REVISÃO
Análise
da eletroestimulação transcutânea e percutânea do
nervo tibial para tratamento da bexiga hiperativa em Parkinsonianos: revisão
sistemática
Analysis of transcutaneous and percutaneous tibial
nerve electrostimulation for treatment of overactive
bladder in Parkinsonians: systematic review
Janaina Cabral
Pacheco*, Cristiane Dias, D.Sc.*,
Beatriz Vogel*, Fabio Dutra Pereira**, Patrícia Zaidan, M.Sc.***
*Pós-graduada
em Fisioterapia Pélvica - Uroginecologia Funcional,
Universidade Castelo Branco, **Doutor em Ciências do Exercício e do Esporte,
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Professor da Universidade Castelo
Branco, ***Mestre em Ciências do Exercício e do Esporte, Universidade do Estado
do Rio de Janeiro, Coordenadora e professora da Pós-graduação em Fisioterapia
Pélvica-Uroginecologia Funcional, Universidade
Castelo Branco
Recebido 29 de julho
de 2018; aceito 15 de outubro de 2018
Endereço
para correspondência:
Janaina Cabral Pacheco: janaina.c.pacheco@gmail.com; Cristiane Dias:
cristiane_dias_76@hotmail.com; Beatriz Vogel:
biadelmas@gmail.com; Fabio Dutra Pereira: profdrfdp@outlook.com; Patrícia Zaidan: patriciazaidan@gmail.com
Resumo
Parkinson é uma
doença de sintomas motores e não motores, podendo incluir neste último, a
bexiga neurogênica, que se caracteriza por sintomas de urgência, com ou sem
urge-incontinência, normalmente acompanhada de polaciúria e noctúria.
Objetivo: Analisar a
eletroestimulação transcutânea e a percutânea do
nervo tibial para tratamento da bexiga hiperativa em Parkinsonianos. Metodologia: Foram incluídos todos os
artigos que mencionaram o tratamento da bexiga hiperativa, com
eletroestimulação transcutânea e percutânea do tibial
posterior, em pacientes com Parkinson. Realizou-se a busca de março a novembro
de 2017, nas bases de dados US National Library of Medicine
(MEDLINE), Scientific Eletronic Library Online (SciELO), Physiotherapy Evidence Database
(PEDro), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Google
acadêmico, sem limites de data. Foram utilizados como
descritores contidos nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS)
as palavras-título: bexiga hiperativa, Parkinson e eletroestimulação transcutânea e percutânea do tibial posterior. Foram
utilizados como descritores contidos no Medical Subject
Headings (MeSH)
as palavras-título: overactivity bladder, Parkinson’s disease, electrical stimulation transcutaneous, percutaneous electrical stimulation. Resultados: Dos 8
artigos recuperados, 1 estava duplicado e 2 foram excluídos por não estarem
disponíveis, restando cinco artigos: 2 ECRs, 2
experimentais e 1 estudo piloto. Conclusão:
a terapia de eletroestimulação tibial, tanto transcutânea,
quanto percutânea, se mostra benéfica para tratamento da bexiga hiperativa, em
pacientes com Parkinson, porém, se faz necessário a realização de novos
estudos, principalmente os de intervenção, para padronização do método.
Palavras-chave: eletroestimulação transcutânea do nervo tibial posterior, eletroestimulação
percutânea do nervo tibial, bexiga hiperativa e Parkinson.
Abstract
Parkinson's disease is a disease of motor and non-motor symptoms, and
may include neurogenic bladder, which is characterized by urgency symptoms,
with or without urge incontinence. Objective:
To analyze the transcutaneous and percutaneous electrostimulation
of the tibial nerve for treatment of overactive
bladder in Parkinsonians. Methodology: All articles mentioning the treatment of overactive
bladder, with transcutaneous and percutaneous electrostimulation
of the posterior tibial, were included in patients
with Parkinson's disease. The search was carried out from March to November
2017, in the databases National Library of Medicine (Medline), Scientific Electronic
Library Online (SciELO), Physiotherapy Evidence
Database (PEDro), Virtual Health Library (VHL) and
Google academic, without date limits. The descriptors included were:
hyperactive bladder, Parkinson's and transcutaneous and percutaneous electrostimulation of the posterior tibial.
