RELATO DE
CASO
Tratamento
de alopecia androgenética masculina com drug delivery por microagulhamento
Treatment of male androgenetic alopecia with drug
delivery by microneedling
Paulo Roberto Gnecco Rodrigues de Assis*, Lidia
Vieira Dantas**
*Pós-graduando
em Biomedicina Estética do IPESSP (Instituto de Pesquisa e Educação em Saúde de
São Paulo), **Orientadora Biomédica Esteta, Docente da Pós Graduação em Biomedicina
Estética da Faculdade Método de São Paulo
Recebido 26 de abril de
2018; aceito 15 de junho de 2018.
Endereço
para correspondência:
Lídia Dantas, Coordenadora da Pós Graduação em Biomedicina Estética da Faculdade
Método de São Paulo, Av. Jabaquara, 1314 Mirandópolis 04046-200 São Paulo SP, E-mail:
dantaslidia@yahoo.com.br; Paulo Roberto Gnecco Rodrigues
de Assis: paulognecco@hotmail.com
Resumo
A alopecia é um problema
comum com importante impacto negativo na qualidade de vida de seus portadores. Devido
à ausência de uma terapia totalmente eficaz para o tratamento de alopecia, o microagulhamento surge como uma promissora e efetiva alternativa
para esta disfunção. O objetivo deste trabalho foi apresentar um protocolo de tratamento
eficaz para tratar a alopecia androgenética a curto e
médio prazo bem como expor a autopercepção do paciente
através de análise subjetiva em relação ao tratamento realizado. Paciente do sexo
masculino, com alopécia androgenética
foi tratado com 6 sessões de microagulhamento
associado à mescla manipulada estéril de ativo. Houve melhora de 75% em relação
ao crescimento capilar e coloração dos fios e em relação a
espessura dos fios observou-se melhora de 50%. O protocolo apresentado neste trabalho
mostrou-se seguro, rápido e eficaz para a terapia de crescimento capilar a curto
e médio prazo, pois os resultados se mantiveram por um período de 5 meses pós o termino do tratamento.
Palavras-chave: alopecia androgenética, microagulhamento, crescimento
capilar, fator de crescimento.
Abstract
Alopecia is a common disorder with a significant negative impact on the quality
of life of patients. Due to the absence of a totally effective therapy for the treatment
of alopecia, microneedle appears as a promising and effective
alternative for this dysfunction. The objective of this study was to present an
effective treatment to treat androgenetic alopecia in
the short and medium term as well as to expose the patient self-perception through
subjective analysis in relation to the treatment. A male patient with androgenetic alopecia was treated with 6 microneedle sessions associated with the sterile manipulated
blend of active material. We observed an improvement of 75% in relation to hair
growth and yarn staining and, in relation to the yarn thickness, a 50% improvement
was observed. The protocol presented in this study proved to be safe, fast and effective
for capillary growth therapy in the short and medium term because the results were
maintained for a period of 5 months after the end of the treatment.
Key-words: androgenetic alopecia, microneedling,
hair grown, growth factors.
A alopecia é um problema
comum com importante impacto negativo na qualidade de vida de seus portadores. Embora
não haja tratamento definitivo para a maioria dos tipos de alopecia, muitos pacientes
procuram tratamentos para melhorar a aparência e autoestima.
A alopecia é dividida
em cicatriciais e não cicatriciais. A alopecia cicatricial reúne uma série de disfunções
que geram queda dos cabelos de forma permanente e irreversível devido ao dano causado
nos folículos capilares tornando-os incapazes de produzir fios. Dentre as alopecias
não cicatriciais as mais comuns são a alopecia androgenética
(AAG), a alopecia areata (AA) e o eflúvio telógeno. Sendo que a AAG é causa mais comum de alopecia em
ambos os sexos [1]. Caracterizada por alteração no ciclo do cabelo a AAG leva à
miniaturização folicular progressiva com conversão dos fios terminais em velo, mais
finos, menos pigmentados e curtos.
O padrão de perda capilar
na alopecia difere entre homens e mulheres. Dentre os homens, geralmente, a AAG
apresenta-se como a recessão da linha frontal de implantação capilar e calvície
do vértex. Ao contrário dos homens, o padrão feminino
é caracterizado pela miniaturização difusa sobre a parte central com retenção da
linha frontal do cabelo. A AA é causada por destruição
autoimune de folículos capilares envolvendo células e imunidade humoral [2]. O eflúvio
telógeno se caracteriza pela perda difusa do cabelo causado
pelo estresse fisiológico, hormonal, metabólico ou induzido por drogas [1].
