REVISÃO
Treinamento
de resistência para hipertrofia muscular em idosos
Resistance training for muscular hypertrophy in elderly
Hudson Azevedo
Pinheiro, M.Sc.*, Leonardo
Costa Pereira, M.Sc.*, Frederico Santos de Santana, M.Sc.,**, Aline Teixeira Alves, D.Sc.***,
Emerson Fachin-Martins, D.Sc.,****,
Margô Gomes de Oliveira Karnikowski,
D.Sc.****, Ruth Losada de
Menezes, D.Sc.****
*Pós-Graduação
Strictu Sensu em Ciências e Tecnologias da Saúde,
Faculdade de Ceilândia/ Universidade de Brasília, Docente do Centro
Universitário EuroAmericano
de Brasília, **Docente do Centro Universitário EuroAmericano
de Brasília, ***Pós-Graduação Strictu Sensu em
Ciências da Reabilitação, Faculdade de Ceilândia/ Universidade de Brasília.
****Pós-Graduação Strictu Sensu em Ciências e
Tecnologias da Saúde, Faculdade de Ceilândia/ Universidade de Brasília
Recebido em 25 de
junho de 2017; aceito em 25 de agosto de 2017.
Endereço
para correspondência:
Hudson Azevedo Pinheiro, Rua 37 norte lote 05 bl A
apto 401 Águas Claras 71919-360 Brasília DF, E-mail: hudsonap@gmail.com;
Leonardo Costa Pereira: leonardopcllcp@gmail.com; Frederico Santos de Santana:
fredericosantosdesantana@gmail.com; Aline Teixeira Alves:
aline.urogineco@gmail.com; Emerson Fachin-Martins:
emersonntaai@gmail.com; Margô Gomes de Oliveira Karnikowski: margounb@gmail.com; Ruth Losada
de Menezes: ruthlosada@unb.br
Resumo
Objetivo: Buscar sistematicamente
na literatura evidências de hipertrofia muscular em pessoas idosas por meio do
treinamento de resistência. Métodos:
Trata-se de uma revisão sistemática de literatura levando em consideração os
preceitos do PRISMA. Consultaram-se os bancos de dados Pubmed,
Scielo e Pedro nos idiomas português e inglês, por
meio dos descritores: idoso, envelhecimento, ganho de massa muscular e
hipertrofia muscular. Resultados: Não
ocorreram estudos na plataforma Scielo, e após filtro
com base nos critérios de inclusão e exclusão obtiveram-se 24 estudos. Os
estudos demonstram que é possível melhorar a massa muscular em treinamento de
resistência em idosos, uma vez que os exercícios apresentem a dose correta:
intensidade, volume, carga apropriada, utilizando uma investigação sensível. Conclusão: Sugere-se que para
hipertrofia muscular em idosos, os protocolos de treinamento resistidos tenham
em média 12 semanas de treinamento, com frequência de duas a três vezes por
semana, que apresentem cinco exercícios realizados em três séries de oito a 12
repetições e cargas superiores a 60% 1RM para que ocorra a hipertrofia
muscular.
Palavras-chave: envelhecimento, hipertrofia muscular, treinamento de resistência.
Abstract
Objective: To
systematically seek evidence in the literature for muscular hypertrophy in
older people through resistance training. Methods:
This is a systematic review of literature taking into account the precepts of
PRISMA. The Pubmed, Scielo
and Pedro databases were consulted in the Portuguese and English languages,
using the descriptors: elderly, aging, muscle mass gain and muscle hypertrophy.
Results: There were no studies in the
Scielo platform, after filtering based on the
inclusion and exclusion criteria, 24 studies were obtained. It show that is
possible to improve muscle mass in endurance training in the elderly, once the
exercises present the correct dose: intensity, volume, appropriate load, using
a sensitive investigation. Conclusion:
It is suggested that for muscular hypertrophy in the elderly, the resistance
training protocols have, on average, 12 weeks of training, two to three times a
week, with five exercises performed in three sets of eight to 12 repetitions
and higher loads to 60% 1RM for muscle hypertrophy to occur.
Key-words: aging,
muscular hypertrophy, resisted training.
O envelhecimento
humano é marcado por uma série de alterações fisiológicas, psicológicas e
socioeconômicas e dentre as principais modificações encontram-se aquelas que
ocorrem no tecido muscular, que estão associados a diversos fatores limitantes
na vida do idoso, como imobilidade, dependência para atividades de vida diária
(AVD) e risco de quedas [1].
