ARTIGO ORIGINAL
Avaliação estabilométrica, eletromiográfica
e qualidade de vida em pacientes com fibromialgia
Stabilometric
and electromyographic evaluation and quality of life in patients with
fibromyalgia
Leydnaya Maria Souza Wagner*,
Marcus Vinícius Gomes de Carvalho*, Antônio Araújo da Silva*, Guilherme Pertinni de Morais Gouveia, D.Sc.**
*Bacharel em Fisioterapia
pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), **Professor efetivo do Curso de
Fisioterapia da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e coordenador do Grupo de
Pesquisa em Fisioterapia Avaliativa e Terapêuticas (GPFAT)
Recebido em 14 de abril
de 2018; aceito em 14 de novembro de 2019.
Correspondência: Guilherme Pertinni de Morais Gouveia, Av. São Sebastião, 2819,
64202-020 Parnaíba PI
Guilherme Pertinni de Morais Gouveia: gpfatufpi@gmail.com
Leydnaya Maria Souza:
leydnayasouza@gmail.com
Marcus Vinícius Gomes de
Carvalho: marcus_gomes4@hotmail.com
Antônio Araújo da Silva:
leydnayasouza@gmail.com
Resumo
Introdução: A fibromialgia é uma
síndrome crônica não inflamatória, tendo como característica a dor difusa, seu
diagnóstico é efetuado na presença de dor generalizada, sensibilidade à
palpação em 11 pontos pré-determinados. Objetivo: Avaliar o equilíbrio,
controle motor e a qualidade de vida em pacientes com fibromialgia. Métodos:
Estudo controlado, duplo cego e inferencial de abordagem quantitativa, foi realizado
com 11 voluntários com idade entre 18 e 75 anos. Avaliação eletromiográfica,
estabilométrica, e aplicação dos questionários de
qualidade de vida SF-36, Escala de Epworth e Escala
de Depressão de Beck foram realizados. Resultados: Os participantes tinham
idade média de 45,5 anos. Na Escala de Epworth
apresentaram sonolência grave (54,54%), na Escala de Depressão de Beck
apresentaram-se sem depressão ou depressão leve (36,36%), no Questionário SF-36
obtiveram pontuações próximas a 0. Na eletromiografia, encontrou-se pouca
contração muscular para glúteo médio (35,03), supraespinhoso
(135,5) e trapézio (176,08). Na estabilometria,
obteve-se área de oscilação de 1,68 cm², velocidade anteroposterior e
médio-lateral (1,50 e 1,21, respectivamente). Conclusão: Conclui-se que
os pacientes com fibromialgia apresentaram redução na contração das
musculaturas afetadas, desequilíbrio anterior e à direita com grande oscilação
de área na plataforma de força e alteração no tempo de reação ao desequilíbrio.
Palavras-chave: fibromialgia,
equilíbrio, eletromiografia.
Abstract
Introduction: Fibromyalgia is a chronic non-inflammatory syndrome, characterized by
diffuse pain; its diagnosis is made in the presence of generalized pain,
sensitivity to palpation in 11 predetermined points. Objective: To
evaluate balance, motor control and quality of life in patients with
fibromyalgia. Methods: A double-blind, inferential, quantitative
approach was performed with eleven volunteers aged 18-75 years. An
electromyographic, stabilometric, and SF-36 quality
of life questionnaire, Epworth scale, and Beck Depression Scale were carried
out. Results: Participants had a mean age of 45.5 years. In the Epworth
Scale they presented severe drowsiness (54.54%), in the Beck Depression Scale
they presented no depression or mild depression (36.36%), in the Questionnaire
SF-36 they obtained scores close to 0. At electromyography, they found there
was little muscle contraction for the gluteus medius
(35.03), supraspinatus (135.5) and trapezius (176.08). In the stabilometry, it obtained an oscillation area of 1.68 cm²,
anteroposterior and mid-lateral velocity (1.50 and 1.21, respectively). Conclusion:
It is concluded that patients with fibromyalgia have a reduction in the
contraction of the affected muscles, anterior and right imbalance with great
oscillation of the area on the force platform and change in the time of
reaction to the imbalance.