The descriptors included in the Medical Subject Headings (MeSH)
were: overactivity bladder, Parkinson's disease,
electrical stimulation transcutaneous, percutaneous electrical stimulation. Results: Of the 8 articles retrieved, 1
was duplicated and 2 were excluded because they were not available, leaving
five articles: 2 RCTs, 2 experimental and 1 pilot study. Conclusion: Transcutaneous and percutaneous tibial
electrostimulation therapy is beneficial for the
treatment of overactive bladder in patients with Parkinson disease. However, it
is necessary to carry out new studies, especially interventional ones, to
standardize the method.
Key-words:
transcutaneous electrostimulation of the posterior tibial nerve, percutaneous electrostimulation
of the tibial nerve, overactive bladder, Parkinson.
Parkinson é uma
doença universal, com uma prevalência anual de 20 casos por 100.000/habitantes
[1]. A doença é provocada por uma diminuição da dopamina, que resulta nos clássicos
sinais motores de rigidez, tremor de repouso e instabilidade postural [2]. No
entanto, é reconhecido que a doença é a que mais leva à disfunção miccional,
dentre elas, a bexiga hiperativa neurogênica (BHN), caracterizada pela presença
de urgência, com ou sem urge-incontinência, normalmente acompanhada de
polaciúria e noctúria [2,3]. Os sintomas irritativos
aparecem em 27-63,9% dos pacientes [2]. As principais modalidades
fisioterapêuticas atuais para o tratamento da IU são: exercícios perineais,
eletroestimulação (EE), terapia comportamental e o biofeedback
[4-6]. No âmbito da EE, as técnicas para aplicação da corrente para tratamento
da BHN podem ser: intracavitária, e mais recentemente, a neuromodulacão
sacral (por implante sacral de um estimulador elétrico ou por eletrodos
superficiais sacrais) e do nervo tibial (transcutânea,
ou percutânea) [7]. A estimulação do nervo tibial posterior (ENTP) iniciou-se
na década de 1980 e vem em crescente estudo nos últimos anos [6]. As técnicas
são consideradas acessíveis, não invasivas, isentas de complicações cirúrgicas
e dos efeitos secundários associados aos medicamentos utilizados no tratamento
da hiperatividade do detrusor, porém, pouco exploradas cientificamente [8,9].
Há uma ausência de
estudos randomizados e revisões sistemáticas que comparem os dois tipos de
aplicação, dificultando assim a produção de protocolos e guidelines
para utilização dessas técnicas em pacientes Parkinsonianos com sintomas de
urge-incontinência, sendo necessária maior comprovação científica.
O primeiro registro
de ENTP no tratamento de disfunções miccionais foi publicado por McGuire,
em 1983, tendo sido inspirado nos pontos de
acupuntura. Por isso, a colocação dos eletrodos
segue o trajeto do nervo
tibial, onde são colocados de 1 a 5 centímetros acima do
maléolo medial e
o outro aproximadamente 10 cm acima (região do ventre do
músculo tibial
posterior) [6]. O nervo tibial (NT) é de caráter misto e
emerge de L5-S3, onde
se originam também algumas fibras do sistema nervoso
parassimpático (SNP), que
são responsáveis pela inervação da bexiga
[8]. Um estímulo sensorial será
produzido, e se projetará para a medula espinhal (ME), no mesmo
local onde se
encontram as projeções da bexiga [10]. Com a ENTP,
acredita-se que ocorrerá uma
inibição das contrações
involuntárias do músculo detrusor, que se dá
através de
uma convergência de sinais provenientes da
estimulação, por um longo reflexo
medular e pela reorganização das sinapses nervosas, as
quais são ativadas por
uma via reflexa dos neurônios simpáticos
inibitórios (nervo hipogástrico) e
pela inibição dos neurônios parassimpáticos
excitatórios (nervo pélvico),
produzindo assim o efeito esperado do tratamento [11]. Outra
ação promovida
pela corrente é a ativação de receptores muscarínicos
M1 e M3, encontrados no músculo detrusor [12].
A incidência dos
sintomas de bexiga hiperativa é alta nos pacientes com Parkinson, o que os
torna ainda mais incapacitantes, sendo, portanto, de grande valia, estudar
novas terapias que promovam o alívio desses sintomas de urgência, sem lhes
provocar tanto efeito adverso que acabam por piorar sua qualidade de vida[2]. Com isso, o objetivo desta revisão sistemática, foi
analisar a ENTP transcutânea e percutânea no
tratamento da bexiga hiperativa no paciente com Parkinson.
Esta revisão
sistemática foi desenvolvida no Programa de Pós-Graduação Latu Senso em
Fisioterapia Pélvica da Universidade Castelo Branco/RJ, redigida a partir das
recomendações Prisma Statement
for Reporting Systematic Reviews and Meta-Analyses.