A diminuição de massa
magra vem sendo amplamente estudada por vários seguimentos da área de saúde uma
vez que o acometimento do tecido musculoesquelético pode gerar um déficit de
força que por sua vez está associado à diminuição do desempenho
físico-funcional do idoso, alteração esta denominada sarcopenia
[2,3].
O treinamento de
força é uma alternativa não farmacológica para a diminuição dos impactos de
vários aspectos atribuídos ao envelhecimento humano, principalmente no
tratamento da sarcopenia [4]. A interação das
variáveis de treinamento, intensidade, volume e frequência possibilita a
aplicação de inúmeros protocolos de treinamento de força, gerando assim dúvidas
quanto a qual protocolo seria mais eficiente para essa população acometida pela
sarcopenia e com idade igual ou superior a 60 anos
[5].
O protocolo de treino
deve promover a hipertrofia muscular que é definida como o ganho de massa
muscular, no entanto sua magnitude depende de diversos fatores, desde as
características do treinamento físico executado, dieta adequada, quantidade e
qualidade de descanso, sono reparador, status hormonal e meio ambiente [6].
Assim, desenvolveu-se
a hipótese de que, apesar do processo de envelhecimento ser compulsório, pode
ocorrer hipertrofia muscular induzida pelo treinamento de força. Logo, o
objetivo deste estudo é avaliar as evidências da literatura sobre a hipertrofia
muscular em idosos induzida pelo treinamento de força.
O processo de
construção desta revisão sistemática adotou como guia as orientações do grupo
PRISMA fundado pelo Canadian Institutes of Health Research, com a
finalidade de criar padrões metodológicos para a construção de uma revisão
sistemática, que se caracteriza por uma questão concisa e formulada, usando
métodos objetivos de identificação, seleção e crítica dos principais estudos em
resposta ao questionamento principal [7]. Com relação à identificação do
problema de revisão, o presente estudo teve seu início pela pergunta: Quais as
condições de força praticadas pelos idosos que estão relacionadas à hipertrofia
muscular?
Foi realizada busca
nas bases de dados e bibliotecas, Pubmed (National Center for Biotechnology
Information), Scielo (Scientific Electronic
Library Online) e Pedro (Physiotherapy Evidence Database), Lilacs e Medline (Medical Literature
Analysis and Retrieval System Online). A primeira base de dados
caracteriza-se por possuir um dos maiores e melhores bancos de dados
(evidências científicas) publicados na área da saúde do mundo, a segunda é uma
biblioteca eletrônica que abrange uma coleção selecionada de periódicos científicos
brasileiros, a Pedro contempla apenas evidências originais oriundas de ensaios
clínicos aleatorizados, revisões sistemáticas e diretrizes de práticas clínicas
em fisioterapia, com elevado rigor, em termos de metodologia científica.
A busca foi feita por
dois examinadores independentes, entre 1 de outubro e
31 de dezembro de 2016, utilizando a combinação dos descritores idosos, hipertrofia muscular e ganho de massa muscular
e em língua inglesa older, muscle hypertrophy, muscular hypertrophy,
elderly e aging. Esses
deveriam estar presentes no título e/ou resumo de cada artigo a ser analisado.
Como critérios de inclusão foram considerados artigos escritos em português ou
inglês, que necessariamente apresentassem protocolos de treinamento de força muscular,
realizado por indivíduos com 60 anos ou mais, e que investigaram hipertrofia do
músculo estriado por meio de testes específicos. Por outro lado, artigos de
revisão (revisões sistemáticas, metanálises), artigos
de correlação, incidência ou prevalência, estudos com animais, estudos de caso,
cartas aos editores, artigos de ponto de vista foram excluídos, para melhorar a
homogeneidade da amostra.
Após este processo,
os dois examinadores se reuniram e discutiram os manuscritos selecionados e um
terceiro examinador cego ratificou os estudos selecionados para a presente
revisão.
Não houve estudos que
atenderam os critérios de inclusão e exclusão na plataforma Scielo
para a presente revisão sistemática. Na tabela I está demonstrada a frequência
dos artigos excluídos.
Quanto às demais
bases de dados, a figura 1 apresenta um desenho esquemático detalhando o número
de estudos encontrados, excluídos e incluídos.
Figura
1 - Esquema ilustrando artigos incluídos,
excluídos e duplicatas por combinação de descritores nas bases de dados.
Após análise dos
examinadores e a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão foram inseridos
24 artigos publicados. A tabela I apresenta de forma detalhada os motivos pelos
quais os artigos foram excluídos do estudo.
Tabela
I – Frequência dos critérios de exclusão
individuais e combinados em cada base de dados.
