ARTIGO
ORIGINAL
Capacidade
vital forçada e pressões respiratórias máximas de cantores populares
profissionais
Forced vital capacity and maximal respiratory pressure of popular
professional singers
Débora Bonesso Andriollo*, Letícia
Fernandez Frigo, D.Sc.**, Anaelena Bragança
de Moraes, D.Sc.***, Carla Aparecida Cielo, D.Sc.****
*Doutoranda
do Programa de Pós-Graduação em Distúrbios
da Comunicação Humana (PPGDCH),
Bolsista CAPES, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa
Maria/RS, **Professor
Universidade Franciscana (UFN), Santa Maria/RS, ***Professor do
Departamento de
Estatística e do Programa de Pós-Graduação
em Distúrbios da Comunicação Humana
(PPGDCH) - Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria/RS,
****Professor Departamento de Fonoaudiologia e do Programa de
Pós-Graduação em
Distúrbios da Comunicação Humana (PPGDCH),
Bolsista de Produtividade CNPq, Universidade Federal de Santa Maria
(UFSM), Santa Maria/RS
Recebido em 27 de
junho de 2018; aceito em 8 de janeiro de 2019.
Endereço
de correspondência:
Débora Bonesso Andriollo,
Rua Senador Cassiano do Nascimento, 52/12, 97050-680 Santa Maria RS, E-mail:
deborabandriollo@gmail.com; Letícia Fernandez Frigo:
leticia_frigo@hotmail.com; Anaelena Bragança de
Moraes: anaelena@smail.ufsm.br; Carla Aparecida Cielo:
cieloca@yahoo.com.br
Resumo
Objetivo: Descrever valores
de Capacidade Vital Forçada (CVF), Pressão Inspiratória Máxima (PImáx) e Pressão Expiratória
Máxima (PEmáx) em cantores profissionais populares de
um município de interior de estado e compará-los com os valores preditos pela
literatura. Métodos: Pesquisa
quantitativa e retrospectiva, com 18 cantores profissionais populares, com média
de idade de 36,6 anos. Foi medida a CVF por meio de espirômetro
portátil digital e as pressões respiratórias máximas com manovacuômetro
digital. Resultados: Não houve
significância estatística entre os três grupos, quanto aos valores preditos,
medidos e as diferenças de CVF. Quanto à Pimáx,
apenas houve significância entre valores preditos e medidos no grupo de
cantoras (p = 0,026); nos grupos masculinos não houve significância (p = 0,121;
p = 0,715); e também não houve nas diferenças entre valores preditos e medidos.
Nas PEmáx, não houve
significância estatística entre valores preditos e medidos nos três grupos e
nas diferenças entre os três grupos. Conclusão:
A CVF e PEmáx se
apresentaram dentro da normalidade prevista nos três grupos estudados, com exceção
do grupo de cantoras, em que os valores medidos de PImáx
foram menores do que os valores preditos.
Palavras-chave: capacidade vital,
pressões respiratórias máximas, cantores.
Abstract
Objective: To describe
the values of Forced Vital Capacity (FVC), Maximal Inspiratory Pressure (MIP)
and Maximal Expiratory Pressure (MEP) in popular professional singers of a
country town of a state; and to compare them with values predicted by
literature. Methods: Quantitative and
retrospective research, with 18 popular professional singers, average of 36.61
years old. The FVC was collected using a portable digital spirometer and the
maximal respiratory pressure with a digital manovacuometer.
Results: There was no statistically
significant difference between the three groups, for predicted, measured values
and differences for FVC. Concerning MIP, there was only significance between predicted
and measured values in the singer group (p = 0.026); in the male groups there
was no significance (p = 0.121, p = 0.715); and there were no differences
between predicted and measured values. In the MEP, there was no statistical
significance between predicted and measured values in the three groups and in
the differences between the three groups. Conclusion:
The FVC and MEP presented within expected normality in the three groups
studied, except for the group of female singers, in which the measured values of
MIP were lower than the predicted values.
Key-words: vital
capacity, maximal respiratory pressures, singers.
A voz é um aspecto
que revela as informações socioemocionais do
indivíduo, considerada muito importante nas relações humanas e profissionais
[1-3]. Quando relacionada à profissão, a voz torna-se imprescindível, visto que
se constitui como principal elemento de trabalho [2,4,5].
