ARTIGO
ORIGINAL
A
influência da massagem facial na qualidade de vida de idosos residentes em
asilos
The influence of facial massage in the quality of life
of elderly residents in asylum
Danielle Andretta*, Marielle Torrezan*, Juliana Aparecida Ramiro Moreira, Ft. M.Sc.**
*Graduandas
do Curso de Bacharelado em Estética pelo Centro Universitário Hermínio Ometto FHO/Uniararas, **Mestre em
Ciências Biomédicas pelo Centro Universitário Hermínio Ometto,
FHO/Uniararas, Docente do Curso de Bacharelado em
Estética FHO/Uniararas
Recebido 29 de junho
de 2018; aceito 15 de agosto de 2018.
Endereço
para correspondência:
Juliana Aparecida Ramiro Moreira, Centro Universitário Hermínio Ometto, Av. Dr. Maximiliano Baruto,
500 Jd Universitário 13607-339 Araras SP, E-mail:
juliana.rm@fho.edu.br; Danielle Andretta:
danielle.andretta@hotmail.com; Marielle Torrezan: marielle.torrezan@hotmail.com
Resumo
A técnica de massagem
facial é muito utilizada na área da estética pois
oferece diversos benefícios fisicos e emocionais aos
que a recebem, como aumento do suplemento de sangue e de oxigênio, alívio da
dor, diminuição dos níveis de estresse e melhora dos quadros de ansiedade e
depressão. Visto que o idoso asilado sofre com a falta de relações pessoais,
apoio e atenção, a massagem se torna uma opção para amenizar esta situação e
promover qualidade de vida à eles. O objetivo desta
pesquisa foi avaliar a importância da massagem facial como prática terapêutica
auxiliar em asilos, analisando a qualidade de vida dos idosos asilados antes e
após uma intervenção social que proporcionou momentos de lazer, cuidado e
contato afetivo. O estudo contou com treze voluntários do gênero masculino e
feminino com idade entre 68 e 94 anos, residentes em uma instituição no
interior do estado de São Paulo, onde foram realizadas
semanalmente um total de dez sessões de massagem facial na própria casa de
repouso. Posteriormente foram avaliados por meio de questionários de qualidade
de vida. A análise de dados apresentou resultados satisfatórios
nos quesitos satisfação pessoal, sentimentos positivos e qualidade de
vida, indicando que a técnica pode ser utilizada para promoção de bem-estar e
qualidade de vida de idosos asilados.
Palavras-chave: qualidade de vida,
envelhecimento, massagem.
Abstract
The technique of facial massage is widely used in the area of aesthetics
because it offers several physical and emotional benefits to those who receive
it, such as increased blood and oxygen supplementation, pain relief, decreased
stress levels and improve anxiety and depression. Since the elderly suffer of
lack of personal relationships, support and attention, massage becomes an
option to alleviate this situation and promote quality of life. The objective
of this study was to verify the effect of facial massage and its importance as
an auxiliary therapeutic practice in asylums and to evaluate the quality of
life of the elderly. The study consisted of thirteen male and female volunteers
aged 68 to 94 years, living in an institution in the interior of the state of
São Paulo, where a total of ten facial massage sessions were held weekly in the
nursing home. Subsequently, they were evaluated through quality of life
questionnaires. Data analysis presented satisfactory results in personal
satisfaction, positive feelings and quality of life, indicating that the
technique can be used to promote well-being and quality of life for the elderly
Key-words: quality of
life, aging, massage.
Segundo a OMS
(Organização Mundial de Saúde) até 2025 aproximadamente 13% da população
brasileira será idosa, cenário já conhecido por alguns países desenvolvidos e
que vem abrangendo os países em desenvolvimento [1].
Os principais fatores
para tal mudança na pirâmide etária do Brasil são os avanços tecnológicos
voltados à medicina, que garantem um aumento na expectativa de vida e
diminuição da mortalidade infantil. Além disso, os casais brasileiros estão
optando cada vez mais por ter um número reduzido de filhos, o que reflete na
taxa de fecundidade. Diante desta situação, faz-se necessário adequar os
serviços de saúde e atenção básica voltadas às
necessidades do idoso e principalmente entender o processo de envelhecimento
[2].