Keywords: fibromyalgia, balance, electromyography.
A fibromialgia (FM) é
considerada uma síndrome de caráter crônico e não inflamatório, sua etiologia
ainda é desconhecida e sua principal característica é a dor difusa, juntamente
com um aumento da sensibilidade na palpação. Seu diagnóstico é efetuado na
presença de dor generalizada no período de três meses consecutivos, combinado
com sensibilidade à palpação em 11 pontos pré-determinados em diversas partes
do corpo. Pode estar relacionada a diversos sintomas como a fadiga, insônia,
ansiedade, depressão e intolerância ao frio [1,2].
Estes sintomas são
incapazes de restaurar as funções normais do organismo, sendo os principais
responsáveis pela distimia ao longo do dia-a-dia, trazendo uma redução das
atividades físicas habituais, o que leva a um estado de morbidade, o qual pode
agravar ainda mais as dores recorrentes e levar a casos extremos de imobilidade
[3].
Em relação a
funcionalidade nestes pacientes, pode apresentar-se bastante afetada, sendo os
grupos musculares voluntários os mais acometidos. Nesses a endurance
pode estar consideravelmente reduzida quando comparada a indivíduos normais,
causando um grande impacto na capacidade de deambulação e da potência de
membros superiores, estando relacionados a pacientes com índice de massa
corporal (IMC) elevado e sedentarismo [3].
Mecanismos fisiológicos
ainda não estabelecidos podem estar ligados a fatores neuroendócrinos,
genéticos e moleculares. Estudos atuais demonstraram anormalidades bioquímicas,
metabólicas e imunorreguladoras relacionadas à FM. Os
mecanismos mais aceitos em relação à fisiopatologia da mesma são alterações em
alguns mecanismos centrais de controle da dor podendo ocasionar em disfunções
neuro-hormonais [1]. Pode estar associada também a distúrbios que podem
sobrepor-se à FM, dentre os quais podemos citar o transtorno depressivo maior,
síndrome do intestino irritável, distúrbios temporomandibulares, alterações
sensoriais e dificuldade na inibição do mecanismo da dor [4].
Em sua grande maioria a
FM atinge o gênero feminino, 88% dos acometimentos, numa faixa etária de 40 a
50 anos, sendo sua prevalência de 2% a 5% na população geral [5]. O mesmo
ocorre na fibromialgia juvenil, a qual acomete também em sua maioria as mulheres,
entretanto a sua prevalência nesta faixa etária é de 1,2% a 6,2% [6].
A fibromialgia é uma
comorbidade bastante incidente na população em geral, principalmente em
mulheres, por esse motivo é necessário a avaliação dos prejuízos físicos causados
pela patologia no organismo da pessoa acometida. Devido ao fato de a força
muscular ser um dos fatores mais prejudicados e tornar a pessoa mais
susceptível a lesões durante as atividades, é de extrema relevância obterem-se
os níveis de impacto que a redução da mesma causa nas atividades de vida diária
[7]. Uma das formas de avaliar a função muscular é a eletromiografia, um método
não invasivo que consiste em captar e registrar os potenciais de ação gerados
pelo sistema nervoso central com o intuito de contrair um definido músculo [8].
Para uma boa captação
na eletromiografia, os eletrodos devem estar posicionados no ventre muscular,
entre a zona de inervação e o tendão, em direção longitudinal às fibras
musculares e em local cujo tecido gorduroso se encontra em menor quantidade,
evitando a interferência devido à sua impedância [8]. A eletromiografia fornece
dados da condição fisiológica e patológica dos músculos, trazendo assim uma
ideia de como se encontra a contração do músculo em monitoração constante, o
que é de extrema importância para o paciente com fibromialgia, cujas funções
musculares encontram-se bastante prejudicadas [9].
Outra função que se
encontra deficitária em uma pessoa com fibromialgia é a postura, fator que está
intimamente ligado à sinergia entre a musculatura agonista e antagonista, que
com a sua tensão proporcional mantém o corpo em um estado de equilíbrio
harmonioso [10], juntamente com o funcionamento correto dos sistemas
vestibular, proprioceptivo, oculomotor e cerebelar [11]. A avaliação postural
pode ser realizada por meio da estabilometria, cuja
finalidade é analisar o equilíbrio postural e as oscilações do centro de
pressão, por meio da quantificação das oscilações proveniente do corpo através
de uma plataforma de força [10].
