ARTIGO
ORIGINAL
Efeito
de um protocolo fisioterapêutico em pacientes com lombalgia crônica
Physiotherapeutic protocol applied in patients with chronic low back
pain
Claudiana Maria Solon Aguiar*, Bruno Cunha da Costa**, Samara Sousa
Vasconcelos Gouveia, Ft., M.Sc.***,
Guilherme Pertinni de Morais Gouveia, D.Sc.****
*Integrante
do Laboratório de Fisioterapia Avaliativa e Terapêuticas – LaFAT, Universidade
Federal do Piauí-UFPI, **Acadêmico de Fisioterapia na Universidade
Federal do Piauí-UFPI, integrante do Laboratório de Fisioterapia Avaliativa e
Terapêuticas – LaFAT, ***Doutorando em Ciências
médico-cirurgicas - UFC, docente efetivo da
Universidade Federal do Piauí - UFPI, integrante do Laboratório de Fisioterapia
Avaliativa e Terapêuticas – LaFAT, ****Doutor em
Ciências médico-cirurgicas - UFC, docente efetivo da
Universidade Federal do Piauí - UFPI, integrante do Laboratório de Fisioterapia
Avaliativa e Terapêuticas – LaFAT
Recebido em 31 de
janeiro de 2017; aceito em 8 de dezembro de 2017.
Endereço
para correspondência:
Guilherme Pertinni de Morais Gouveia, UFPI,
Departamento de Fisioterapia, Av. São Sebastião, 2819, 64202-020 Parnaíba/PI,
E-mail: gpfatufpi@gmail.com; Claudiana Maria Solon Aguiar: claudianasolon@hotmail.com; Bruno Cunha da Costa :
brunuhcunha@gmail.com; Samara Sousa
Vasconcelos Gouveia: samaragouveia@ufpi.edu.br
Resumo
Introdução: A dor lombar,
responsável por 50% das disfunções musculoesqueléticas, é uma das principais,
senão a mais frequente, causa de dor, incapacidade funcional e laborativa. A
fisioterapia é um recurso essencial para a reabilitação de pacientes com
lombalgias, possuindo técnicas capazes de permitir intervenção direta sobre a
dor, influenciando assim na qualidade de vida dessas pessoas. O objetivo do
presente estudo foi analisar o efeito de um protocolo fisioterapêutico manual
em pacientes com lombalgia crônica. Métodos:
Trata-se de um estudo intervencionista, descritivo e analítico, de abordagem
quantitativa, foram realizadas 10 atendimentos de
fisioterapia em um grupo composto por 20 pacientes, G1 era composto pelo
grupo que realizou fisioterapia convencional e G2 o grupo que realizou
fisioterapia convencional associada à terapia manual. Resultados: A amostra foi composta por 20 pacientes com idade
média: 40 ± 16 anos; Grupo 1: 52 ± 15 anos; Grupo 2: 30 ± 6 anos, com idades
variando entre 18 e 60 anos. Em relação à dor, todos referiram presença da
mesma, e 13 (65%) sofriam com a dor há mais de 24 meses. Quanto à
caracterização da dor, predominaram as dores localizadas (40%), seguidas pelas
dores ao movimento ativo (35%). Conclusão:
Concluiu-se que os dois grupos apresentaram melhora significativa, porém no
grupo onde foi realizada a fisioterapia convencional e a terapia manual foram
observados maior eficiência no quadro da dor.
Palavras-chave: lombalgia crônica,
Fisioterapia, terapia manual.
