REVISÃO
Parâmetros e efeitos
do laser não ablativo no tratamento de melasma facial
Parameters and
effects of non-ablative laser in facial melasma
Felipe
Soares Macedo, Ft., M.Sc.*, Marthina Santos Rosa, Ft.**, Suélia
de Siqueira Rodrigues Fleury Rosa, D.Sc.***, Hellen
Batista de Carvalho, Ft., M.Sc.****, Luisiane de Ávila Santana, Ft., D.Sc.*****
*Doutorando em
Ciências Médicas, Programa de Pós-graduação em Ciências Médicas, Faculdade de
Medicina, Universidade de Brasília, **Pós-graduanda em Fisioterapia Dermato-funcional, Curso de Fisioterapia da Faculdade de
Ceilândia, Universidade de Brasília, ***Engenheira Eletrônica, Pós-doutorado no
Media Lab no Massachusetts Institute
of Technology (MIT), Programa de Pós-graduação em
Engenharia Biomédica, Faculdade do Gama, Universidade de Brasília,
****Fisioterapeuta, Especialista em Fisioterapia Dermato-funcional,
Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira – IMIP, *****Curso
de Fisioterapia da Faculdade de Ceilândia, Universidade de Brasília
Recebido
3 de fevereiro de 2018; aceito 15 de maio de 2018.
Endereço para
correspondência:
Felipe Soares Macedo, Faculdade de Medicina, Universidade de Brasília, Campus
Universitário Darcy Ribeiro, Asa Norte 70910-900 Brasília DF, E-mail:
macedosfelipe@gmail.com; Marthina Santos Rosa:
marthina.unb@hotmail.com; Suélia de Siqueira
Rodrigues Fleury Rosa: rodrigues.suelia@gmail.com; Hellen Batista de Carvalho:
hellenbcar@gmail.com; Luisiane de Ávila Santana: luisianeas@gmail.com
Resumo
O
uso do laser não ablativo no tratamento do melasma
tem sido abordado em diversos estudos, porém, não há consenso na literatura
quanto aos parâmetros e feitos de intervenções baseadas neste recurso. O
objetivo deste estudo foi identificar e descrever parâmetros e efeitos do laser
não ablativo no tratamento de hiperpigmentação de
pele (melasma). Trata-se de uma revisão sistemática
da literatura baseada no Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA). A busca eletrônica compreendeu as
seguintes bases de dados: PubMed,
Physiotherapy Evidence Database (PEDro), Science Direct e SciELO. Foram
identificados inicialmente 641 documentos nas bases de dados eletrônicas,
enquanto na busca manual 26 artigos foram encontrados, após leitura e análise 7 artigos foram selecionados. Foram analisados 7 artigos correspondentes as bases de dados PubMed e Science Direct, todos na
língua inglesa e publicados a partir do ano de 2010. Apenas um estudo utilizou
uma amostra maior que 30 indivíduos, os demais utilizaram em média 16
participantes, com predomínio do sexo feminino e classificação segundo Fitzpatrick entre III-V. O comprimento de onda variou entre
1064 nm a 1550 nm e a
energia máxima não ultrapassou 4 J/cm². De acordo com
as variáveis avaliadas, os protocolos testados demonstraram que o
laser não ablativo foi ineficaz no tratamento de melasma
facial, sobretudo após a interrupção da terapia.
Palavras-chave: hiperpigmentação,
laser não ablativo, fisioterapia dermato-funcional, revisão sistemática.