Foram incluídos nesta
revisão sistemática estudos controlados randomizados (ECR), estudo piloto e
estudos experimentais não controlados, redigidos em língua portuguesa, inglesa,
espanhola e francesa, que utilizaram como tratamento a eletroestimulação transcutânea e/ou percutânea do nervo tibial posterior em
pacientes Parkinsonianos com sintomas de bexiga hiperativa. Foram excluídos
estudos que não estavam disponíveis na íntegra nas bases de dados e pacientes
com implante sacral para neuromodulação.
Estratégia
de busca
Realizou-se uma busca
de março a novembro de 2017, nas bases de dados US National
Library of Medicine (MEDLINE), Scientific
Eletronic Library Online (SciELO),
Physiotherapy Evidence Database (PEDro), LILACS,
Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e outras fontes.
Foram utilizados como descritores contidos nos Descritores em
Ciências da Saúde (DeCS) as palavras-título: bexiga
hiperativa, Parkinson e eletroestimulação transcutânea
e percutânea do nervo tibial posterior. Foram utilizados
como descritores, contidos no Medical Subject Headings (MeSH),
as palavras-título: overactive bladder; overactive
urinary bladder; bladder overactive; overactive detrusor; detrusor, overactive;
overactive detrusor function; detrusor function, overactive; idiopathic parkinson’s disease; Lewy body
Parkinson disease; Lewy body Parkinson’s disease;
primary parkinsonism; Parkinsonism, primary; Parkinson’s disease; Parkinson
disease, idiopathic ;Parkinson’s disease, idiopathic; Parkinson’s disease Lewy body, Idiopathic Parkinson Disease, Paralysis Agitans; TENS; electrical stimulation transcutaneous;
stimulation, transcutaneous electrical; transcutaneous electric stimulation;
transcutaneous electrical nerve stimulation; electric stimuation,
transcutaneous; stimulation, transcutaneous electric; transcutaneous electric
al stimulation; transcutaneous nerve stimulation; nervestimulation,
transcutaneous; stimulation, transcutaneous nerve; analgesic cutaneous electrostimulation; cutaneous electrostimulation,
analgesic; electrostimulation, analgesic cutaneous; electroanalgesia; percutaneous electric nerve
stimulation; transdermal electrostimulation; electrostimulation, transdermal;
percutaneous electrical nerve stimulation; electrostimulation,
transdermal. As
palavras-título foram combinadas utilizando-se os operadores de lógica AND e
OR. Para esse estudo foi utilizada,
na principal base de busca,
PUBMED, a frase: (((percutaneous posterior tibial nerve stimulation[Title/Abstract])
AND (((((((((((((((TENS[Title/Abstract]) OR electrical stimulation
transcutaneous[Title/Abstract]) OR stimulation, transcutaneous
electrical[Title/Abstract]) OR transcutaneous electrical
stimulation[Title/Abstract]) OR transcutaneous electrical nerve
stimulation[Title/Abstract]) OR electric stimulation, transcutaneous[Title/Abstract])
OR stimulation, transcutaneous electric[Title/Abstract]) OR transcutaneous
electric stimulation[Title/Abstract]) OR transcutaneous nerve
stimulation[Title/Abstract]) OR nerve stimulation,
transcutaneous[Title/Abstract]) OR stimulation, transcutaneous
nerve[Title/Abstract]) OR analgesic cutaneous electrostimulation[Title/Abstract])
OR cutaneous electrostimulation,
analgesic[Title/Abstract]) OR electrostimulation,
analgesic cutaneous[Title/Abstract]) OR electroanalgesia[Title/Abstract]))
AND ((((((overactive bladder[Title/Abstract]) OR overactive urinary
bladder[Title/Abstract]) OR bladder, overactive[Title/Abstract]) OR detrusor,
overactive[Title/Abstract]) OR overactive detrusor function[Title/Abstract]) OR
detrusor function, overactive[Title/Abstract])) AND (((((((((((idiopathic parkinson's disease[Title/Abstract]) OR lewy
body parkinson's disease[Title/Abstract]) OR lewey body parkinson's
disease[Title/Abstract]) OR primary parkinsonism[Title/Abstract]) OR
parkinsonism, primary[Title/Abstract]) OR parkinson
disease, idiopathic[Title/Abstract]) OR parkinson's
disease[Title/Abstract]) OR parkinson's disease,
idiopathic[Title/Abstract]) OR parkinson's disease, lewy body[Title/Abstract]) OR idiopathic parkinson disease[Title/Abstract]) OR paralysis agitans.