Abstract
Introduction: Low back pain, accounting for 50% of musculoskeletal disorders, is a
major, if not the most frequent cause of pain and disability. Physiotherapy is
an essential resource for the rehabilitation of patients with low back pain,
having techniques capable of allowing direct intervention on pain, thus
influencing the quality of life of these people. The aim of this study was to
analyze the effect of a manual physical therapy protocol in patients with
chronic low back pain. Methods: This
was an interventional study, descriptive and analytical, with quantitative
approach, with 10 sessions of physiotherapy in a group of 20 patients, where G1
was composed by the group that was conducted conventional physiotherapy and G2
by another group where was performed conventional physiotherapy associated with
manual therapy. Results: The sample
consisted of 20 patients with mean age 40 ± 16 years; Group 1: 52 ± 15 years,
Group 2: 30 ± 6 years, with ages ranging between 18 and 60. In relation to
pain, all reported presence of the same, while 13 (65%) with pain suffered for
over 24 months. Regarding the characterization of pain, localized pain
predominated (40%), followed by pain on active movement (35%). Conclusion: We conclude that both
conventional physiotherapy and manual therapy were useful in the rehabilitation
of patients with chronic low back pain, in reducing disability and improving
quality of life.
Key-words: lombalgia chronic, physical therapy, manual therapy.
A coluna é dividida
em sete vértebras cervicais, 12 torácicas, e cinco lombares, o sacro e cóccix
consistem em cinco e quatro vértebras fundidas, respectivamente. Sendo, a
coluna uma intricada e complexa estrutura óssea com 24 vértebras articulares e
nove fundidas em bloco [1].
A coluna tem duas
funções básicas, serve como sustentação para o corpo e a transmissão de
estruturas nervosas através do canal vertebral e dos forames intervertebrais
[2].
Segundo Neto et al. [3], os movimentos de cada
estrutura são controlados ativamente por músculos e passivamente por
ligamentos, que ligam os processos espinhosos e transversos servindo como
braços de alavanca; e as facetas articulares que servem como estruturas
estabilizadoras, pelas suas orientações.
A lombalgia é uma dor
localizada na cintura pélvica, especificamente entre o último arco costal e a
prega glútea, podendo apresentar dor de qualquer intensidade, incapacidade de
se movimentar e trabalhar, podendo ser irradiada para os membros inferiores
pelo do nervo ciático, denominada lombociatalgia [3].
Estudos realizados
pela OMS (2007) revelam dores lombares como um problema de saúde pública,
atingindo cerca de 80% da população mundial em alguma fase da vida, com
repercussões sociais e econômicas, sendo também uma importante causa de
incapacidade, ocorrendo em prevalências elevadas, em todas as culturas e
comprometendo a qualidade de vida das pessoas [4].
Segundo Canavan [5], no Brasil existem estimativas que mais de 10
milhões de pessoas tenham alguma incapacidade relacionada a dores lombares,
sendo ela também responsável por 50% das disfunções musculoesqueléticas e uma
das principais causas de dores, incapacidade funcional e ocupacional entre
sujeitos com media de 30 e 45 anos.
As dores lombares
podem ser causadas por patologias inflamatórias, degenerativas, neoplásicas,
defeitos congênitos, déficit muscular, predisposição reumática e outras,
podendo ser classificadas como primárias ou secundárias, com ou sem
envolvimento neurológico [6]. Um episódio isolado de dores lombares mesmo com
uma recuperação rápida, torna-se uma condição recorrente que evolui para um
estado crônico. A dor lombar é considerada aguda quando tem duração menor que
seis semanas, subaguda entre 6 e 12 semanas, e crônica
com mais que 12 semanas [7].
Os fatores de riscos
interligados a dor lombar crônica são inúmeros, como sexo, tabagismo,
alcoolismo, atividades ocupacionais, nível de escolaridade, obesidade, prática
de exercícios físicos e o conhecimento desses fatores é essencial para que
sejam elaboradas políticas públicas com base em medidas que visem à prevenção e
promoção e o controle do problema [8].
Todavia a
fisioterapia é um recurso essencial na reabilitação de pacientes com
lombalgias, por técnicas capazes de permitir intervenção direta na dor,
influenciando na qualidade de vida, sendo as técnicas de terapia manual,
cinesioterapia, eletrotermoterapia, hidroterapia,
reeducação postural, manipulação osteopática,
acupuntura, entre outros [9].