O conhecimento dos
mecanismos adaptativos que envolvem sua produção, além da clareza das
diferenças entre a voz cantada e a voz falada, permitem o entendimento sobre os
resultados da interação entre as forças aerodinâmicas respiratórias e mioelásticas laríngeas [4,6,7].
Qualquer desequilíbrio nessa dinâmica poderá ocasionar uma alteração vocal [4].
Cantar envolve diversos recursos do aparato fonador e impõe uma demanda
sensivelmente maior quando comparada à fala natural [8].
Durante a expiração,
o diafragma e a caixa torácica movem-se de forma
síncrona para reduzir o volume pulmonar. Durante a fonação, podem ser
identificadas diferentes unidades funcionais deste sistema que apoiam a
fonação, facilitando o controle da pressão aérea subglótica.
É possível que a estabilização alternada de uma parte do sistema respiratório
possa apoiar o canto, facilitando o controle da produção vocal [5,8,9].
A ativação e
regulação contínua dos músculos respiratórios na mudança dos volumes pulmonares
podem ser referidas como suporte respiratório ou apoio no canto [5]. A melhor
condição de respiração e apoio no canto possibilita maior potência vocal, com
maior projeção da voz. Indivíduos que cantam ou ensinam técnica vocal atribuem
ao apoio respiratório algum tipo de benefício para a voz [4,8,9].
Do ponto de vista da percepção, a voz apoiada está diretamente relacionada ao
maior controle da respiração na emissão vocal [8-10]. Este apoio, dado pela
força e pressão muscular, pode ser medido em avaliações da função respiratória
[11,12].
A forma utilizada
para aferir a alteração respiratória de maneira mais simples e prática é o
exame de espirometria que consiste em medir a entrada e saída de ar dos pulmões
sob a forma de fluxo e volume [11,13,14]. Com este
exame, obtém-se a capacidade vital (CV) que avalia a quantidade máxima de ar
que um indivíduo consegue expirar após inspiração profunda [6,7,10,15].
Tal exame auxilia no diagnóstico e prevenção de anormalidades que acometem o
sistema respiratório [6,10,11]. A CV pode ser
determinada através de manobra forçada (capacidade vital forçada (CVF)) ou
através de manobra lenta (capacidade vital lenta (CVL)) [11].
Outra forma de
avaliação de parâmetros respiratórios se faz por meio da manovacuometria
que proporciona a medida da força dos músculos respiratórios [16]. Este é um
exame não invasivo, simples, de baixo custo e útil na prática clínica [16,17].
Destacam-se as medidas das pressões respiratórias máximas em nível da boca: a
pressão inspiratória máxima (PImáx)
- pressão negativa - reflete a força dos músculos inspiratórios e do diafragma;
enquanto a pressão expiratória máxima (PEmáx) -
pressão positiva - reflete a força dos músculos abdominais e expiratórios
[12,16-18].
Tanto as medidas
funcionais, tais como a CV e a CVF, quanto as medidas de força muscular
respiratória, a PImáx e a PEmáx, podem ser consideradas em conjunto para a avaliação
de parâmetros respiratórios [11,12,15,19]. Estas medidas, em cantores populares
podem ser parâmetro para treinamento e aprimoramento do seu instrumento de
trabalho – a voz.
Com base no exposto,
este estudo objetiva descrever os valores de CVF e de PImáx e PEmáx em cantores
profissionais populares de um município de interior de estado e compará-los com
os valores preditos pela literatura.
Pesquisa transversal,
quantitativa e retrospectiva, aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com
Seres Humanos da instituição de origem (40680614.7.0000.5346). Os participantes
do estudo foram convidados a ler e assinar o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE).
Este estudo teve como
população cantores profissionais populares de um município de interior do
estado. A amostra foi de conveniência. Os critérios de inclusão foram: cantores
profissionais populares de diversos estilos musicais; sem queixas vocais; de
ambos os sexos e idades entre 19 e 60 anos na busca de minimizar influências
hormonais e estruturais da muda vocal e do envelhecimento.
