ARTIGO
ORIGINAL
Avaliação
do equilíbrio e risco de queda em pacientes com mucopolissacaridose VI
Evaluation of balance and risk of falls in patients with mucopolysaccharidosis VI
Ângela Hare Leite
Rodrigues dos Anjos, Ft.*, Bárbara Bernardo Rinaldo da Silva Figueirêdo, Ft., M.Sc.**,
Dominique Babini Albuquerque Cavalcanti, Ft., M.Sc.***
*Fisioterapeuta,
Especialista, Departamento de Fisioterapia, Curso de Fisioterapia do Centro
Universitário Maurício de Nassau (UNINASSAU), Recife/PE, **Fisioterapeuta,
Mestre, Programa de Pós-Graduação em Biologia Aplicada à Saúde, Universidade
Federal de Pernambuco (UFPE), Recife/PE, ***Fisioterapeuta, Mestre, Programa de
Pós-Graduação em Saúde da Criança e do Adolescente, Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE), Recife/PE
Endereço
para correspondência:
Dominique Babini Albuquerque Cavalcanti, Universidade
Federal de Pernambuco, Centro de Ciências da Saúde, Av. Prof. Moraes Rego, 1235
Cidade Universitária 50670-901 Recife PE, E-mail:
dbabini.fisioterapeuta@gmail.com; Ângela Hare Leite Rodrigues dos Anjos:
harefrusciante@gmail.com; Bárbara Bernardo Rinaldo da Silva Figueirêdo: barbara_bernardo@hotmail.com
Resumo
Introdução: A Mucopolissacaridose VI é uma doença rara, hereditária, com
mutação no gene ARSB, que provoca complicações multissistêmicas
com deformidades osteomusculares que podem dificultar o equilíbrio estático e
dinâmico. Objetivo: Avaliar o
equilíbrio e o risco de queda em pacientes com Mucopolissacaridose
VI (MPS VI). Métodos:
Trata-se de um estudo observacional descritivo transversal, do tipo série de
casos, realizado na Associação Pernambucana de Mucopolissacaridoses,
cuja amostra foi constituída por 5 pacientes que
recebem tratamento fisioterapêutico no local, de ambos os gêneros, com faixa
etária de 6 a 39 anos, e diagnóstico de MPS VI. Foi utilizada uma ficha de
avaliação fisioterapêutica elaborada pelas pesquisadoras para avaliar aspectos sociodemográficos e clínicos dos pacientes e em seguida,
foi aplicado o Índice de Tinetti. Os dados foram
apresentados através de tabelas e figuras, contendo as frequências absoluta e
relativa, média e desvio-padrão ou mediana e intervalo interquartil. Resultados: Dos casos estudados, a idade
média foi de 11 anos, 60% eram do sexo masculino, todos os avaliados
apresentaram baixa estatura, com altura média de 115,0 cm e diferença média de
0,5 cm entre a altura dos membros inferiores, além de reduzidas pontuações no
Índice de Tinetti, com 80% apresentando alto risco de
quedas e 20% apresentando moderado risco de quedas. Conclusão: Foi possível evidenciar o impacto negativo das
alterações osteomioarticulares da MPS VI no
equilíbrio estático e dinâmico e na marcha dos portadores, além do importante
risco de quedas.
Palavras-chave: mucopolissacaridose
VI, equilíbrio postural, marcha.
Abstract
Introduction: Mucopolysaccharidosis VI is a rare
hereditary disease with a mutation in the ARSB gene that causes multisystemic complications with musculoskeletal
deformities that may hamper static and dynamic balance. Objective: To evaluate the balance and risk of falls in patients
with Mucopolysaccharidosis VI (MPS VI). Methods: This is a cross-sectional,
observational descriptive, case-series study conducted at the Association of Mucopolysaccharidoses of Pernambuco/Brazil
- AMPS, whose sample consisted of 5 patients receiving on-site
physiotherapeutic treatment of both genders, aged 6 to 39 years, with diagnosis
of MPS VI. A physiotherapeutic evaluation sheet was elaborated by the
researchers to evaluate the sociodemographic and
clinical aspects of the patients, followed by the Tinetti
Index. Data were presented through tables and figures, containing the absolute
and relative frequencies, mean and standard deviation, or median and
interquartile range. Results: Of the
cases studied, the mean age was 11 years, 60% were males, all of them presented
a short stature, with a mean height of 115.0 cm and a mean difference of 0.5 cm
between the height of the lower limbs , in addition to
reduced scores in the Tinetti Index, with 80%
presenting a high risk of falls and 20% presenting moderate risk of falls. Conclusion: It was possible to show the
negative impact of MPS VI osteomyoarticular changes
in the static and dynamic balance and gait of the patients, besides the
important risk of falls.