Numerosas
intervenções fisioterápicas vêm sendo aplicadas e estudadas nos tratamentos das
lombalgias. Neste estudo enfatiza-se a mobilização neural, as pompagens e a estabilização rítmica [10].
A mobilização neural
é uma técnica que realiza movimentos lentos e rítmicos mediante as posturas
direcionadas aos nervos periféricos e a medula espinhal, gerando uma melhora na
condução do impulso nervoso, tendo como objetivo impor ao sistema nervoso maior
tensão [11].
A facilitação
neuromuscular proprioceptiva é outra técnica muito utilizada por
fisioterapeutas como uma forma opcional de exercício resistido progressivo, na
melhora da qualidade de vida e sua utilização, melhora a amplitude de movimento
e o ganho de força muscular, além de prevenir lesões e diminuir quadro álgico
[12].
Dentre
elas, a
estabilização rítmica é uma técnica
da FNP, que utiliza contrações isométricas
alternadas contra uma resistência com ausência de
movimento. Esse tipo de
técnica proporciona não só um ganho na amplitude
de movimento, como também um
equilíbrio das forças oferecido pelo sinergismo muscular
e pela estabilidade
articular, além de ganho do comprimento do músculo, o que
evitaria retrações
musculares, o aumento da flexibilidade [13].
As pompagens são manobras suaves que mobilizam as fáscias e
são utilizadas com indicações, tanto no relaxamento muscular e nas
articulações, como também por seus benefícios na circulação, promovendo
relaxamento da musculatura afetada, explicando assim a melhora no quadro de dor
dos pacientes [10].
Portanto,
justifica-se a realização deste estudo devido à lombalgia ser considerada um
problema de saúde pública, com uma grande incidência na população mundial e
devido ao impacto socioeconômico que ela gera, uma vez que apresenta uma grande
magnitude, sendo também uma causa frequente de incapacidade funcional e
diminuição da qualidade de vida das pessoas.
A escolha da temática
é relevante, pois oportuniza traçar um perfil dos pacientes com diagnóstico de
dor lombar, possibilitando políticas preventivas, mudanças de hábitos
inadequados e intervenções qualificadas à conduta terapêutica, enfatizando
também o interesse pelas técnicas que foram abordadas na pesquisa, por serem de
baixo custo, grande eficácia.
Portanto,
objetivou-se analisar o efeito de um protocolo fisioterapêutico manual em
pacientes com lombalgia crônica.
Tipo de
estudo
Trata-se de um estudo
intervencionista, descritivo e analítico, de abordagem quantitativa.
Período
e local do estudo
Pesquisa realizada no
período de novembro e dezembro de 2012, na Clínica Escola de Fisioterapia –
INTA.
População
e amostra do estudo
A pesquisa contemplou
pacientes da Clínica Escola de Fisioterapia, com idades variando entre 18 e 65
anos, divididos em dois grupos de 10 pacientes, sendo G1 o grupo de pacientes
que recebeu o protocolo convencional e G2 o grupo que recebeu o protocolo
convencional associado ao protocolo de terapias manuais.
A amostra deste
estudo é do tipo não probabilístico aleatório simples, sendo o sorteio
realizado utilizando tecnologia informatizada.
Como critérios de
seleção foram respeitados os seguintes aspectos: idade, dor mio articular na
região lombar direcionando para perna com duração acima de três meses e com
alteração na amplitude de movimento na lombar.
Para selecionar os
sujeitos foi utilizada uma ficha de anamnese, baseada nos conhecimentos
adquiridos ao longo de revisão sistemática e com auxílio de profissionais da
área de saúde.