O folículo piloso passa
por três fases principais ao longo do seu desenvolvimento: fase anágena (proliferação), fase catágena
(involução) e fase telógena (repouso) com regeneração
em ciclos sucessivos. No escalpo normal a fase anágena
tem duração média de dois a sete anos, a catágena duas semanas e a telógena
aproximadamente três meses. O crescimento dos folículos ocorre em padrão de mosaico
no escalpo, ou seja, cada folículo possui seu próprio mecanismo de controle ditado
por substâncias como fatores de crescimento, hormônios, citocinas
e influenciados pelo meio ambiente como radiação ultravioleta e deficiências nutricionais.
Os mecanismos que controlam o ciclo de crescimento do pelo estão localizados no
próprio folículo e são resultantes da interação de moléculas reguladoras e seus
receptores. Evidências sugerem que a papila dérmica e seus fibroblastos influenciam
no crescimento folicular, especialmente na proliferação e diferenciação celular
da matriz do folículo piloso.
A perda de cabelo é caracteriza
por uma desordem do ciclo do folículo piloso e possui etiologia variada. Na AAG
ocorre término precoce da fase anágena devido à redução
da expressão dos fatores estimulantes e aumento de citocinas
promotoras de apoptose [3].
Outro mecanismo da AAG
está associado ao desequilíbrio dos níveis de prostaglandina. Em recente estudo
experimental realizado por Garza et al. [4] observou-se níveis altamente expressos de prostaglandina D2
(PGD2) e sua sintetase
(PGD2S) no couro cabeludo de homens
além de uma relação temporal entre o aumento dos
níveis de PGD2 e o início na miniaturização
dos folículos capilares. Estes achados implicam no
desenvolvimento de novos alvos
de tratamento para AAG. A PGD2 aparentemente inibe o crescimento
capilar através
do mecanismo de ligação no seu receptor DP-2. A
prostaglandina E2 (PGE2) desempenha
papel oposto, promovendo o crescimento capilar. Esta descoberta
enfatiza o papel
do equilíbrio entre PGE2 e PGD2 no controle do crescimento do
cabelo, cuja desregulação
pode ser responsável pela perda de cabelo na AAG.
O microagulhamento
surge como uma alternativa para tratamento desta disfunção, o qual é um procedimento
minimamente invasivo que utiliza múltiplas agulhas finas para criar microcanais na pele. Este processo desencadeia a neovascularização,
a liberação de fatores de crescimento e estimula a expressão de proteínas Wnt [5]. O microagulhamento é realizado
com um rolo estéril contendo agulhas, que variam de 0,50 a 3,0 milímetros de comprimento.
A utilização desta terapia teve início em 1995, quando Orentreich
e Orentreich utilizaram pela primeira vez agulhas dérmicas
para tratar cicatrizes sob a forma de subcisão [6].
No tratamento das alopecias
o microagulhamento foi especificamente evidenciado em
aumentar o crescimento do cabelo através da liberação do fator de crescimento derivado
de plaquetas, fatores de crescimento epidérmico e ativação das
células tronco presentes no bulbo capilar sendo que todos esses fatores são
desencadeados pelo processo de reparo tecidual. A expressão aumentada de proteínas
Wnt, sendo elas Wnt3a e Wnt10b, também são evidentes após
o microagulhamento. Estas proteínas demonstraram estimular
as células tronco das papilas dérmicas e o crescimento capilar [5].
Não há padronização das
formulações associadas ao microagulhamento, vários fármacos
podem ser administrados dependendo da indicação clínica do paciente, algumas trazem
como proposta o crescimento de cabelo, outras possuem efeitos vasodilatadores [7].
As opções terapêuticas
aprovadas disponíveis, incluindo o uso de finasterida
oral e minoxidil tópico são limitados em eficácia e envolvem
eventos adversos. A finasterida, um inibidor do tipo II
de 5a-redutase, inibe a conversão
de testosterona em dihidrotestosterona (DHT) [8]. Este
evento promove aumento na contagem de pelos, e posteriormente o aumento da espessura
dos fios. Apesar da sua eficácia, os efeitos adversos da finasterida
são uma preocupação crescente, especialmente nas funções sexuais, ainda que por
efeito nocebo [9].