Abstract
The
use of non-ablative laser
in the treatment of melasma has
been used in several studies, however, there is no consensus in the literature regarding the parameters and interventions based on this
resource. The objective of this study
was to identify
and describe parameters and effects of nonablative
laser in the treatment of skin hyperpigmentation
(melasma). This is a systematic review of the
literature based on the Preferred
Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyzes (PRISMA). The study included the following databases:
PubMed, Physiotherapy
Evidence Database (PEDro), Science Direct and SciELO. We
initially identified 641 documents in the electronic databases, while in the manual search 26 articles were found, and
after reading and analyzing 7
articles were selected. We analyzed
these 7 articles
corresponding to the PubMed and
Science Direct databases, all in the English
language and published after the year 2010. Only one study
used a sample > 30 individuals, the others used on
average 16 participants, with a predominance of female gender
and Fitzpatrick classification according to III-V. The wavelength ranged from 1064 nm to 1550 nm
and the maximum
energy did not exceed 4
J/cm². According to the variables evaluated,
the protocols tested demonstrated that the non-ablative
laser was ineffective in the treatment of
facial melasma, especially after the end
of the therapy.
Key-words: hyperpigmentation, nonablative laser, dermato-functional physiotherapy,
systematic review.
A pele é o maior órgão do corpo humano e
representa 7% do peso corporal em adultos, com funções que começam no
revestimento corporal total à proteção contra agentes externos e perda
excessiva de água e calor. É constituída basicamente por duas camadas, epiderme
e derme, que são distintas em função e estrutura histológica [1]. Na camada
mais superficial, a epiderme, podem ocorrer e/ou
repercutir diversas disfunções dermatológicas, que influenciadas por fatores
intrínsecos e extrínsecos, cursam principalmente com alteração da coloração da
pele [2]. O conhecimento de anatomia e fisiologia da pele em consonância com a
literatura especializada denunciam que alterações
epidérmicas, dérmicas ou mistas podem culminar na hiperpigmentação
da epiderme, onde se destaca o melasma [3].
O melasma
caracteriza-se, clinicamente, por máculas simétricas com contornos irregulares,
de caráter crônico, em episódios recidivos influenciados por multifatores, com influência considerável na qualidade de
vida das pessoas acometidas [4]. Afeta ambos os sexos, com maior incidência em
mulheres, principalmente as gestantes, e pessoas com fototipos
altos (IV/V) [5].
A fisiopatologia do melasma
é decorrente de uma alteração no processo de melanogênese,
que influenciado por fatores externos, como a radiação ultravioleta e fatores
intrínsecos como alteração hormonal, desencadeiam a produção do hormônio
estimulante de melanócito do tipo α (α-MSH),
produzindo melanócitos locais hiperfuncionantes,
células sintetizadoras do pigmento melanina, que culminam
em desordem na pigmentação da pele ou hiperpigmentação,
principal característica do melasma [6-8].
Apesar da gama de intervenções e recursos
terapêuticos utilizados para as repercussões do melasma,
os tratamentos ainda são questionáveis quanto a efetividade
[9] e persiste desafiando permanentemente a comunidade científica e
profissionais da prática clínica em busca de intervenções de avaliação e
tratamento eficientes e seguras.
Alternativamente aos tratamentos
convencionais, como tópicos de bloqueadores da neoformação de melanócitos e recursos invasivos, o LASER (do inglês Light Amplification
by Stimulated Emission of Radiation)
é um recurso terapêutico mais barato e menos doloroso, além de estar inserido
nas competências legais de profissionais não médicos [10]. Sendo indicado para
tratamento de disfunções de pele, tanto nos casos de hipopigmentação,
como em hiperpigmentação, conforme o Acórdão nº. 293
de 16 de junho de 2012, publicado pelo Conselho Federal de Fisioterapia e
Terapia Ocupacional (Coffito) [11]. Entretanto, ainda
existem lacunas quanto ao conhecimento dos parâmetros e efeitos desse recurso
no tratamento de disfunções de pele, como o melasma,
além das repercussões em médio e longo prazo, fatores fundamentais para tomada
de decisão clínica.
Diante do cenário exposto, o objetivo da
presente revisão sistemática da literatura é descrever parâmetros e efeitos do
LASER não ablativo no tratamento de melasma e
identificar seus respectivos desfechos clínicos, além de esclarecer conceitos
relacionados ao recurso.
Foi realizada uma revisão sistemática da
literatura (RSL) baseado no Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA)
[12].