A seleção dos
questionários para avaliar o grau de funcionalidade e dor dos sujeitos da
pesquisa baseou-se na necessidade de obter confiabilidade e validade nesta
avaliação. Para tanto, seguiram-se quatro fatores determinantes: primeiro, o
questionário deveria ser de fácil execução; segundo, abranger questões
direcionadas ao objetivo da pesquisa; terceiro curto tempo de realização,
evitando o cansaço da população alvo; e, quarto, modo de aplicação simples.
Critérios
de inclusão
Critérios
de exclusão
Instrumentos
e procedimento para coleta de dados
Foram utilizados como
instrumento a Escala Visual Analógica Goniômetro de marca Carci®
e uma ficha de avaliação.
Os sujeitos foram
divididos em dois grupos, no G1 foi realizada a fisioterapia convencional e no
G2 o mesmo protocolo do primeiro associado às técnicas de terapia manual.
Ressalta-se que no início e no fim do tratamento foi feita uma avaliação da dor
e da amplitude de movimento, através da Escala Visual Analógica e Goniometria. Os mesmos foram atendidos em uma sala da clínica
interdisciplinar das Faculdades INTA, que tem todos os recursos necessários
para o tratamento, sendo climatizada para contribuir com o bem-estar do
paciente, foi lido o termo de consentimento livre e esclarecido e foi
solicitada sua assinatura caso concordassem em participar da pesquisa.
O protocolo foi
constituído de 10 atendimentos de fisioterapia convencional para um grupo com
10 pacientes e mais 10 atendimentos de fisioterapia convencional associada à
terapia manual, para o protocolo convencional. Foram utilizados TENS para dor
crônica com frequência 100 Hz, pulso 100 µs e tempo 30 minutos. Laser
analgésico com 2 a 3 J/cm2 e com tempo de 10 minutos. Ultra Som (US)
pulsátil, com alongamentos dos músculos paravertebrais,
ísquios tibiais, quadríceps, quadrado lombar, massagem para relaxamento da
musculatura e exercícios de ponte e o outro protocolo foram associados às
técnicas de pompagem, estabilização rítmica e
mobilização neural. Os pacientes realizaram suas atividades de vida diária
normalmente após as sessões do tratamento aplicado, sem uso de analgésicos e
atividade física.
O procedimento da pompagem da lombar é feita com o paciente em decúbito
ventral, mão podálica do terapeuta na altura da
coluna torácica baixa, com os dedos em direção cefálica, mão cefálica sobre
sacro, com dedos em direção à mão podálica,
antebraços cruzados, a tensão é obtida com o afastamento das duas mãos durante
a inspiração.
A estabilização
rítmica ocorre quando o terapeuta resiste ao movimento ativo do paciente por
meio da amplitude do movimento (contração concêntrica). No final do movimento,
o terapeuta solicita ao paciente que mantenha a posição. Quando a estabilização
é alcançada, o terapeuta dá o comando para que o membro seja movido
vagarosamente para a direção da posição inicial (contração excêntrica).
Portanto, a contração muscular excêntrica deve ocorrer antes da contração
concêntrica.
O protocolo para
mobilização neural foi aplicado com o paciente em decúbito dorsal com a coluna
cervical em flexão e um dos membros inferiores elevado, com o fisioterapeuta
permanecendo posicionado ao lado, com o membro contralateral flexionado sendo
realizado em três séries de 30 oscilações.
A intensidade da dor
foi avaliada antes e após o tratamento por meio da escala visual analógico
(EVA.), onde zero (0) é definida como ausência completa de dor e dez (10) como
a pior dor já sentida. É uma medida muito confiável e sensível às mudanças
clínicas dos indivíduos e extremamente útil para quantificar e classificar a
dor e é utilizada com sucesso como forma de medida nos tratamentos de lombalgia
na prática clínica [14].
Foi realizado o teste
de Lasegue que consiste em colocar o paciente
comodamente deitado e relaxado, testa-se, primeiramente, o lado
assintomático ou menos sintomático e, depois o lado afetado, com uma mão
apoiando o calcanhar, eleva-se, vagarosamente, o membro inferior até
mais ou menos 40 grau [15].
