REVISÃO
Impacto
do uso do cicloergômetro na função respiratória,
cardiovascular, capacidade aeróbica, funcional e qualidade de vida de pacientes
com doença renal crônica em hemodiálise
Impact of the use of cycloergometer on
respiratory, cardiovascular, aerobic and functional capacity and quality of
life of patients with chronic kidney disease on hemodialysis
Antonio de Olival
Fernandes*, Yvoty Alves dos Santos Sens**, Paulo Roberto Fonseca Junior***, Renata Calhes
Franco de Moura****, Vera Lúcia dos Santos Alves*****
*Faculdade
de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP), Fisioterapia
Cardiorrespiratória e Metabólica, **Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa
de São Paulo (FCMSCSP), Nefrologia, ***Faculdade de Ciências Médicas da Santa
Casa de São Paulo (FCMSCSP), Reabilitação, ****Universidade de Mogi das Cruzes
(UMC), *****Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP)
e Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), Fisioterapia Cardiorrespiratória e Metabólica
Recebido em 23 de
março de 2018; aceito em 29 de janeiro de 2019.
Endereço
para correspondência:
Vera Lúcia dos Santos Alves, Rua Martinico Prado, 167
conjunto 11, Higeanópolis 01224-011 São Paulo SP,
E-mail: fisioterapiasc@uol.com.br; Antonio de Olival
Fernandes: olival@uol.com.br; Yvoty Alves dos Santos Sens: yvotys@gmail.com; Paulo Roberto Fonseca Junior:
paulofonseca28@gmail.com; Renata Calhes Franco de Moura: ranco.renata@terra.com.br
Resumo
Investigar por meio
de uma revisão sistemática o impacto do uso de cicloergômetro
na função respiratória, cardiovascular, capacidade aeróbica, funcional e
qualidade de vida em pacientes com
doença renal crônica durante a hemodiálise. Métodos:
A pesquisa buscou referências de janeiro de 2010 a dezembro de 2018. Foram
incluídas as bases Pubmed, Scielo,
PEDro, Lilacs
e Cochrane Library e foram usadas palavras-chave pré-selecionadas. Os artigos
encontrados foram avaliados pela escala PEDro.
A busca e análise foram realizadas por dois autores de forma independente. Resultados: Um total de 81 artigos foi
identificado, no entanto apenas quatro atendiam aos critérios de inclusão e
exclusão. Devido ao pequeno número de artigos incluídos e à sua
heterogeneidade, seus resultados não puderam ser submetidos à metanálise e foram apresentados de forma descritiva. Conclusão: O exercício aeróbico com uso
de cicloergômetro realizado durante as sessões de
hemodiálise promove melhora da capacidade aeróbia e condicionamento físico e
por consequência na qualidade de vida.
Palavras-chave: doença renal
crônica, diálise renal, terapia por exercício, técnicas de exercício e de
movimento.
Abstract
To investigate the impact of the use of cycloergometer
on the respiratory function and quality of life in patients with chronic kidney
disease undergoing hemodialysis. Methods: This review sought
for articles published from January 2010 to December 2018. The databases Pubmed, Scielo, PEDro, Lilac's and Cochrane Library were used. The search
occurred with pre-selected key-words. The articles found were evaluated, scored
and qualified using the PEDro scale. The search and
analysis was carried out by two authors who evaluated the studies
independently. Results: A total of 81
articles were identified, four of which met inclusion and exclusion criteria.
Due to the small number of studies and their heterogeneity, the results were
not metanalyzed and were instead presented
descriptively. Conclusion: Aerobic
exercise using a cycle ergometer performed during hemodialysis sessions
promotes an improvement in aerobic capacity and physical fitness and
consequently in quality of life.
Key-words: chronic renal insufficiency, renal dialysis, exercise therapy, exercise movement techniques.
A doença renal
crônica (DRC) é considerada um grande problema de saúde pública por suas
elevadas taxas de morbidade e mortalidade e tem impacto negativo sobre a
capacidade funcional e a qualidade de vida [1-3].
