ARTIGO
ORIGINAL
Ventilação
pulmonar e força muscular respiratória antes e após aplicação de bandagem
funcional elástica em músculos acessórios da respiração: método kinésio taping
Pulmonary ventilation and respiratory muscular force before and after
application of elastic functional bandage in muscle breathing accessories: kinesio taping method
Viviane Aparecida Martins Mana Salício*, Bianca Landim Alves Monteiro**, Fernanda Souza do
Carmo**, Juliana Andrade Ferreira**, Maria José Lopes de Oliveira**, Viviane
Martins Santos***, Marcos Adriano Salício****
*Docente
do curso de Fisioterapia do Centro Universitário de Várzea Grande/MT (UNIVAG),
**Discente do curso de Fisioterapia do Centro Universitário de Várzea Grande/MT
(UNIVAG), ***Docente da Universidade de Cuiabá (UNIC), Fisioterapeuta da
Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso (SES/MT) e da Universidade Federal
de Mato Grosso (UFMT), ****Docente da Universidade de Cuiabá (UNIC)
Recebido em 30 de
maio de 2018; aceito em 10 de agosto de 2018.
Endereço
de correspondência:
Marcos Adriano Salício, Rua Manoel Jose de Arruda,
3.100 Jardim Europa 78065-900 Cuiabá MT, E-mail: masalicio@hotmail.com; Viviane
Aparecida Martins Mana Salício: vivimana@hotmail.com; Bianca
Landim Alves Monteiro: bianca_monteiro15@outlook.com; Fernanda Souza do Carmo:
fer_leonina@hotmail.com; Juliana Andrade Ferreira: julianabrunca@hotmail.com;
Maria José Lopes de Oliveira: mariajosedeoliveira10@hotmail.com; Viviane
Martins Santos: martinssantos.viviane@gmail.com
Resumo
Introdução: A técnica de Kinesio Taping foi desenvolvida
na década de 70 e sua utilização como recurso terapêutico tem crescido muito
nos últimos anos. Seus efeitos têm sido investigados por vários estudos, evidenciando
melhora de quadros álgicos, edemas, força muscular e estabilidade articular. Objetivo: Avaliar o efeito da Kinesio Taping sobre os volumes,
capacidades pulmonares e força muscular respiratória em indivíduos jovens
saudáveis praticantes de atividade física. Material
e métodos: Foi realizado um estudo intervencional
e analítico, amostragem por conveniência, em homens e mulheres, com idade
variando entre 18 e 30 anos, praticantes de atividade física por no mínimo um
ano. Após análise espirométrica e aplicação de um
questionário com perguntas relacionadas à prática de atividade física, os
voluntários foram avaliados através da ventilometria,
manovacuometria e peak flow em três momentos: experimental (kinesio
com 50% de tensão), placebo (kinesio sem tensão) e
controle (sem kinesio). As bandagens foram colocadas
sobre o esternocleidomastóideo e reto abdominal. Resultados: Observou-se diferença
estatisticamente significante (p = 0,005) do volume minuto e pico de fluxo
expiratório (peak flow)
entre a forma de aplicação experimental (50% tensão) e o controle (sem kinesio). Conclusão:
A aplicação da técnica de Kinesio Taping
favorece a melhora do volume minuto e pico de fluxo expiratório.
Palavras-chave: fita atlética,
músculos respiratórios, espirometria.
Abstract
Introduction: The technique of Kinesio Taping was
developed in the 70's and its use as a therapeutic resource has grown greatly
in recent years. Its effects have been investigated by several studies,
evidencing improvement of pain, edema, muscle strength and joint stability. Objective: To evaluate the effect of Kinesio Taping on the volumes,
lung capacities and respiratory muscle strength in healthy young individuals
practicing physical activity. Methods:
An interventional and analytical study, sampling for convenience, in men and
women, with ages ranging from 18 to 30 years, practicing physical activity for
at least one year. After spirometric analysis and
questionnaire application with questions related to the practice of physical
activity, the volunteers were evaluated through ventilation, manovacuometry and peak flow in three moments: experimental
(kinesio with 50% of tension), placebo (kinesio without tension) and control (without kinesio). The bandages were placed on the
sternocleidomastoid and rectus abdominis. Results: A statistically significant
difference (p = 0.005) in minute volume and peak flow between the experimental
application form (50% tension) and control (without kinesio)
was observed. Conclusion: The
application of the Kinesio Taping technique favors
the improvement of minute volume and peak expiratory flow.