As medidas
goniométricas são utilizadas por fisioterapeutas para quantificar a limitação
dos ângulos articulares, decidir a intervenção terapêutica mais apropriada e
documentar a eficácia do tratamento, assim, neste estudo utilizará o protocolo
desenvolvido por Marques, que visa analisar os movimentos de flexão, extensão e
inclinação lateral da coluna vertebral [16].
Para avaliar a flexão
da região lombar, o paciente deve ficar na posição ortostática com os pés
juntos e alinhados, a medida é feita na superfície lateral do indivíduo com o
braço fixo do goniômetro perpendicular ao solo na crista ilíaca e o braço móvel
ao completar o movimento é colocado ao longo da linha axilar média do tronco, evitando
a flexão dos joelhos, grau de normalidade 0°-95°, no movimento de extensão da
lombar com o paciente em pé, pés juntos e alinhados o braço fixo deve ser
colocado em direção ao côndilo lateral do fêmur e o braço móvel ao completar o
movimento é colocado ao longo da linha axilar média do tronco, grau de
normalidade 0°-35° e por último para inclinação lateral o braço fixo do
goniômetro deve ser colocado nivelado com as espinha ilíacas póstero-superiores
e o braço móvel, pede-se que o paciente faça o movimento e ao completá-lo
colocar o braço do goniômetro dirigido para o processo espinhoso da sétima
vértebra cervical, grau de normalidade 0°-40°.
Análises
dos dados e aspectos éticos
Os dados foram
digitados em um banco de dados utilizando o programa Epi
Info (versão 6.04d, Centers for Disease Control and Prevention, EUA). A
análise dos dados foi realizada por meio do software SPSS (versão 18.0),
utilizando, inicialmente, uma estatística descritiva incluindo tabulações de
acordo com as variáveis selecionadas, distribuição da frequência simples, e,
consequentemente, inferência com os testes de associação do qui-quadrado
para verificar associação entre desfecho e variáveis exploratória, correlação
de Pearson e teste t de Student pareado e para amostras
independentes [16].
Para ocorrer
significância estatística será considerado o valor de p obtido menor ou igual a
0,05. Resultados foram apresentados em forma de gráficos e tabelas.
A pesquisa seguiu os
princípios éticos da Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) com
parecer 146.000, respeitando os quatro referenciais básicos da bioética: a
autonomia, não maleficência, beneficência e justiça [17].
Riscos
e benefícios
Essa pesquisa não
apresentou nenhum risco e nem piora na sintomatologia, houve tratamento e
intervenção fisioterápica nos participantes, entretanto, caso os mesmos
relatassem qualquer desconforto, seria oferecido todo o suporte necessário,
encaminhando-os para um profissional qualificado na área.
Resultados
e discussão
A amostra foi
composta por 20 pacientes com idade média: 40 ± 16 anos (Grupo 1: 52 ± 15 anos;
Grupo 2: 30 ± 6 anos), com idades variando entre 18 e 60 anos.
Dentre os avaliados,
12 (60%) eram do sexo feminino, 9 (45%) casados e 8
(40%) solteiros, predominando a profissão de dona de casa (30%).
Este fato sustenta o
que muitos estudos indicam que a sobrecarga de tarefas ocupacionais e
domésticas e o acúmulo de papéis tornam as mulheres mais propensas às
patologias musculoesqueléticas [18].
Em relação à dor,
todos referiram presença, 13 (65%) sofriam com a dor há mais de 24 meses.
Quanto à caracterização da dor, predominaram dores localizadas (40%), seguidas
pelas dores ao movimento ativo (35%) e 70% apresentava frequência semanal da
dor acima de 5 dias. A maioria dos participantes (45%)
relatou a piora da dor na postura sentada. O horário referido em que a dor se
agravava foi o noturno (75%). Quanto ao uso de medicação para a dor, a maioria
(85%) relatou não fazer uso.
