanto a noradrenalina é liberada nos terminais associados aos
adipócitos de fibras pós-ganglionares do sistema nervoso simpático. Além da
adrenalina e a noradrenalina, possuem também ação lipolítica, os hormônios de
crescimento (ACTH), o estrogênio e os hormônios sexuais responsáveis pela
propensão ao acúmulo de gordura [14].
Segundo Borges [14],
para que ocorra a quebra dos triglicerídeos no adipócito, é necessária uma
estimulação das catecolaminas, glucagon e outros hormônios. Como a mobilização
dos lipídeos é realizada pela noradrenalina, as reações metabólicas ocorrem
levando à ativação da enzima lípase, quebrando os triglicerídeos existentes nas
gotas de gorduras.
O adipócito é
constituído por colesterol e triglicerídeo na porção de 20% de colesterol e 80%
de triglicérides, ácidos graxos e glicerol. O ácido graxo que é liberado após a
lipólise se liga a albumina sendo carregado para a corrente sanguínea e uma
segunda parte segue para o fígado [15].
A endermologia,
um dos tratamentos utilizados para a quebra de gordura localizada, segundo
Costa e Meija [16], é realizada através de um
aparelho de pressão negativa com sucção que promove melhora no tecido,
oxigenação do local, melhora no sistema venoso e linfático e, por consequência,
a eliminação de gordura.
Por meio de estudos
realizados por Mattia [17], aplicou-se a endermologia na região abdominal de cinco mulheres entre 20
a 55 anos, das quais não estavam realizando tratamentos estéticos. Verificou-se
após o tratamento com 10 sessões uma melhora significativa na gordura abdominal
e uma redução perimétrica, havendo uma média de diminuição de peso de 4 kg nas
pacientes tratadas.
Além da endermologia, o ultrassom também pode ser utilizado para
tratamento da gordura localizada [18]. Em estudo de Niwa
et al. [19], aplicou-se o tratamento em
120 pacientes, havendo uma eliminação de 2 kg em média. Observou-se também, que
o tratamento obteve resultados satisfatórios relatados por 80% dos pacientes.
Manuskiatti et al. [20], após estudo com a radiofrequência em 37 pacientes com
gordura localizada nas regiões de abdômen, braços e nádegas observaram uma
melhora satisfatória, com diminuição da gordura nas coxas de 39% e na região
abdominal 31%, resultando em um protocolo eficaz para este tipo de tratamento.
Borges [14] esclarece
que a radiofrequência promove calor profundo, gera a lipólise dos adipócitos,
auxiliando na diminuição de medidas e organizando as fibras de colágeno. Como
ocorre vasodilatação há hiperemia do tecido beneficiando sua oxigenação.
Tratamentos como endermoterapia, radiofrequência e ultrassom, resultam em
melhorias clínicas modestas. Assim, faz-se necessário um tratamento efetivo e
seletivo para o excesso de tecido adiposo, como a criolipólise
[21].
A criolipólise
consiste no resfriamento seletivo do tecido adiposo com temperaturas que variam
entre -5 a 15ºC. Coloca-se o tecido em contato com placas geladas que promovem
sucção e o congelamento dos adipócitos. O resfriamento provocado causa
inflamação no tecido - denominada de paniculite -
apoptose ou morte celular programada e consequente diminuição da camada de
gordura local [22].
A técnica originou-se
após a observação de que, crianças que consumiam em excesso picolés após
cirurgia das amígdalas, tinham uma redução da gordura das bochechas, caso estes
denominados de paniculite do picolé. Observou-se
também a paniculite equestre, ocasionada em mulheres
que faziam uso de calças justas e praticavam equitação sobre climas frios e,
por isso, tinham redução significativa na gordura localizada na região de
interno de coxas [23].
As primeiras
pesquisas foram realizadas em suínos, no ano de 2008. Foram selecionadas
regiões de concentração de gordura nos animais, aplicou-se gel e, com aparelho
específico, submeteu-se o local a temperatura negativa por meio de vácuo e
sucção, com o objetivo de diminuir o fluxo sanguíneo e observar a área tratada.
Durante o procedimento verificou-se os índices de colesterol e triglicerídeos
no sangue, mantiveram-se praticamente inalterados. Após realização de análises
o nome paniculite do picolé e paniculite
equestre foram alterados para paniculite de
adipócito, devido à diminuição de 50% das células de gordura do local tratado
sem danos aos tecidos adjacentes, ou seja, aqueles que se encontram próximos à
área tratada [23].
No ano de 2009
realizou-se o primeiro estudo prático da técnica em humanos. Após utilização de
ultrassonografia para avaliar os efeitos da criolipólise,
constatou-se diminuição de aproximadamente 25% do tecido adiposo local. Após 4 meses do procedimento 80% dos pacientes tratados
apresentaram diminuição considerável da camada de gordura [21].
Sobre a atuação da criolipólise no tecido adiposo, considera-se que a
inflamação gerada pelo frio é o fator desencadeante da
apoptose, sendo esta, a responsável pela morte das células adiposas e
redução da camada de gordura local, caracterizada pelo resultado do tratamento
[24].