Dos 24 estudos
selecionados 10 artigos (40%) foram realizados na América do Norte, dois
artigos publicados na Austrália, mais três no Brasil, três no Japão e sete na
Europa. Os detalhes sobre cada um dos artigos selecionados, seus respectivos
métodos de mensuração e protocolos de treinamento estão disponíveis na tabela
II.
Tabela
II -
Descrição dos protocolos de treinamento
resistido dos estudos selecionados. (ver anexo em PDF).
Observou-se que em
todos os protocolos houve aumento de massa muscular. Em relação à dosimetria:
frequência semanal, número treino, carga, séries de exercícios por repetições e
período de acompanhamento, as proporções estão descritas na tabela III. Pode-se
perceber que todos os protocolos tinham frequência semanal de duas ou três
vezes por semana, os treinos mais frequentes tinham até oito exercícios, e cada
exercício era realizado em duas ou três séries com oito a doze repetições cada
e com cargas superiores a 70% de 1RM. A duração do protocolo mais frequente foi
12 semanas.
Tabela
III
- Características dos protocolos de
treinamento resistidos em idosos.
A literatura traz
relatos de que tanto a perda da massa muscular quanto a perda da força muscular
podem ser adiadas com o exercício físico, principalmente pelo treinamento
contra resistência, contudo há questionamentos se de fato, ele conseguiria
evitar as manifestações fenotípicas do músculo em envelhecimento por meio da
hipertrofia muscular [4].
O músculo esquelético
apresenta efeitos crônicos do envelhecimento como denervação,
perda de fibras tipo II e fadiga muscular. Sabe-se que o músculo esquelético é
o maior tecido corporal, responsável pela homeostase e gasto energético de
repouso, sob coordenação de unidades motoras (motoneurônio inferior, fibras nervosas e musculares por ele
inervadas) e são responsáveis pela aptidão física e autonomia funcional do
indivíduo [32-34].
Pedrinelli et al. [32] apontaram na literatura apenas pequeno suporte empírico,
que combina o fortalecimento muscular com outros modos de treinamento (aeróbio,
exercícios de equilíbrio e de coordenação), não observando na ocasião questões
relacionadas à intensidade, duração, frequência e a progressão do programa de
treinamento por meio de atividade física.
As principais
características observadas estão descritas e comentadas a seguir.
Sexo
A
variável sexo
apresentou-se com a inclusão de homens e mulheres em 13 estudos selecionados, e
o número de indivíduos do sexo masculino e feminino foi balanceado na maioria
dos trabalhos (oito artigos). Sete artigos selecionaram apenas mulheres, assim
como quatro artigos incluíram apenas homens em suas amostras, um dos estudos
não deixa claro em seus métodos se as análises foram feitas com homens ou mulhers ou se foram grupos mistos [28].
Destacou-se nessa
análise, a diferença de comportamento da hipertrofia muscular após o
treinamento de força nos trabalhos realizados por Bamman
et al. [27] e Kosek
et al. [29] que, além de serem os
únicos que separaram os idosos por sexo, mostraram respostas diferentes com
relação à magnitude do ganho de massa muscular. No primeiro estudo, os homens
tiveram hipertrofia muscular estatisticamente superior em todos os testes de
composição corporal, [biópsia (fibras tipo 1, tipo 2a e 2x)], exceto na plestismografia, quando comparados às mulheres. Entretanto,
o segundo demonstrou comportamento contrário, em todos os testes realizados
[DEXA e biópsia (fibras tipo 1, tipo 2a e 2x)], mas sem significância
estatística. Apesar de algumas diferenças nos protocolos de treinamento, como a
menor amostra, duração do protocolo (10 semanas a menos), número de exercícios
(8 a mais) e uma série a mais do estudo de Bamman et al.
[27], normalmente acredita-se que os homens são capazes de hipertrofiar mais do
que as mulheres em decorrência de questões hormonais.
Teste
de composição corporal
Nesta revisão, sete
tipos diferentes de testes de composição corporal para rastrear a hipertrofia
muscular em idosos foram observados: bioimpedância elétrica (BIA), a pletismografia (PG), a biópsia muscular (BM), o DXA, a
ultrassonografia (US), a ressonância magnética (RNM) e a tomografia computadorizada
(CT).
Nos resultados
mostrados por meio da BIA, as variações percentuais da massa muscular foram bem
discretas, oscilando entre -2,29 e 1,53. A amostra desses estudos foi composta
predominantemente por mulheres. Os piores resultados podem estar relacionados
ao estímulo físico proposto, especialmente, no trabalho de Kim et al. com uso de bandas elásticas (o que pode dificultar o
controle da intensidade e sua progressão) e o número de ses
realizadas (1 a 2) [9].
