ARTIGO ORIGINAL
Comparação
do estresse em estudantes do ensino médio que praticam Mat
Pilates e atividades diversificadas no componente curricular
de Educação Física
Comparison of stress among high school students who practiced Mat Pilates
and those who practiced diversified activities during Physical Education classes
André Nether Pessin*, Patrícia Thurow Bartz, M.Sc.**, Adriane Vieira, D.Sc.***
*Discente
do curso de especialização em Método Pilates pela Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Educador Físico do Colégio Marista Rosário, **Educadora
Física, ***Docente do curso de especialização em Método Pilates
e orientadora do trabalho pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Recebido em 20 de dezembro
de 2016; aceito em 30 de janeiro de 2018.
Endereço
para correspondência:
André Nether Pessin, Colégio
Marista Rosário, Edgar Pires de Castro, 2520/102, 91788-130 Porto Alegre RS, E-mail:
pessincorpoemente@gmail.com; Adriane Vieira: adriane.vieira@gmail.com, Patrícia
Thurow Bartz: patriciatbartz@gmail.com
Resumo
O objetivo deste estudo
foi comparar os sintomas e fases do estresse de estudantes do 3º ano do Ensino Médio
de uma escola particular de Porto Alegre que praticaram
Mat Pilates com os que praticaram
Atividades Diversificadas no componente curricular de Educação Física. A amostra
foi composta por 33 adolescentes, sendo 18 estudantes que praticaram Mat Pilates e
15 estudantes que praticaram Atividades Diversificadas, avaliados através do Inventário
de Sintomas de Stress de Lipp. Os resultados apontam que
ambos os grupos apresentaram uma diminuição significativa dos sintomas de estresse
referentes à fase de resistência, não havendo, entretanto, diferença significativa
na análise intergrupo. Portanto, a prática de Mat Pilates não foi mais eficaz na diminuição do estresse do que
a prática de Atividades Diversificadas.
Palavras-chave: exercício, adolescente,
intervenção na crise.
Abstract
The purpose of this study is to compare the stress symptoms and phases of
3rd grade high school students from a private school in Porto Alegre who practiced Mat Pilates with the ones who practiced
Diversified Activities in the discipline of Physical Education. The sample was composed
of 33 adolescents, 18 students who practiced Mat Pilates and 15 students who practiced
Diversified Activities who were evaluated through the Lipp
Stress Symptom Inventory. The results indicate that both groups showed a significant
decrease in the stress symptoms related to the resistance phase, but there was no
significant difference in the intergroup analysis. Therefore, the practice of Mat
Pilates was no more effective in reducing stress than practicing Diversified Activities.
Key-words: exercise, teenager,
crisis intervention.
A adolescência é caracterizada
como uma fase de transição entre a infância e a vida adulta. Neste período, o indivíduo
sofre com alterações hormonais, o que repercute no humor e na área cognitiva. É
um período de construção de um projeto de vida, no qual a identidade, a sexualidade,
os valores e a vivência de novos papéis são fundamentais na formação da sua personalidade
[1,2]. Na busca desta identidade, os adolescentes são confrontados com a eminência
da tomada de uma série de decisões com impacto significativo no seu percurso atual
e futuro. O desempenho escolar no último ano do Ensino Médio e a definição profissional
são decisões que geram ansiedade, insegurança e esgotamento e estão relacionadas
ao aumento do estresse [1-6].
Selye, em 1984, ao rever o
conceito de fases e sintomas de estresse afirmou que os efeitos podem se manifestar
tanto na área somática quanto na cognitiva e avançam em grau de seriedade à medida
que suas fases se agravam. A primeira fase é denominada de alerta, a segunda de
resistência e a terceira de exaustão. Pelos conceitos definidos por Selye, o organismo busca sempre uma adaptação ao evento estressor
e, nesse processo, ele utiliza-se de grandes quantidades de energia [7].
Os sintomas somáticos
são aqueles de ordem física ou fisiológica. Os sintomas cognitivos são os de ordem
psicológica [7]. A fase de alerta se caracteriza por reações do sistema nervoso
simpático, quando o indivíduo percebe o estímulo estressor [4]. Na fase de resistência,
o organismo busca a homeostase quando se vê permanentemente diante de um evento
estressor. Ocorre, então, uma contínua hiperatividade corticosuprarenal
e um gasto elevado de energia necessária para outras funções do corpo [8]. Em consequência
desse desequilíbrio o organismo fica vulnerável a doenças [9]. A presença de um
quadro contínuo e intenso de estresse pode levar o indivíduo para fase conhecida
como de exaustão. Nesta fase, com o sistema imunológico já debilitado, aumenta a
probabilidade de doenças infecciosas e de maior gravidade que na fase de resistência.