Conforme foi
demonstrado, no presente estudo, a dor está mais relacionada ao período
noturno, devido à carga de trabalho e estresse do dia inteiro, além do que a
dor predominante foi à dor localizada.
Todos os
participantes queixaram-se de dores à movimentação ativa, 50% apresentaram
limitação de movimento. O movimento que mais provocava dor foi à flexão de
tronco (60%).
De acordo com Vagetti et al. [19],
exposições ocorridas à execução de movimentos ativos, tais como, trabalho
físico pesado, força excessiva, pelo uso de instrumentos de trabalho
inadequados, vibração, posição viciosa e movimentos repetitivos, induzem
aumento da probabilidade de fadiga e diminui a capacidade de recuperação dos
tecidos que estão associados ao aumento da incidência de dores lombares.
Na movimentação
passiva, 35% dos participantes referiram dor, e 5% apresentaram limitação de
movimento. O movimento mais comprometido foi também a flexão de tronco (25%).
Em relação à postura
em que trabalha, houve predomínio da postura bípede (60%). Quanto à postura que
costuma dormir, destacou-se o decúbito lateral (55%).
Concordando com esses
resultados, Sakata e Issy
[20] afirmam que a lombalgia está relacionada a vários fatores individuais como
alteração do peso corporal, postura inadequada, déficit de força muscular dos
abdominais e dos músculos paravertebrais. E a fatores
ocupacionais que causam sobrecarga excessiva da coluna vertebral, através de
transferências de peso, permanência por longos períodos na postura sentada ou
bípede e sedentarismo.
Ao comparar a
intensidade da dor expressa pela EVA e a medida gonimétrica
para os movimentos testados antes e após ambos os tratamentos, através do teste
T pareado, teve diferença estatisticamente significante (p<0,01), conforme
na tabela I.
Tabela
I - Análise comparativa da intensidade da dor
expressa pela EVA e medida goniométrica antes e depois das técnicas em
pacientes com lombalgia crônica.
*Utilizou-se o Teste T
pareado, houve significância estatística quando p<0,05; Fonte: dados da pesquisa
Estes dados apontam
que as 2 técnicas tiveram bons resultados no
tratamento, apresentando significância estatística.
Ao comparar a diferença
entre as técnicas, em relação ao resultado da Intensidade da Dor (EVA), através
do teste T para amostras independentes, obteve-se diferença estatisticamente
significante, expressa na figura 1.
Fonte: dados da
pesquisa
Figura
1 - Análise comparativa antes e depois entre as
técnicas e a intensidade da dor (EVA) nos pacientes com lombalgia crônica. Com
diferença estatisticamente significante em *p = 0,049, utilizando o teste t
para amostras independentes.
A análise objetiva da
dor juntamente com a goniometria auxilia na
observação da evolução dos pacientes. Observou-se, pela análise dessa escala,
uma melhora significativa dos dois grupos, contudo houve uma melhora relevante
no grupo em que foi realizada a fisioterapia convencional associada à terapia
manual. Confirmando a necessidade da mensuração da dor e das medidas
goniométricas, afirma-se que a avaliação e o registro da intensidade da dor
pelos profissionais de saúde devem ser de forma contínua e regular, objetivando
aperfeiçoar a terapêutica, dar segurança à equipe prestadora de cuidados de
saúde e melhorar a qualidade de vida do paciente.
Segundo Aure et al. [21], a terapia manual mostrou uma
melhora significante quando comparada à terapia de exercícios ativos em
pacientes com lombalgia crônica.