Outra droga aprovada,
o minoxidil tópico, é classificado como vasodilatador,
regulador positivo de abertura de canais de potássio, que melhora o agrupamento
de cisteína e glicina no folículo piloso e na papila dérmica
atua aumentando a duração da fase anágena e diminuindo
a fase telógena contribuindo assim para o espessamento
da densidade capilar [10]. O dexapantenol, vitamina B5,
está envolvido no desenvolvimento capilar. Esta substância é convertida em ácido
pantotênico, utilizado como precursor na síntese da coenzima
A, importante no metabolismo dos carboidratos. A biotina, vitamina B7, atua como
coenzima e fator de crescimento e tem um papel na carboxilação
e no metabolismo de ácidos graxos [7].
Recentemente, a utilização
de peptídeos de cobre tem sido sugerida como benéfica no tratamento da AAG, promovendo
o equilíbrio da atividade da enzima conversora de esteroides, aumentando a fase
anágena do ciclo do cabelo, e estimulando a proliferação
de células da papila dérmica [11].
Outras substâncias, como
o fator de crescimento fibroblástico básico (bFGF), fator de crescimento semelhante
à insulina (IGF) e fator de crescimento celular endotelial vascular (VEGF) são responsáveis
diretos pelo aumento da quantidade e tamanho de folículos capilares, promoção da
angiogênese e vascularização folicular gerando um aumento
da quantidade dos fios[12].
Ainda que drogas de bloqueio
de PGD2 ou aumento de PGE2 estejam sob avaliação quanto
à eficácia e segurança para o tratamento da AAG, outras prostaglandinas apresentam
efeitos terapêuticos. A latanoprosta, análogo à prostaglandina
F2 alfa, apresenta-se como uma alternativa promissora. Em estudo randomizado que
avaliou o uso de latanoprosta tópico 0,1% contra grupo
placebo em 16 homens portadores de AAG, revelou um aumento significativo da densidade
capilar tanto de fios terminais quanto de velus nos pacientes
submetidos a 24 semanas de tratamento com latanoprosta
em comparação com os resultados basais deste grupo e ao grupo placebo [13].
Atualmente, observa-se
um grande número de pessoas acometidas pela AGG. O objetivo de apresentar um protocolo
eficaz de tratamento para AAG a curto e médio prazo bem como expor a autopercepcao do paciente através de análise subjetiva em relação
ao tratamento realizado.
Paciente GMF, 55 anos,
sexo masculino com alopecia androgenética. Relatou ter
se submetido a tratamento anterior para a mesma desordem há 8
anos realizando-o por 2 anos consecutivos. O paciente assinou o termo de consentimento
livre e esclarecido bem como o termo de autorização fotográfica após explanação
sobre o procedimento e anamnese.
Fez uso oral de 1 mg de finasterida por dia e aplicação
tópica de minoxidil 5%. Descontinuou o tratamento por
supostamente apresentar efeitos colaterais relacionados ao uso de finasterida como diminuição da libido e disfunção erétil.
Durante a anamnese foi
identificado com padrão M1V2F2 segundo escala BASP (Basic and
specific classification) de
perda de cabelo.
O escalpo foi limpo com
solução alcóolica de clorexidina 0,5%. Após a secagem
espontânea do escalpo foi aplicada metade do volume total da mescla estéril de ativos
nas área afetada e em seguida o rolo de microagulhamento (derma roller system
sob registro da ANVISA 80971990001) contendo agulhas de 0,50 mm foi gentilmente
empregado nas quatro direções clássicas preconizadas para esta técnica: vertical,
horizontal, diagonal direita e diagonal esquerda até observar-se a formação de eritema
médio. Este padrão de eritema foi considerado o ponto final do procedimento uma
vez que o objetivo era o drug delivery
e não o processo inflamatório.
Realizou-se 6 sessões quinzenais de microagulhamento
associado à mescla manipulada estéril de ativos biotina 10 mg, D-Pantenol 40 mg, IGF 1%, BFGF 1%, VEGF1%, peptídeo de cobre 1%
e finasterida 0,05%. Imediatamente após o microagulhamento o volume residual da mescla foi novamente aplicado
e o paciente foi orientado a permanecer com a mesma por 4 horas após o procedimento
e iniciar o tratamento home care com espuma tópica após
24 horas duas vezes ao dia.