Esta fase é também associada ao desenvolvimento de úlcera, gengivite, psoríase,
hipertensão arterial, depressão e ansiedade [4,8,9]. Embora
na fase de resistência o indivíduo possa adoecer, é na fase de exaustão que aumentam
as chances de ficar impedido de concentrar-se e realizar as atividades diárias [9].
No ano em que finalizam
o período escolar, é aconselhável que os jovens desenvolvam estratégias para lidar
com eventos estressores [4]. Segundo Betti [10], entretanto, as práticas esportivas
receberam, historicamente, maior atenção por parte dos professores de Educação Física
em detrimento de outras formas de expressão corporal e, apesar de não haver nada
de errado com elas, os estudantes, em especial na adolescência, apresentam interesses
e necessidades diversificadas, tornando-se relevante que outras formas de expressão
sejam ofertadas nas escolas. Nesse sentido, algumas escolas têm procurado oferecer
formas variadas de expressão da cultura corporal, possibilitando que os jovens encontrem
outras formas de lazer e desenvolvam estratégias para amenizar a estafa física e
mental [10,11]. No entanto, ainda há poucos estudos desenvolvidos sobre essa temática.
Estudos desenvolvidos
por Caldwell [12,13] sugerem que práticas corporais, que trabalham concentração
e respiração, como Método Pilates e Yoga, são mais eficazes
que atividades recreativas para o desenvolvimento do autocontrole e que podem ajudar
os jovens nesse período de transição [12,13].
No Mat Pilates,
a utilização dos princípios
de respiração, controle e concentração
durante a realização de exercícios é vista
como determinante quando o objetivo é incrementar a
consciência e a percepção do
próprio corpo e pode contribuir de forma relevante para
obtenção do autocontrole,
assim como para redução do estresse [14-18]. O Mat Pilates deve ser realizado, portanto, em completa concentração,
com respiração ampla, priorizando a consciência de todo o corpo [16]. Acredita-se
que quanto maior for essa consciência, maior será a autonomia e a capacidade de
autorregulação do indivíduo [19,20].
Sendo assim, este estudo
teve por objetivo comparar os sintomas e fases do estresse de estudantes do 3º ano
do Ensino Médio de uma escola particular de Porto Alegre que praticaram
Mat Pilates (GMP) com os que
praticaram Atividades Diversificadas (GAD) no componente curricular de Educação
Física.
Este é um estudo do tipo
quase-experimental com análise quantitativa. O projeto
foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul sob o número 40518715.8.0000.5347.
Amostra
A amostra do estudo foi
intencional contemplando estudantes de uma Escola particular de Porto Alegre. O
critério de inclusão foi ser estudante do terceiro ano do Ensino Médio. Foram excluídos
os estudantes participantes da pesquisa que tivessem uma frequência inferior a 75%
nas aulas de Educação Física e os que praticavam o Método Pilates
fora da escola.
Etapas da
pesquisa
A primeira etapa do estudo
foi apresentar à direção da Escola os objetivos da pesquisa e entregar uma cópia
do projeto, solicitando autorização para realização. Na primeira aula de Educação
Física do ano de 2015, os estudantes matriculados no 3o ano do Ensino Médio que
optaram pelas aulas de GMP e GAD no componente curricular de Educação Física foram
convidados a participar da pesquisa. Os estudantes que aceitaram o convite assinaram
o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido e seus pais o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido. Os estudantes maiores de 18 anos assinaram o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido. As aulas foram ministradas durante os períodos da Educação
Física escolar. Os instrumentos para coleta de dados foram aplicados por duas pesquisadoras
que não atuavam como professoras na escola e não participaram das intervenções.
A coleta de dados ocorreu durante os períodos de Educação Física em dois momentos:
uma semana antes de iniciar as atividades no componente curricular (pré-teste) e
uma semana depois da finalização das atividades do primeiro trimestre do ano letivo
(pós-teste). Este estudo ocorreu no primeiro trimestre de 2015.