Key-words: athletic
tape, respiratory muscles, spirometry.
A kinesio
taping (KT) é um método que surgiu na década de 70
elaborada por Kenzo Kase [1,2] e diferentemente de
outras modalidades de bandagens não elásticas, a técnica utiliza-se de fitas
elásticas (kinesio tape) de material de algodão que
permite esticar até 140% do seu comprimento, favorecendo a tensão no tecido
epitelial e manutenção da força de cisalhamento constante no local. O constante
mecanismo de estimulação elástica na pele tem como proposta a função de
transmitir informações para os tecidos mais profundos através dos mecanorreceptores encontrados na epiderme e na derme [3].
A Kinesio
Tex Tape, bandagem original do método, é dotada de um
adesivo hipoalergênico à prova d'água, 100% algodão,
100% acrílico termo ativo, sensível ao calor, não contendo qualquer substância
medicamentosa na sua constituição. Sua cola está dispersa na bandagem em forma
de impressão digital com objetivo de estimular os diversos sentidos da
elasticidade da pele. A aplicação das bandagens consiste de ancoragem em
regiões anatômicas específicas (pontos fixos) e região terapêutica (com
tensão), localizada sobre o ventre muscular, favorecendo assim a tensão apenas
sobre determinada região muscular [3].
A técnica tem como
proposta o desenvolvimento de ações que promovem o fortalecimento muscular e
estabilidade articular, melhora da circulação
sanguínea e linfática, redução da dor e alívio do espasmo muscular [4,5].
Devido à grande
difusão da técnica, várias pesquisas têm sido realizadas com atletas,
indivíduos saudáveis e com lesões no intuito de verificar a influência da kinesio taping na força muscular,
torque, dor, estabilidade articular e desempenho físico [5-7]. Nessa vertente,
estudos prévios demonstraram que a KT é capaz de estimular a musculatura esquelética, através receptores somatossensoriais,
produzindo aumento significante do pico de torque muscular [8,9].
É sabido que durante
a prática de exercício físico ocorre um aumento da ventilação pulmonar, como
resultado da ativação dos músculos respiratórios por fatores químicos. A
alteração da função muscular respiratória tem sido demonstrada ser limitadora
do desempenho físico sendo responsável por reduzir o consumo de oxigênio
durante exercício em indivíduos saudáveis [10-12].
Desta forma, este
trabalho teve como objetivo avaliar se a técnica de KT promove melhora dos
volumes, capacidades pulmonares e força muscular respiratória em indivíduos
jovens saudáveis praticantes de atividade física.
Foi realizado um
estudo intervencional e analítico, com amostragem de
conveniência. Participaram 19 indivíduos, jovens, de ambos os sexos,
praticantes de atividades físicas (futebol, academia, dança,
lutas). As avaliações e coletas de dados foram realizadas na Clínica Escola de
Fisioterapia do Centro Universitário de Várzea Grande (UNIVAG), entre os meses
de maio a julho de 2017.
Todos os voluntários
foram previamente informados sobre o objetivo do estudo pelos pesquisadores e,
após concordarem em participar, assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa do Centro Universitário de Várzea Grande (UNIVAG), sob o protocolo
número 1.852.787.
Como critério de
elegibilidade, foram incluídos no estudo homens e mulheres na faixa etária de
18 a 30 anos, praticantes de atividade física por no mínimo um ano, saudáveis e
com avaliação espirométrica normal. Os voluntários
que apresentassem doença crônica, doenças pulmonares pré-existentes, doenças
autoimunes e em utilização de corticoides, tabagistas e ex-tabagistas,
estivessem grávidas ou apresentassem alterações cognitivas eram excluídos.
Procedimentos
Inicialmente foi
realizado o exame de espirometria para verificar a integridade do sistema
respiratório, utilizando espirômetro One Flow, da Clement
Clark (Edimburgo, Reino Unido). O Consenso de Espirometria para populações
brasileiras da Sociedade Brasileira de Pneumologia foi utilizado como
referência para as comparações dos volumes e capacidades pulmonares [13,14].
Após espirometria, os voluntários responderam a um questionário com perguntas
relacionadas a informações pessoais, tipo de treinamento, tempo de treino e
hábitos de vida.