O paciente foi orientado
a fazer o uso home care de espuma tópica de minoxidil 5% e latanoprosta 0,005%
duas vezes ao dia, sendo de manhã e à noite, após higienização do couro cabeludo
e dos fios de cabelo com shampoo convencional. A espuma tópica foi aplicada em pequena
quantidade nas áreas afetadas com posterior massagem do escalpo para melhor distribuição
do produto permanecendo com o mesmo até a próxima higienização.
A duração total do tratamento
foi de 10 semanas. Foram realizadas fotodocumentações
antes da primeira sessão (baseline) e antes de cada sessão.
O paciente avaliou os parâmetros de crescimento capilar (cobertura do escalpo),
coloração e espessura dos fios na escala de avaliação subjetiva conforme tabela
I.
Tabela I - Parâmentos x porcentagem de melhoria pós tratamento.
Após completar as 6 sessões de microagulhamento, o paciente
foi orientado a continuar utilizando a espuma tópica de minoxidil
e latanoprosta. O acompanhamento do paciente foi realizado
por 5 meses após do término da última sessão para avaliar
a consistência dos resultados obtidos com o tratamento.
Em relação a auto percepção, o paciente relatou ter observado aumento da
cobertura do escalpo. Reportou melhora de 1 ponto em escala
subjetiva 15 dias após a primeira sessão, seguido por 2 pontos após 30, 45 e 60
dias pós procedimento chegando a 3 pontos ao final da última sessão (Gráfico 1).
Gráfico
1 - Análise subjetiva.
O paciente relatou aumento
da espessura do cabelo de 1 ponto após um mês do início
do procedimento de microagulhamento, e 2 pontos nas sessões
seguintes até o término do tratamento. Após quarenta e cinco dias, além da melhora
na espessura do cabelo e da cobertura do escalpo, observou-se melhora subjetiva
na coloração dos fios em 2 pontos tendo alcançado e mantido
3 pontos nas sessões subsequentes.
Figura 1 - Fotodocumentação realizada a cada sessão de microagulhamento. A: foto realizada antes da primeira sessão
(baseline), B: após 15 dias, C: após 30 dias, D: após
45 dias, E: após 60 dias e F: após 75 dias.
Apesar de ter sido orientado
a continuar utilizando a espuma home care em seu retorno,
5 meses após o término do tratamento, o paciente relatou
ter abandonado uso após o término da última sessão. Apesar de não ter seguido esta
orientação, o paciente manteve a mesma pontuação em relação ao crescimento capilar
(3+), coloração dos fios (3+) e espessura dos fios (2+) o que sugere a sustentação
dos resultados mesmo tendo descontinuado o uso de espuma tópica (Gráfico 1). O gráfico 1 consolida a resposta
do paciente sobre analise subjetiva em relação ao crescimento capilar, coloração
dos fios e espessura dos fios de cabelo a cada sessão e após 5 meses do término
tratamento. O paciente não relatou efeitos adversos em relação a disfunção erétil ou diminuição da libido durante ou após o
tratamento.
Na figura 2 apresentamos
em detalhe o comparativo entre as fotos anteriores à primeira sessão e após última
sessão.
Figura 2 - Fotodocumentação comparativa em detalhe: (A) baseline e após última sessão de microagulhamento
(B).
A alopecia androgenética apresenta uma prevalência de 30% em homens com
idade inferior a 30 anos, aproximadamente 50% dos homens acima de 50 anos chegando
a 80% em pacientes acima de 70 anos implicando que essa condição tem sua frequência
e severidade associadas com o aumento da idade [14]. Um grande número de pacientes
com AAG permanecem insatisfeitos em relação ao novo crescimento do cabelo com as
terapias existentes. Uma das razões para isso pode ser os múltiplos fatores implicados
na patogênese da AGA, que envolve não só a DHT, mas também a inflamação, as vias
de sinalização, genes, fatores de crescimento, ativação de células-tronco e melhoria
da vascularização [15]. No relato em questão, apesar da idade do paciente ele apresentou
significativa resposta a curto e médio prazo diante do tratamento proposto. Haja visto que o resultado se manteve 5 meses após o termino
do tratamento mesmo sem a utilização do home care.
Neste contexto, o microagulhamento se torna uma ferramenta inovadora e segura
no tratamento da alopecia androgenética, pois induz o
crescimento do cabelo através de mecanismos de ativação do sistema plaquetário, estimula a liberação dos fatores de crescimento
derivados das plaquetas e fatores de crescimento epidérmicos além de ativar células-tronco
do bulbo capilar nas áreas com lesões provocadas pelo dispositivo de roller. Concomitamente ativa a superexpressão dos genes relacionados com o crescimento do cabelo,
como o fator de crescimento do endotélio vascular, beta catenina,
vias Wnt3a e Wnt10b, de acordo com estudos em animais [16,17].