Intervenção
As aulas dos dois grupos
experimentais foram ministradas pelos professores da Escola durante os mesmos dias
e horários. As intervenções foram compostas por 11 aulas, realizadas uma vez por
semana, com duração de 40 minutos.
Grupo Mat Pilates
As aulas ministradas para
os estudantes que participaram do GMP foram compostas por exercícios de Fundamentalls (Breathing, imprinting, knee sway, leg slides, spinal bridging, head float e flight),
pré- pilates (ativação do power-house primário- exercícios de contração
do transverso do abdômen, assoalho pélvico e adutores das coxas com e sem overball), série básica (The hundred, the roll up, single leg circle, roll
down, rolling like a ball, single leg stretch, double
leg stretch e spine stretch forward)
e três exercícios da série intermediária (single
straight leg stretch, double straight leg stretch
e criss-cross).
Os exercícios elencados foram desenvolvidos
levando em consideração os seis princípios do
método: centralização, concentração,
controle, precisão, respiração e fluidez [14].
Grupo Atividades
Diversificadas
O GAD realizou atividades
distintas a cada aula. As aulas foram compostas por atividades de Badminton, patinação,
pré-desportivo para o vôlei, defesa pessoal, caminhada
orientada, pré-desportivo para o beisebol, treinamento
funcional e atividades de recreação.
Instrumentos
para coleta de dados
Na coleta de dados foram
utilizados dois instrumentos: uma ficha para dados pessoais e um questionário denominado
Inventário de Sintomas de Stress (ISS) de Lipp. O ISS
de Lipp é um questionário validado para jovens a partir
de 15 anos e para adultos. Ele fornece uma medida objetiva dos sintomas e fases
do estresse. É um questionário fechado de múltipla escolha composto por três partes
[7]. A Parte 1 do questionário, denominada Fase de Alerta, aborda sensações percebidas
nas últimas 24 horas; a Parte 2, denominada Fase de Resistência, as sensações percebidas
na última semana; e a Parte 3, denominada Fase de Exaustão, as sensações percebidas
no último mês.
Para análise do ISS, considera-se
que cada item assinalado corresponde a um ponto, e o somatório é feito de cada uma
das três partes. Para a definição da presença de estresse, o somatório da Parte
1 deve ser maior do que seis, da Parte 2 maior do que três e da Parte 3 maior do
que oito. Para definição da fase em que o indivíduo se encontra é necessária a utilização de uma tabela de correção que relaciona o somatório
total de cada parte a um percentual [9]. Verifica-se, então, se o percentual é maior
na Parte 1 (Fase de Alerta); na Parte 2 (Fase de Resistência) ou na Parte 3 (Fase
de Exaustão) [9].
Análise
estatística
O software SPSS 20.0 foi
utilizado para análise dos dados. Usou-se estatística descritiva, com médias, desvio
padrão e frequências absolutas e relativas. Para verificar a normalidade dos dados
foi usado o teste de Shapiro-Wilk. Na estatística inferencial,
para variáveis categóricas na comparação intragrupo foi
utilizado o teste de McNemar e na comparação intergrupo
o teste de Qui-quadrado. Para variáveis contínuas, na
comparação intragrupo foi utilizado o teste de t pareado
e na comparação intergrupo o teste t independente. O nível de significância adotado
foi igual a 0,05.
Do pré-teste participaram
41 adolescentes, sendo 16 participantes do GAD e 25 do GMP. Foram excluídos da pesquisa
7 adolescentes por praticarem Pilates
fora da escola e 1 por ter frequência inferior a 75% nas aulas. No pós-teste, participaram
33 adolescentes, sendo 15 do GAD e 18 do GMP, que compuseram a amostra deste estudo
(Figura 1).
Figura 1 - Fluxograma dos participantes da pesquisa.
O GAD foi composto por
10 participantes do sexo feminino e 5 do masculino, sendo
a idade média do grupo de 16,26 (±0,79). O GMP foi composto por 17 participantes
do sexo feminino e 1 do masculino, sendo a idade média
do grupo de 16,33 (±0,48). A prática de exercícios fora da escola foi citada por
7 participantes do GAD e 8 do GMP.
No pré-teste, 75,75% dos
estudantes do 3º ano do ensino médio participantes da pesquisa apresentavam estresse,
sendo todos categorizados na fase de resistência. No pós-teste, houve uma redução
de 15,15% de estudantes classificados com estresse, porém essa diminuição não foi
estatisticamente significativa (Tabela I).