Em seguida os
voluntários realizaram ventilometria, manovacuometria e mensuração do pico de fluxo expiratório (peak flow), sendo feito uma aleatorização para a ordem de realização dos testes. Cada
voluntário foi submetido a duas formas de aplicação da kinesio
taping e uma avaliação sem a KT, em semanas
diferentes, de acordo com a ordem dos sorteios, três momentos de avaliação
aleatória, sendo categorizadas como: controle (sem nenhuma técnica aplicada),
placebo (com aplicação da kinesio taping
fixada sem tensão) e o experimental (com aplicação da KT com tensão de 50%).
Os músculos
utilizados para colocação das bandagens foram o esternocleidomastóideo
(bilateral) para inspiração e o músculo reto abdominal (bilateral) para
expiração.
Confecção
das bandagens elásticas
Para a confecção da
bandagem a ser aplicada sobre o esternocleidomastoideo,
o indivíduo foi posicionado sentado com a cabeça inclinada contralateral ao
músculo aplicado. Após o posicionamento, o comprimento da bandagem foi
determinado pela distância entre o processo mastoideo e 2
cm inferior ao manúbrio esternal e a mesma foi
cortada em "Y" (5 cm base e 2,5 cm nas caudas). Para aplicação, a
ancoragem consistiu de 3 cm sobre a região mastoide,
com indivíduo sentado e cabeça em posição neutra. Após ancoragem, foi solicitada
ao indivíduo uma inclinação contralateral e rotação da cabeça homolateral para
aplicação da técnica com 50% de tensão na região do ventre anterior e do ventre
posterior do músculo até ultrapassar o terço medial da clavícula. A técnica foi
repetida para aplicação contralateral [3].
O comprimento da
bandagem do músculo reto abdominal foi determinado pela distância entre a
projeção da sínfise púbica e o processo xifoide. Foi mantido o corte em “I” com
largura de 5 cm. Para colocação da mesma, foi solicitado
ao voluntário que ficasse em decúbito dorsal com os membros inferiores em
extensão, sendo então aplicada a ancora de 4 cm sobre
o ramo púbico. Em seguida, foi solicitado ao voluntário fazer uma insuflação
abdominal e foi aplicada a tensão de 50% na bandagem, em direção às últimas
costelas, próximo ao apêndice xifoide, para ancoragem final. Assim como na
musculatura esternocleidomastoide, a bandagem foi
aplicada em ambos os músculos reto abdominal [3].
Antes
de aplicar a
técnica, foi realizada a tricotomia, se necessária, e a
limpeza do local. A
técnica de aplicação foi determinada de acordo com
o sentido da ação muscular.
Para garantir que todas as bandagens mantivessem a mesma tensão,
foi utilizada
antes da aplicação, uma medição com fita
métrica para verificação e
confirmação
do tamanho da bandagem de kinesio sem a tensão e após
a tensão máxima. A determinação da tensão pela distância em centímetros foi
reproduzida para todos os indivíduos.
Mensuração
dos volumes pulmonares
Antes e após a
aplicação de cada técnica, todos os participantes realizaram os testes
funcionais respiratórios de ventilometria e manovacuometria. Para avaliar os volumes e capacidades
pulmonares foi utilizado o ventilômetro Wright
portátil (Ferraris Respiratory,
Europe, Reino Unido) com obtenção das medidas de
volume corrente (VC), volume minuto (VM), capacidade vital (CV), capacidade
inspiratória (CI), ventilação voluntária máxima (VVM) e frequência respiratória
(FR). Para as manobras, os indivíduos foram orientados a permanecerem sentados
fazendo uso do clipe nasal. Foi solicitado a realização de
respiração oral, calma e tranquila pelo período de 1 minuto para
acostumar com o aparelho e evitar hiperventilação.
Após o período de descanso, foram obtidos o VM e a FR
com o indivíduo respirando normalmente, mantendo incursões inspiratórias e
expiratórias sem esforço por um minuto [15]. Para obtenção da CV os indivíduos
foram orientados a fazer uma inspiração ao nível da capacidade pulmonar total
(CPT), seguida de uma expiração forçada até o volume residual (VR). Para
obtenção da CI, foi solicitado ao indivíduo realizar uma expiração espontânea
seguida de uma inspiração profunda até a CPT. O VC foi obtido por estimativa,
através do cálculo da relação entre do VM e a FR a partir da fórmula: VM = FR x
VC [16].
