REVISÃO
Fototerapia associada à técnica
de microagulhamento no tratamento de cicatriz de acne
Phototherapy associated
with microneedle technique in the acne scar
Fernanda
Moraes Forsan*, Juliana Aparecida Ramiro Moreira, Ft., M.Sc.**
*Graduanda do Curso de Bacharelado em Estética pelo Centro Universitário Hermínio Ometto FHO/Uniararas, **Mestre em ciências biomédicas, Especialista em Fisioterapia Dermato-Funcional e Estética pelo Centro Universitário Hermínio Ometto, FHO/Uniararas, Docente do Curso de Bacharelado em Estética FHO/Uniararas
Endereço para correspondência: Juliana Aparecida Ramiro
Moreira, Centro Universitário Hermínio Ometto, Av. Dr.
Maximiliano Baruto, 500 Jd Universitário
13607-339 Araras SP, E-mail: juliana.rm@uniararas.br; Fernanda Moraes Forsan: fmforsan@uniararas.br
Resumo
A
acne é uma doença bem comum, que vem a causar transtornos estéticos e psicológicos
nas pessoas acometidas por esta patologia, que atinge principalmente o público jovem,
deixando cicatrizes como sequelas. Visando uma atenuação dessas cicatrizes, muitos
métodos propõem uma associação de procedimentos, sendo bastante eficazes, porem
uma das fontes mais utilizadas atualmente na estética é a fototerapia, que vem sendo
aplicada em vários tratamentos como: estrias, manchas celulite, acne, alopecia,
rejuvenescimento, cicatrização da pele entre outros, e que nada mais é que a interação
da luz com a pele com o âmbito de potencializar e acelerar o processo de reparação
da epiderme. O advento Lasers e LEDs mensuram entre diferentes
comprimentos de onda ou cores, permitindo realizar de forma controlada com efetividade
e segurança do tratamento almejado e associando-se à técnica de microagulhamento também promissora nesses casos, promovendo
micro lesões no tecido através de um “roller”, estimulando
a produção de colágeno, que é fundamental no processo de cicatrização, sendo que
a aplicação dessa técnica é dividida em sessões, que variam de acordo com a necessidade
de cada indivíduo. Dessa forma, o objetivo foi constatar a eficácia da aplicação
da fototerapia e a técnica de microagulhamento, aperfeiçoando
os resultados de cicatriz de acne, esperando potencializar os efeitos, tendo uma
melhora nítida no quadro da cicatriz de acne.
Palavras-chave: acne, cicatriz, potencializar.
Abstract
Acne
is a very common disease, which causes aesthetic and psychological
disorders in people affected by this
pathology, which mainly affects the young
public, leaving scars as sequels. Aiming at attenuating
these scars, many methods propose
an association of procedures, being quite effective, but one of the
most commonly used sources in esthetics today is phototherapy, which has been
applied in several treatments such as stretch marks, cellulite spots, acne, alopecia, rejuvenation , skin healing among
others, and that is nothing
more than the interaction of light with skin with
the scope to potentiate and
accelerate the process of repairing
the epidermis, the advent Lasers and LEDs measure
between different wavelengths or colors, allowing to perform in a controlled manner with the effectiveness
and safety of the targeted
treatment and associated with the microaggregation technique also promising in these cases, promoting micro-lesions in the tissue through
a roller, stimulating the production of collagen, which
is fundamental in the cicatrization process, being that the
application of this technique is divided into
sessions, which vary according to the of
each individual. Thus, the objective was
to verify the effectiveness of the application
of phototherapy and the technique
of microneedle, improving the results
of acne scar, hoping to potentiate
the effects, having a clear improvement in the framework of the acne scar.
Key-words: acne; scar; potentiate.
A
pele é constituída pelo tecido epitelial e conjuntivo,
e sua principal função é delimitar as estruturas
internas do meio externo. A diferença
da pele e os outros órgãos é que a ela recebe
diretamente radiação e outros agentes
agressivos enquanto os órgãos estão protegidos
[1]; além da ação de proteção do
meio externo, ela apresenta outras funções como controlar
a temperatura, sintetizar
vitamina D, absorver ou eliminar substâncias químicas e
absorver a radiação ultravioleta
(UV) [2].