Para buscas eletrônicas foram, inicialmente,
propostos descritores em espanhol, inglês e português por meio de estudo
conceitual nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS)
e no Medical Subject
Headings (MeSH),
os descritores estabelecidos foram traduzidos e revisados para cada idioma em
todas as buscas. Sendo utilizadas as seguintes palavras-chave: “melasma”, “cloasma”, “laser”, “laser não-ablativo”,
“não-ablativo laser”. A busca eletrônica abrangeu as bases de dados PubMed, Physiotherapy Evidence Database (PEDro), Science Direct e SciELO.
Quanto a estratégia
e equações utilizadas para busca de evidências, estas seguiram o modelo [14],
que nas bases Pubmed
e Science Direct
foi semelhante, através do campo de “pesquisa avançada” (advanced search) em que é possível agrupar as
palavras sinônimas por meio do operador OR e combinar com outros descritores
por meio do operador AND.
Entretanto, as outras bases de dados, como PEDro e SciELO
não obedeceram ao mesmo método em virtude das características dos campos de
busca. Neste caso, na PEDro
a pesquisa foi realizada no campo de “busca simples” (simple search), combinando palavras-chave
apenas com o operador AND. Na biblioteca SciELO
foi realizada a busca pela “forma básica” (basic form) pelo título, com a combinação de
palavras-chave com o operador AND, como feita na PEDro.
Essa fase ocorreu no período de janeiro à março de
2017 e atualizada em 10 de janeiro de 2018.
A busca manual foi realizada por meio de uma
pesquisa nas referências de artigos científicos incluídos para extração de
dados, cujo objetivo foi encontrar evidências que eventualmente não foram
contempladas pela busca eletrônica. Em seguida, esses achados foram
confrontados com os resultados da busca eletrônica para identificar possíveis
duplicidades entre as bases de dados.
A princípio a seleção dos artigos foi feita
por meio do título e resumo, em seguida foram selecionados os artigos que
atenderam aos critérios de inclusão para a leitura na íntegra, enquanto os
documentos que não estavam em consonância plena, compuseram a lista de
evidências eliminadas. Os dados pertinentes às evidências incluídas foram sumarizadas em uma tabela estruturada.
Critérios
de inclusão:
foram incluídos estudos com amostra composta por seres humanos; estudos que
utilizaram e descreveram parâmetros de LASER não ablativo no tratamento de melasma; estudos cuja variável de desfecho clínico
contemplaram uma variável de avaliação tegumentar, com respectiva descrição dos
efeitos de tratamentos.
Critérios
de exclusão:
foram excluídos artigos de revisão sistemática, revisão narrativa, carta ao
autor, resumos publicados e semelhantes. Também não fazem parte desta revisão,
estudos com intervenção realizada por LASER ablativo/cirúrgico, além de intervenção
que associe o LASER não ablativo com algum outro recurso tecnológico ou
cosmético na mesma amostra.
A avaliação metodológica foi realizada por
meio de duas ferramentas distintas, conforme o desenho de casa estudo. A escala
PEDro
[15] e o checklist Strobe [16],
o primeiro em ensaios clínicos aleatórios, enquanto o segundo em estudos
observacionais. Todas as etapas pertinentes a seleção,
avaliação e extração dos dados foram realizadas de forma independente por dois
pesquisadores.
Conforme o diagrama da figura 1 foram identificados inicialmente 641 documentos nas bases de
dados eletrônicas, enquanto na busca manual 26 artigos foram encontrados. Esses
resultados foram confrontados, mas não foram encontradas duplicidades, entretanto
12 duplicidades foram evidenciadas entre as bases da busca eletrônica. Após uma
primeira análise, restaram 263 artigos para avaliação dos critérios de inclusão
pela leitura do título e resumo, sendo desses, 18 artigos selecionados para
leitura na íntegra e análise dos critérios de exclusão. Por fim, 7 artigos atenderam plenamente aos critérios estabelecidos e
compuseram esta revisão sistemática [17-23].
Figura 1 - Fluxograma da trajetória metodológica da evidências científicas incluídas nesta revisão
sistemática.
