ARTIGO
ORIGINAL
Análise
da qualidade de vida após drenagem linfática manual em indivíduos com sinusite
Analysis of the quality of life after manual lymphatic drainage in
individuals with sinusitis
Priscila Almeida
Magalhães*, Gisélia GonçalvesCastro , M.Sc.**, Nilce Maria de Freitas
Santos, M.Sc.***, Kelly Christina de Faria****
*Discente
do curso de fisioterapia do Centro Universitário do Cerrado Patrocínio
(UNICERP), **Doutoranda em Promoção à Saúde pela Universidade de Franca,
Docente Centro Universitário do Cerrado Patrocínio (UNICERP), ***Universidade
Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), ****Doutoranda em Engenharia Biomédica
pela UFU, Docente Centro Universitário de Patos de Minas (UNIPAM)
Recebido em 14 de
junho de 2018; aceito em 23 de novembro de 2018.
Endereço
de correspondência:
Nilce Maria de Freitas Santos, Av. Bahia, 642, 38295-000 Limeira do Oeste MG,
E-mail: nilcemfsantos@hotmail.com; Priscila Almeida Magalhães:
fisioclin_limeiradooeste@hotmail.com; Gisélia Gonçalves Castro: giseliagcastro@gmail.com; Kelly Christina de Faria: kellynhafisiofaria@gmail.com
Resumo
Introdução: Sinusite é uma
doença de base inflamatória ou infecciosa que acomete os seios nasais,
aumentando o volume da mucosa e obstruindo a sua comunicação com as fossas
nasais. A aplicabilidade da drenagem linfática facial visa eliminar o edema e
aliviar sintomas dolorosos. Objetivos:
Analisar a qualidade de vida (QV) e a dor antes e após a drenagem linfática
facial em indivíduos com sinusite. Métodos: Ensaio clínico randomizado, quantitativo
e intervencionista realizado com 22 indivíduos com sinusite. Foram realizadas
dez sessões da técnica, método Leduc. Utilizaram-se
os instrumentos WHOQOL-BREF e a Escala Visual Analógica para avaliação da QV e
do nível de dor, respectivamente, antes e após as sessões. Os dados obtidos
foram analisados no programa SPSS 18.0. Resultados:
A idade média foi de 28,14 ± 10,283 anos, 68,2% eram mulheres e 31,8% homens. O
escore de QV geral foi de QV 57,44 antes, e 64,53 após. Na comparação dos
escores de QV antes e após verificou-se diferença estatisticamente significante
entre os domínios físico (p=0,000); psicológico (p=0,000) e meio ambiente
(p=0,000). Quanto ao nível de dor também houve uma melhora estatisticamente
significante (p=0,000). Conclusão:
Através dos resultados pode-se concluir que a intervenção fisioterapêutica foi
efetiva no tratamento da sinusite.
Palavras-chave: sinusite, drenagem
linfática, qualidade de vida.
Abstract
Introduction: Sinusitis is an inflammatory or infectious disease that affects the
sinuses, increasing the volume of the mucosa and obstructing its communication
with the nasal passages. The applicability of facial lymph drainage aims to
eliminate edema and relieve painful symptoms. Objectives: To analyze quality of life (QOL) and pain before and
after facial lymph drainage in individuals with sinusitis. Methods: Randomized,
quantitative and interventional clinical trial with 22 individuals with
sinusitis. Ten sessions of the technique were performed, Leduc method. The
WHOQOL-BREF instruments and the Visual Analogue Scale were used to assess QOL
and pain level, respectively, before and after the sessions. The data obtained
were analyzed in the SPSS 18.0 program. Results:
The mean age was 28.14 ± 10.283 years, 68.2% were women and 31.8% were men. The
overall QOL score was 57.44 before, and 64.53 after. In the comparison of the
QOL scores before and after, there was a statistically significant difference
between the physical (p = 0.000); psychological (p=0.000) and environment (p=0.000)
domains. As for the pain level, there was also a statistically significant
improvement (p=0.000). Conclusion:
Through the results it can be concluded that the physiotherapeutic intervention
was effective in the treatment of sinusitis.