Dentre as disfunções que acometem a pele a acne
é uma importante patologia da unidade pilosebácea ocasionando
ou não lesões cutâneas, denominada como: crônica, multifatorial e hereditária. Em
geral, surge na puberdade, em ambos os sexos e tende a se tornar menos ativa na
idade adulta [3]. Divide-se em duas categorias: lesões não-inflamatórias
(presença de comedões abertos e fechados, e ausência de
microorganismos); e lesões inflamatórias (presença de
pústulas, pápulas e nódulos, além da ação de microrganismos) [4].
Elder et al. [5] afirmam
que geralmente a acne acomete os adolescentes, pois precisa da liberação de hormônios
sexuais presentes na puberdade e a ativação das glândulas responsáveis pela produção
de sebo, denominadas glândulas sebáceas, entretanto, outros fatores que contribuem
para o desenvolvimento da acne é o excesso de queratina (hiperqueratinização
folicular), androgênio, excesso da produção de sebo, e presença da bactéria Propionibacterium acnes e consequentemente o processo inflamatório.
Portanto, a acne pode deixar determinadas cicatrizes
como sequelas, sendo assim, na lesão inicial (comedão)
expõe a obstrução do infundíbulo folicular
por células cornificadas, levando à
dilatação
e lesões mais tardias revelam a ruptura do folículo, com
linfócitos, neutrófilos
e macrófagos, podendo ser observada a formação de
cicatrizes. Essas lesões inflamatórias
que podem resultar nas cicatrizes permanentes, dependem do atraso no
tratamento
e são mais comuns em pacientes com acne persistente. Cicatrizes
essas que são divididas
em várias categorias quanto às suas
características. Nas cicatrizes classificadas
atróficas, a lesão é lisa, discrômica, retráteis, planas,
deprimidas, sem a presença de poros, sulcos e pêlos, já
a cicatriz hipertrófica apresenta saliência, e são fibróticas,
e, além disso, elas tendem a diminuir de tamanho conforme o tempo [6].
Na cicatrização a capacidade de autorregeneração é um fenômeno dinâmico que combina modificações
citológicas e moleculares de elevada complexidade e resulta na reestruturação do
tecido lesado, dividindo os em três fases: fase inflamatória ou hemostasia, fase
fibroplasia ou proliferativa e fase de maturação ou remodelagem
[7].
Tratar cicatrizes de acne é um desafio enorme,
desde que muito dificilmente se obtém a correção total da destruição tecidual causada
por essa patologia crônica inflamatória, que além da derme e epiderme, alcança também
o tecido celular subcutâneo. Sendo assim, o objetivo é obter o máximo de melhora
possível, sem objetivar a perfeição, desde que de acordo com estudiosos corrigir
cicatriz de acne talvez seja o procedimento mais difícil que existe [8].
Há um amplo número de alternativas que estão disponíveis
para o tratamento de cicatrizes de acne, incluindo técnicas avançadas de fototerapia
e microagulhamento [9].
Na técnica de microagulhamento,
a partir das lesões causadas pelas microagulhas,
três
processos de cicatrização são desencadeados:
injúria, cicatrização e maturação.
Na primeira fase, fatores de crescimento são liberados pelas
plaquetas e neutrófilos
a fim de agirem sobre os queratinócitos e fibroblastos.
Na segunda fase, a de cicatrização, ocorre a epitelização
e a proliferação dos fibroblastos, que são as células capacitadas para produzir
colágeno tipo III, elastina, proteoglicanos e glicosaminoglicanos. Na terceira e última fase, a maturação,
o colágeno III produzido no início do processo de cicatrização é substituído pelo
colágeno tipo I, que é considerado o mais duradouro [10].