Os critérios de
exclusão foram: gestantes; portadores de doenças neurológicas degenerativas,
endocrinológicas, psiquiátricas, gástricas ou respiratórias crônicas autorrelatadas que pudessem influenciar na compreensão e ou
desempenho nas ordens de avaliação; relato de alterações hormonais decorrentes
do período menstrual, nos dias das avaliações; relato de gripe e/ou alergias
respiratórias nos dias de avaliações; ou relato de outra doença ou limitação
que pudesse influenciar diretamente o desempenho nas avaliações; autorrelato de tabagismo e ou de consumo de álcool em
excesso habitualmente (cinco doses na mesma ocasião para homens e quatro para
mulheres); perda auditiva, pois poderia interferir no automonitoramento
vocal; uso de instrumentos de sopro e ou prática regular de atividade física,
pois podem influenciar as medidas respiratórias.
Foi realizada a
triagem auditiva e a anamnese composta por itens de identificação do sujeito
(nome, idade, sexo, profissão), queixas em relação à voz, estado e histórico de
saúde, informações sobre hábitos diários.
Participaram do
estudo 20 voluntários, e foram excluídas duas mulheres por não serem cantoras.
Os 18 cantores populares, 11 homens e sete mulheres, com idade mínima de 19
anos, máxima de 51 anos e média de 36,6 anos que se enquadraram nos critérios
da pesquisa deram início ao processo de coleta de dados.
A CVF foi coletada
por meio de um espirômetro portátil digital (modelo Spirobank® II Smart, marca MIR,
Itália). O bocal descartável foi inserido na turbina a 0,5 cm e colocado na
boca do paciente que ocluiu totalmente os lábios no entorno do mesmo. A coleta
foi realizada com o sujeito sentado utilizando um clipe nasal para ocluir as
narinas, sendo orientado e estimulado a realizar uma
inspiração oral máxima e, imediatamente, uma expiração oral máxima no bocal do
aparelho, com ação do abdome. A manobra foi realizada com estímulo verbal
vigoroso do avaliador, com o seguinte comando: “Encha bem os pulmões, posicione
o bocal e sopre, sopre, sopre”. Foram coletadas três manobras
tecnicamente aceitáveis e reprodutíveis, com intervalo de 1 min entre
elas considerando-se o maior valor para o estudo [7].
Foram verificados na
literatura os valores preditos de CVF para a normalidade conforme a idade,
estatura e massa corporal de cada sujeito. Também foram verificados os valores medidos
e as diferenças entre valores preditos e valores medidos (expostos adiante nos
resultados).
Verificaram-se a
idade, a massa corporal e a altura dos voluntários no dia das avaliações. A
idade considerada foi a do último aniversário, sendo adotadas as faixas etárias
dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS, 2017):
adulto (de 19 a 44 anos) e adulto de meia idade (de 45 a 64
anos) [20], subdivididos em três grupos etários, conforme o sexo: homens
de 19 a 44 anos de idade (adulto); homens de 45 a 64 anos de idade (adulto de
meia idade); e, mulheres de 19 a 44 anos de idade (adulto).
A massa corporal foi
aferida com o voluntário em pé, descalço, vestindo o mínimo de roupa possível,
com os olhos para frente durante a medição. Utilizou-se balança tipo plataforma
marca Filizolla com capacidade de 150 kg e precisão
de 100 g. A estatura foi medida por uma fita métrica de 150 cm, fixada em uma
parede lisa, sem rodapé, a 50 cm do chão. Os indivíduos foram orientados a
retirar adornos de cabelo e cabeça, a ficar com os pés descalços, a permanecer
eretos, mantendo o olhar na horizontal, e a manter calcanhares, nádegas e
coluna dorsal em contato com a parede. Na sequência, inspirar profundamente e
sustentar por alguns segundos, momento em que foi feita a leitura da estatura
[21].
As pressões
respiratórias máximas foram coletadas com o manovacuômetro
digital (marca Globalmed®, modelo MDV300, Brasil),
com intervalo operacional de ± 300 cmH20, avaliando-se
neste estudo a PEmáx e PImáx.