Key-words: mucopolysaccharidosis VI, postural balance, gait.
A Mucopolissacaridose
VI (MPS VI), também conhecida como Síndrome de Maroteaux-Lamy,
é uma doença rara, hereditária, autossômica recessiva, com mutação no gene
ARSB, caracterizada pela deficiência na enzima lisossomal
arisulfatase B, responsável pela degradação do dermatan sulfato, com isso progressivamente é acumulado o
substrato intracelular, provocando as complicações multissistêmicas
dos portadores [1-9].
Afeta ambos os sexos
e a incidência mundial varia de 1: 230.000 a 1: 300.000 nascidos/vivos
[6]. A MPS VI tem maiores registros no continente
Europeu e América Latina, em particular em Portugal e no Brasil, sendo isto
atribuído a distribuição migratória [8]. Na cidade de Monte Santo, situada no
Estado da Bahia, a incidência aumenta para 1:5000
nascidos/vivos. Todos os casos registrados na cidade apresentam a mesma
mutação: homozigose [10]. O perfil desses pacientes é
bem heterogêneo e o tempo de vida varia da 2° a 3° década na forma grave e da
3° a 4° década na forma atenuada [8]. O óbito é na maioria das vezes por
problemas cardiológicos ou respiratórios [11].
A variabilidade mutacional produz diversidade do fenótipo [2], provocando
diferentes manifestações clinicas, como: baixa estatura, face infiltrada,
dolicocefalia, hidrocefalia, defeito vertebral (beaking anterior), hipoplasia anterior da vértebra, compressão medular
espinhal, giba toracolombar, picnodisostose,
contraturas musculares graves, deformações ósseas, glaucoma, degeneração da
retina, atrofia da retina, opacidade da córnea, complicações respiratórias,
doenças cardíacas, hepatoesplenomegalia, perda ou
diminuição da audição, hérnias inguinais, hipertrofia gengival, má oclusão
dentária e hirsutismo [4-7]. Normalmente os sinais e
sintomas são instalados entre o primeiro e o segundo anos de vida [10,12,13].
Quanto maior o
aumento da idade, maior será a morbidade dos portadores devido às deformações
osteomusculares e complicações cardiopulmonares [5,14,15].
O quadro clínico dificulta o equilíbrio, e consequentemente a marcha. É comum
apresentarem inclinação do tronco e da pelve, flexão de quadril e joelho
associada à frouxidão ligamentar, pé equino, além do comprometimento da
articulação do ombro, causando desordem no movimento (balance) [11,13,14,16].
Com comprometimento
funcional importante, os pacientes são mais propensos a
queda e dependendo da gravidade do incidente, debilita-os ainda mais [1,17].
Segundo Tinetti et al. [18],
a queda é uma situação que “um indivíduo inadvertidamente vem a apoiar-se no
solo ou em outro nível inferior, não em consequência de um evento intrínseco
importante (uma síncope, por exemplo) ou de um risco impossível de ser dominado
que cause quedas em pessoas sadias”. O índice de Tinetti
avalia o risco de queda através da aplicação de duas escalas: equilíbrio e
marcha [18].
MPS é uma síndrome complexa e que deve ser
acompanhada por uma equipe multidisciplinar [7]. A fisioterapia tem papel de
manter esse paciente o mais funcional para as atividades de vida diária,
respeitando as suas limitações. O fisioterapeuta tem papel importante no
decorrer da progressão patológico para retardar o
declínio funcional, prevenir acidentes e dar autonomia maior a esse indivíduo
[11].
O estudo objetivou
avaliar o equilíbrio e o risco de queda em pacientes com Mucopolissacaridose
tipo VI.