Dos pacientes com DRC
em terapia dialítica, a hemodiálise (HD) é a modalidade mais empregada de
tratamento. Essa intervenção é realizada normalmente três vezes por semana, e
mantém o paciente no serviço de diálise de três a quatro horas por sessão [4].
Pacientes com DRC
apresentam menor capacidade física e funcional quando comparados à população
geral, e a evolução da doença mesmo com a HD torna as atividades desses
pacientes ainda mais limitadas após o início do tratamento, o que favorece o
sedentarismo e a limitação funcional. Há relatos que os pacientes são menos
ativos, apresentam baixa tolerância ao exercício e alto descondicionamento
físico, provavelmente relacionado à atrofia muscular, anemia, miopatia e neuropatia urêmica,
disfunção autonômica, diminuição da
flexibilidade, redução da força muscular,
má nutrição e comorbidades associadas [3-5].
Há também aumento na
prevalência de doenças cardiovasculares, que é a principal causa de mortalidade
e morbidade nessa população. A obesidade, diabetes tipo II e hipertensão são
comuns e contribuem para a progressão da disfunção renal e aumento de risco
cardiovascular. Há menor aptidão cardiorrespiratória em comparação a população
geral, e associação do sedentarismo com maior mortalidade [5].
Em um estudo de
revisão realizado por Pierson DJ [6], há o relato de
que complicações no sistema respiratório em pacientes com DRC estão
relacionadas a alterações no status de volume, pressão oncótica plasmática,
metabolismo ósseo e mineral, insuficiência cardíaca concomitante e alterações
na função imunológica renal, como: edema pulmonar, derrame pleural, apneia do
sono, anemia e hipóxia associada à diálise [5]. Ademais, pacientes com DRC
recebem tratamento dialítico e estão sujeitos a mudanças rápidas no volume e na
composição bioquímica dos fluidos corporais, o que pode afetar adversamente a
função muscular [4].
As diretrizes de 2005
da Fundação Nacional do Rim - Iniciativa de Qualidade de Resultados de Doença
de Rim (NKF-KDOQI) salientam que o exercício deve ser um pilar da terapia para
adultos que recebem diálise, especialmente para controle dos fatores de risco
cardiovasculares. A frequência, intensidade e duração do treinamento com
exercícios formam a base da rotina de atividade física, assim como o tipo de
treino e nível inicial de aptidão física do indivíduo. Uma lista crescente de
estudos foi publicada sobre efeitos a saúde de diversos programas de exercício
regular em adultos com DRC e em receptores de transplante renal [7,8].
Em um estudo de metanálise realizado por Heiwe et al. [9], os autores chegam a conclusão,
através de evidência científica, que o exercício regular acima de 30 minutos,
realizado três vezes por semana melhoram a capacidade aeróbia, a pressão
arterial, força muscular e qualidade de vida relacionada à saúde. Estes
benefícios ocorrem em adultos com DRC estágios II-V e aqueles que recebem
diálise e adultos com transplante renal.
Estas medidas podem
diminuir a morbidade e mortalidade ao reduzir a inflamação, estresse oxidativo e disfunção endotelial. Em pacientes com doença
renal não crônica, o exercício aeróbio e treinamento de força têm tido impacto
em citocinas inflamatórias, resistência à insulina,
obesidade, fatores de risco cardiovascular, microalbuminúria
e anemia relacionada a doenças crônicas [10].
O cicloergômetro
é um equipamento que pode ser utilizado no treinamento de pacientes com DRC no
momento intradialítico, com a normalização do
hematócrito, mostra-se obter melhor capacidade no consumo de oxigênio e
qualidade de vida [11], demonstra, ainda, ser seguro nas primeiras duas horas
de diálise. Após esse período a descompensação
cardíaca comum durante a HD pode impedir o exercício [12].
Storer TW et al. [13] mostram que o cicloergômetro utilizado no momento intradialítico
aumenta o consumo de oxigênio, potência, tempo de resistência e força do
quadríceps com a melhora da fadiga.