A
fototerapia é nada mais que um tratamento que
proporciona a interação da luz com a pele, sendo assim, a
luz interage com as moléculas
no interior da célula e altera seu ritmo biológico com
aceleração das reações bioquímicas
promovendo assim diversos efeitos terapêuticos. A fototerapia usa
o Laser (amplificação
da luz por emissão estimulada de radiação) e os LEDs (diodos
emissores de luz) [11]; Laser e LED apresentam propriedades que os individualizam,
onde o Laser produz um feixe de luz do mesmo comprimento de onda eletromagnética
com pouca dispersão de calor, considerado então monocromático, altamente colimado
(paralelo) e com sincronização da radiação com ondas que proporcionam coerência
temporal e espacial (picos e vales das ondas se coincidem) e o LED não é coerente,
nem colimado e atua numa banda mais ampla de comprimento de onda [12].
Nos últimos anos, a fototerapia por luzes coerentes
e não coerentes destacam-se como método bioestimulador
para o reparo tecidual, aumentando a circulação local, a proliferação celular e
a síntese de colágeno, assim denominados terapêuticos, apresentando propriedades
analgésicas e anti-inflamatórias. Com a finalidade de investigar o desempenho de
ambas técnicas e associa-las para designar melhor tratamento
ao paciente acometido com a cicatriz de acne [12].
O presente estudo teve como finalidade observar
e investigar o comportamento de ambas as técnicas as associando para designar melhor
tratamento ao paciente com a cicatriz de acne, por meio de uma revisão bibliográfica.
Após aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa da
Fundação Hermínio Ometto, parecer 548/2017, o presente
estudo foi realizado no período de investigação entre dezembro de 2016 a novembro
de 2017.
Com base nesse dano físico e psicológico, designado
como cicatriz de acne, realizou-se uma pesquisa de artigos científicos em bancos
de dados eletrônicos como Google Acadêmico, Pubmed e Scielo, assim como em livros de dermatologia tendo a intenção
de descrever os principais tipos e específicos tratamentos para o mesmo, com artigos
e livros entre 1995 a 2017. Assim como citado acima as palavras sempre usadas na
busca foram acne; cicatriz; potencializar.
A pele faz a interface entre o corpo e o ambiente
contendo três divisões principais: epiderme, derme e hipoderme. Onde a epiderme
consiste principalmente de células epidérmicas, conhecidas como queratinócitos, que estão dispostas em várias camadas estratificadas
– a camada de células basais, espinhosas e granulosas. A derme é desenvolvida por
fibras colágenas, elásticas e substancia amorfa, todas produzidas pelos fibroblastos
e a hipoderme ou tecido celular subcutâneo é uma camada de tecido conjuntivo frouxo localizada abaixo da derme, a camada profunda
da pele, unindo-a de maneira pouco firme aos órgãos adjacentes [13].
A estrutura da pele é complexa, o que podemos
ver se ampliarmos um pequeno fragmento; há, ainda, estruturas anexas associadas
à pele como pêlos, unhas e glândulas, como ilustra a figura
1 [14].
Fonte:
http://www.saudetotal.com.br (2006).
Figura 1 - Estrutura da pele.
Brenner et al.
[3] endossam que, um dos distúrbios mais comuns da pele é
a acne;
sendo uma dermatose de alta prevalência, especialmente em
adolescentes e adultos
jovens. Acomete homens e mulheres, mas geralmente os homens são
afetados pelas formas
mais graves da acne. Vários são os fatores que
influenciam a gravidade do quadro
e o seu surgimento, porém a elevação da carga
hormonal com as modificações características
da pele são os principais responsáveis. É
possível que a acne possua componente
genético na conformação do folículo,
facilitando a obstrução. A severidade das lesões
é variada, desde comedões isolados até nódulos dolorosos
e cicatrizes deformantes, o que justifica a procura dos pacientes e a preocupação
dos médicos. Um aspecto a ser considerado na dimensão da severidade da acne é o
grau de sofrimento psicossocial do paciente. O período da adolescência é conturbado
pelas diversas modificações corporais e psicológicas. Muitas vezes o aparecimento
dessa patologia favorece quadros de depressão e fobia social.