Key-words: sinusitis,
drainage, quality of life.
Pode-se definir
sinusite como uma doença com base inflamatória ou infecciosa que acomete os
seios nasais, e, por sua vez, deve comunicar-se com as fossas nasais sem
impedimentos. A patologia pode ser adquirida após infecção viral, inflamação de
origem alérgica ou por poluentes. Nestes casos, a mucosa da região nasal
aumenta de volume e obstrui a comunicação destas cavidades com as fossas
nasais. Essa obstrução acarreta o início da colonização por germes e fungos que
estão presentes na região, mas não encontram condições favoráveis ao seu
crescimento [1,2].
Durante o tempo que a
patologia acomete o indivíduo, ele se queixa de cefaleia, ou dor espontânea na
maçã do rosto, na raiz do nariz ou na arcada superciliar acompanhada de
secreção amarelada ou esverdeada [3].
Os fisioterapeutas
fazem parte do conjunto responsável pela assistência à saúde de seres humanos,
possuindo especificidade de conhecimentos e prática e reconhecimento por
contribuírem para o bem-estar individual e coletivo. A fisioterapia é uma
profissão de bases científicas, com participação essencial no sistema de saúde,
podendo desenvolver suas atividades em diversas áreas [4].
O campo de atuação da
fisioterapia é bem amplo, abrangendo áreas como ortopedia, cardiologia,
respiratória, pediatria, entre outras. Recentemente a especialidade
fisioterapia dermatofuncional, denominada
anteriormente por fisioterapia estética, vem em uma tentativa de ampliar a
área, conferindo-lhe a conotação de restauração de função, além da
anteriormente sugerida, que era apenas de melhorar ou restaurar a aparência
[5].
Ainda segundo este
autor, essa área é referida como responsável pela manutenção da integridade do
sistema tegumentar como um todo, incluindo as alterações superficiais da pele.
Para APTA (Associação Americana de Fisioterapia) a responsabilidade do
fisioterapeuta está não somente em manter e promover a ótima função física, mas
também o bem-estar e a qualidade de vida [5].
Entre os vários
recursos da fisioterapia dermatofuncional, um dos
mais conhecidos e difundidos é a drenagem linfática. Esta técnica trabalha
diretamente sob o sistema linfático, estimulando-o a trabalhar de forma rápida,
movimentando a linfa até os gânglios linfáticos. A linfa é o líquido existente
nos vasos dos gânglios linfáticos, a qual é caracterizada por sua viscosidade,
ausência de cor, por conter substâncias orgânicas e inorgânicas, resíduos e
toxinas [6].
A drenagem linfática
facial foi descoberta pelo casal dinamarquês Estrid e
Emil Vodder, entre 1932 e 1936. O fisioterapeuta Dr. Vodder começou experimentalmente a tratar pacientes
acometidos de gripes e sinusites, manipulando seus gânglios linfáticos do
pescoço através de movimentos suaves e rotativos [7].
A aplicabilidade da
drenagem linfática facial na sinusite visa eliminar o edema e aliviar sintomas
dolorosos. Contudo, a técnica também é usada para melhorar a circulação da
região, o que ajuda a remover toxinas presentes nos tecidos [6], além de contribuir
diretamente na drenagem fisiológica facial e no descongestionamento nasal [3].
Levando em
consideração a aplicabilidade da drenagem linfática facial no tratamento da
sinusite, o presente estudo tem como objetivos: analisar a eficácia da drenagem
linfática manual na qualidade de vida e no nível de dor em pacientes com tal
doença e comparar o nível de dor e a qualidade de vida antes e após a técnica.
Trata-se de um ensaio
clínico randomizado, de caráter quantitativo e exploratório. A pesquisa foi
realizada na cidade de Patrocínio/MG.