Tabela I – Descrição dos parâmetros e efeitos do LASER
não ablativo no tratamento de melasma facial. (ver
PDF em anexo)
A avaliação do rigor metodológico consistiu
na utilização da escala PEDro (Tabela II). Nesse sentido,
3 artigos foram avaliados e todos apresentaram mais de
50% dos itens preconizados, evidenciando razoável condução na pesquisa. O checklist STROBE (Tabela III) foi utilizado como
norteador de boa escrita científica, dessa forma, foi aplicado para artigos
científicos de estudos observacionais. Foram analisados 4
artigos e apenas 1 cumpriu com índice superior a 50%, indicando frágil
desenvolvimento metodológico das evidências em torno do tema a pesquisa.
Tabela II - Desempenho dos ensaios clínicos incluídos na
revisão sistemática.
S
= Sim: Apresenta o item preconizado e N = Não: Não apresenta o item
preconizado. Observação: *A pontuação do primeiro item (critério de inclusão
especificados), por ser referente a validade externa,
não é considerado no score final.
Tabela III - Desempenho dos estudos observacionais
incluídos na revisão sistemática.
S
= Sim: o artigo apresenta o item preconizado; N = Não: o artigo não apresenta o
item preconizado; O percentual de conformidade refere-se ao valor total obtido
nos itens avaliados no checklist STROBE, considerando
que o número total de itens (22) corresponde a 100%.
Nos estudos avaliados foi observado que
apenas um estudo realizou intervenção em uma amostra superior a 30 indivíduos,
enquanto os demais utilizaram em média 16 voluntários, com predominância de
participantes do gênero feminino. Em relação a
classificação de fototipos de acordo com Fitzpatrick, estudos que avaliaram essa variável revelam
maior frequência de pessoas submetidas a tratamento de melasma
nos fototipos III-V. Além disso, fatores como idade e
tempo de acometimento do melasma apresentaram ampla
heterogeneidade, não sendo possível neste primeiro momento estabelecer uma
relação entre a idade e o acometimento dessa hipercromia,
como explicitado nos dados da tabela 1 [17-23].
Acrescentado a isso, os parâmetros de LASER
não ablativo identificados no tratamento de melasma
revelam que o comprimento de onda variou entre 1064 nm
a 1550 nm e a energia máxima utilizada não
ultrapassou 4 J/cm², porém o tempo de aplicação,
frequência do tratamento e dimensão da área tratada foram variáveis. Da mesma forma
que os recursos de para avaliação, classificação e acompanhamento dos efeitos
terapêuticos do LASER no melasma permeou pela Lâmpada
de Wood, incluindo PGA (Physician Global Assessment),
Espectroscopia de Reflectância (L-value), Índice de Melanina, Registro
Fotográfico (PhGA),
Mensuração da Pigmentação e sua Distribuição (SIAscope)
até o Índice de Área e Gravidade do Melasma (MASI).
Para análise clara, objetiva e imparcial das
evidências, foi imprescindível esclarecer conceitos e aplicabilidade do LASER
não ablativo. Evidências descrevem que os efeitos do LASER não ablativo são
restritos as camadas mais superficiais da pele. O seu mecanismo de ação
baseia-se na fototermólise seletiva já que o aquecimento e a lesão decorrentes do seu efeito térmico é
restrita ao tecido alvo, não interferindo nas áreas adjacentes. O espectro de
melanina é amplo, dessa forma, existem no mercado diversos tipos de LASERS
disponíveis para a remoção de manchas hipercrômicas incluíndo o Q-switched Yag - Neodímio (QS Nd : YAG) de 532 nm e 1064 nm, Q-switched Ruby Laser (QSRL) de 694 nm, e o
Q-switched Laser de Alexandrita que utiliza o
comprimento de onda de 755 nm [24].
O laser Q-switched Nd:YAG quando utilizado em baixas
doses, causa a fragmentação e a ruptura dos grânulos de melanina contidas no
citoplasma, demonstrando ser o mais indicado para o tratamento do melasma [25]. O uso do LASER não ablativo, com energia de 5 J/cm² em uma área de 6 mm a uma frequência de 10 Hz,
associado a princípios ativos aplicados na pele promoveu o clareamento da
mancha, com o número de sessões variando de 5 a 10 e uma semana de intervalo
entre elas [26].