Manfrinatto [15] explica que clinicamente
a acne é considerada conforme a sua tipologia em vulgar, hiperandrogênica,
iatrogênica, cosmética, escoriado, neonatal, conglobata,
fulminante, comedônica, pápulo-pustulosa
e nódulo-quisto, sendo assim, a extensão e a gravidade do quadro permitem classificar
a acne em ligeira, moderada ou grave.
Os quadros clínicos podem ser divididos dessa
maneira: Acne Grau I: apenas “cravos” (comedões), sem
lesões inflamatórias (espinha). Acne Grau II: “cravos” e "espinhas" pequenas,
como pequenas lesões inflamadas e pontos amarelos de pus (pústulas). Acne Grau III:
“cravos”, "espinhas" pequenas e lesões maiores, mais profundas, dolorosas,
avermelhadas e bem inflamadas (cistos). Acne Grau IV: “cravos”, "espinhas"
pequenas e grandes lesões císticas, comunicantes (acne conglobata),
com muita inflamação e aspecto desfigurante [16].
Figueiredo et al. [17], afirmam que os tratamentos para a acne procuram controlar
os diferentes fatores que constituem a sua patogenia. Quatro desígnios fundamentais
de diferentes tratamentos utilizados são: controlar a hiperceratose
de retenção, diminuir a produção de sebo, reduzir a população bacteriana e eliminar
a inflamação. Estas orientações permitem, de um modo geral,
controlar todo o tipo de acne, evitar as recaídas, minimizar o sofrimento e prevenir
as sequelas da doença acometida.
Vaz [18] assegura que, no entanto, uns dos objetivos
principais dos tratamentos estéticos da acne consistem em prevenir ou minimizar
a formação de cicatrizes; sequela bem comum nesses casos; o tratamento sendo ajustado
individualmente de acordo com as características do doente e o tipo de lesões presentes,
diz Allgayer [6] que na lesão inicial (comedão) expõe a obstrução do infundíbulo folicular por células
cornificadas, levando à dilatação e lesões mais tardias revelam a ruptura do folículo,
com linfócitos, neutrófilos e macrófagos podendo ser observada a formação de cicatrizes.
Essas lesões inflamatórias que podem resultar nas cicatrizes permanentes, dependem
do atraso no tratamento e são mais comuns em pacientes com acne persistente.
Allgayer [6] relata também que
os tipos de cicatrizes de acne abrangem as hipertróficas, queloidianas
e atróficas, sendo assim, as atróficas causam a perda de colágeno e de gordura subcutânea
na derme após moderada ou grave infecção, podendo ser superficiais ou profundas
do tipo furador de gelo (ice pick), onduladas (rolling) ou em forma de caixa (boxcar)
e as hipertróficas e cicatrizes queloidianas são associadas
com a disposição de colágeno em excesso e diminuição da atividade da colagenase. As cicatrizes particularmente podem variar muito
em tipo, dimensão, profundidade, sendo assim, tornam-se necessárias abordagens com
distintos tratamentos.
Tratamentos para cicatrizes de acne devem refletir
em várias considerações como custos, gravidade das lesões, objetivos do profissional
habilitado para os procedimentos, expectativas do paciente, efeitos colaterais,
psicológicos ou efeito emocional para o paciente, e medidas de prevenção. Tendo
em vista que o objetivo final de qualquer intervenção é para a melhoria, não para
uma cura total ou perfeição [6].
Vasconcelos, Andrade e Takano [9] observaram que
a tendência à indicação de procedimentos pouco invasivos isolados ou combinados
no tratamento de cicatrizes vem aumentando consideravelmente. O microagulhamento é uma opção que estimula a produção de colágeno,
sem provocar a desepitelização total observada nas técnicas
ablativas.
Orentreich e Orentreich [19] foram os primeiros a relatar a utilização de
agulhas com o objetivo de estimular a produção de colágeno no tratamento de cicatrizes
deprimidas e rugas, técnica difundida com o nome de subincisão.