A amostra foi
composta por 22 pessoas com diagnóstico e sintomatologia frequente de sinusite,
tendo como critérios de inclusão homens e/ou mulheres acima de 18 anos e
residentes na cidade de Patrocínio/MG. Os critérios para exclusão foram
indivíduos menores de 18 anos; presença de sinusite associada a outras doenças
respiratórias, sintomatologia de cefaleia com causa desconhecida e sinusite com
estado febril. A amostra foi selecionada por ‘’snowball’’.
A coleta de dados foi
realizada no domicílio de cada indivíduo, em um local individualizado. O
primeiro instrumento constava de um questionário contendo dados sociodemográficos e hábitos de vida
construído pelos próprios pesquisadores e aplicado em forma de
entrevista, assim podendo esclarecer as possíveis dúvidas.
Paralelamente, foi
aplicada a Escala Visual Analógica para avaliar o nível de dor antes e após a
drenagem. A escala visual analógica de dor (EVA) é utilizada e validada como um
método de mensuração (quantitativa) da dor, uma vez que pode detectar pequenas
diferenças na intensidade da dor quando comparada com outras escalas.
Adicionalmente, consiste em método de fácil utilização pelo examinador. Segundo
Ludington e Dexter, a escala visual analógica
consiste em uma linha horizontal ou vertical, de dez centímetros, numerados com
o ponto inicial zero e final dez, na qual o zero representa ausência de dor e a
marca dez uma dor incapacitante [8]. Depois de apresentada a escala, o paciente
marca na linha o local que ele considera representar a intensidade da sua dor;
posteriormente o fisioterapeuta utiliza uma régua para numerar a marca
realizada pelo paciente, obtendo-se assim uma resposta numérica para dor (Figura
1) [9].
Figura
1 - Escala Visual Analógica (Fonte:
www.google.com/images)
Para avaliação da
qualidade de vida foi aplicado o instrumento WHOQOL-BREF. Este instrumento é
uma versão abreviada do WHOQOL-BREF-100, composto por 26 questões, no qual as
duas primeiras são genéricas. Esta versão abreviada é composta por quatro
domínios: físico (dor e desconforto; energia e fadiga; sono e repouso;
atividades da vida cotidiana; dependência de medicação ou tratamentos e
capacidade de trabalho); psicológico (sentimentos positivos; pensar, aprender,
memória e concentração; autoestima; imagem corporal e aparência; sentimentos
negativos; espiritualidade, religiosidade e crenças pessoais); relações sociais
(relações pessoais; suporte social e atividade sexual); meio ambiente (segurança
física e proteção; ambiente no lar, recursos financeiros; cuidados de saúde e
sociais: disponibilidade e qualidade; oportunidade de adquirir novas
informações e habilidades; participação e oportunidade de recreação/lazer;
ambiente físico: poluição, ruído, trânsito, clima; transporte) [10].
As questões do
questionário relacionadas à qualidade de vida e da EVA foram respondidas tendo
como base as últimas duas semanas.
A drenagem linfática
manual foi feita baseada pelas técnicas de Leduc e de
Vodder. Ambas são baseadas nos trajetos dos coletores
linfáticos e linfonodos. As sessões foram realizadas de 3 a 4 vezes por semana,
com duração de 40 minutos cada, totalizando 10 sessões.
As manobras da
drenagem linfática de Leduc baseiam-se em três
manobras clássicas. A manobra de captação que é realizada sobre os segmentos
edemaciados, visando aumentar a captação da linfa pelos linfocapilares;
a de reabsorção que se dá nos pré-coletores
linfáticos, os quais transportarão a linfa capitada pelos linfocapilares;
e a manobra de evacuação que ocorre nos linfonodos que recebem a confluência
dos coletores linfáticos [6]. Já as manobras da técnica de Vodder
se diferenciam por quatro tipos de movimentos: círculos fixos, movimentos de
bombeamento, movimentos do “doador” e movimento giratório ou de rotação. [11]
A Figura 2 mostra o
sentido da drenagem linfática fisiológica utilizada na aplicação da técnica.