Apesar dos efeitos
benéficos da inclusão do cicloergômetro nos
protocolos de exercício, não existe consenso sobre seu impacto na função
respiratória e qualidade de vida, assim como um programa padronizado definido
por estudos controlados e randomizados para o uso do cicloergômetro
que determine frequência, intensidade e duração da atividade. O objetivo do
presente estudo foi realizar uma revisão sistemática qualitativa da literatura
sobre o impacto do uso do cicloergômetro na função
respiratória, cardiovascular, capacidade aeróbica, funcional e qualidade de
vida em pacientes com doença renal crônica durante a hemodiálise.
Essa revisão
sistemática contou com ampla pesquisa bibliográfica que buscou referências com
data de publicação entre janeiro de 2010 a dezembro de 2018. O levantamento
bibliográfico foi realizado através de pesquisas nos seguintes bancos de dados
eletrônicos: Cochrane Library, Pubmed, Lilacs, Scielo e PEDro. A estratégia de busca
utilizou as seguintes palavras-chave em português e inglês: (Cronic Kidney Disease) AND (Aerobic training
OR Aerobic ciclying exercises OR Ergometer ciclying) AND (Intradialytic OR Hemodialysis).
Os critérios de
inclusão dos artigos localizados foram: 1) tipo de estudo: ensaio clínico
controlado; 2) intervenção de treino aeróbio com uso de cicloergômetro
utilizado em membro inferior; 3) grupo experimental: pacientes diagnosticados
com DRC e dependentes de diálise; e 4) publicação entre janeiro de 2010 a
dezembro de 2018. Foram excluídos artigos examinados que apresentaram pontuação
menor ou igual a cinco na Physiotherapy Evidence Database Scale (PEDro),
os realizados com animais e pacientes com idade menor ou igual a 18 anos.
Os critérios de
inclusão foram aplicados por dois examinadores independentes que realizaram a
leitura dos títulos dos artigos localizados e posteriormente, os resumos e
textos completos de todos os artigos para selecionar os artigos que compuseram
a amostra.
Os artigos
selecionados foram avaliados, pontuados, e qualificados usando a escala PEDro [14], contendo 11 itens.
Nela, o item 1 não recebe pontuação, enquanto os
outros 10 receberam uma pontuação de 0 a 1. Assim, a somatória final teria
variação entre 0 a 10 pontos.
O objetivo final
desta escala é avaliar a qualidade metodológica de ensaios clínicos controlados
e randomizados, dando prioridade à validade interna dos estudos (se os
resultados publicados no estudo possuírem informações suficientes). Também
conceitua sua relevância clínica e estatística, de modo que a interpretação dos
resultados seja clara e outro pesquisador possa reproduzir o estudo.
A classificação dos
artigos analisados com base na escala PEDro
foi realizada por dois avaliadores, de forma independente e cega ao objetivo do
presente estudo. Caso ocorresse uma controvérsia à pontuação obtida no estudo,
um terceiro avaliador foi selecionado para responder à dúvida da pontuação. Os
artigos selecionados e avaliados através da escala PEDro teriam que possuir pontuação maior ou igual a 6
para a análise nos resultados.
Devido ao pequeno
número de artigos incluídos e à sua heterogeneidade, seus resultados não
puderam ser submetidos à metanálise e foram
apresentados de forma descritiva, especialmente quanto aos critérios de
inclusão de pacientes, intensidade do exercício, frequência e duração do
treinamento.
Na sequência da
avaliação de artigos derivados dos bancos de dados, foram encontrados 81
estudos (Figura 1).
AA = Alocação Aleatória; DC = Distribuição Cega; PS =Prognostico
Semelhante ; SC = Sujeitos Cegos; TC =Terapeutas Cegos; AC = Avaliadores Cegos
; MR = Medidas de Resultados; IT = Intenção de Tratamento; CIG =
Comparação inter-grupos; VP = Variabilidade e Precisão; P =
Pontuação (0-10)
Tabela II - Síntese dos quatro ensaios
clínicos randomizados e controlados referentes à realização de exercícios
aeróbios com cicloergômetro de membro inferiores durante a hemodiálise.
n = Número; HB = Hemoglobina; KT/V =
qualidade da diálise; HD = Hemodiálise; EPEB = Escala de Percepção de Esforço
de Borg; VO2máx = Consumo máximo de oxigênio; TC6 = Teste de caminhada de 6
minutos; TFG = Taxa de filtração glomerular; DM = Diabete Mellitus; HAS =
Hipertensão arterial sistêmica;PA = Pressão arterial; VFC = variabilidade de
frequência cardíaca. EPO = Eritropoetina.