Seus estudos foram confirmados por outros autores, que se basearam no mesmo preceito
de ruptura e remoção do colágeno subepidérmico danificado seguido da substituição
por novas fibras de colágeno e elastina. Recentemente tem sido proposta a utilização
de um sistema de microagulhas aplicado à pele com o objetivo
de gerar múltiplas micropunturas,
longas o suficiente
para atingir a derme e desencadear com o sangramento, estímulo
inflamatório que
resultaria na produção de colágeno. A
indução percutânea de colágeno inicia-se com
a perda da integridade da barreira cutânea, tendo como alvo a
dissociação dos queratinócitos, que resulta na liberação de citocinas como a interleucina-1α, predominantemente, além
da interleucina-8, interleucina-6, TNF-α e GM-CSF, resultando em vasodilatação
dérmica e migração de queratinócitos para restaurar o
dano epidérmico, sendo assim atuando nas três fases da cicatrização subsequentemente.
O instrumento utilizado para a realização da técnica
de microagulhamento é constituído por um cilindro de polietileno;
existem diferentes marcas desse tipo de cilindros/rollers,
com agulhas em número variado de 192 a 1074, com comprimento de 0,25 a 3 mm e 0,1
mm de diâmetro, de uso único, têm sido comercializadas atualmente em todo o mundo.
A região a ser tratada deve ser pressionada firmemente com o dispositivo cujas agulhas
deverão penetrar até a derme. Cada passada do dispositivo agulhado produz 16 micropunturas/cm2. O instrumento deve rolar em movimentos de
asterisco em diferentes direções de 10 a 20 vezes, conforme ilustra a figura 2.
Essas microlesões na derme papilar criam uma zona confluente
de sangramento superficial que age como um poderoso estímulo para desencadear o
processo da cicatrização, liberando diversos fatores de crescimento, que por sua
vez estimulam a proliferação de fibroblastos e a síntese de colágeno III para I,
havendo uma contração na rede de colágeno, o que reduz a frouxidão da pele e suaviza
cicatrizes [20].
Fonte:
https://www.pelledolce.com (2000).
Figura 2 - Técnica de microagulhamento.
Petersen et al. [20] relataram que tratamentos prévios com a técnica de microagulhamento no tratamento de cicatrizes de acne demonstraram
sua eficácia. As vantagens do microagulhamento são: rápida
execução, baixo custo e fácil abordagem em áreas de difícil acesso. Essa técnica
apresenta ainda a vantagem de associar a entrega transdérmica
de ativos selecionados (drug delivery),
otimizando os resultados desejados [21].
Minatel et al. [22] relatam que a aceleração da cicatrização também é objeto de
estudo de outras abordagens, destacando também a fototerapia por luz emitida por
diodo (LED – Light Emiting
Diodes), que gera o aumento na circulação local, proliferação
celular e síntese de colágeno, melhorando então o metabolismo oxidativo mitocondrial e a produção de energia levando a um
o estímulo de reparo tecidual e produção de uma cicatriz esteticamente mais satisfatória.
Na área da estética, a fototerapia vem sendo utilizada
em vários tratamentos como: estrias, manchas, celulite, acne, bolsas e olheiras,
rugas, linhas de expressão, bem como alopecia, no pós-operatório, hematomas, rosáceas,
nos processos de cicatrização da pele entre outros [23].
Assim, destaca-se por ser um tratamento não invasivo
e indolor. Fototerapia é o nome do tratamento denominado para as propriedades benéficas
através da luz, que tem sido revisitada ao longo dos anos, já que se trata de uma
das mais antigas terapias para tratamentos em geral. Atualmente, a luz solar já
não é a fonte mais utilizada para fototerapia, o advento Laser e LEDs tornaram possíveis as criações de eficientes fontes de
luz, permitindo assim, realizar de forma controlada diversos tratamentos [12].
Sampaio et al. [11] relatam essas fontes como; Laser sendo um acrômio da palavra
em inglês Light Amplification
by Stimulated Emission of Radiation
ou em português amplificação da luz por emissão estimulada de radiação, e LED um
acrômio da palavra Light Emitting Diodes, sendo então,
diodos emissores de luz.