Trata-se de um estudo
observacional descritivo transversal, do tipo série de casos, aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Medicina Integral Professor
Fernando Figueira (IMIP), sob o parecer de nº 4713-15. A amostra foi constituída
por 5 pacientes em tratamento fisioterapêutico na
Associação Pernambucana de Mucopolissacaridose
(AMPS-PE), de ambos os gêneros, com faixa etária de 6 a 39 anos, com
diagnóstico de MPS VI.
Foram incluídos
pacientes com diagnóstico de MPS tipo VI, ausência de doença psiquiátrica e
idade superior a 3 anos. Os critérios de exclusão
elencados foram: presença de déficits cognitivos que incapacitasse os pacientes
para responder adequadamente à avaliação realizada e incapacidade de deambular.
Foram excluídas as crianças abaixo dos 3 anos que se
encontravam em tratamento. Os pacientes ou responsáveis foram convidados a
participar da pesquisa e esclarecidos sobre todos os procedimentos a serem
realizados, assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) ou o
Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (TALE) para crianças e adolescentes.
Na primeira etapa, os
pacientes foram avaliados utilizando-se uma ficha de avaliação fisioterapêutica
elaborada pelas pesquisadoras, contemplando dados: pessoais (idade, etnia,
sexo, profissão, escolaridade), clínicos (tempo de diagnóstico, patologias
associadas, dor osteomuscular, deformidade articular) e relacionados ao
equilíbrio e a marcha (tipo de calçado, distância alcançada na marcha, suporte
durante a marcha, uso de órteses, fadiga ao deambular).
Na segunda etapa,
utilizou-se uma fita métrica para mensurar a altura, o comprimento dos membros
inferiores e a circunferência abdominal dos participantes da pesquisa. Os
pacientes também foram fotografados nos planos frontal anterior, posterior e
sagital, trajando biquíni ou calção de banho, utilizando-se pontos de
referência anatômicos. Todos os registros fotográficos foram realizados por um
único fotógrafo, e os marcadores foram sempre posicionados pelo mesmo
experimentador.
Figura
1 - Ângulos avaliados no plano frontal anterior
e sagital, com os pontos de referência anatômicos demarcados.
Na terceira etapa,
foi avaliado o risco de queda, através do Índice de Tinetti.
Trata-se de um teste dinâmico, dividido em dois domínios: equilíbrio e marcha.
A escala de equilíbrio é composta por 9 itens: 1 -
equilíbrio sentado, 2 - levantando, 3 - tentativas de levantar, 4 - assim que
levanta, 5 - equilíbrio em pé, 6 - teste de três de tempos, 7 - olhos fechados,
8 - girando 360° e 9 - sentando. A pontuação total desse domínio é 16 pontos. A
escala de marcha é composta por 7 itens de avaliação:
1 - início da marcha, 2 - comprimento e largura dos passos, 3 - simetrias dos
passos, 4 - continuidade dos passos, 5 - direção, 6 - tronco e 7 - distância
dos tornozelos. A pontuação total desse domínio é 12 pontos. A classificação
possível para cada tarefa realizada inclui: normal: 0,
adaptável: 1 e anormal: 2. O valor abaixo de 19 pontos representa alto risco de
quedas, entre 19 e 24 pontos moderado risco de quedas; e, acima de 24 pontos baixo risco de queda [18].
A análise descritiva
dos dados foi apresentada através de tabelas e figuras, contendo
as frequências absoluta e relativa, média e desvio-padrão
ou mediana e intervalo interquartil.
A
caracterização pessoal e clínica dos participantes do estudo está apresentada na
tabela I. Todos os pacientes fazem tratamento de reposição enzimática e
apresentam deformidades articulares. No entanto, nenhum deles realizou
procedimento cirúrgico ortopédico de correção.
A idade média foi de
11 anos, mediana (IQ25-75%) igual a 11,0 (9,0-14,0), o tempo de
diagnóstico da MPS foi de 78 meses, mediana de 36,0-120,0.
Tabela
I - Caracterização pessoal e
clínica dos participantes da amostra com diagnóstico de MPS VI.
*Os avaliados
apresentaram mais de 1 item.
Quando interrogados
sobre o número médio de quedas no último ano, a média foi de 2,8 ± 1,6 quedas.
Na tabela II é possível
observar os dados relacionados ao equilíbrio e a marcha dos pacientes
participantes da pesquisa. Com relação ao tipo de calçado, 4
(80,0%) pacientes referiram que desequilibram mais facilmente quando calçam
sapatos sem velcros.