O presente estudo tem
como objetivo avaliar o equilíbrio, controle motor e qualidade de vida em
pacientes com fibromialgia.
Trata-se de um estudo
longitudinal, controlado, duplo cego e inferencial de abordagem quantitativa.
Foi realizado na Universidade Federal do Piauí (UFPI), Parnaíba/PI,
desenvolvida no setor de Serviço Escola de Fisioterapia (SEF), no período de
março de 2016 e dezembro de 2016.
O estudo de amostra
tipo probabilística contemplou 11 indivíduos com fibromialgia adscritos no
setor clínica escola de fisioterapia na faixa etária de 18 a 75 anos,
independente do gênero e os que concordaram em participar da pesquisa por meio
da assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE). Teve como
critério de exclusão indivíduos que apresentassem transtorno psiquiátrico,
descompensação metabólica, labirintite, otite, baixa cognição, segundo
preconizado pelo Ministério da Saúde, por meio do Mini Exame
do Estado Mental (BRASIL, 2006) ou os que retiraram o seu consentimento.
Para melhor realização
da coleta de dados os pesquisadores passaram por uma capacitação sobre todos os
instrumentos e procedimentos para a coleta, evitando assim qualquer tipo de
viés para seleção e análise.
A seleção dos sujeitos
se deu após a realização de uma ficha de avaliação constando a identificação,
Escala de Sonolência de Epworth, Questionário de
qualidade de vida SF-36 e escala de avaliação de Beck. Após esta etapa os
sujeitos elegíveis à pesquisa foram convidados a participar do trabalho por
meio da explanação dos objetivos, leitura e assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
Após a aplicação dos
questionários os indivíduos foram encaminhados à estabilometria,
que avaliou o equilíbrio postural, método que utiliza a quantificação de
oscilações posturais dos participantes em posição ortostática na plataforma de
força. Envolveu a monitorização dos deslocamentos do centro de pressão (CP) nas
direções lateral (X) e ântero-posterior (Y).
Antes da realização do
exame os indivíduos permaneceram sentados em repouso por cinco minutos. Durante
o exame, foi solicitado ao indivíduo que adotasse a postura ortostática, sobre
a plataforma com os pés descalços, afastados 30 graus e calcanhares unidos,
braços relaxados ao longo do corpo, permanecendo nesta posição por cerca de 30
segundos. A captação dos sinais na plataforma foi realizada a partir de três
transdutores de carga presentes na superfície da plataforma e registrados por
um microcomputador acoplado à plataforma, através do software Balance Clinic.
Posteriormente foi
realizada avaliação da função muscular por meio de eletromiografia, o
participante foi convidado a permanecer na posição sentada com os pés apoiados
ao solo e vestimenta adequada (short confortável acima do joelho e top) e
braços ao longo do corpo. Os eletrodos do Eletromiógrafo
foram colocados conforme preconiza Senian.org (2014), após ter sido feita
assepsia da região e quando necessária tricotomia. Em relação ao eletrodo de
referência, optou-se por colocar o tornozelo direito sobre o maléolo lateral,
fixado por meio de esparadrapo, todavia os eletrodos de avaliação foram
posicionados nos seguintes pontos de tensão: trapézio, supraespinhoso,
e glúteo médio.
Com eletrodos em região
de trapézio e caneleira de 1k em região de punho esquerdo, foi solicitado que o
participante fizesse três vezes seguidas o ato de levantar os ombros. Com os
eletrodos posicionados no supraespinhoso e caneleira
de 1kg em região de punho esquerdo foi solicitado que o indivíduo fizesse três
vezes movimento de abdução de ombro. Por último, foram posicionados os
eletrodos em região de glúteo médio e caneleira em região de tornozelo esquerdo
sendo solicitado que o paciente fizesse movimento de abdução de quadril por
três vezes.