Para a avaliação da PEmáx, o
voluntário permaneceu sentado, com o tronco formando um ângulo de 90º com as
coxas, os braços relaxados na lateral do tronco, nariz ocluído por um clipe
nasal e lábios bem adaptados a um bocal. O voluntário realizou uma inspiração
oral até alcançar a capacidade pulmonar total seguida de expiração oral rápida
e brusca. Foram realizadas três repetições, permitindo um intervalo de repouso
de 1 min entre cada manobra. Foi estipulado o maior valor, desde que não
diferisse mais de 10% do segundo maior valor. Para avaliar a PImáx,
o voluntário permaneceu na
mesma posição e realizou, após uma
expiração, uma inspiração oral
rápida e
brusca no bocal. Foram realizadas três repetições,
permitindo um intervalo de
repouso de 1min entre cada manobra.
Neste estudo,
buscaram-se na literatura os valores preditos para a normalidade, conforme a
equação de regressão, para o cálculo das pressões respiratórias máximas em
função da idade para a população brasileira (adultos de 20 a 80 anos) [18]
(Quadro 1).
Quadro
1 - Equações de regressão para o cálculo das
pressões respiratórias máximas em função da idade, de acordo com o sexo.
O sinal (*) refere-se
à multiplicação.
Para a análise
estatística, foi utilizado o software Statistica 9.1.
Foram realizados os testes para a comparação das diferenças entre os três
grupos (teste de Kruskal-Wallis ou ANOVA), quais
sejam: homens de 19 a 44 anos de idade; homens de 45 a 64 anos de idade; e,
mulheres de 19 a 44 anos de idade. As diferenças entre os valores preditos e os
valores medidos das variáveis CVF, PImáx
e PEmáx foram testados quanto à normalidade pelo
teste de Shapiro Wilks. Também foram comparados os
valores preditos com os medidos para os três grupos (Teste de Wilcoxon ou t pareado). Portanto, foram utilizados os
testes não paramétricos de Wilcoxon e Kruskal-Wallis para os dados não normais (CVF) e o teste
paramétrico Análise de Variância (ANOVA) e teste t pareado para os dados
normais (PImáx e PEmáx). Foi considerada a significância de 5% (p-valor ≤
0,05).
Os resultados obtidos
estão expostos nas tabelas numeradas de I a IV. Os dados foram apresentados
separadamente para homens e mulheres.
Na tabela I, são
apresentadas as medidas descritivas das idades na amostra estudada de acordo
com os grupos.
Tabela
I – Medidas descritivas da idade (anos), por
grupo.
n = número de sujeitos.
Na tabela II, são
expostas as médias dos valores preditos, medidos e diferenças para CVF em
litros (l) e a significância estatística das comparações das diferenças entre
os três grupos e dos valores preditos e medidos para os três grupos.
Tabela
II –
Médias dos valores de CVF medidos,
preditos, diferenças e significâncias estatísticas.
CVF = capacidade vital
forçada; l = litros; 1Teste de Kruskal-Wallis (comparação entre as
diferenças entre os três grupos); 2Teste de Wilcoxon (comparação dos
valores preditos com os medidos, para os três grupos)
Na tabela III, são
apresentas as médias dos valores de PImáx
expressos em cmH2O preditos, medidos, diferenças e a significância
estatística da comparação das diferenças entre os três grupos e dos valores
preditos e medidos para os três grupos.
Tabela
III
- Médias dos valores de PImáx medidos, preditos,
diferenças e significâncias estatísticas.
PImáx = pressão
inspiratória máxima; cmH2O = centímetros de água; 1Teste
de ANOVA; 2Teste t pareado.
Na tabela IV, são
apresentadas as médias dos valores de PEmáx
expressos em cmH2O preditos, medidos, diferenças e a significância
estatística da comparação das diferenças entre os três grupos e dos valores
preditos e medidos para os três grupos.
Tabela
IV -
Médias dos valores de PEmáx medidos, preditos e diferenças e significâncias
estatísticas.
PEmáx = pressão
expiratória máxima; cmH2O = centímetros de água; 1Teste
de ANOVA; 2Teste t pareado.
Neste estudo,
predominaram sujeitos do sexo masculino (Tabela I), possivelmente pela maior
procura deste gênero pela música como atividade profissional no município
investigado e pelo maior interesse pelas avaliações oferecidas. Este achado vai
ao encontro de alguns estudos com cantores populares [14,22] e contrapõe-se a
outros que mostram maior ocorrência do sexo feminino no canto popular [2,4,23].