Tabela
II -
Caracterização do equilíbrio a da marcha
dos participantes com diagnóstico de MPS VI.
DP = desvio-padrão; n
= frequência; % = percentual
As mensurações
referentes à altura, diferenças nos comprimentos dos membros inferiores e pés e
circunferência abdominal dos participantes do estudo estão descritas na tabela
III. Todos os pacientes apresentaram hipomobilidade
das cinturas escapular e pélvica.
Tabela
III -
Mensurações corporais
dos participantes da amostra com diagnóstico de MPS VI.
IQ = interquartil; n =
frequência; % = percentual
As pontuações médias
obtidas pelos pacientes nos domínios equilíbrio e marcha do Índice de Tinetti, bem como, a pontuação total, estão apresentadas na
figura 2. Apenas um participante (20,0%) obteve pontuação equivalente a
classificação “moderado risco de queda”. Os demais
participantes (80,0%) obtiveram pontuação equivalente a
classificação “alto risco de queda”.
Com relação ao
equilíbrio, todos os participantes (100,0%) apresentaram dificuldade para
levantar-se da cadeira sem apoio, necessitando de mais de uma tentativa para
realizar a tarefa e três participantes (60,0%) apresentaram passos descontínuos
e instáveis no movimento de 360° com os olhos fechados.
No que se refere à marcha, três participantes (60,0%) apresentaram
irregularidade na passada, pausas durante a marcha, ausência de balanço dos
braços e tornozelos muito próximos um do outro durante a marcha e dois
participantes (40,0%) apresentaram passos curtos, dificuldade para tirar os pés
do solo e passos descontínuos.
Figura
2 - Pontuações médias nos domínios equilíbrio e
marcha do índice de Tinetti e pontuação total obtidas pelos participantes da amostra com diagnóstico
de MPS VI.
Apenas uma pesquisa
prévia faz referência às alterações de equilíbrio estático e dinâmico de
pacientes com MPS VI [15]. Por ser uma doença genética rara, ainda é pouco estudada,
principalmente, no âmbito fisioterapêutico.
A maioria dos
pacientes apresentou joelhos em valgo e tornozelos em varo. Em três deles, os
tornozelos se chocavam durante a marcha. Viel et al. [20] referem que a distância entre
os tornozelos na marcha deve estar entre 5 e 10 centímetros. A cintura pélvica
se desloca para o lado do apoio do corpo promovendo estabilidade no apoio, e a
estreita base de equilíbrio reduz a mudança ideal do centro de gravidade
[19,20].
Apesar de
apresentarem deformidades osteoarticulares
importantes os pacientes não foram submetidos a procedimentos cirúrgicos
ortopédicos. Este fato pode ser explicado pela alta taxa de mortalidade desses
pacientes no período peri-operatório
devido a impossibilidade de manter a via aérea permeável, mesmo com
traqueostomia, e no período pós-operatório devido às frequentes complicações
respiratórias, dentre elas a parada respiratória [21].
Os pacientes
referiram fadiga em pequenas distâncias devido a esforço biomecânico para manter
o equilíbrio e para realização da marcha. Matos et al. [15] ao realizarem um estudo comparativo entre pessoas
saudáveis e portadores de MPS, aplicaram o teste de caminhada de 6 minutos e
com calorimetria, constatando que os pacientes com MPS apresentaram maior gasto
energético para executar o teste [15].
A hipomobilidade
das cinturas escapular e pélvica detectada em todos os casos é um fator
limitante para a manutenção do equilíbrio, além de comprometer a estabilidade
na marcha para movimentos com tronco e membros. A combinação do balanço do
tronco e movimentos pendentes alternados dos membros superiores facilita a
aceleração e a desaceleração da marcha. O membro superior dissocia-se de um
lado e acompanha o membro inferior do lado contralateral. O déficit
de mobilidade das cinturas escapular e pélvia
evidenciado nos pacientes com MPS VI justifica, em partes, o padrão de
marcha em bloco, e consequentemente as baixas pontuações no item marcha do
Índice de Tinetti [22].