Para Santos, Andrade
e Bueno [3], este processo ocorre de forma cronológica e programada e advêm de
mutações biológicas intrínsecas que modificam o organismo como um todo, gerando
morte celular, alterações proteicas, menor defesa contra radicais livres, entre
outras alterações, somadas a influências externas.
Aparentemente vê-se
uma perda progressiva de colágeno e elastina, tanto na quantidade quanto na
qualidade, resultando em rugas, pele pouco espessa susceptível a traumas e com
processo de cicatrização lento, além da perda de água, diminuição de pelos e
aparecimento de manchas senis [4].
Aprofundando-se um
pouco mais, é possível notar a nível musculoesquelético uma perda de massa
óssea e muscular, as chamadas osteopenia e sarcopenia, respectivamente, devido à perda celular, perda
de água e alterações na síntese de proteínas. As consequências mais notáveis
são a osteoporose, diminuição da força muscular e capacidade aeróbia,
decréscimo da taxa metabólica basal e substituição do tecido muscular pelo
tecido adiposo, o que pode levar após certa idade, um aumento de peso nos
idosos, desencadeando uma série de doenças [5].
As articulações
também ficam comprometidas, pois há diminuição do líquido sinovial, afinamento
da cartilagem e rigidez dos ligamentos, o que justifica a dificuldade dos idosos
de se locomoverem [1].
No sistema cardíaco
ocorre a degeneração das fibras cardíacas, fibroses, acúmulo de lipofuscina e substância amiloide, bem como hipertrofia das
células restantes e deposição de colágeno no miocárdio, o que leva à rigidez e
menor capacidade de bombeamento do coração. Nas artérias ocorre perda de
elasticidade resultando em rigidez, que leva a um aumento da pressão arterial
sistólica. No sistema respiratório enrijecimento do tórax devido à perda de
elasticidade, porém isso pouco afeta a capacidade pulmonar total [6].
O sistema nervoso
também é afetado, levando a comprometimentos cognitivos leves como perda de
memória ou até mesmo os mais graves como a demência. Isto se dá pela perda
progressiva de células nervosas, diminuição na produção de neurotransmissores
e maior lentidão nas sinapses [1].
Entretanto, esta
visão enfatiza apenas os aspectos biomédicos, não se atentando que o processo
de envelhecer traz mudanças que ultrapassam o ciclo biológico, provocando
modificações nos aspectos sociais e psicológicos, as quais resultam na
dificuldade de adaptação a novos papéis sociais, falta de motivação,
baixa-estima, perdas afetivas, suicídios, hipocondria e depressão [5,7].
Desde modo, o
envelhecimento passa a ser considerado um processo multifatorial e heterogêneo,
pois, cada indivíduo irá envelhecer da sua maneira, levando em consideração
aspectos intrínsecos e extrínsecos [7].
A posição do idoso na
sociedade vem se modificando a medida do tempo. A velhice já foi símbolo de
status social, a figura do velho representava a sabedoria, a paciência, e
transmitia os valores da ancestralidade. Porém, com o surgimento do
capitalismo, a produção de bens ganha valor e o idoso perde seu lugar social.
Isto porque, nesse sistema valemos mais pelo que produzimos do que pelo que
somos, ou seja, o idoso que perdeu sua condição de produzir força de trabalho é
rejeitado [2].
Ao analisar de forma
geral a distribuição dos idosos pelo país, nota-se que uma quantidade
considerável reside em asilos, local onde são oferecidos todos os cuidados
necessários quanto à saúde, higiene e conforto, porém estes,
encontram-se separados do seu ambiente familiar, muitas vezes isolados
da atualidade cultural, experimentando a incomoda sensação de abandono,
dependência e inutilidade. Desde modo, nada adianta valorizar o aumento da
expectativa de vida se este público não possui uma boa qualidade de vida [8].
O termo qualidade de
vida se refere a união entre desenvolvimento pessoal e
coletivo, dependente de múltiplos fatores que irão determinar a capacidade de
produzir resultados, ser feliz e ser saudável, influenciando diretamente no
bem-estar, autoestima, minimizando ansiedade e a depressão, contribuindo para
um envelhecer saudável [2].