Figura
2- Sentido da drenagem linfática fisiológica
[12].
Para a análise dos
dados foi construída uma planilha eletrônica, através do programa Excel®. Em
seguida, os dados foram transportados para o programa estatístico Statiscal Package for
Social Sciences (SPSS) versão 18.0 para análise
estatística. Foi realizada análise descritiva por meio de medidas de tendência
central (média) e de variabilidade (desvio padrão) para as variáveis numéricas
e distribuição de frequência para as nominais.
Para a comparação das
médias dos escores do WHOQOL-BREF e a EVA foi utilizado o teste t Student pareado, considerando o p<0,05.
O instrumento de
qualidade de vida WHOQOL-BREF foi consolidado em sua respectiva sintaxe, os
maiores escores corresponderam a melhor qualidade de vida, sendo a variação na
escala de 0-100.
Este estudo foi
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do COEP/UNICERP sob o protocolo nº
20161450FIS023/2016.
Levando em
consideração os dados sociodemográficos, 68,2% eram
do sexo feminino e 38,2% do sexo masculino, numa faixa etária de idade média
28,14 ± 10,283 anos. Consoante à escolaridade, a maioria (68,2%) possuía 2º
grau. Em relação à renda notou-se que 36,4% da amostra tinha renda de até 1 salário mínimo e 18,2% não tinha renda (Tabela I).
Tabela
I - Distribuição de frequência das variáveis sociodemográficas da amostra.
Na investigação
quanto aos hábitos de vida foi observado no presente estudo em relação ao
tabagismo que apenas 31,8% dos participantes fumavam.
O escore geral de
qualidade de vida dos pacientes antes da intervenção foi de 57,44.
Ao avaliar os
domínios específicos do instrumento WHOQOL-BREF antes da intervenção, foram
encontrados os menores escores nos domínios meio ambiente (52,28) seguido do
físico (53,25) (Tabela II).
Na comparação dos
escores de qualidade de vida antes e após a técnica de drenagem linfática houve
diferença estatisticamente significante entre os domínios, exceto no domínio
relações sociais (p=0,214) (Tabela II).
Ao avaliar os
domínios específicos do instrumento WHOQOL-BREF depois da intervenção, foram
encontrados os maiores escores nos domínios físico (68,34) seguido do
psicológico (66,28) (p=0,000) (Tabela II).
Os pacientes
entrevistados admitiram sofrer de alguma dor nas últimas quatro semanas. Ao
comparar o nível de dor aplicado pela escala analógica de dor EVA antes (7,45)
e após (5,09) a técnica de drenagem, foi observada uma melhora estaticamente
significante (p=0,000) (Tabela II).
Tabela
II -
Qualidade de vida no WHOQOL–BREF e EVA
antes e após a intervenção.
Em relação à
incidência de sinusite ser maior entre as mulheres, o mesmo foi encontrado em
outros estudos [3,13].
Levando em
consideração a faixa etária e a escolaridade, revisão bibliográfica verificou
dados semelhantes ao presente estudo no qual os pacientes diagnosticados com
sinusite eram tipicamente adolescentes ou adultos jovens, do sexo feminino e
com 2º grau completo [14].
A baixa renda
encontrada no presente estudo é um fato preocupante para a equipe de saúde,
pois se trata de uma doença que exige gastos e
prioridades, o que pode impactar ainda mais a situação financeira das pessoas
acometidas.
A sinusite é uma
condição crônica que exerce um impacto socioeconômico importante sobre os
pacientes, suas famílias, os sistemas de saúde e a sociedade como um todo. Esse
impacto é composto por custos diretos, gerados pelo uso do sistema de saúde, e
por custos indiretos, associados à perda da produtividade econômica. Assim,
pessoas com sinusite necessitam lidar com a carga, tanto imediata como em longo
prazo que, habitualmente, acabam por afetar suas atividades diárias [15].