Giugliani et al. [23] referem que a baixa estatura é um dos primeiros sinais da
MPS VI [9], e pode ser classificada em dois tipos: doença de evolução rápida
quando o indivíduo apresenta altura entre 95 e 100 cm, e doença de evolução
lenta quando apresenta altura entre 140 e 150 cm. Os pacientes avaliados
apresentavam alturas dentro dessa variação descrita, porém não foi possível
classificá-los quanto à severidade da doença, devido à mutação genética.
Foram constatadas
diferenças nas mensurações do comprimento dos membros e dos pés nos pacientes
avaliados. Esse tipo de alteração não foi descrita na literatura até o momento,
mas parece ser um fator que pode agravar o desempenho motor do paciente, em
questão de harmonia biomecânica para marcha. Pereira e Sacco
desenvolveram um estudo comparativo entre corredores saudáveis e com diferença
de comprimento de membro inferior, avaliados por exame radiográfico e performance da marcha por meio de uma plataforma de força, e
concluíram que diferenças entre 0,5 a 2,0 cm entre os membros estão associadas
a menor eficiência mecânica dos membros menores devido a menor absorção de
energia [24].
Durante a avaliação
do equilíbrio por meio do Índice de Tinetti todos os
casos apresentaram dificuldade para levantar da cadeira sem apoio, com
restrição no movimento de flexão de tronco, provavelmente devido à grande
circunferência abdominal desses pacientes decorrente do desenvolvimento anormal
dos órgãos viscerais. Nieman et al. [25] citam que pessoas com abdômen globoso tem maior
dificuldade de manutenção do equilíbrio e para iniciar a marcha, devido a
mudança da altura do centro de gravidade e a questão da relação
antropométrica-anatômica (tronco/tórax/abdômen/pelve).
Durante a mudança de
posição da sedestação para o ortostatismo,
quatro pacientes se desequilibraram em menos de 5 segundos, provavelmente pela
mudança da altura do centro de gravidade, citado anteriormente, e devido ao mau
alinhamento dos segmentos esqueléticos que eles apresentam. Em relação à
marcha, a maioria dos pacientes apresentou passos descontínuos, curtos e
irregulares e diminuição da velocidade. Bankoof et al. [26] relatam que para manter o
equilíbrio deve-se ter bom alinhamento dos segmentos esqueléticos, e que
características morfológicas como perímetros grandes de circunferência
abdominal, aumento de cifose e lordose, e pé plano são fatores desencadeadores
para desalinhamento postural.
O estudo realizado
apresentou limitações quanto à sua amostra e faixa etária, por se tratar de uma
doença rara, foram avaliados 5 pacientes com idades
variadas, sendo necessário o estudo destas variáveis em amostras maiores e com
faixa etária semelhante. Também não foram realizados exames complementares de
imagem para análises mais detalhadas nem utilizados equipamentos sofisticados e
plataformas de análise do equilíbrio e da marcha. Porém, o estudo trouxe novas
informações para a prática clínica, mostrou a importância de uma avaliação
detalhada do equilíbrio e da marcha desta população, visto que interfere
fortemente na qualidade de vida desses pacientes.
Acredita-se que essa
informação seja uma linha para futuros estudos randomizados
nessa área, com objetivo de criar formas de prevenção de quedas desses
pacientes, sabendo-se que a queda traz fatores agravantes em relação à
funcionalidade e qualidade de vida, já que é um dos principais problemas
clínicos que contribuem para o declínio funcional do indivíduo. Espera-se que o
estudo possa subsidiar novos estudos e protocolos de avaliação e reabilitação
motora nesta população.
Os resultados apontam
para o comprometimento do equilíbrio estático e dinâmico de pacientes com MPS
VI e risco de queda importante. Poucos são os achados literários sobre estas
variáveis, apesar de ser fundamental o conhecimento sobre as alterações biomecânicas
que os pacientes com essa doença rara apresentam para que as estratégias de
tratamento fisioterapêutica possam ser mais bem elaboradas.
A
diferença de altura entre os membros inferiores nos indivíduos com MPS tipo VI ainda não havia sido
relatada em estudos prévios, e as equipes de saúde que tratam de pacientes com
MPS VI devem entre seus métodos preventivos e de intervenção terapêutica, ter o
objetivo de manter ou melhorar o equilíbrio e a funcionalidade desta população,
prevenindo danos físicos e internações hospitalares, diminuindo, assim, os
custos que as quedas podem acarretar ao sistema de
saúde.