Quanto às médias dos sintomas
obtidas em cada fase do estresse, todas diminuíram do pré
para pós-teste no GAD e GMP, sendo essa diferença significativa na análise intragrupo somente na fase de resistência. Na análise intergrupo
não foi observada diferença significativa em nenhuma das análises realizadas (Tabela
I).
Tabela I – Resultados da comparação intra
e intergrupo dos estudantes do Grupo Atividades Diversificadas e do Grupo Mat Pilates na análise do estresse.
(ver anexo em PDF).
Este estudo teve por objetivo
comparar os sintomas e fases do estresse de estudantes do 3º ano do Ensino Médio
de uma escola particular de Porto Alegre que praticaram
Mat Pilates (GMP) com os que
praticaram Atividades Diversificadas (GAD). Em relação aos resultados das intervenções,
identificou-se que apesar de não haver uma redução significativa de estudantes com
estresse, tanto o GMP quanto o GAD apresentaram uma diminuição dos sintomas de estresse
referentes à fase de resistência, não havendo, entretanto, diferença mais evidente
na análise intergrupo. Sendo assim, os resultados não permitem considerar que uma
aula por semana do Mat Pilates
é mais eficaz do que a de Atividades Diversificadas na redução do estresse.
Estes dados não suportam
pesquisas anteriores que relatam os benefícios do método Pilates
com relação ao estresse [12,14]. Pinton e Franco [14],
em pesquisa de campo realizada por meio de questionário específico contendo questões
abertas e fechadas, procuraram identificar os benefícios e o significado que os
praticantes de Pilates
dão a esta prática. Com relação
ao significado, 69% dos respondentes disseram que esta é uma
atividade física que
promove a saúde e o bem-estar nos aspectos físico e
mental. Com relação à percepção
dos benefícios da prática, 94% dos respondentes avaliaram
o Pilates
como uma atividade que diminui o estresse [14]. Já Caldwell [12] observou, em estudo
quantitativo utilizando o The Perceived Stress Scale –
4 (PSS4),
resultados favoráveis à redução da
percepção de estresse. Essa redução foi
relacionada
à melhora da atenção plena, e os autores
concluíram que, ao desenvolvê-la, dançarinos
que praticaram Pilates de solo durante 15 semanas apresentaram
melhores resultados quando comparados a dançarinos que praticaram atividades recreativas
pelo mesmo período [12].
Os achados do presente
estudo podem ter relação com o fato de não ter havido por parte do GMP um entendimento
da importância dos princípios na execução do método. Em estudo realizado a partir
de uma avaliação com estressômetro, a presença de estresse
em praticantes de Pilates solo, foi relacionada à vontade
de obter resultados imediatos [21]. A falta de atenção pode gerar dificuldades na
realização de exercícios que visam desenvolver controle e precisão de movimentos,
habilidades que dependem de concentração e de uma respiração adequada. A ansiedade
e o imediatismo, características desta geração, podem ter prejudicado a incorporação
desses princípios durante a realização dos exercícios, em especial o princípio da
concentração [22].
A frequência das aulas,
restringindo-se a uma vez na semana por 40 minutos, num período de três meses, também
pode ter influenciado os resultados. Essa hipótese se apoia em estudo de Caldwell
et al. [13] que relata melhoras significativas
nas variáveis bem-estar, auto-eficácia, humor e sono,
após um estudo quantitativo em que os estudantes foram avaliados antes, durante
e depois da intervenção, a qual foi de duas a três aulas por semana, totalizando
150 minutos semanais durante 6 meses. Nesse estudo, foram avaliados estudantes realizando
aulas de Pilates e Taiji, comparados
a estudantes realizando aulas recreativas. Os instrumentos utilizados nessa pesquisa
foram Pilates self-efficacy
(PSE) e Taiji Quan Self-Regulatory Efficacy Scale (TSE) para autoeficácia,
The Pittsburgh Sleep Quality
Index (IQSP) para qualidade do sono e o The
Four Dimensional Mood Scale
para avaliar humor. Os estudantes que realizaram aulas de Pilates
apresentaram significativa melhora em autoeficácia e humor
com tendência a uma melhor qualidade de sono ao longo de um semestre em relação
aos que realizaram Taiji e aulas recreativas. Na comparação
com o presente estudo, não foi identificada essa diferença em relação ao grupo que
participou das Atividades Diversificadas (GAD), embasadas em atividades recreativas.