Mensuração
da força muscular respiratória
A manovacuometria
foi realizada para avaliar a força dos músculos respiratórios mensurando as
pressões inspiratórias máximas (PImáx)
e expiratórias máximas (PEmáx), utilizando o manovacuômetro M120 analógico Comercial Médica, graduado em
cmH2O com intervalo operacional de ±120 cmH2O, Marca Murenas
– registrado na ANVISA. A pressão inspiratória máxima (PImáx) foi aferida solicitando ao indivíduo para
expirar ao nível do VR, seguido de uma inspiração ao nível da CPT. A pressão
expiratória máxima (PEmáx)
foi obtida com o indivíduo realizando uma inspiração ao nível da CPT para em
seguida expirar todo o ar ao nível do VR. Como critério de descanso, foi dado
um minuto de intervalo entre as medidas, para evitar fadiga. O maior valor
entre 3 manobras reprodutíveis foi selecionado para
análise [17].
Para verificar o
fluxo de ar das vias aéreas foi utilizado o aparelho Peak
Flow Philips Respironics
medidor de pico de fluxo respiratório alto (peak expiratory flow) que avalia o
débito expiratório máximo instantâneo ou pico de fluxo expiratório, que é o
débito máximo de expiração de uma pessoa. Foi solicitado ao indivíduo que
realizasse uma inspiração ao nível da CI no bocal do aparelho, seguida de uma
expiração forçada ao nível da CVF.
Análise
estatística
Após a coleta dos
dados, os mesmos foram tabulados em planilha Excel 2008 para posterior análise
das variáveis em software estatístico BioEstat
versão 5.3. Para verificação da normalidade dos dados, foi aplicado o teste de
Shapiro Wilk. A análise univariada
abordou variáveis qualitativas e quantitativas e teve como foco a medida de
frequência. Para verificação da diferença entre os grupos foi utilizada análise
da diferença entre os postos de Friedman e o teste de comparação múltipla para
determinar a diferença dos grupos. Os dados estão apresentados em mediana,
mínimo e máximo e demonstrados em Tabelas. Foi considerado para significância
estatística valores de p menores que 5% (p<0,05).
Fizeram parte do
estudo jovens ativos, com média de idade de 24,05 ± 4,8 anos, 68% eram homens (n=13), peso médio de 74 ± 13,6 kg e altura média de 1,69 ±
0,09 m, como demonstrado na Tabela I.
Tabela
I - Descrição das características pessoais de
jovens ativos. Várzea Grande/MT, 2017.
DP = Desvio Padrão;
IMC = Índice de Massa Corporal. Fonte: Dados da pesquisa
Quanto a PImáx, PEmáx,
VVM, CI e FR não foi encontrada diferença estatisticamente significante
entre as formas de aplicação da kinesio taping (experimental, placebo e controle). Embora tenha
sido verificado aumento da PEmáx
no grupo experimental, esse aumento não foi significante.
Observou-se diferença
estatisticamente significante (p=0,005) do volume minuto (VM) entre a forma de
aplicação experimental (50% tensão) e o controle (sem kinesio).
Em relação ao experimental e o placebo (sem tensão) não houve diferença do VM.
Para o peak flow foi
observada diferença significante entre a forma de aplicação experimental (50%
tensão) e controle (sem kinesio), com valor de p=0,01
(tabela II).
Tabela
II -
Distribuição da força muscular
respiratória, volumes e capacidades pulmonares, expressos em média ± desvio
padrão, em indivíduos jovens praticantes de exercício físico segundo formas de
aplicação da Kinesio Taping.
Várzea Grande/MT, 2017.
PImáx = pressão
inspiratória máxima; PEmáx = pressão expiratória
máxima; VVM = ventilação voluntária máxima; CI = capacidade inspiratória; RPM =
respirações por minuto; PF = peakflow; VM = volume
minuto. Letras maiúsculas significam respostas iguais (p>0,05); letras
minúsculas representam respostas diferentes (p<0,05).
A bandagem elástica
nos últimos 20 anos tem sido usada como recurso de tratamento fisioterapêutico.
Existem vários estudos relacionados ao uso da bandagem em disfunções
musculoesqueléticas decorrentes de alterações traumato-ortopédicas,
incluindo melhora da estabilidade de joelho e diminuição da dor durante
atividade física [18]. Todavia, são escassos os estudos relacionados ao uso das bandagens como técnica na área de fisioterapia
respiratória, apontando a necessidade de pesquisas nesta área [19].
A KT é uma técnica
que tem crescido com a proposta de modificar e ativar o sistema proprioceptivo.
Acredita-se que a bandagem envia estímulos sensoriais, por meio de mecanorreceptores encontrados na derme e epiderme,
promovendo uma resposta satisfatória para o local [20]. Essas alterações na
musculatura estriada esquelética periférica foram evidenciadas por um estudo
que avaliou o comportamento da musculatura do antebraço de mulheres saudáveis
após a aplicação da KT e verificou-se que houve aumento da força de preensão
palmar, mantida após 48h de intervenção [21].