A
apoptose
ocorre como um processo natural do organismo em várias situações, como na
atuação de mecanismo de defesa, reposição de tecidos, eliminação de células que
sofreram danos, entre outros. As células recebem um estímulo para se
autodestruírem, retraem de tamanho, suas cromatinas sofrem condensação junto às
membranas nucleares e o núcleo se desintegra em pedaços, podendo ser facilmente
fagocitadas pelos macrófagos [25].
Segundo Ferraro et al. [24] e
Nelson, Wasserman e Avram [21], a inflamação do
tecido pode ser observada após o segundo dia de aplicação da criolipólise, podendo permanecer por até 30 dias. Durante
esse período pode-se observar neutrófilos e células mononucleares presentes na
inflamação. Após 15 dias do procedimento a inflamação atinge grau máximo e até
o 30° dia apresenta-se mais fagocitária e consistente. Assim, os macrófagos
envolvem e digerem as células fragilizadas como uma reação natural do organismo
às lesões. Após 2 a 4 meses, ocorre uma diminuição da inflamação, do volume e
do número das células adiposas.
Além disso, o frio
causado pela criolipólise aumenta a produção de calor
do corpo para que haja regulação da temperatura corporal, promovendo homeotermia através de hormônios liberados pelo hipotálamo,
induzindo a utilização dos ácidos graxos disponíveis como fonte de energia para
as células, aumentando as taxas metabólicas [26].
São poucas as
complicações acerca da técnica. Encontram-se descritas na literatura alterações
transitórias na função sensorial, porém sem lesões prolongadas em suas fibras
nervosas; eritema, observado após a aplicação, podendo desaparecer em até 30
minutos da sessão e pequenas alterações nos níveis de lipídeos na corrente
sanguínea, porém, dentro dos limites considerados regulares [27].
Quanto à eficiência
da técnica, Dierickx et al. [28] trataram 518 pacientes e após o procedimento não se
registrou complicações ou efeitos adversos. O procedimento se mostrou tolerável
em 89% dos pacientes e com mínimo desconforto em 96%. Os resultados do
tratamento demonstraram 73% de satisfação dos pacientes tratados.
Klein et al. [29] após realização de estudo com
40 pacientes com gordura localizada na região abdominal, puderam observar que a
criolipólise não altera significativamente o nível de
gordura no sangue ou a função hepática durante o período de doze semanas após a
aplicação da técnica.
Desta forma, a
segurança da criolipólise é um diferencial em
comparação às outras terapias empregadas na estética. De acordo com Borges e Scorza [5], diversos autores corroboram que, as
complicações que ocorrem na técnica são mínimas e, quando acontecem,
dificilmente causam sequelas, podendo ser resolvidas facilmente.
Coleman et al. [30] em estudo com 10 pacientes,
comprovaram a eliminação de 20 a 25% de gordura da área tratada durante seis
meses após o tratamento. Além disso, não houve danos à pele ou às funções
sensoriais em nenhum dos pacientes avaliados.
Uma ou duas sessões
na mesma região são suficientes para a eliminação do tecido adiposo, contudo há
pacientes que necessitam de novas aplicações. Assim, orienta-se que haja um
intervalo de pelo menos 2 meses entre cada sessão. É
necessário evitar ganho de peso e realizar atividades físicas regularmente,
pois após a eliminação do tecido adiposo pela fagocitose, se o paciente ganhar
peso ocorrerá o desenvolvimento de uma nova célula de gordura, fazendo-se
importante os cuidados pré e pós criolipólise
[31].
Há a necessidade de dieta
balanceada e práticas de atividades físicas, pois estas auxiliam na mobilização
da gordura, fazendo com que sua eliminação aconteça de forma mais rápida e
eficaz. Desta forma, a criolipólise é indicada para
pacientes praticantes de atividades físicas regulares, adeptos a dietas
saudáveis, com gordura localizada no tronco e dispostos a
manter o resultado da criolipólise com hábitos
saudáveis e ativos [32].
Quanto aos cuidados pré criolipólise, Agne [33]
apresenta em seu trabalho que a massagem vigorosa pré
criolipólise, pelo tempo de aproximadamente 3
minutos, evita a hipertermia do tecido adiposo e possibilita a manutenção das
condições normais do tecido, promovendo estimulo circulatório. Pode ser
realizada com cosméticos de alta absorção, não irritantes, hiperemiantes
e atérmicos, devem estimular a circulação linfática e sanguínea dos pequenos
capilares, além de possuir alto poder de hidratação potencializando a
elasticidade cutânea.
Para os procedimentos
de criolipólise, podem-se encontrar duas técnicas, a criolipólise convencional que promove somente o
resfriamento do tecido e a criolipólise de contraste,
que consiste no aquecimento e resfriamento. A técnica de criolipólise
de contraste apresenta três ciclos, sendo aquecimento pré-resfriamento,
resfriamento e aquecimento pós-resfriamento, mantendo assim, as condições
normais do tecido após a aplicação. Desta forma, a criolipólise
de contraste dispensa a massagem antes ou após sua aplicação [33].