No primeiro estudo do
uso de microagulhamento em AAG masculina, foram selecionados
cem casos de AAG de leve a moderada (III vértice ou IV) em 2
grupos formados aleatoriamente. Foi oferecido à um grupo
(n=50) um tratamento semanal de microagulhamento com loção
de minoxidil 5% duas vezes ao dia (grupo microagulhamento) e o outro grupo (n=50) recebeu apenas loção
minoxidil 5% duas vezes ao dia (grupo minoxidil). Depois de 12 semanas de tratamento concluiu-se que
o tratamento de microagulhamento associado ao minoxidil foi estatisticamente superior ao grupo tratado apenas
com minoxidil para a promoção do crescimento do cabelo
em homens com AAG para as três medidas de eficácia primária do crescimento do cabelo
(contagem de cabelo, avaliação do pesquisador e avaliação do paciente). Afirmando
que o microagulhamento é uma ferramenta promissora e segura
na estimulação do cabelo e também útil para tratar a perda de cabelo refratária
à terapia minoxidil [5]. Os resultados do tratamento prospeto
neste trabalho mostram-se satisfatório tanto na avaliação subjetiva do paciente
quanto na avaliação dos pesquisadores.
Um estudo feito com quatro
homens apresentando alopecia que se submeteram a 15 sessões de microagulhamento e também foram aconselhados a fazer uso de
minoxidil e finasterida, teve
resultados satisfatórios. Foi observado aumento na espessura de pelos finos após
um mês de início do tratamento, após 3 meses, novos pelos
foram observados na superfície do couro cabeludo e, ao final de 6 meses, a cobertura
significativa do couro cabeludo foi atingida. Ao final de 6
meses, três pacientes avaliaram mais de 75% de melhora e um paciente relatou melhora
de mais de 50% na avaliação subjetiva do crescimento capilar e ficou muito satisfeito
com a resposta. No final de 18 meses de seguimento, todos os pacientes mantiveram
a mesma resposta que foi alcançada no final da última sessão de microagulhamento [17].
Fatores de crescimento
são substâncias que realizam um papel de extrema importância na comunicação celular.
Entre suas funções são descritas as de estimular a proliferação e sobrevivência
celular, acelerar a migração celular, diferenciação e a aptose,
quando necessário. Através do envelhecimento e por decorrência de algumas doenças,
a produção de fatores de crescimento é diminuída e, com ela, a fisiologia do tecido
[18].
Em estudo realizado por
Lee et al. [19], onze pacientes com padrão feminino
de perda de cabelo foram submetidos a sessões semanais de microagulhamento
associado com fatores de crescimento (bFGF, IGF, VEGF,
fator de crescimento de células-tronco, fator-2 de crescimento de queratinócitos e superóxido desmutase)
na metade do escalpo, como controle placebo na outra metade foi utilizado microagulhamento associado a salina. O aumento da densidade
capilar e da contagem de cabelo bem como a satisfação dos pacientes foram significativamente
maiores no grupo contendo fator de crescimento após cinco semanas de tratamento.
Em nosso estudo podemos
intuir que além dos mecanismos já descritos do microagulhamento,
o uso de fatores de crescimento concomitantes ao microagulhamento auxiliam na restauração capilar.
Em relação a biotina, estudo de revisão retrospectivo sobre seus benefícios
realizados por Deepa et al. [20] demonstrou que, apesar de sua popularidade nos meios de
comunicação e entre os consumidores, a biotina não tem eficácia comprovada sobre
o crescimento de cabelo e unha em indivíduos saudáveis. Dentro desta revisão apenas
um estudo demostrou diminuição dos níveis de biotina em indivíduos saudáveis, embora
esses dados foram confundidos por vários fatores, incluindo
histórico do paciente. Portanto, na ausência de estudos adicionais não encontraram
nenhuma evidência sobre os benefícios da suplementação de biotina exceto nas deficiências
congênitas ou adquiridas [20].