Também nota-se que a
sinusite vem comumente associada a outras doenças respiratórias, e o custo
decorrente dessas comorbidades aumenta, ainda mais, o
impacto socioeconômico da doença [15].
Concernente ao hábito
de fumar, encontrado em uma parte dos participantes do presente estudo, revisão
bibliográfica observou que existe um aumento na incidência de sinusite em
pacientes fumantes. O estudo afirma que quando a mucosa e os cílios são
danificados surge a oportunidade para cronificação do processo. A obliteração do óstio induz o desenvolvimento de pressão negativa intrasinusal, devido à reabsorção de ar na cavidade
sinusal. Assim, a obstrução deflagra o desenvolvimento de um ciclo
vicioso de disfunção ciliar, retenção de secreções, obstrução da
drenagem linfática, edema e hiperplasia da mucosa, que gera a doença crônica
[16].
Porém esta mesma
revisão verificou que um estudo na Coréia sobre aumento na incidência de
sinusite em pacientes fumantes não confirmou que há prevalência na sinusite em
relação ao tabaco. O tema permanece, portanto, controverso [16].
As Diretrizes
Brasileiras de Rinossinusite afirmam que a sinusite
tem pior impacto na qualidade de vida comparado à artrite reumatoide, diabetes,
sendo também o pior impacto na dor corporal e limitação social [16], o que
justifica o baixo escore encontrado na qualidade de vida geral dos
participantes antes da intervenção.
Estudo afirma que
embora, muitas vezes, seja vista como uma doença trivial e passageira ou,
ainda, como uma doença de menor gravidade quando comparada à asma, a sinusite é
capaz de alterar de forma marcante a qualidade de vida dos pacientes, assim
como seu desempenho, aprendizado e produtividade [15].
Estudo sobre
avaliação da qualidade de vida em indivíduos com sinusite verificou que em
pacientes com sinusite a doença tem um grande impacto na função diária do
doente; 98% dos pacientes acreditam que a doença lhes causa alguma restrição
física, 78% admitem sofrer de alguma dor nas últimas quatro semanas antes da
consulta médica. Além disto, a dor nos seios da face reduz a eficiência intelectual,
produtividade no trabalho e consequentemente a QV [13].
De acordo com Solé e Nunes [15], pacientes com sinusite frequentemente
têm sua qualidade de vida prejudicada não somente devido aos sintomas típicos
da doença como espirros, prurido, obstrução e coriza, mas também devido à
atuação dos mediadores que participam de sua fisiopatologia que podem
interromper o sono e conseguintemente seu domínio físico.
Distúrbios do sono
relacionados à incapacidade de respirar bem durante a noite são de fato comuns
em pacientes com sinusite. O prejuízo do sono exerce um impacto importante na
vida social, nas habilidades profissionais e no aprendizado dos pacientes. As
evidências indicam que a interrupção e a privação do sono, ainda que parciais,
ocasionam um aumento da sonolência diurna e prejudicam
o desempenho cognitivo, ocasionando fadiga, irritabilidade e déficit de
memória, aspectos estes avaliados no domínio físico de qualidade de vida [15].
Sendo assim a
intervenção acertada da fisioterapia pode contribuir para a melhora da
qualidade de vida no domínio físico o que foi comprovado no presente estudo.
Em relação ao domínio
meio ambiente, Haetinger, Sih
e Ejzenberg [17] justificaram baixos escores devido à
progressiva urbanização da população com piora da qualidade do ar inalado intra e extradomiciliar o que pode explicar o menor escore
neste domínio no presente estudo.
De acordo com Eudiane et al. [18], a
exposição em níveis crescentes de umidade e as variações sazonais também são
relatadas na literatura, com aumento da incidência de sinusite durante os meses
de inverno. Exposição à poluição do ar, utilizados na produção de produtos
farmacêuticos, fotocopiadoras e fumaça de incêndios florestais foi associada ao
aumento na prevalência de sintomas da sinusite.