Segundo Carneiro et al. [9], a falta de relações sociais,
muito comum em asilos, é tão danosa para a saúde quanto o fumo, a pressão
arterial elevada, a obesidade e a ausência de atividade física, concluindo que
o estado de saúde não depende apenas do organismo e de fatores extrínsecos
conhecidos, mas também da quantidade e qualidade das relações sociais. Um
estudo realizado pelo mesmo autor conclui que idosos em asilos têm maiores dificuldades
no âmbito social, quando comparados a idosos que vivem em residências. Esta
situação leva a uma maior incidência de quadros de depressão, sendo cerca de
40% dos indivíduos pertencentes a asilos no presente estudo.
Araújo [10] relata
que o desenvolvimento de mecanismos sociais para tentar solucionar esta
situação, poderá proporcionar o alívio das tensões do cotidiano ou até mesmo um
momento que eles possam ser ouvidos, falem um pouco de seus problemas pessoais
e anseios.
Segundo Saraiva et al. [11], as políticas destinadas aos
idosos deverão ser direcionadas à promoção da autonomia, necessidade de
cuidado, autossatisfação e a capacidade física e mental dos asilados. Nesse
cenário, as terapias complementares vêm como alternativa que irão proporcionar
a integridade do ser.
Uma terapia possível
neste caso seria a massagem clássica. A palavra massagem vem no grego masso, significa “amassar”, é uma prática terapêutica
antiga, com origens em diversos países como na Índia, China, Japão, Grécia e
Roma. O efeito mais associado à técnica é o relaxamento, no entanto, podemos
classificá-los também em efeitos mecânicos e reflexos. Estes se encontram
inter-relacionados uns aos outros [7].
O efeito mecânico
refere-se às influências diretas da massagem sobre o tecido como o aumento do
suplemento de sangue e de oxigênio às áreas massageadas, condicionando o seu
aquecimento e o consequente alívio da dor. Além destes efeitos diretos
encontramos os indiretos, também conhecidos como reflexos, estes, por sua vez, atuam
na diminuição dos níveis de estresse, melhorando estados de ansiedade e
depressão, gerando no indivíduo o relaxamento e o bem-estar geral [7].
Isto acontece porque
a pele é um órgão de percepções múltiplas, devido ao fato de possuir milhares
de terminações nervosas. Quando um estímulo adequado atua sobre algum dos
receptores sensoriais cutâneos, desenvolve-se um potencial de ação em um
neurônio sensitivo através das vias sensoriais a medula espinhal e ao encéfalo
onde é interpretado como sensação determinada [12].
Deste modo, o ato de
tocar ou ser tocado pela massagem transmite mensagens apropriadas ativando
várias respostas fisiológicas e emocionais que podem tranquilizar,
relaxar e até mesmo, no caso do idoso, o toque é capaz de proporcionar sentimentos
de segurança, conforto, acolhimento e bem-estar geral [13,14].
Considerando que o
idoso tem limitações e que apresenta maior necessidade afetiva, deve ser
ressaltado que a prática da massagem, além de estabelecer uma comunicação não
verbal durante o contato físico que irá confortar dar apoio e transmitir calor,
também irá estimular a interação verbal através da fala, neste último caso,
promove o relacionamento interpessoal entre o profissional da saúde e o
asilado. Quando o profissional da saúde demonstra sensibilidade e interesse
pelo idoso, é estabelecida nessa relação a capacidade
de “estar junto”, oferecendo um gesto de carinho a esse indivíduo tão pouco
reconhecido socialmente [15].
Veronese [16] relata
em seu trabalho a importância do toque terapêutico e do contato afetivo em
casas de repouso e/ou asilos. Para a autora, o contato ajuda os pacientes na
recuperação da autoestima, além de informar à pessoa da presença de vida em seu
corpo e dá possibilidade de sentir-se melhor, aliviando dores físicas e
emocionais vindas da falta de contato e do abandono.
Portanto, o
tratamento do idoso deve ser multidisciplinar, onde além da atenção básica à
saúde, unem-se profissionais engajados a oferecerem atenção, desenvolvimento de
atividades, amparo, entretenimento e apoio social, levando-os a encarar a
velhice com mais disposição, independência, felicidade e, consequentemente,
longevidade [16]. Assim, espera-se que a massagem facial se apresente como uma
boa alternativa de tratamento para os idosos asilados, afetando de forma
positiva na sua qualidade de vida e bem-estar, otimizando
os serviços já oferecidos em casas de repouso, de forma a amenizar os
sentimentos negativos que os acompanham nesta etapa da vida.