Os artigos que
utilizaram a PG como teste para determinar a composição corporal de idosos
obtiveram uma variação de 3,6 a 4,5% na massa muscular. De modo geral, nesses
estudos, Bamman et al. e Candow et al. são bastante semelhantes, destacando-se
apenas que no segundo, a amostra é maior, o que, certamente, atribui maior
confiabilidade aos dados coletados [26,27].
A BM foi executada em
cinco trabalhos, todos realizados em musculatura do quadríceps femoral. De modo
geral, os protocolos de treinamento de força mais frequentes nestes estudos
tiveram frequência semanal de três vezes, duração maior do que 16 semanas, dois
a três exercícios específicos para quadríceps femoral, três séries de oito a 12
repetições e carga progressiva de 40 a 80% de 1RM (repetição máxima), além de
serem realizados por idosos de ambos os sexos.
A mediana dos
aumentos no tamanho das fibras do tipo 1 e tipo 2
foram, respectivamente, 16,45% e 24,51%. O comportamento mais sensível à
adaptação das fibras do tipo 2 também ocorre em
indivíduos mais jovens, com variações percentuais semelhantes [28,29].
O DXA foi realizado
como instrumento para análise de composição corporal em seis estudos coletando
a massa muscular total. Além disso, em dois trabalhos [28,30] testou-se apenas
a massa muscular dos MMII. No primeiro contexto, a frequência semanal mais
utilizada foi de três vezes, com duração do protocolo de treinamento de
aproximadamente 16 semanas (oscilando entre 12-24 semanas). Nesse, os
participantes realizaram um número em torno de quatro exercícios (2-7
exercícios), com três séries de oito a 12 repetições e cargas variando entre 60
e 80% de 1RM.
A variação percentual
da massa muscular total foi de 1,43% (1,04-4,17%). Por outro lado, nos dois
estudos que analisaram isoladamente a massa muscular de MMII, o incremento foi
de 3,5% (1,55-5,46%) [28,30].
Em relação à US, apenas um estudo foi executado com amostra do sexo
feminino. De modo geral, os protocolos de treinamento de força muscular
apresentaram uma frequência de duas vezes por semana (1-3), durante
aproximadamente 12 semanas (10-22 sem), em que as amostras executaram oito
exercícios, três ses e 10 reps.
A maior frequência de
testagem do US foi executada em MMII e seus resultados
mostraram uma variação de 11% na massa muscular (oscilando de -2,8 a 28, 13%).
Variação semelhante ocorreu nos testes realizados no tronco (9,05%). Por outro
lado, parece que em membros superiores houve maior efeito na hipertrofia
muscular esquelética, com variação de aproximadamente 16,1% (-1,44 a 19,51%).
Por fim, mais uma vez, o uso de bandas elásticas para geração de sobrecarga foi
contraproducente quando intencionado o aumento da massa muscular.
Nos estudos em que
foi utilizada a RNM, a amostra realizou o protocolo de treinamento de força
duas ou três vezes por semana, durante aproximadamente 11 semanas (nove a 21
semanas). Os programas de treinamento consistiram de um a dois exercícios
apenas (exceto, Valkeinen et al. [24]), três ses com cinco à 20 reps
e carga que variou de 30 a 80% de 1RM. A progressão da sobrecarga foi observada
em metade desses estudos, tanto na carga, quanto no número de ses e reps. Todas as análises foram realizadas na coxa dos
indivíduos [24].
Duração
do protocolo
No tocante à duração
dos protocolos de treinamento, o tempo de intervenção mais frequente foi de 12
semanas, presente em 34,75% dos estudos analisados. Apenas um estudo realizou
treinamento contra resistência durante nove semanas, que foi o estudo de Ivey et al. [23] que foi o estudo com o menor
tempo de treinamento na presente revisão, e seis estudos apresentaram
protocolos superiores a 20 semanas de treinamento, sendo o estudo Bamman et al.
[27], o mais longo com 26 semanas. Um fato interessante observado foi que a
partir de nove semanas já se nota ganhos de massa muscular segundo os estudos
analisados e aparentemente tempos maiores de intervenção, não demonstram ganhos
mais significativos no que diz respeito à massa muscular [23,27].
Número
de exercícios
Os protocolos mais
frequentes para ganhos de massa muscular em idosos englobam seis a oito
exercícios representando 30,44% dos estudos selecionados. Pensando em
fortalecimento muscular global, utilizando os grandes grupos musculares, dentre
estes o quadríceps femoral, acaba sendo o mais citado, com treinamentos
utilizando cadeira extensora e leg press como os exercícios mais frequentes. Em 26,1% dos
casos, o protocolo de treinamento foi exclusivamente por meio dos exercícios de
leg press e cadeira
extensora (fortalecimento de quadríceps femoral).