Outros resultados também suplementares ao uso
restrito do LASER não ablativo descreve que a combinação do LASER Pulsado de
Dióxido de Carbono (CO2) que consiste em um LASER ablativo e o Q-switched LASER de Alexandrita fornecem um melhor resultado,
pois o LASER de CO2 destrói os melanócitos
hiperfuncionantes enquanto o Q-switched
LASER de Alexandrita promove a eliminação do pigmento [27].
No
entanto, a elegibilidade do tipo de LASER,
dos parâmetros a serem utilizados são fatores primordiais
para eficiência de
intervenções que utilização
estimulação da emissão de radiação,
onde se
destacam os LASERS Q-switched, que correspondem ao Q-switched Nd:YAG,
Q-switched Ruby e Q-switched Alexandrite, promovem a
difusão dos melanossomas por ação térmica sendo
altamente seletivos no tecido [17-23].
A avaliação dos efeitos do LASER Fracionado
FP Lux na região da face em 14 pacientes avaliados por meio do Registro
Fotográfico (Standardized Digital), Mensuração da Pigmentação e
Distribuição (Imaging Technology Tool SIAscope) prévia e pós-tratamento
demonstrou uma melhora do melasma na semana (26-28)
em 50% e 58% das variáveis, respectivamente, obtidos pelo menor percentual
amostral [23]. Demostrando que o LASER não ablativo FP pode ser considerado uma
opção de tratamento. No entanto, os efeitos a curto prazo
sugerem melhores resultados em indivíduos de fototipo
I-II, não sendo observado melhora do quadro clínico em pacientes de fototipo III-IV.
Quando os efeitos do LASER não ablativo foram
avaliados pelo Índice de Severidade do Melasma (MASI)
e pela escala PGA, foi observado que a amostra submetida ao tratamento
apresentou recidiva das manchas decorrentes do melasma
em 100% dos casos após conclusão do tratamento [21,22]. É importante esclarecer
que recursos e métodos de avaliação de tratamento variaram entre os estudos, o
que pode também justificar os diferentes desfechos encontrados.
O desempenho do LASER Fracionado Er: Glass nos sintomas de melasma
avaliado por diferentes instrumentos, como: PGA, Espectroscopia de Reflectância (L-value), Índice de
Melanina e Registro fotográfico (PhGA),
demostrou uma variação positiva das manchas nas primeiras semanas. Entretanto,
após seis meses, na última avaliação de acompanhamento foi observada recidiva
das hipercromias [17].
A aplicação de recursos eletrofototermoterapêuticos
depende do adequado planejamento e definição dos parâmetros de aplicação, nesse
sentido alguns parâmetros de LASER não ablativo aplicados no tratamento de melasma foram subnotificados, como o tempo de aplicação,
variável imprescindível para controle de efeitos terapêuticos e colaterais.
Para Prentice [13] o tempo de tratamento por cm² deve ser calculado através da
fórmula: Ta = (E/Pav) x A,
onde Ta corresponde ao tempo de tratamento para uma
área determinada, E (mJ de
energia por cm²), Pav (potência média do laser em mW)
e A (área do feixe em cm²).
No que diz respeito a
frequência de sessões, no estudo conduzido por Choi
[18] foi observado predominância de cinco sessões, com intervalo de uma semana.
De outra forma, Brown [7] realizou uma sessão por semana totalizando oito
semanas.
A energia máxima não ultrapassou 4 J/cm², enquanto o comprimento de onda, de acordo com o
tipo de LASER utilizado, variou entre 1540 e 1640 nm.
Por não ter sido mencionado, não foi possível perceber se o tempo de aplicação
do recurso interferiu no tratamento.