Critérios
de seleção
Os ECRs foram avaliados, segundo a escala JADAD13, pelas
próprias autoras. Os critérios para a pontuação na escala Jadad
são: 1.a. O estudo foi descrito como aleatório (uso de palavras como
"randômico", "aleatório", "randomização")?; 1.b. O método foi adequado?;
2.a. O estudo foi descrito como duplo-cego?; 2.b. O
método foi adequado?; 3. Houve descrição das perdas e
exclusões?
Cada item (1, 2a e 3a) recebe um ponto para a resposta sim ou zero
ponto para a resposta não. Um ponto adicional é atribuído se, no item 1b, o
método de geração da sequência aleatória foi descrito e foi adequado; no item
2b, se o método de mascaramento duplo-cego foi descrito e foi adequado. Um
ponto é deduzido se, na questão 1b, o método de geração da sequência aleatória
foi descrito, mas de maneira inadequada; na questão 2b, se foi descrito como
duplo-cego, mas de maneira inadequada. A escala de Jadad
classifica os estudos em alta qualidade (escore de 3-5) e baixa qualidade (escore
de 1-2). Os estudos experimentais e pilotos não puderam ser avaliados quanto à
qualidade metodológica, por não haver ferramentas para tal avaliação.
Encontram-se o fluxo de recuperação dos estudos na Figura 1 e os resultados dos estudos nos quadro 1 e 2.
Foram excluídos da
revisão dois trabalhos por indisponibilidade. Os artigos
de El-Senousy MY et al com o artigo
Efficacy of Posterior Tibial Nerve Stimulation on
Detrusor Overactivity of Idiopathic Parkinson's
Disease Patients Clinical and Urodynamic Evaluation, 2013; e Krivoborodov GG em Tibial neuromodulation in the
treatment of neurogenic detrusor hyperactivity in patients with Parkinson's
disease, 1999.
Quadros
1 e 2 - Descrição,
respectivamente, de tratamentos e resultados dos estudos que utilizaram
eletroestimulação transcutânea e/ou percutânea para
tratamento da bexiga hiperativa em parkinsonianos.
a) F = Feminino; M = Masculino;
b) Questionário de Avaliação da Bexiga Hiperativa – V8 [14]; c) International Consultation on Incontinence Questionaire – Short Form [15]; d)
King’s Health Questionaire
[16]; e) Capacidade Cistométrica Máxima (ml); f) Pressão
Máxima do Detrusor (cmH2O); g) GI = Grupo Intervenção
e GC = Grupo Controle.
a) F = Feminino; M = Masculino;
b) Questionário de Avaliação da Bexiga Hiperativa – V8 [14]; c) International Consultation on Incontinence Questionaire – Short Form [15]; d)
King’s Health Questionaire
[16]; e) Capacidade Cistométrica Máxima (ml); f) Pressão
Máxima do Detrusor (cmH2O); g) GI = Grupo Intervenção
e GC = Grupo Controle.
Embora os artigos
desta revisão não sejam, em sua totalidade, estudos controlados e randomizados, é possível observar
uma tendência de eficácia das técnicas. Ainda é impreciso o uso da neuromodulação através do nervo tibial devido à falta de
padronização do método. Os artigos até concluem a favor da estimulação do
tibial, mas analisando-os individualmente, observa-se
vários vieses.
Kabay et al. [17], realizaram um estudo experimental com apenas uma única
aplicação da técnica. Em 2016, o mesmo autor promoveu um novo estudo
experimental, porém, desta vez com 12 semanas de tratamento [18]. Nos dois
estudos houve melhora da capacidade cistométrica e
aumento dos scores dos questionários de sintomas de urgência, mas em nenhum dos
trabalhos foi mencionado o tempo de duração da sessão.
Já no âmbito da transcutânea, foram realizados 3
estudos, 1 ambulatorial e nos outros 2 estudos o uso da terapia foi em
domicilio, o que permite realizar mais sessões ao dia, e em mais dias na semana
[2,19], o que pode ter sido um ponto positivo para o efeito do tratamento. Em Ohannessian et al. [19], um
estudo piloto, não foi descrito o pulso utilizado no aparelho. Os ECRs, apesar de serem apenas dois, poderiam ter sido metanalisados [20] já que apresentaram boa
qualidade metodológica, segundo escala Jadad, e baixo
risco de viés [13,21], porém, utilizaram medidas estatísticas diferentes. Perissinotto et al. [2],
utilizaram como medida estatística, diferença de média e intervalo de
confiança, enquanto que Araújo [22] usou média e desvio padrão. Ambos estudos foram favoráveis ao grupo intervenção.