Desta forma, no
presente trabalho verificou-se somente o contato da KT com a pele (kinesio sem tensão) e/ou aplicação correta da técnica
(tensão de 50%) seria capaz de alterar a ventilação pulmonar e força muscular
respiratória. Os resultados encontrados no presente estudo evidenciaram que
somente a aplicação correta da bandagem sobre os músculos acessórios da
respiração promove aumento do pico de fluxo expiratório (peak
flow) e volume minuto (VM) em indivíduos jovens
saudáveis.
Um estudo prévio
também avaliou a resposta do peak flow
com a aplicação da KT verificou que houve uma melhora deste [22]. Estes
resultados são semelhantes aos encontrados nesta pesquisa, na qual se verificou
aumento do valor de peak flow
após a aplicação da KT com tensão de 50%.
O estudo de Groppo et al. [23]
avaliou os efeitos da aplicação da KT durante 3 semanas em atletas de futebol
sobre o comportamento da PImáx e PEmáx.
Verificou-se que o grupo que foi submetido ao treino com a intervenção da KT
apresentou um aumento de 29,15% da PImáx
em comparação com o início do protocolo. Esses achados diferem dos resultados
do presente estudo, o qual não observou diferença na PImáx com a aplicação da KT sobre os músculos
acessórios da respiração. Talvez a falta de semelhança entre os resultados
possa ser explicada pelo tempo de aplicação, pois no presente estudo a
intervenção foi pontual.
Corroborando os
achados da presente pesquisa, o estudo realizado por Daitx[24],
2015, após a aplicação da KT, também
não evidenciou alterações significativas
da força muscular respiratória, PEmáx
e da PImáx, no grupo intervenção comparado ao
controle. A KT foi aplicada sobre o diafragma e os músculos acessórios da
respiração (esternocleidomastóideo, oblíquos externos
e internos) e verificou-se que a KT não foi capaz de promover melhora da força
muscular nos grupos musculares avaliados.
Alguns estudos
demonstraram que a aplicação pontual da bandagem elástica não evidenciou
aumento do tônus e força muscular [25,26] ou alterações da mobilidade e flexibilidade
da coluna lombar [27] em indivíduos saudáveis. Talvez todos os achados destas
vertentes possam ser explicados pela aplicação pontual da bandagem elástica,
contrapondo aos resultados decorrentes de aplicações prolongadas das bandagens
elásticas que demonstraram redução da dor, fadiga muscular e incapacidade [28].
Uma meta-análise
publicada em 2015 que avaliou 19 estudos com o intuito de verificar a eficácia
da KT na facilitação do aumento da força muscular em adultos saudáveis,
concluiu que a aplicação da KT não melhora a força muscular, independente do
grupo muscular em que foi aplicado [5].
O comportamento da
força muscular e volumes pulmonares pode ser diferente
conforme a técnica de aplicação, o tempo de exposição da musculatura à tensão
produzida pela bandagem elástica e às condições dos indivíduos. Em indivíduos
saudáveis, no presente estudo, a aplicação da técnica de KT foi capaz de
aumentar o VM. Entretanto, estudo prévio do mesmo grupo de pesquisadores não
encontrou diferenças entre os momentos basais e após aplicação na análise dos
volumes e capacidades pulmonares, em especial o VM, CV e volume de reserva
expiratório, com uso da KT em pacientes com lesões medulares baixas [29].
A KT não deve ser um
substituto da fisioterapia tradicional ou do exercício físico. Todavia a mesma
mostra-se bastante eficaz quando usada como terapia coadjuvante, melhorando a
amplitude de movimento, a resistência muscular e o controle motor [30]. Há
ainda muita controvérsia na literatura quanto aos reais benefícios do uso da
técnica de kinesio taping
nos músculos acessórios da respiração. Mais estudos são necessários tanto com
aumento da amostra, diversidade de indivíduos quanto aduração
da aplicação da técnica para verificar as
possíveis alterações do
comportamento muscular.
A aplicação da
técnica de KT favorece a melhora do volume minuto e pico de fluxo expiratório
em indivíduos saudáveis, melhorando a ventilação pulmonar. Novas pesquisas
sobre os benefícios do uso desta técnica em indivíduos jovens praticantes de
atividade física são necessárias, assim como o aumento do número de
participantes.