Como parâmetros do
aparelho preconizou-se uma janela de tempo de 30 segundos. Para evitar
interferência do aparelho, foi preestabelecido o desligamento de qualquer
aparelho eletrônico como celular, roteador e ar-condicionado. Além disso, o
notebook de capacitação foi desligado da fonte de energia e foi retirado
qualquer objeto de metal que tenha no corpo. Ressalva-se que o aparelho foi
calibrado antes de todas as coletas para o registro dos sinais biológicos/musculares.
Após aquisição dos sinais biológicos, estes foram transferidos para o
computador, sendo posteriormente entregues cópias a dois examinadores com vasta
experiência na análise desses sinais.
Os dados foram
digitados em um banco de dados utilizando o programa Epi Info (versão 6.04d, Centers
for Disease Control and Prevention, EUA). A
análise dos dados foi realizada por meio do software SPSS (versão 21.0).
A análise inicial
realizou-se por meio da estatística descritiva incluindo tabulações de acordo
com as variáveis selecionadas.
Para a análise
estatística foi realizada a verificação de normalidade dos dados, distribuição
de frequência simples das variáveis de interesse do estudo, e, a partir desta
análise, foram selecionados os testes adequados ao estudo. Posteriormente os
resultados serão apresentados na forma de gráficos e tabelas.
A pesquisa seguiu os
princípios éticos da Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) [12],
com parecer 2.379.620, respeitando os quatro referenciais básicos da bioética:
a autonomia, não maleficência, beneficência e justiça. Os pesquisadores
realizaram explicações sobre objetivos e os passos da execução da pesquisa
àqueles pacientes que atenderam aos critérios de inclusão do trabalho. Em seguida,
aos pacientes que aceitarem participar foi fornecido o TCLE para assinatura.
Esta pesquisa não
trouxe riscos, entretanto, se encontrava disponível aos participantes que
referissem qualquer desconforto todo o suporte necessário como encaminhamento à
clínica de Fisioterapia e ao SAMU da cidade.
Foi garantido, aos
participantes, sigilo absoluto sobre as informações oferecidas e anonimato, sem
qualquer risco ou prejuízo as suas atividades junto ao grupo de participantes,
bem como o direito de desistir de participar da pesquisa a qualquer momento.
Também não houve bônus nem ônus para os sujeitos e pesquisadores.
Os dados obtidos foram
utilizados em caráter estritamente científico, visando contribuir na formação e
difusão do conhecimento.
Participaram da
pesquisa 11 indivíduos todos do sexo feminino e com diagnóstico confirmado de
fibromialgia, com idade média de 45,5 anos. Na avaliação da Escala de
Sonolência de Epworth 36,36% das pacientes
apresentaram níveis de sonolência normal, 9,1% tiveram pontuação média,
necessitando de atenção e 54,54% grave, para as quais se indicou ir a um
especialista. Na Escala de Depressão de Beck 36,36% das pacientes se
apresentaram sem depressão ou depressão leve, este mesmo percentual tinha depressão
leve a moderada, 9,1% depressão moderada a grave e 18,18% depressão grave.
Ao analisar os
questionários referentes à Escala de Sonolência de Epworth
e Escala de Depressão de Beck foram obtidos os dados expressados a seguir no
Gráfico 1.
Escala de Depressão de
Beck: 1 - depressão leve; 2 – depressão moderada; 3 – depressão moderada a
grave; 4 – depressão grave. Escala de Epworth: 1 –
boa noite de sono; 2- indica atenção; 3 – procurar um especialista do sono; Fonte:
Dados da Pesquisa
Gráfico 1 - Análise dos dados
obtidos nos questionários da Escala de Sonolência de Epworth
e Escala de depressão de Becker, Parnaíba, 2016.
As alterações de sono e
a depressão são dois dos diversos sintomas da fibromialgia citados pela
Sociedade Brasileira de Reumatologia [13]. Os resultados mostram que a maioria
das pacientes tem alterações de sono (63,64%), sendo em sua maioria em estados
grave, o que os elege a procurarem um especialista do sono. Embora a depressão seja
um dos principais fatores evidenciados em paralelo à fibromialgia, poucos
participantes evidenciaram um estágio mais severo (18,18%), a maioria expressou
sintomas de depressão leve (36,36%).