Complementando com Volpato et al. [22], que
afirmam que a mobilização neural pode ser usada como método diagnóstico e
terapêutico, contribuindo para diminuição do quadro sintomático. A técnica é
indicada em todas as condições com comprometimento mecânico e fisiológico do
sistema nervoso. Tem por objetivo melhorar a neurodinâmica,
restabelecer o fluxo axoplasmático e homeostasia dos
tecidos nervosos. Verifica-se tal comprometimento através de testes específicos
para cada nervo periférico.
Corroborando os dados
encontrados neste estudo, Oliveira e Alves [10] demonstraram que a aplicação da
pompagem lombar em caso de lombalgia crônica é
eficaz, sendo capaz de reduzir o quadro da dor dos pacientes, promovendo
relaxamento muscular, da área afetada, explicando a melhora no quadro álgico
dos pacientes deste estudo.
De acordo com Pire e
Sousa [23], a estabilização rítmica é a cocontração e
é outro mecanismo que pode fornecer rigidez por meio de músculos antagonistas
e, assim, manter a estabilidade na presença de cargas externas e internas nas
articulações.
Ao comparar a
diferença entre as técnicas, através do teste T para amostras independentes,
não foi encontrada diferença estatisticamente significante em relação à
amplitude de movimento, conforme expresso na figura 2.
Fonte: Dados da
pesquisa
Figura
2 - Análise comparativa antes e depois entre as
técnicas e a amplitude de movimento nos pacientes com lombalgia crônica. Não
houve diferença estatisticamente significante em *p=0,23, utilizando o teste t
para amostras independentes.
Segundo Gosling [9], a lombalgia é uma queixa comum nos
ambulatórios e consultórios fisioterapêuticos, o que demonstra o reconhecimento
da população e dos profissionais quanto ao seu importante papel no controle da
dor lombar. O tratamento tem o objetivo de promover o retorno às atividades
laborais e de lazer, consistindo no controle dos sintomas e da restauração
funcional, comprovando o importante papel do fisioterapeuta como agente
necessário na avaliação e melhora do quadro clínico e funcional do paciente.
Em relação aos dados obtidos
através do teste de Lasègue antes e após as técnicas,
não obteve diferença estatisticamente significante no teste qui-quadrado,
conforme na tabela II.
Tabela
II -
Análise comparativa do teste Laségue antes e após as técnicas em pacientes com lombalgia
crônica.
Fonte: dados da
pesquisa; Não houve diferença estatisticamente significante em *p = 0,23, com o teste qui-quadrado.
Uma limitação
encontrada neste estudo foi o fator idade, que predominou no grupo da
fisioterapia convencional pacientes com idades avançadas e no outro grupo foram
encontrados pacientes mais jovens, porém não houve chance da homogeneidade em
decorrência do tipo de amostragem.
No presente estudo
foram realizados atendimentos usando a fisioterapia convencional e a terapia
manual em pacientes com lombalgia crônica sendo a maioria do sexo feminino e
predominando a profissão de dona de casa, contribuindo para evolução das dores
lombares.
Pela análise dos
resultados obtidos, tanto o programa da fisioterapia convencional, como o
programa da fisioterapia convencional associado à terapia manual revelaram
melhora do quadro álgico e aumento da amplitude de movimento.
Confirmou-se que os
dois grupos apresentaram melhora significativa, porém no grupo que realizou a
fisioterapia convencional e a terapia manual foi observada maior eficiência no
quadro da dor e quanto à amplitude de movimento não foram observados grandes
resultados.
Neste propósito
faz-se necessário lembrar que o tratamento fisioterápico não se deve limitar a
uma única técnica, mas deve atender às mais diferentes necessidades do
paciente. Nesse objetivo é importante uma abordagem terapêutica ampla e baseada
no emprego de mais técnicas.
Sugerem-se estudos
envolvendo as duas técnicas, devido à escassez de pesquisas que demonstrem a
eficácia de cada uma delas, podendo contribuir para desenvolver uma melhor
conduta terapêutica, proporcionando uma melhor qualidade de vida dos pacientes.