No presente estudo
buscamos através de uma revisão sistemática o impacto de exercícios realizados
com o cicloergômetro em membros inferiores na função
respiratória e qualidade de vida em pacientes com DRC durante a HD para
analisar somente os resultados de ensaios clínicos randomizados e controlados
para localizarmos o melhor nível de evidência científica no atendimento dessa
população.
Sabe-se que pacientes
com DRC possuem um importante prejuízo cardiorrespiratório. O pico do VO2máx (consumo máximo de oxigênio) desses
pacientes corresponde de 15-21 mL/kg/min, níveis que
são 20 a 50% mais baixos do que valores encontrados em sujeitos saudáveis
sedentários, nos quais estes valores variam entre 35 e 40 mL/kg/min1.
Alguns estudos
demonstram reduções significantes na QV de pacientes renais crônicos em HD
[19]. Estes achados são relacionados às alterações apresentadas na estrutura e
na função muscular, decorrentes do quadro urêmico
[9], que podem se manifestar pela atrofia, fraqueza muscular proximal,
predominantemente nos membros inferiores, dificuldade na marcha, câimbras,
astenia e diminuição da capacidade aeróbia [9,19].
Existem diversos
ensaios clínicos randomizados que evidenciam os efeitos benéficos
significativos do exercício regular sobre a aptidão física, a capacidade de
caminhar, as dimensões cardiovasculares (por exemplo, a pressão arterial e
frequência cardíaca), a qualidade de vida relacionada com a saúde e alguns
parâmetros nutricionais em adultos com DRC [7]. No estudo de Lima et al. [16], por exemplo, foi realizada a comparação de
dois tipos de programa de exercícios, como exercícios de fortalecimento (Grupo
2) e exercícios aeróbicos (Grupo 3). A análise do efeito das intervenções
também foi comparada com a resposta em grupos que não realizaram nenhuma
intervenção (Grupo 1).
A capacidade aeróbia
é tipicamente melhorada por todos os programas de treino regular,
independentemente do tipo de exercício, intensidade ou duração da intervenção.
As atividades que melhoram a capacidade aeróbia são aquelas que usam grandes
grupos musculares continuamente, ou seja, ciclismo, caminhada e corrida.
Naturalmente, os pacientes devem aderir à intervenção de treinamento regular de
exercício para preservar o efeito de pico [20]. Nos estudos incluídos [15-18],
observa-se uma variação de treinamento de duas a três sessões semanais com
duração de 20 a 60 minutos.
Os efeitos do uso
padronizado do cicloergômetro e pedômetro sobre o VO2máx estimado, foi estudado por Bohm et al. [15]
que utilizaram exercícios testes, e calcularam o VO2máx estimado
através da equação de Foster, que foi validada em uma população idosa [21]. O
teste de caminhada de seis minutos (TC6) também foi realizado como desfecho
para capacidade aeróbica, seguindo os protocolos delineados pela American Thoracic Society [22].
O VO2máx
e o TC6 não diferiram entre os grupos em nenhum momento, similarmente, também
não houve mudança dentro de cada grupo ao longo do tempo. A utilização de
testes máximos e submáximos de esforço auxilia na compreensão do impacto dos
protocolos de tratamento e remonta a potencialidade dos mesmos para determinar
a melhora clínica dos pacientes já que os testes de esforço tem correlação
positiva com atividade de vida diária.
Como marcadores de
força muscular respiratória, a pressão inspiratória máxima (PImáx) e a pressão expiratória máxima (PEmáx) foram avaliadas por Lima et al. [16], através de um manovacuômetro
analógico, considerando o maior valor encontrado após três medidas. Houve um
aumento significativo na PEmáx
e PImáx somente nos grupos que desenvolveram algum
treinamento padronizado. Esse resultado denota que o treino mesmo que não seja
realizado especificamente para a musculatura respiratória pode gerar alteração
na força avaliada pela pressão respiratória máxima.