Recentemente, a utilização
de peptídeos de cobre tem sido sugerida como benéfica no tratamento da AAG, promovendo
o equilíbrio da atividade da enzima conversora de esteroides, aumentando a fase
anágena do ciclo do cabelo, e estimulando a proliferação
de células da papila dérmica [21]. Em nosso estudo utilizamos o peptídeo de cobre
associado a outros ativos e não de forma isolada.
O dexapantenol
(vitamina B5) está envolvido no desenvolvimento capilar. Esta substância é convertida
em ácido pantotênico, utilizado como precursor na síntese
da coenzima A, importante no metabolismo dos carboidratos. Em estudo realizado por
Davis et al., o uso tópico de dexapantenol
demonstrou aumentar o diâmetro e alterar as propriedades mecânicas das fibras capilares
promovendo menor quebra dos fios [22].
A latanoprosta,
análogo à prostaglandina F2- alfa, apresenta-se como uma
alternativa promissora. Em estudo randomizado que avaliou o uso de latanoprosta tópico 0,1% contra grupo placebo em 16 homens portadores
de AAG, revelou um aumento significativo da densidade capilar tanto de fios terminais
quanto de velus nos pacientes submetidos a 24 semanas
de tratamento com latanoprosta em comparação com os resultados
basais deste grupo e ao grupo placebo [13].
No presente estudo foi
utilizado associação de minoxidil 5% com 0,005% de Latanoprosta durante o tratamento. Dado o fato de que o paciente
descontinuou seu uso após a última sessão de microagulhamento,
não pudemos comprovar sua eficácia em relação ao aumento de densidade capilar. No
entanto, este fato corrobora com a hipótese de que a sustentação dos resultados
após 5 meses do término do tratamento está intimamente
ligado ao tratamento de microagulhamento com ativos. Para
elucidar-se tal achado deve-se realizar estudos comparativos
entre pacientes com AAG tratados com microagulhamento
versus pacientes tratados com espuma tópica de latanoprosta.
Em relação ao uso oral
de finasterida e seus efeitos colaterais sobre as funções
sexuais, em estudo de revisão sistemática realizado por Mella
et al. [23],
observamos que de todos os efeitos
colaterais pesquisados (disfunção erétil,
diminuição de libido e distúrbios de
ejaculação)
apenas a disfunção erétil foi significativamente
mais frequente em grupos tratados
com finasterida em comparação ao grupo placebo sugerindo
que 1 a cada 80 pacientes tratados sofrerão disfunção erétil.
No presente estudo utilizamos
a finasterida associada ou microagulhamento
de forma tópica. O paciente não relatou efeitos adversos em relação a disfunção erétil ou diminuição da libido durante ou após o
tratamento sugerindo a segurança de sua utilização. Neste estudo obtivemos resultados
que corroboram com estudos supracitados mesmo sendo um relato de caso. Obtivemos
resultados satisfatórios como o aumento da cobertura do escalpo (crescimento capilar)
em 1 ponto na escala subjetiva 15 dias após a primeira
sessão, seguido por 2 pontos após 30, 45 e 60 dias pós procedimento chegando a 3
pontos ao final da última sessão. O paciente relatou aumento da espessura do cabelo
de 1 ponto após um mês do início do procedimento de microagulhamento, e 2 pontos nas sessões seguintes até o término
do tratamento. Após 45 dias, além da melhora na espessura do cabelo e da cobertura
do escalpo, observou-se melhora subjetiva na coloração dos fios em 2 pontos tendo alcançado e mantido 3 pontos nas sessões subsequentes.
Além dos resultados similares aos estudos anteriores vale ressaltar que os obtivemos
em menor tempo de tratamento (10 semanas) com intervalo de 15 dias entre as sessões
utilizando agulha de menor comprimento causando menos desconforto ao paciente e
maior segurança em relação à execução da técnica.
O protocolo de tratamento
para alopéica androgenética
apresentado neste trabalho mostrou-se seguro, rápido e eficaz para a terapia de
crescimento capilar a curto e médio prazo com resultados consisos
por um período de 5 meses após o termino do tratamento.
Como o microagulhamento tem ação em múltiplos fatores patogênicos da
AAG, este procedimento deve ser oferecido aos pacientes para a nova estimulação
folicular e obtenção de resultados visuais alcançados a curto
prazo, seguindo as indicações e contraindicações dessa terapia.
Apesar deste estudo ter sido um relato de caso, apresenta um protocolo
efetivo em relação ao aumento da densidade capilar, melhora da espessura e coloração
dos fios tanto na analise subjetiva do paciente quanto na avaliação dos pesquisadores.