O uso destas fontes de luz tem comprovada eficiência
e recebe embasamento cientifico advindo de quase toda a parte do mundo inclusive
de grandes centros médicos e universidades [24].
Na interação da luz e tecido biológico são observados
efeitos termofísicos, químicos e biológicos. A fototerapia
de baixa e média potência apresenta várias vantagens; a absorção e penetração da
luz no tecido biológico são dependentes do comprimento de onda e dos cromóforos
no tecido, conforme ilustra a figura 3 [25].
Para afetividade terapêutica também é importante
conhecer a potência óptica da fonte de luz para determinar o cálculo da dose tradicional
na fototerapia. Para compreensão dos cálculos o conhecimento das grandezas físicas
é fundamental. Potência óptica é definida como a taxa com que uma quantidade de
energia é transmitida ao tecido. Irradiância/Intensidade
ou Densidade de Potência é a razão com que a potência é dissipada numa certa área
do tecido, ou a quantidade de energia por segundo aplicada numa certa área do tecido,
ou a quantidade de energia por segundo aplicada numa certa área. Energia é a quantidade
de luz depositada no tecido. Fluência ou Dose ou Densidade de Energia é a quantidade
de energia aplicada no tecido com relação à área sobre o qual esta energia é aplicada,
ou é a distribuição da energia por unidade de área. As fórmulas utilizadas para
o cálculo da dose na fototerapia são: Intensidade/Irradiância
ou Densidade de potência = potência/área (mW/cm²), energia
= potência x tempo (W ou J) e fluência, dose ou densidade de energia = energia/área
(J/cm²) [12].
Os comprimentos de onda entre 630 e 645 são os
mais utilizados, por terem seus efeitos comprovados em estudos prévios, constatando
uma maior capacidade de penetração [26].
Fonte:
https://br.depositphotos.com (2009).
Figura 3 - Espectro eletromagnético na pele humana.
De acordo com Moura et al. [27] a aceleração da cicatrização também é objeto de estudo de
outras abordagens, como o uso da fototerapia, destacando-se a fototerapia por luz
emitida por diodo (LED – Light Emiting Diodes),
que provoca aumento
da circulação local, proliferação celular e
síntese de colágeno, melhora do metabolismo
oxidativo mitocondrial e da produção de energia levando
a um o estímulo do reparo tecidual, diminuição da dor e produção de uma cicatriz
esteticamente mais satisfatória. Sendo assim, a fototerapia de 620-750 nm Led vermelho é utilizada no epiderme,
junção derme e epiderme, derme papilar e reticular, para ativação da síntese e remodelamento
de colágeno, elastina, proteínas de membrana, entre outros, na derme papilar e reticular.
É empregada também pelos efeitos bioestimulatórios
e biomodeladores com ação anti-inflamatória e analgésica;
tratamentos de cicatrizes, rugas e linhas, elasticidade e firmeza da pele, além
do tratamento das estrias superficiais e profundas, assim como a celulite.
De acordo com Oliveira et al. [28] em um estudo de caso o tratamento proposto para cicatrizes
foi realizado da seguinte forma: para ambos os pacientes foi utilizada a técnica
de subcisão em que é introduzida uma agulha estéril de
aspiração, 1,20 x 25 mm 18G, por via transepidérmica,
na profundidade da derme e subcutâneo, perfazendo trajetos
lineares em diferentes
direções nas áreas de cicatrizes
distensíveis retráteis e crateriformes, após
prévios
bloqueios regionais e infiltração local com
lidocaína a 2% e epinefrina 1:100.000 diluídas em soro fisiológico 0,9% na proporção
de 1:1. Na paciente do sexo feminino utilizou-se, após a subcisão,
o microagulhamento com agulhas de 1,5 mm DermaRoller System®, Ekai Eletronic Technology) na face toda. Após o procedimento
os pacientes foram orientados a fazer uso de creme cicatrizante (Cicaplast Baume B5® La Roche Posay) uma vez ao dia durante sete dias e fotoproteção.