Objetivo
O objetivo desta
pesquisa foi avaliar a importância da massagem facial como prática terapêutica
auxiliar em asilos, analisando a qualidade de vida dos idosos asilados antes e
após uma intervenção social que proporcionou momentos de lazer, cuidado e
contato afetivo.
A presente pesquisa
foi aprovada pelo comitê de ética em pesquisa sob o CAE 82375717.7.0000.5385 em
14/02/2018 e aplicada em uma instituição no interior do estado de São Paulo,
sob o consentimento dos idosos participantes. Foi realizada uma triagem em conjunto
com a assistente social, responsável pelos idosos do local, para definição do
grupo a ser estudado, levando em consideração os critérios de exclusão. Após a
escolha dos participantes, foram preenchidos e assinados os termos de
consentimento livre e esclarecido.
Para início da
intervenção foi realizada uma coleta de dados aplicando primeiramente o
“Questionário dos idosos entrevistados em instituições de longa permanência”,
elaborado por pesquisadores do Instituto Paranaense de desenvolvimento
econômico e social – IPARDES, constituído por questões
fechadas separadas em dois blocos, sendo o primeiro para identificação
do idoso e o segundo para analisar sua relação com a instituição. Esta etapa
foi essencial para obter-se um primeiro contato com o grupo, ter conhecimento
da situação do local e para o delineamento do perfil da amostra como mostra a
tabela 1.
Em um segundo momento
foi aplicado o “Questionário de avaliação dos idosos residentes em asilos”,
delineado através dos Questionários de qualidade de vida do idoso WHOQOL-OLD e
WHOQOL-BREF e na Versão brasileira do Questionário de qualidade de vida-SF-36,
sendo um questionário misto composto por questões abertas e fechadas, onde foi
possível analisar a qualidade de vida atual dos idosos na instituição, antes da
intervenção proposta.
A coleta de dados foi
realizada em grupo com caráter de autopreenchimento ou com auxílio dos
integrantes da pesquisa, quando necessário. Os questionários não foram anônimos
em virtude da necessidade de identificação do idoso para controle do estudo,
contudo não foram divulgadas identificações na finalização do trabalho,
mantendo o anonimato dos participantes.
Após a aplicação dos
questionários foi realizada a intervenção por um período de aproximadamente um
mês e meio, sendo duas vezes por semana, totalizando dez sessões. Durante esta
etapa, os idosos foram atendidos na própria instituição, com uma preparação da
pele com o sabonete neutro, aplicação da técnica de massagem facial com auxílio
do creme neutro e finalizado com um filtro solar.
Ao final das dez
sessões, o grupo foi instruído a responder novamente o Questionário de
avaliação dos idosos residentes em asilos, para coleta dos dados após a
intervenção, possibilitando posterior análise dos efeitos e resultados da aplicação
da massagem facial na qualidade de vida dos idosos asilados.
Os questionários
foram tabulados e a análise dos dados foi realizada por meio de estatística
descritiva, onde os dados foram dispostos em tabelas e gráficos para a
identificação das mudanças ocorridas antes e depois da intervenção, no caso do
Questionário de avaliação dos idosos residentes em asilos. Para o Questionário
dos idosos entrevistados em instituições de longa permanência, elaborado por
pesquisadores do Instituto Paranaense de desenvolvimento econômico e social –IPARDES, os dados foram utilizados para traçar o
perfil do idoso e sua relação com a instituição em que reside, afim de dar
embasamento de como seria sua qualidade de vida e bem-estar, atividades já
realizadas, entre outros pontos a serem estudados. A análise está no nível de
descrição das variações encontradas, e não no nível de inferência. Como o
questionário é misto e também possui questões qualitativas, o segundo passo da
análise teve abordagem qualitativa, em que foram observados os relatos dos
participantes.
Tabela
I - Perfil da amostra.