O impacto do treino
aeróbio com cicloergômetro na qualidade de vida foi
avaliada por Bohm et al. [15], através do questionário SF-36 [23], com os escores do
Sumário de Componentes Físicos (PCS) e Resumo de Componentes Mentais (MCS).
Para documentar o nível de atividade física, todos os participantes usaram um
acelerômetro biaxial em seu quadril dominante durante as horas de vigília
durante cinco dias consecutivos. Não houve diferença significante no SF-36 e
acelerômetro ao longo do tratamento.
Como medida de
desfecho de qualidade de vida no estudo de Lima et al. [16], os pacientes responderam ao questionário (KDQoL-SF), que inclui algumas questões SF-36 e uma parte
específica sobre a doença renal, composta por itens divididos em 11 dimensões.
Na população treinada foi observada melhora após oito semanas de treinamento,
em relação ao grupo controle. Apesar de utilizarem questionário distinto para
avaliação da qualidade de vida, os estudo de Bohm et al. [15] e Lima et al. [16] demonstram
o potencial da atividade física para incrementar parâmetros gerais que não
necessariamente os avaliados por testes físicos.
Para avaliar a performance funcional de seus pacientes, Orcy
et al. [18] utilizaram o TC6. Houve
aumento da distância percorrida no grupo com treino aeróbico associado a
treinamento resistido. Como a distância percorrida tem relação com a morbidade
podemos apontar que a atividade física com o cicloergômetro
tem potencial para melhorar a qualidade de vida e aspectos físicos nos
pacientes com DRC que realizam HD.
Reboredo et al. [17], em seu estudo, avaliaram a variabilidade da frequência
cardíaca (VFC) e função ventricular dos pacientes. Após 12 semanas de
exercícios aeróbicos durante as duas primeiras horas da realização da
hemodiálise, não foi encontrada diferença significativa na VFC ou função
ventricular. Este achado pode estar relacionado ao baixo período de realização
da intervenção, quando comparado com outros estudos já publicados.
Após a revisão da
literatura, pode-se concluir que a realização de exercícios aeróbios durante a
HD melhora a capacidade funcional. Proporciona benefícios cardiorrespiratórios
aos pacientes, como a melhora do VO2máx.
Os estudos
demonstraram que os exercícios aeróbios com uso de cicloergômetro
promovem a modificação da capacidade aeróbia e condicionamento físico, o que
por consequência possui impacto positivo na qualidade de vida.
Há diversidades
quanto à forma de aplicação desses programas em termos de frequência,
intensidade e duração. Observa-se neste estudo que o programa proposto deve ser
adequado à realidade de cada serviço e de cada paciente. Uma vez que a DRC pode
ter influência significativa na qualidade de vida, torna-se fundamental a
realização de pesquisas que ofereçam alternativas de tratamento e promovam
melhora no quadro clínico, diminuindo a presença de comorbidades
e os índices de mortalidade.
Nota-se que existem
limitações intrínsecas ao exercício físico regular, como por exemplo,
relutância em aderir à intervenção prescrita no treino. A maioria dos
exercícios começa com boa aderência, que, em seguida, diminui gradualmente. A experiência
clínica também mostra que a alta aderência ao treinamento físico costuma
coincidir com a supervisão, mas quando o participante continua a exercer a
atividade por conta própria, a adesão diminui.
Estudos futuros devem
se concentrar mais no desenvolvimento de exercício e intervenções que
incentivem mudanças comportamentais e melhorem a aderência. A presença de um
supervisor durante a realização dos exercícios oferece suporte motivacional e
estímulo para que os pacientes se mantenham ativos e isso pode ser realizado
durante as sessões de HD.
A realização de
exercícios aeróbios com uso de cicloergômetro deve
ser contínua, pois é segura, não oferece custos altos ao paciente, nem há a
necessidade de disponibilizar tempo extra, podendo ser considerada um elemento
rotineiro durante a realização da HD, porém os estudos ainda não apontam a
frequência, intensidade e duração ideal dos protocolos e ainda devem ser
pesquisados.