Assim como as variáveis de tratamento, a
avaliação longitudinal variou nas evidências analisadas, sendo o mais
frequente, a avaliação acontecer na primeira e última sessão de tratamento
[17-23]. Enquanto o acompanhamento dos feitos dos protocolos de LASER aconteceu
em até seis meses após a conclusão do tratamento [17,21]. No entanto, foi
observado nas referências incluídas que, independentemente do protocolo de
acompanhamento, em todos os estudos a amostra com melasma
submetida ao LASER não ablativo apresentou recidiva após conclusão do
tratamento.
No que concerne aos efeitos colaterais e/ou
indesejáveis, as evidências incluídas não relataram isso como fator de
insucesso na avaliação do desempenho do recurso. No entanto, os efeitos
adversos após a utilização do LASER como eritema, sensação de queimação e
principalmente inflamação pós-inflamatória (PIH) são descritos nas evidências
como recorrentes e devem ser necessariamente acompanhados [28]. A incidência de
PIH pode variar em decorrência do protocolo aplicado, sendo relatado na
literatura ocorrência entre 17% até 31% dos casos quando se trata da aplicação
do LASER não abalativo, sendo menos frequentes em
indivíduos com fototipo III-IV [17-29].
Ainda em relação aos efeitos colaterais,
cuidados pós-intervenção são imprescindíveis para minimizar sintomas, sendo
recomendado o uso sistemático de proteção solar por meio de creme ou gel, pois
a exposição solar além de ser fator de risco para o desenvolvimento de melasma, também pode limitar a ação do LASER e contribuir
com efeitos indesejáveis [30].
Os achados desta revisão podem auxiliar o
profissional na tomada de decisão clínica e contribuir para prática baseada em
evidências. Entretanto, as evidêncas incluídas
apresentaram desenho metolodológico heterogêneo e número
amostral predominantemente inferior a 30 voluntários, número ainda pouco
representativo para o contigente ainda desconhecido
da população com melasma.
Apesar de estudos bem conduzidos relacionados
ao tema, os estudos incluídos não referiram variáveis importantes, como o tempo
de aplicação do recurso, assim como, em todos os estudos o número amostral e as
características da amostra podem ser potenciais vieses. Além disso, a ausência
de análise do recurso por subgrupos e características, como fototipos,
idade e tempo de melasma, fragilizam a avaliação dos
efeitos do LASER não ablativo.
As evidências atualizadas a respeito dos
parâmetros do LASER não ablativo demonstram que a aplicação de comprimento de
onda entre 1064 nm e 1550 nm
e energia de 10 mJ/cm² a 4
J/cm² no tratamento de melasma facial podem minimizar
as manchas hipercrômicas em curto prazo, no entanto,
após o período de tratamento ocorre recidiva das hipercromias.
Também foi observado que a aplicação do LASER não ablativo em indivíduos com fototipos intermediários (III-V) não apresentou melhora em
longo prazo dos sintomas decorrentes do melasma. Além
disso, ocasionalmente podem aparecer efeitos indesejáveis na pele como prurido,
eritema, hiperpigmentação pós-inflamatória e manchas hipocrômicas.
Diante disso, os autores recomendam que
profissionais de Fisioterapia Dermatofuncional que
utilizam o LASER não ablativo no tratamento de melasma
facial investiguem com cautela critérios de elegibilidade e protocolos de
tratamento por meio da avaliação crítica e individualizada do paciente. Nesse
sentido, é importante determinar o tempo de aplicação do recurso no tecido,
diferenciando a quantidade de energia e o comprimento de onda a ser utilizado
através da classificação do fototipo de pele. A
definição do tipo de melasma e dos fatores
intrínsecos e/ou extrínsecos ao qual a amostra está sendo submetida, como no
período de gestação, também são fundamentais para se
traçar uma boa intervenção.
Por fim, os autores encorajam a realização de
novas pesquisas, com rigoroso desenho metodológico para aquisição de novos
protocolos, seguros e eficazes, avaliando os efeitos do LASER não ablativo no
tratamento de melasma facial.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior – CAPES, pela bolsa de fomento à pesquisa científica.