Obtendo assim, o resultado: três dias depois do
procedimento, os dois pacientes apresentavam boa
recuperação. Após três sessões
mensais houve bom resultado nas áreas tratadas, com
elevação das cicatrizes e resposta
clínica satisfatória após cada sessão, bem
como no primeiro mês após três sessões.
A paciente que se submeteu aos dois procedimentos obteve resposta
superior.
Vasconcelos, Andrade e Takano [9], ressaltam à indicação de procedimentos pouco invasivos isolados ou combinados
no tratamento de estrias, cicatrizes e envelhecimento, onde o microagulhamento é a opção que estimula a produção de colágeno,
sem provocar a desepitelização total observada nas técnicas
ablativas e em um estudo experimental, estabeleceu a relação do comprimento das
agulhas dos cilindros utilizados para o uso de acordo com a profundidade do dano.
No método foram realizadas e biopsiadas áreas de microagulhamento, em pele de porco vivo, com cilindros contendo
192 agulhas de 0,5 a 2,5 mm. O resultado, no exame microscópico
imediatamente após o procedimento, revelou ectasia vascular
com extravasamento de hemácias, acometendo a derme papilar com agulhas 0,5 mm e
estendendo-se à derme reticular com as agulhas de maior comprimento. Os autores
propõem classificação da injúria em leve (agulhas de 0,5 mm), moderada (agulhas
de um e 1,5 mm) e profunda (agulhas de dois a 2,5mm). Concluindo que o microagulhamento
pode ser indicado para amplo espectro de alterações
quando o objetivo é o estímulo da produção
de colágeno. A afirmativa de uma relação
entre o comprimento da agulha utilizada e o dano provocado na pele
facilita a escolha
do instrumento nas diferentes indicações.
Em um relato de caso, uma paciente do sexo feminino,
19 anos, fototipo II de Fitzpatrick,
que apresentava há aproximadamente dois anos cicatriz atrófica na região da face
surgiu após quadro de acne nas fases I, II, III ao longo de quatro anos. Após análise
e comprovação da cicatriz atrófica a proposta de tratamento foi a utilização da
técnica de microagulhamento utilizando o Derma-Q Premium
Quality com micro agulha de 2
mm, sendo que antes de cada aplicação, utilizou-se anestesia tópica com lidocaína
4% em creme (Dermomax®) no local a ser tratado. Foram
realizadas cinco sessões, com intervalos de 15 dias entre elas, sendo utilizados
os seguintes parâmetros: o sistema de deslizamento do roller
no sentido horizontal, vertical e diagonal até alcançar o sangramento da região
em seguida a limpeza da região com gaze e solução fisiológica de cloreto de sódio
a 0,9% de frascos de 10 ml estéril. Durante o intervalo entre as sessões, a paciente fez uso de um cicatrizante tópico (Renopel®) por duas vezes ao dia e fotoprotetor
com FPS 50. Ao final das cinco sessões, a paciente evoluiu com melhora significativa
das lesões, com a redução da profundidade das cicatrizes e fechamento de poros que
estavam dilatados. Foi orientada a continuar o uso do (Renopel®)
por um mês, além de fotoproteção, em discussão o microagulhamento demonstrou-se uma opção rápida, segura, eficaz,
não invasiva e que não produz perda de volume facial para o tratamento de cicatrizes
atróficas. Uma vez que o microagulhamento leva à coagulação
tecidual e remodelação dérmica, o que é desejável para o tratamento de cicatrizes
atróficas [29].