Isso pode ter relação com o baixo número de aulas semanais (1
vez por semana), assim como o curto período de intervenção (3 meses).
Em estudo de Caldwell
et al. [17], estudantes universitários apresentaram
progressos na capacidade de atenção plena (Mindfullness global) proporcionando
avanços na saúde física e mental após uma intervenção de seis meses. Nesse estudo,
realizado com 166 estudantes divididos em três grupos – Pilates,
Gyrokinesis® e Taiji – realizando
duas aulas semanais, todos apresentaram índices positivos ao final do semestre.
A avaliação utilizada para o estresse foi o The
Perceived Stress Scale –
4 (PSS4) e os estudantes foram avaliados antes, durante e depois das intervenções.
Tais resultados corroboram a premissa de que intervenções que enfatizam a respiração,
a concentração e a consciência corporal facilitam a autorregulação,
propiciando ao indivíduo um melhor gerenciamento do estresse [16-19]. A melhora
da atenção plena está associada à melhora do humor e diminuição do estresse.
A prática de exercícios
também é considerada uma estratégia para redução do estresse. Neto e França [8]
compararam estudantes de Ensino médio praticantes de musculação com estudantes sedentários.
Os resultados demonstraram uma diminuição dos níveis de estresse nos estudantes
que realizaram o programa de musculação quando comparados aos estudantes sedentários.
Neste estudo, 24 estudantes foram divididos desta forma: 17 realizando duas sessões
semanais de musculação com duração de uma hora e 7 estudantes
não realizando nenhuma atividade. O instrumento avaliativo foi o ISSL e o grupo
experimental apresentou uma redução de 21% nos níveis de estresse comparados ao
grupo controle. Considerando o referido estudo [8] e a premissa de Betti e Zuliane [9,10] de que o desenvolvimento das mais variadas formas
de expressão do movimento humano nas aulas de Educação Física contribuem de forma
válida para a contenção do estresse [10,11], é importante afirmar que a atividade
física por si só, é fator decisivo no equilíbrio emocional. Entretanto, práticas
que envolvam o controle do corpo, a respiração ampla e a concentração têm sido mais
diretamente associadas ao alívio do estresse.
A identificação de um
número alto de estudantes do terceiro ano classificados na fase de resistência do
estresse, tendo como predominância os sintomas psicológicos, também foi observado
em estudo de Calais et al. [4], o qual tinha por objetivo identificar
os sintomas de estresse em jovens de 15 a 28 anos a partir do Inventário de Sintomas
de Stress de Lipp. Os resultados do estudo indicaram que
o grupo de estudantes do terceiro ano do Ensino Médio apresentava-se em sua maioria
na fase de resistência, atingindo o segundo índice mais alto de estresse só ficando
abaixo dos estudantes do curso Pré-Vestibular. A fase de resistência é fase conceituada
por Selye (1984) como aquela em que a pessoa automaticamente
utiliza suas reservas de energia para se reequilibrar, ou seja, nela ocorre uma
ação reparadora do organismo tentando restabelecer o equilíbrio interno. Ocorre
então, uma contínua hiperatividade corticosuprarenal e
um gasto elevado de energia necessária para outras funções do corpo. Nessa fase
aparecem de modo mais frequente sensações de desgaste e falta de memória. O estresse
contínuo pode afetar o sistema imunológico, ficando o organismo sujeito a doenças
[4,8]. Se não há alívio para o estresse, o indivíduo pode evoluir para fase de exaustão,
aumentando a possibilidade de restrições para realização das atividades cotidianas
e de desenvolvimento de doenças mais severas [9].
Como limitações deste
estudo verifica-se a pequena amostra, a intervenção curta, assim como a inexistência
de comparação com atividades esportivas, as quais se caracterizam como a prática
historicamente preponderante nas aulas de Educação Física [10]. Considerando os
estudos que relacionam o período de preparo para o vestibular como grande agente
estressor e o número inexpressívo de estudos envolvendo
adolescentes, Pilates e estresse, seria oportuno que fossem
realizadas mais pesquisas investigando os efeitos do Mat
Pilates no estresse de adolescentes.
Conclui-se que não houve
diferença nas fases e sintomas do estresse entre adolescentes do 3º ano do Ensino
Médio que praticavam Mat Pilates
e os que praticavam Atividades Diversificadas no componente curricular de Educação
Física em uma Escola particular de Porto Alegre.