O Gráfico 2 contém os
resultados do Questionário de Qualidade de Vida (SF-36), no qual os dados
obtidos estão organizados evidenciando a pontuação obtida em cada domínio.
Neste questionário os escores variam de 0 a 100 em todos os domínios,
representando nenhuma limitação ou comprometimento total, respectivamente. Este
questionário avalia oito domínios, a capacidade física (CF), as limitações por
aspectos físicos (LAF), a dor e o estado geral de saúde (EGS) no componente
físico, a vitalidade, os aspectos sociais, as limitações por aspectos
emocionais (LAE) e a saúde mental (SM).
CF = Capacidade
Funcional; LAF = Limitação por Aspectos Físicos; EGS = Estágio Geral de Saúde; Vit = Vitalidade; AS = Aspectos Sociais; LAE = Limitação
por Aspectos Emocionais; SM = Saúde Mental; Fonte: Dados da pesquisa.
Gráfico 2 - Análise dos dados
obtidos no Questionário SF-36.
Os dados contidos no
Gráfico 2 mostram que há uma redução entre 40 e 70 pontos da capacidade
funcional das pacientes, embora os valores inferior e superior sejam 15 e 95,
respectivamente. As limitações por aspectos físicos estão numa faixa de 0 a 25 pontos
na maioria das pacientes, representado o domínio com piores resultados, no
entanto, uma delas não relatou nenhum comprometimento neste domínio. A dor das
pacientes afeta sua qualidade de vida em 59 a 80 pontos, com pequenas variações
nos valores máximos e mínimos. O estado geral de saúde das pacientes aponta
valores compreendidos entre 25 e 52 pontos, mas há uma paciente sem nenhum
déficit neste domínio e outra totalmente comprometida.
A vitalidade das
pacientes pontou de 25 a 50. Os aspectos sociais das pacientes se encontravam
numa faixa de 25 a 62,5 pontos. Há duas pacientes com a qualidade de vida bem
mais afetada, no entanto a maioria apresenta pouco comprometimentos e pontuação
acima de 50. Apenas uma paciente não tem limitação por aspectos emocionais. Mas
as demais estão muito comprometidas, a pontuação obtida foi 33,3 para uma
metade e 0 para a outra. Este foi o segundo pior resultado, perdendo apenas
para as limitações por aspectos físicos.
A saúde mental foi o
domínio menos prejudicado nestas pacientes, duas delas apresentam um grau de
comprometimento maior, mas os valores medianos estão compreendidos entre 36 e
72. Além disso, SM é o único domínio em que a média aritmética dos pontos é
maior que 50.
Quando analisados os
dados da eletromiografia dos pacientes com fibromialgia, encontrou-se que eles
apresentavam contração mínima quando comparados com o repouso para todos os
músculos estudados, não havendo diferença estatística, conforme Gráfico 3.
RMS = Raiz Média
Quadrada; Glúteo médio (p=0,08); Supraespinhoso
(p=0,056) e trapézio fibras superiores (p=0,230), por meio do teste t para
amostras pareadas. Fonte: Dados da pesquisa.
Gráfico 3 - Análise eletromiográfica dos músculos glúteo médio, supraespinhoso e trapézio fibras superiores de pacientes
com fibromialgia. Parnaíba, 2016.
Quando analisado o
equilíbrio, por meio da Estabilometria, pôde-se
observar uma predominância de desequilíbrio para frente e para a direita, com
área de 1,68 cm², bem como diminuição do tempo de reação ao desequilíbrio,
conforme a Tabela I.
Tabela I - Análise do
equilíbrio de pacientes com fibromialgia. Parnaíba, 2016.
Fonte: Dados da
pesquisa.
O objetivo deste estudo
foi avaliar quanto a fibromialgia interfere tanto fisicamente como mentalmente
no que diz respeito a qualidade de vida nos indivíduos acometidos, foi
constatado através dos questionários de Sonolência de Epworth,
Escala de Depressão de Beck e o SF-36 que os aspectos psicossociais
encontram-se em declínio e que em relação à contração muscular e controle do
equilíbrio os participantes por meio da eletromiografia e da estabilometria, respectivamente, demostraram um déficit
tanto na contração muscular quando no equilíbrio na posição ortostática.