Fonte: Arquivo pessoal
Após análise dos
questionários, pôde ser observado que nas questões que se referem
a maneira com a qual os idosos usam seu tempo, nota
que a maior parte da amostra passa seu dia assistindo TV, realizando trabalhos
manuais, batendo papo ou ouvindo música, mostrando-se satisfeitos com as
oportunidades proporcionadas. Entretanto, foi relatado que a instituição não
organiza atividades físicas, sendo que 15,38% expuseram o desejo por melhorias
neste quesito.
Em relação ao
“Questionário de avaliação dos idosos residentes em uma instituição do interior
de São Paulo”, ao analisar as diferenças dos resultados antes e após a intervenção referentes
às perguntas sobre satisfação
pessoal como “Quão satisfeito você está
consigo mesmo? ”, “Você é capaz de
aceitar sua aparência física? ” e “Quão
satisfeito você está com suas relações
pessoais? ”, foi possível observar que os idosos em geral
apresentaram
indiferença ou insatisfação consigo mesmo. Esta
falta de satisfação pessoal
pode ser justificada pelas mudanças nos aspectos
psicológicos, o que resulta em
baixa autoestima e depressão.
No entanto, ao
comparar os resultados referentes às perguntas que se relacionavam ao
sentimento dos idosos antes e após as dez sessões
propostas, os índices apresentaram variações significativamente positivas
quando comparadas à avaliação inicial. Nas tabelas II e III é possível
visualizar um aumento na quantidade de tempo em que o idoso se sentia feliz e
um decréscimo na frequência de sentimentos negativos, como mau humor,
desespero, ansiedade e depressão.
Tabela
II -
Quanto tempo você tem se sentido uma
pessoa feliz?
Fonte: Arquivo pessoal
Tabela
III
- Com que frequência você tem sentimentos
negativos tais como mau humor, desespero, ansiedade, depressão?
Fonte: Arquivo pessoal
Santos e Silva [17]
encontraram resultados semelhantes através de uma pesquisa de caráter
descritivo, exploratório e de cunho qualitativo, onde doze usuários de um
Centro de Atenção Psicossocial foram submetidos às sessões de massoterapia duas
vezes na semana e nos dias das sessões foram realizadas coletas de dados,
utilizando formulários. Neste ponto, a massagem foi capaz de induzir a
liberação de sentimentos positivos, além de proporcionar sensação de
acolhimento e compreensão, resgatando sua autoestima e amenizaram os sintomas
dos sofrimentos mentais, tais como: angústia, tristeza, isolamento social,
ansiedade, nervosismo e dores crônicas.
Assim como Ribeiro et al. [7] que encontraram por meio de uma
pesquisa qualitativa os efeitos de vivências de automassagem em um grupo de
quinze idosos institucionalizados, onde a técnica despertou no idoso sensações
relaxantes, de bem-estar, aquecimento corporal e também lembranças afetivas.
Em relação ao tópico
qualidade de vida, a pergunta “Como você avaliaria sua qualidade de vida?”
mostrou que os idosos em sua maioria avaliam como boa (46,15%) ou nem ruim nem
boa (46,15%), e 7,69% a consideram ruim. Após a
intervenção, analisando a melhora dos sentimentos e os relatos dos
participantes, pôde-se constatar uma melhora na qualidade de vida dos idosos.
O estudo de Zorzi e Santis [18] fortalece
estes dados, ao realizar uma pesquisa quantitativa baseada em um questionário
aplicado sobre uma amostra de vinte pessoas do gênero feminino, com idade de 50
a 70 anos, onde a massagem foi eficaz na melhora da qualidade de vida da
terceira idade e também proporcionou relaxamento e alívio de possíveis
incômodos como a dor que afetam os idosos.
Apesar dos
resultados, os voluntários não sabiam definir o que significava para eles
qualidade de vida e quais ações poderiam ser feitas para melhora-la. No
entanto, Silva [2] mostrou que atividades de lazer e participação social são
tópicos importantes para uma melhor qualidade de vida. Através de uma pesquisa
realizada no Sesc-Estreito SC com 16 idosos que
participavam de atividades de lazer frequentemente no local, onde a partir de
aplicações de questionários chegou a estes resultados, além de atenuar ou até
mesmo eliminar as tensões sofridas, despertando o autoconhecimento, ocupando-o
e contribuindo na prevenção de pensamentos negativos que levam a um prejuízo da
sua saúde física e mental.