A conclusão de
eficácia da terapia de estimulação transcutânea do
tibial posterior, no tratamento da bexiga hiperativa neurogênica, pode ser
observada em outros estudos que utilizaram a mesma técnica para pacientes com
outras doenças neurológicas, não somente o Parkinson. Amarenco
et al. [23] realizaram um estudo
experimental de terapia com estimulação transcutânea
do nervo tibial, em 44 pacientes, sendo 29 mulheres e 15 homens, tendo 13
pacientes o diagnóstico de esclerose múltipla, 15 com lesão da medula espinhal,
9 com doença de Parkinson e 7 que apresentavam somente instabilidade idiopática
do detrusor, não possuindo doença neurológica. Os pacientes eram avaliados pela
urodinâmica, antes e após a estimulação do nervo
tibial posterior esquerdo. Como protocolo, usaram um eletrodo auto-adesivo de superfície na pele
do tornozelo, atrás do maléolo interno, com frequência de 10 Hz e pulso de 200 ms. Concluiram que os resultados
sugeriam um efeito agudo positivo para este desfecho.
Em Sheil e Thorpe [24], reuniram 34 pacientes, homens e
mulheres, que possuíam queixas de urgência miccional, com qualquer problema
neurológico e os avaliaram por meio da urodinâmica,
do diário miccional e questionário de qualidade de vida. Os pacientes foram
submetidos à estimulação do nervo tibial posterior, a uma frequência de 20 Hz,
com 200 ms de largura de
pulso, por 90 minutos, 2x/dia. Obtiveram resultados favoráveis à aplicação da
técnica, demonstrados através da melhora dos scores dos questionários,
diminuição dos episódios miccionais e menos uso de protetores diários. Sèze et al. [25] por sua vez, fizeram um estudo
prospectivo, multicêntrico, com 70 pacientes, entre homens e mulheres,
diagnosticados com esclerose múltipla, que realizaram sessões diárias de 20
minutos de terapia transcutânea no tibial posterior,
com frequência de 10 Hz e largura de pulso de 200 ms.
Após serem avaliados pelo diário miccional, questionários de qualidade de vida
e capacidade cistométrica, concluíram que a terapia
se mostrou eficaz para melhora de todos os parâmetros avaliados [25].
Também há, em outros
estudos, efeitos positivos da terapia percutânea do tibial posterior. Kisilyel et al. [26],
reuniram 30 mulheres com sintomas de urge-incontinência/noctúria/micção
frequente e as avaliaram com diário miccional, questionários de bexiga
hiperativa e estudo urodinâmico: 10 pacientes foram
submetidas à estimulação percutânea do nervo tibial posterior, com frequência
de 20 Hz e 200 ms de largura de pulso, por 30 minutos
semanais, por doze semanas; 10 mulheres receberam anti-colinérgicos,
uma vez ao dia, por 12 semanas; enquanto as 10 restantes, realizaram medicação
mais estimulação percutânea, repetindo a dose dos tratamentos dos outros
grupos. Ao término do experimento, foi possível observar que houve um efeito
mais forte no grupo que realizou a eletroestimulação, em comparação com a
medicação, uma vez que se percebeu melhora dos
parâmetros avaliados: melhora da qualidade de vida e diminuição do número de
micções/dia. O artigo evidenciou que estimular o tibial de forma percutânea
única (sozinho), é melhor do que com remédio, ou combinando as duas terapias.
Após a exposição dos
cincos artigos, fica evidente a limitação do estudo, no que concerne à
disponibilidade de artigos, principalmente de estudos controlados, e a falta de
protocolo dos artigos já escritos, tendo em vista que as frequências variam de
10 a 20 Hz, e que não há
consenso quanto a quantidade de sessões, duração e tempo de tratamento.
As terapias de
eletroestimulação tibial, tanto transcutânea, quanto
percutânea se mostraram eficazes para o tratamento da bexiga hiperativa em
parkinsonianos. Além disso, é uma terapia de baixo custo, fácil aplicabilidade,
que oferece pouco ou nenhum desconforto ao paciente e com mínimos efeitos
adversos, o que se torna uma vantagem para pacientes que já possuem uma
qualidade de vida limitada. Porém, ainda estamos longe de uma terapia baseada
em evidências. Sugere-se então, novos estudos controlados randomizados, para
realização de protocolos e guidelines, buscando
amenizar o sofrimento de doentes que já padecem com a evolução da doença de
Parkinson.