Os valores preditos,
medidos e as diferenças entre valores preditos e medidos da CVF nos grupos
estudados (tabela II) não mostraram significância estatística. Esse resultado
permite considerar que todos os sujeitos apresentaram CVF dentro dos padrões de
normalidade, concordando com um estudo relacionado à CV de mulheres adultas
[10] e outro sobre CVF de homens e mulheres [15]. No entanto, estudos [5,14]
mostram que tanto a CV quanto a CVF são significativamente maiores em cantores,
quando comparadas a não cantores.
Em termos de CV,
considera-se que valores inferiores a 2,10l são insuficientes para cumprir com
eficácia a função fonatória [6,24]. Os valores de
CVF, tanto preditos quanto medidos neste estudo, apresentaram boa expectativa
para o canto em todos os grupos estudados (Tabela II).
Um estudo sobre a CV,
capacidade inspiratória e CVF de cantores de coro e não cantores identificou
que a média da CV foi maior (3,12l) em cantores de coro do que a dos não
cantores (2,73l). A capacidade inspiratória média do grupo cantor foi de 1,79l
e a capacidade inspiratória média do grupo não cantor foi de 1,71l. A medida de
CVF mostrou diferença significativa entre cantores e não cantores [14].
Em relação à
interpretação da mensuração das pressões respiratórias máximas, não se
observaram diferenças significativas entre os valores de Pimáx,
com exceção do grupo de cantoras que apresentaram valores medidos
significativamente menores do que valores preditos (Tabela III). Os valores
preditos e medidos de PEmáx
não apresentaram diferença significativa (Tabela IV) em todos os grupos
estudados.
A medida de
referência para as PImáx e PEmáx ainda não está demonstrada [12]. Estabeleceram-se
[18] equações para a população brasileira que tornaram possível determinar valores
preditos, conforme o sexo. Estudo propõe valores de PImáx entre 92 a 121 cmH2O para adultos de
18 a 65 anos do sexo masculino e para mulheres entre 68 a 79 cmH2O [12].
Ainda, os valores de PEmáx para homens adultos de 18 a
65 anos devem estar em 140 cmH2O e, para mulheres adultas, em 95 cmH2O
[12]. O trabalho admite que tais valores de referência podem
indicar a normalidade, mas que alguns indivíduos saudáveis encontram-se fora
dessa faixa, pois o estudo não define parâmetros populacionais e sim para
situações e/ou patologias específicas.
O canto exige maior
suporte respiratório. Neste estudo foram observados valores de pressões
respiratórias medidas equivalentes aos preditos, com exceção das cantoras que
apresentaram a Pimáx diminuída. Assim, acredita-se
que os cantores populares profissionais deste trabalho apresentaram no geral
adequado treinamento respiratório, o que sempre ocorre no canto lírico ou ópera
[3,4,22].
Os sinais de resposta
respiratória refletem a situação da dinâmica da fonação e seus aspectos
correspondem às mudanças de deslocamento do osso esterno e caixa torácica
[3,5]. Essa dinâmica de tórax e controle da respiração sugerem ondas sonoras
relativamente mais regulares [3], uma vez que consistem em vantagem para a fonação
controlando a pressão subglótica [5].
Estes achados
reforçam a importância da observação da condição respiratória, do suporte
efetivo do diafragma abdominal e do apoio respiratório no canto, pois a voz
apoiada está diretamente relacionada ao maior controle da respiração para todos
os eventos de fonação [5,8,9].
Apesar da importância
deste estudo, é necessário destacar algumas limitações como o pequeno número de
sujeitos em cada grupo analisado.
Ainda, como possível
limitação deste trabalho, ressalta-se que se utilizou a Equação de Regressão
[18] para estabelecer os valores de normalidade preditos para PImáx e PEmáx.
Tal equação, apesar de clássica e amplamente utilizada, baseia-se em medição
analógica, enquanto neste estudo obtiveram-se as medidas por meio de aparelho
digital, tendência cada vez mais frequente na literatura [16].
A CVF e PEmáx se apresentaram dentro da
normalidade prevista nos três grupos estudados, com exceção do grupo de
cantoras, em que os valores medidos de PImáx foram
menores do que os valores preditos.