A pesquisa de
Ribeiro, Marques e Ribeiro [19] reforça a ideia anterior, isto porque, de
acordo com os relatos dos idosos estudados, a situação psicológica foi o
segundo tópico mais importante citado, mostrando assim, a preocupação em ser
feliz, ter vínculos afetivos saudáveis, ter lazer, afeto, entre outros. Deste
modo, os dois autores enfatizam a importância da participação dos idosos em
atividades que os proporcionem um momento de alegria e aumentem
significativamente a qualidade de vida deles.
As questões de origem
qualitativa da presente pesquisa não foram respondidas por quase 100% dos
participantes, o que pode ser justificado pela baixa escolaridade dos
residentes, visto que 53,84% frequentaram a escola até o ensino fundamental
incompleto e 46,15% não possuem escolaridade, representando um grau de
escolaridade baixo que podem ter prejudicado a capacidade de responder as
questões. Corrobora com esta constatação o fato que, segundo os dados do Censo
Demográfico [20], em torno de treze milhões de brasileiros não sabiam ler ou
escrever, sendo que 39,2% desse contingente eram de idosos.
Uma das limitações
encontradas durante a intervenção foi a resistência
inicial de alguns participantes que não possuíam uma boa socialização com os
demais. Contudo, ao longo dos dias eles passaram a questionar sobre o
procedimento e demonstrar certo desejo de participar, sendo nas últimas sessões
participaram e relataram satisfação em receber a
técnica.
Carneiro et al. [9] mostram em sua pesquisa que as
interações sociais são de suma importância para o idoso, principalmente o
asilado, visto que, diversos estudos incluídos na análise demostraram que a
falta de convívio e afeto levam a efeitos danosos e prevalência maior de
depressão. Em seu estudo, foram avaliados três grupos dentre os quais um era
formado por idosos residentes em asilos. Desta forma, concluíram que estes são
os que mais sofrem com a falta das interações sociais e são
os que apresentam a maior taxa de depressão, somando 40%, o que leva a ideia de
que por mais que as instituições ofereçam todo o suporte necessário para
mantê-los bem instalados o apoio social é essencial para a manutenção da
qualidade de vida.
A pesquisa de Hames et al. [21] também mostra a importância
dos mecanismos de socialização, onde ao aplicar quatro sessões de massagem de
conforto com o objetivo de melhorar o comportamento de quatro idosas institucionalizadas
no Lar do Idoso Betânia em Joinville que apresentavam dificuldade de
socialização, foi possível constatar que o procedimento de massagem gerou
bem-estar físico e facilitou a comunicação entre os profissionais e as idosas
asiladas.
Após o término das
sessões, foi realizada uma conversa informal com os participantes e ao
questionar sobre suas opiniões pessoais sobre a intervenção, relataram sua
satisfação e a vontade de dar continuidade ao tratamento se fosse possível,
pois segundo eles, notaram que a pele ficou bem mais macia e hidratada, além de
terem um momento para conversarem e receber atenção e afeto.
Os mecanismos de
promoção de bem-estar e qualidade de vida são de responsabilidade dos
profissionais de saúde, o que inclui o trabalho dos esteticistas como, no
estudo, através das terapias manuais. Foi aplicada a técnica de massagem facial
em treze idosos numa instituição do interior de São Paulo com o intuito de
promover uma melhora na qualidade de vida e bem-estar dos mesmos, o que foi
confirmado através da análise dos resultados, onde observou-se
melhora nos quesitos satisfação pessoal, sentimentos positivos e qualidade de
vida.
Os dados dos
questionários podem ter sofrido interferências, pois no momento da coleta de
dados a presença de um dos membros responsáveis pelo asilo no local da
entrevista pode ter proporcionado um momento de desconforto aos idosos, fazendo
com que eles não relatassem a realidade. Indica-se
novas pesquisas para reforçar a tese de que o idoso necessita de afeto e
atenção, e que este pode ser oferecido através do toque ou por de outras
técnicas complementares, de forma a promover um envelhecimento saudável ao
idoso asilado.