A presença de quadro
depressivo também foi demonstrada nos pacientes com sinusite, pela presença de
dor e impacto negativo no domínio psicológico nas diretrizes brasileiras de Rinossinusite corroborando com o presente estudo em que
houve um impacto no domínio psicológico (61,74) [16]. Também no estudo de Eudiane et al. [18] tem-se
que a saúde mental prejudicada, ansiedade e depressão costumam estar associadas
ao aumento de susceptibilidade à sinusite. Entretanto, os mecanismos envolvidos
ainda não estão claros.
Estudo conduzido na
Bahia sobre avaliação de qualidade de vida em indivíduos com sinusite verificou
que a sinusite afeta negativamente as relações sociais, reduz a atividade dos
pacientes e causa distúrbios no sono [13].
De maneira geral, os
pacientes sentem-se incomodados pelos sintomas propriamente ditos,
particularmente pela obstrução nasal, coriza e espirros. Sentem-se aborrecidos
por não conseguir dormir bem à noite e frequentemente estar exaustos durante o
dia. Vivenciam, ainda, sintomas não nasais que causam desconforto, tais como
sede, baixa concentração e cefaleia [17].
A obstrução nasal, o
sintoma mais comum e incômodo da sinusite, afeta profundamente a qualidade de
vida, principalmente por prejudicar o “poder restaurador do sono”. O sono de
baixa qualidade ocasiona sonolência diurna, fadiga e prejuízo significante ao
aprendizado, à cognição e ao desempenho profissional. A carga total da doença
recai não apenas no prejuízo do funcionamento social e físico, mas também no
impacto financeiro, que se torna maior quando se consideram as evidências de
que a sinusite é um possível fator casual de comorbidades
como a asma e a sinusite. O tratamento da sinusite pode exercer um efeito
benéfico, melhorando a qualidade do sono e, consequentemente, reduzindo todas
as limitações secundárias que prejudica o domínio físico [15].
Revisão bibliográfica
afirma que a memória e o aprendizado são características funcionais que podem
ser prejudicadas em pacientes com sinusite, ocasionando um impacto crucial
sobre seu desempenho intelectual. De fato, pacientes com sinusite cujos
sintomas não estão adequadamente controlados podem ter problemas de
aprendizado, quer por interferência direta dos sintomas, quer pela inadequação do
sono noturno, resultando em fadiga diurna.
Qualquer terapia que
controle ou alivie os sintomas da sinusite, particularmente a obstrução, pode
ser útil na melhora da qualidade de vida dos pacientes [15].
Resultados
semelhantes foram encontrados em estudo que teve como objetivo analisar os
benefícios da drenagem linfática na sinusite. Este estudo constatou que a
drenagem linfática melhorou significativamente o quadro doloroso e a
sintomatologia específica da sinusite: secreção nasal continua e abundante, dor
ou pressão facial, acordar cansado e frustração,
inquietação e irritação [18].
Outro estudo que
analisou os efeitos da drenagem linfática na sinusite constatou que a
intervenção proporcionada pela fisioterapia foi capaz de evocar melhora na sintomatologia
específica da sinusite e sintomatologia dolorosa dos pacientes em questão [19].
Dentre os achados
identificou-se que a maioria dos pacientes eram mulheres, com idade de
aproximadamente 28,14 anos, tinham o 2º grau completo, apresentavam baixa renda
e não eram tabagistas. A QV geral apresentava-se baixa antes da intervenção com
a drenagem linfática. Porém, após as dez sessões da técnica,
foi observada uma melhora significante nos escores total e específicos,
exceto no domínio relações sociais.
Quanto ao quadro
doloroso, também se constatou melhora significante deste sintoma após a técnica
de drenagem linfática manual.
Diante dos dados
obtidos neste estudo, e acrescidos dos relatos da literatura, pode-se concluir
que a drenagem linfática manual proporciona melhora acerca da obstrução, dor e
fluxo aéreo nasal em indivíduos com sinusite, favorecendo a amenização do
quadro álgico e consequentemente melhora da qualidade de vida.