Em meio aos estudos de caso Do Couto [30] em análise
da fototerapia utilizou o LED (640 ± 20 nm) sobre o processo
de reparação de feridas cutânea em ratos idosos com o objetivo específico de avaliar
a quantitativamente: o número de fibroblastos; o número de células inflamatórias;
o número de vasos; o número de colágeno; a área da lesão durante o processo. Foram
utilizados 54 ratos albinos machos idosos, linhagem Wistar;
com o peso corporal médio de 500 g e idade de 14 meses, entre eles um grupo LED
144: animais tratados com LED, sacrificados após 144 horas do procedimento cirúrgico,
sendo assim, o LED utilizado foi construído no Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento
(IP&D) da UNIVAP no comprimento de onda de 640 ± 20 nm
com potência de 54 mW, área de 0,5 cm2 em contato
direto com a pele do animal. O tempo empregado foi de 60 segundos, obtendo-se uma
dose final de 6 J/cm2 por aplicação pontual. Antes do início
da terapia, a potência dos equipamentos foi medida empregando-se um medidor de potência
(Broadband Power/Energy Meter, Modelo 13 PEM 001/J)
no IP&D da UNIVAP. O procedimento terapêutico teve início 30 minutos após a
lesão (irradiação única) e se repetiu a cada 48 horas, num total de 3 aplicações. Todos os animais receberam a mesma manipulação.
Para o procedimento terapêutico, os animais foram posicionados em uma mesa, em decúbito
ventral, imobilizados manualmente. As regiões lesionadas receberam a aplicação do
laser ou LED em contato direto com a ferida de forma pontual, formando um anglo
de 90° em relação à ferida na dosagem de 6 J/cm² durante
100 segundos para o laser e 60 segundos para o LED. Com os resultados obtidos verificou-se
que o tratamento com a Luz não coerente favoreceu o processo de reparação epitelial
dos ratos idosos, sendo que os animais tratados com (LED) no comprimento de onda
do 640 ± 20 nm apresentaram melhores
resultados.
Em um outro estudo experimental,
quantitativo, realizado por Herrera et al. [31] indivíduos foram tratados com LED
azul, com frequência de tratamento de 2 sessões semanais, por 8 semanas, 15 minutos
por sessão, obtendo redução significativa do número médio de lesões (inicial 45,1
e final 16,4) sendo expressiva no grau II, seguida pelo grau III, preferencialmente
em fototipos mais baixos (fototipo
II); também observaram melhora assim como o presente estudo, compreendendo que os
graus de acne apresentam uma tendência a regredir, portanto revelando ser uma terapêutica
eficaz, segura e com bons resultados no tratamento da acne.
Yamada e Da Silva [32] descreveram que o efeito
das luzes, dentre elas a luz âmbar (590 a 630 nm) na cicatrização
de feridas em 25 ratos Wistar; por meio de um estudo experimental,
controlado e randomizado, com frequência de tratamento diária, com 5 sessões seguidas, duração de 6 minutos e energia de 3w. O uso
das luzes foi efetivo na cicatrização de ferida por segunda intenção, a luz âmbar
se destacou ao obter melhor epitelização da margem das
feridas, sua cicatrização iniciou com maior qualidade, maior concentração do colágeno
de qualidade superior e apresentando o segundo melhor resultado na redução do edema.
O grupo que recebeu a luz âmbar no presente estudo, talvez tenha obtido um resultado
melhor por conta dos efeitos da luz no processo cicatricial, trabalhando de maneira
coadjuvante com a luz azul na resolução do processo inflamatório. No presente estudo,
buscou-se observar se os efeitos encontrados na literatura referentes à luz âmbar
conseguem completar os efeitos produzidos pela luz azul, formulando uma nova abordagem
terapêutica com maior efetividade para o tratamento da acne.
Foi possível relatar que os tratamentos proporcionados
são abrangentes e muitas das vezes dolorosos, caros e invasivos; e que, no entanto,
a fototerapia e a técnica de microagulhamento vêm sendo
muito utilizada e acolhida nesse tipo de patologia em algumas pesquisas já realizadas
anteriormente. Com a finalidade de constatar e investigar o comportamento de ambas
as técnicas as associando para potencializar os efeitos e designar melhor tratamento
ao paciente.
Dentre os estudos de caso/experimental pesquisados,
a efetividade das técnicas mencionadas de microagulhamento
e fototerapia potencializaram o processo de cicatrização da pele, porém não foi
encontrado relato na literatura a respeito do uso desse dispositivo para auxiliar
o tratamento das cicatrizes distensíveis.