Em estudo realizado
por Pinto e Melamed [34] com 16 mulheres, pôde-se
observar que a redução do tecido adiposo obtida na técnica de criolipólise de contraste apresenta uma melhoria de 42,45%
em relação com os resultados obtidos com a técnica de criolipólise
convencional. Além disso, viu-se que células adiposas mais grossas, atingem a
temperatura mais rapidamente do que células de gordura mais
finas, ao contrário do que se imaginava. Acredita-se que isso ocorre
devido às diferenças de irrigação dos tecidos.
Nas técnicas
realizadas com aparelhos convencionais, que promovem apenas o resfriamento,
conforme estudo de Boey e Wasilenchuk
[7], pôde-se observar que a massagem realizada por 2 minutos após a aplicação
da criolipólise intensifica os resultados em até 44%
através da reperfusão
A reperfusão
leva a uma nova inflamação, gerando espécies reativas de oxigênio e ativação
das enzimas proteolíticas caspazes que fazem a
sinalização dos adipócitos, interagindo com células que contenham domínio de
morte, potencializando os resultados da técnica [23,25].
Segundo Borges e Scorza [5], encontra-se no mercado estético a associação de
eletroterapia após a aplicação da criolipólise, como
por exemplo, ultracavitação, ultrassom terapêutico,
ondas de choque, radiofrequência e outros. Objetiva-se com essas associações o
aumento da inflamação local, potencializando os resultados da técnica.
Quanto à associação
das ondas de choque, Hunt e Stork [8] evidenciaram
que os pacientes que receberam sua aplicação, apresentaram uma redução superior
de 77% de redução de gordura oito semanas. Desta forma, permite-se que os
tratamentos de criolipólise apresentem resultados de
contorno corporal pela metade do tempo. Além disso, os pacientes tratados
apresentaram menos desconforto no pós-procedimento, podendo ser reflexo de uma
eliminação mais rápida dos adipócitos fragilizados e, consequentemente,
diminuição do tempo de inflamação.
Ferraro et al. [24] em estudo com 50 pacientes com gordura localizada e
celulite que foram tratados com criolipólise e ondas
de choque, concluíram que a associação do método com a criolipólise
se mostrou um procedimento eficaz e seguro. Ainda, acredita-se que esta
associação é ideal para pacientes que não são candidatos adequados para
cirurgias de contorno corporal, como por exemplo, a lipoaspiração.
Quanto às demais
práticas clínicas que possam ser associadas à criolipólise,
não se encontra respaldo científico. Deve-se atentar que a paniculite
pode ser associada à crioglobulinemia em pacientes
portadores de fator reumatoide positivo, como lúpus, vasculite, artrite
reumatoide e hepatite C. Além disso, associações que promovem lesões necrosantes no tecido podem levar a fibroses residuais [5].
Baseado em relatos de
outros autores, Borges e Scorza [5] defendem que, após
a paniculite inicial, uma nova inflamação poderia
aumentar a diminuição do tecido adiposo. E, ainda que se fale sobre
complicações acerca da associação de outros protocolos à criolipólise,
não se encontram comprovações científicas ou embasamento de estudos práticos
que validem suas implicações nos resultados da técnica. Vale ressaltar que,
grande parte dos profissionais atuantes realizam associações somente após 30
dias da aplicação da criolipólise, quando a paniculite local já apresentou redução.
Já Agne [33]
recomenda que, para qualquer técnica que possa ser empregada, haja intervalo
mínimo de 60 dias para uma nova aplicação. Acredita-se que, qualquer associação
a outras terapêuticas possa impossibilitar o processo de apoptose, que ocorre
no período de 90 dias, processo este, responsável pelos resultados obtidos na
técnica.
Devido ao fato de que
o mercado utiliza das associações terapêuticas à criolipólise,
Borges e Scorza [5] também recomendam cuidados nestes
procedimentos, até que se tenha segurança e embasamento científico para
associação da criolipólise com outras terapêuticas.
Relatamos neste
trabalho a associação da massagem pré e pós criolipólise e a associação das ondas de choque pós criolipólise e, através dos resultados apresentados pelos
autores pôde-se observar que a massagem pré criolipólise evita a hipertermia do tecido e possibilita a
manutenção das condições normais do mesmo; quanto a
massagem pós criolipólise aplicada por 2 minutos,
relatou-se que há uma potencialização do resultado em até 44%. Na terapia de
ondas de choque associada à criolipólise, observou-se
uma redução de 77% de redução de gordura em 8 semanas.
Então de acordo com
esta revisão de literatura podemos apresentar uma melhor compreensão das
associações terapêuticas a criolipólise. Sendo assim,
há necessidade de mais estudos em relação às associações para que se obtenha
conhecimento científico, até mesmo podendo evitar resultados negativos citados
nessa pesquisa.
Referências