Um estudo, ao avaliar
os sintomas depressivos em pacientes com fibromialgia, em um grupo de 20
mulheres, observou que 75% delas tinha depressão leve a grave (≥ 16
pontos) e nesta pesquisa apenas 45% apresentam estágios depressivos
semelhantes. Para estes autores, assim como os distúrbios de sono, a depressão
é muito frequente nestas pacientes afetando a sua funcionalidade e a qualidade
de vida [3].
Uma pesquisa realizada
com pacientes com fibromialgia identificou que 75% delas tinha alterações de sono,
as quais tinham correlação direta com a intensidade da dor [2]. A alteração do
sono é um sintoma mais frequente em pacientes com fibromialgia e elevam a
predisposição ao aparecimento de outras patologias [14]. Quantos aos resultados
apresentados no estudo presente, mais de 50% dos participantes apresentaram
grande déficit em relação ao sono, dados que corroboram o estudo anteriormente
apresentado.
Estudos
mostram que no
geral a média das pontuações no
questionário SF-36 na avaliação inicial são
baixas
[15,16]. Estudiosos encontraram valores ligeiramente menores que neste
estudo,
sendo o componente mental mais afetado que o físico. Conforme o
Gráfico 2,
verifica-se que o componente físico das pacientes está
mais afetado que o
componente mental [15].
Em relação à
eletromiografia realizada nos músculos trapézios, os mesmos
não apresentaram sinais de desnervação aguda ou
crônica e que mesmo com essa normalidade eletromiográfica
esses participantes apresentavam uma considerável dificuldade no momento de
relaxar a musculatura, evidenciado perante ondas de contração durante período
de relaxamento [17]. O que não corrobora o estudo apresentado, pois os
pacientes não apresentaram dificuldade significante em relaxar a musculatura e
sim um maior prejuízo à força de contração muscular, que apresentou diferenças
mínimas quando comparados aos momentos de repouso, não somente nos músculos
trapézio, como também no supraespinhoso e glúteo
médio.
Outro estudo que se
utilizou da eletromiografia demostrou que a musculatura dos membros inferiores
apresenta maior fadiga quando comparado a indivíduos saudáveis. Os dados foram
obtidos através do teste de senta e levanta, o mesmo
utilizado no presente trabalho, e que a musculatura apresentou sinais de fadiga
precoce [18]. Além disso o quadro álgico apresentado pela fadiga em si faz com
que porções diferentes do mesmo músculo sejam recrutados de maneira mais
alternada prejudicando a manutenção de uma certa área muscular, provocando
assim uma diminuição na força de contração da musculatura [19].
Um dos métodos mais
utilizados para avaliar o equilíbrio é a estabilometria.
O indivíduo em posição ortostática sobre a plataforma de força as oscilações
que o corpo realiza são mensuradas, as quais podem estar ligadas ao risco de
quedas [20]. Os pacientes avaliados no presente estudo apresentaram oscilações
mais predominantes para frente e para direita o que corrobora estudos cujo
déficit de equilíbrio na posição ortostática e nos subsistemas responsáveis
pelo controle postural é comum em pessoas com fibromialgia e associado a uma
notável instabilidade ântero-posterior [21].
Diante do investigado,
conclui-se que os pacientes com fibromialgia apresentam uma redução na
contração das musculaturas afetadas, bem como um desequilíbrio anterior e à
direita com grande oscilação de área na plataforma de força e alteração no
tempo de reação ao desequilíbrio quanto ao aspecto físico. Em relação ao
aspecto emocional, constatou-se que a fibromialgia afeta diretamente a rotina
dos participantes, levando-os a adquirir certa dificuldade em ter uma noite de
sono e assim somatizando com a depressão e os fatores
físicos resultando em uma má qualidade de vida. Ainda se faz necessária outros
estudos que possam aumentar o número de integrantes, como também, estudar
métodos e técnicas que poderiam prevenir tais alterações.