Uma justificativa
plausível para o treinamento específico deste grupo muscular se deve à
repercussão na funcionalidade por meio de atividades como o sentar e levantar,
presente na grande maioria das AVD, sobretudo as mais básicas, uma vez que há a
necessidade para tal realização de um bom controle muscular do quadríceps
femoral quer seja de forma concêntrica, para levantar-se e de forma excêntrica,
para assentar-se [35].
Outro fato importante
quanto ao predomínio de exercícios para membros inferiores (MMII) tem
justificativa anatômica, uma vez que a maior área muscular se localiza
justamente nessa área corporal, uma vez que testes funcionais como o time up and go,
velocidade usual de marcha, short physical
performance battery (SPPB) e Rickly
Jones são influenciados diretamente por força muscular em MMII.
Séries
Em relação à série de
exercícios propostos, três séries foram o mais frequente e presente em 56,55% dos
estudos, sendo observado que em 21,7% houve protocolos com menor número, e em
21,7% protocolos com maior número.
Pelo que foi
observado no presente estudo a escolha do número de
séries por exercício é diretamente proporcional ao número de repetições e à
carga proposta para cada exercício, sendo esta relação entre esses três
componentes a determinante para o volume do treinamento proposto, o que,
segundo a literatura, está diretamente relacionada a protocolos para
hipertrofia muscular [36].
Em dois estudos, o
treinamento resistido foi ofertado por meio de bandagens elásticas e ambos
realizados apenas em mulheres: Ogawa et al. [16] observaram em um protocolo de
12 semanas, utilizando quatro exercícios, uma a duas séries de dez repetições
incremento muscular apenas para músculos estabilizadores de tronco e perda de
massa muscular, após análise por ultrassonografia, de massa muscular tanto em
MMII como em membros superiores (MMSS).
Já estudo de Kim et al. [9], a análise de composição corporal
foi feita pela BIA, o protocolo de exercícios também foi semelhante diferindo
apenas quanto ao número de exercícios, nesse caso seis, também houve perda de
massa muscular após o protocolo de treinamento.
Nessa revisão apenas
foram encontrados dois estudo com bandagem elástica e a priori, aparentemente
estes não ofereceram ganhos de massa muscular, muito pelo contrário, houve
perdas musculares [9,16].
Pode-se perceber que,
levando em consideração as medianas de protocolos, as questões mais evidentes
apontadas no tocante ao treinamento resistido em idosos são de protocolos com
frequência semanal de duas a três vezes, por pelo menos 12 semanas, em torno de
cinco exercícios para fortalecimento global sendo realizados em três séries de
oito 12 repetições cada um, e com cargas superiores a 60% de 1RM. No tocante ao
método de análise, a BIA tem uma boa aplicabilidade clínica, entretanto não foi
possível observar resultados tão significativos quando comparado, por exemplo,
aos estudos que utilizaram o DXA, que é considerado o teste de padrão ouro para
a análise de composição corporal. As dificuldades apontadas por testes de
imagem como US, CT e RNM se devem ao fato de que estes são realizados por
segmentos corporais, não sendo possível avaliar, por exemplo, efeitos
sistêmicos referentes à hipertrofia e sim locais. A biópsia, por se tratar de
um método invasivo, muitas vezes se limita a pesquisas e tem pouca
aplicabilidade na prática clínica.
O estudo tem como
limitação o fato de as investigações serem puramente em idosos da comunidade e
entre 60-75 anos, descartando os institucionalizados e aqueles mais longevos,
que poderiam se beneficiar com o treinamento resistido, além de agravos
crônicos presentes nessa população tais como artroses, dores e demências, além
dos sujeitos com sarcopenia grave ou mesmo com
fragilidade, uma vez que nos estudos selecionados para esta revisão, esses
agravos foram critérios de exclusão.
Esta revisão
sistemática mostrou que é possível melhorar a massa muscular em treinamento de
resistência em pessoas idosas, sobretudo os mais longevos, uma vez que os
exercícios apresentem a dose correta: intensidade, volume, carga apropriada,
utilizando uma investigação sensível.
Sugere-se para esse
fim protocolos em média com 12 semanas de treinamento, com frequencia
de duas a três vezes por semana, que apresentem cinco exercícios realizados em
três séries de oito a 12 repetições e cargas superiores a 60%1RM para que
ocorra a hipertrofia muscular.