ARTIGO ORIGINAL
Efeitos de um programa
fisioterapêutico com terapia por tarefas orientadas e treino de marcha para
trás na locomoção de pacientes após acidente vascular encefálico: série de
casos
Effect of a
physical therapy program with task-oriented approach and backward gait training
in the locomotion after stroke: case series
Suzanne Guimarães Machado, Ft.*, Jaíne Rosalva de Aguiar, Ft.*, Gabriel Pacheco Bispo, Ft.*,
Ricardo de Oliveira Santana, Ft.*, Raphaela Schiassi Hernandes, TO**, Sheila Schneiberg, Ft.***
*Fisioterapeutas egressos do
Departamento de Fisioterapia, Universidade Federal de Sergipe, Campus Lagarto,
**Docente, Departamento de Terapia Ocupacional, Universidade Federal de
Sergipe, Campus Lagarto, ***Docente, Departamento de Fisioterapia, Universidade
Federal de Sergipe, Campus Lagarto
Recebido 31 de agosto de 2018;
aceito 15 de fevereiro de 2020.
Correspondência: Sheila Schneiberg,
Departamento de Fisioterapia, Universidade Federal de Sergipe, Campus Lagarto,
Av. Governador Marcelo Déda, s/n, Centro 49400-00 Lagarto SE
Sheila Schneiberg:
sheilaschneiberg@gmail.com
Suzanne Guimarães Machado: suzanne.machado1@hotmail.com
Jaíne Rosalva de Aguiar:
jaineaguiar-2@hotmail.com
Gabriel Pacheco Bispo:
gabrielpbispo91@gmail.com
Ricardo Oliveira Santana:
ricardoo437@gmail.com
Raphaela Schiassi
Hernandes: rapha_to@hotmail.com
Resumo
Introdução: Pacientes após Acidente Vascular
Encefálico (AVE) costumam ter alteração da marcha, apresentando velocidade
lenta, baixa resistência a longas distâncias, e limitação da locomoção
independente nas ruas. A recuperação dessa marcha comunitária é para esses
indivíduos, um dos principais objetivos para a manutenção de uma vida ativa. Objetivo:
Investigar a eficácia de uma intervenção fisioterapêutica com o método de
tarefas orientadas e com o treino de marcha para trás sobre a locomoção de
pacientes hemiparéticos após AVE. Métodos:
Trata-se de um estudo de análise de efeito terapêutico do tipo série de casos,
no qual o sujeito é seu próprio controle, e são realizadas avaliações múltiplas
para cada sujeito nas fases A1- B - A2. Na fase A1 são feitas duas avaliações
antes do tratamento, gerando uma linha de base (baseline) que por ter duas
medidas inclui a variação normal do sujeito, na fase
B também são feitas duas avaliações, mas, durante e imediatamente após o
tratamento, para obter as mudanças relacionadas ao mesmo e na fase A2 são
feitas duas avaliações após duas semanas e um mês sem tratamento, para avaliar
retenção do tratamento. Este estudo foi realizado com indivíduos com sequelas
de AVE deambuladores comunitários (capazes de andar
na rua, com ou sem auxílio de órteses). Os constructos utilizados para avaliar
o efeito da terapia nos participantes foram: equilíbrio avançado, marcha
comunitária com capacidade de modificar marcha as tarefas funcionais,
equilíbrio e mobilidade, que foram investigados respectivamente com os instrumentos
Fullerton Advanced Balance (FAB), Índice de
Marcha Dinâmica (DGI) e Timed Up Go (TUG). Dois métodos estatísticos foram
utilizados: 1) O método visual da banda formada pela média e por dois desvios
padrão calculados com os resultados das avaliações feitas na baseline, formando
uma banda cujos pontos que caírem fora da banda tem uma significância p <
0.05; e 2) O cálculo do tamanho do efeito da terapia com o método de Delta de
Glass. Resultados: Participaram do estudo quatro voluntários com
sequelas após AVE. Após aplicação do protocolo de intervenção com tarefas
orientadas e marcha para trás, observou-se melhora do equilíbrio e mobilidade,
assim como da locomoção e da capacidade de modificação da marcha às atividades
funcionais, isso pode ser observado especialmente no TUG em que todos os
participantes diminuiram o tempo, após o tratamento
em aproximadamente 3 a 20 segundos, p < 0,05. Os tamanhos do efeito após
terapia foram grandes a enormes > 0,80 e 1,30 para todos os participantes em
dois dos três desfechos primários. Conclusão: A associação do treino por
tarefas orientadas com o treino de marcha para trás dentro do processo de
reeducação funcional de pacientes após AVE surte efeitos positivos sobre a
locomoção.
Palavras-chave: acidente vascular cerebral,
locomoção, marcha, tarefas orientadas, série de casos.
Abstract
Introduction: Patients
after stroke usually have gait dysfunctions, presenting slow speed, low
resistance over long walking distances, and limitation of independent walking
outdoors. The recovery of community walking is for those individuals, one of
the main goal necessary to keep an active life. Objective: To
investigate the effectiveness of a physical therapy intervention with the
task-oriented method associated with backward gait training on the locomotion
of hemiparetic patients after stroke. Methods: This study is a case
series, to analyze therapeutic effect, in which the subject is his own control,
and multiple evaluations are performed for each subject in phases A1 - B - A2.
In phase A1 two pre-treatment assessments are performed, generating a baseline
that includes the normal variation of the subject. In phase B two assessments
are also made, but during and immediately after treatment to obtain changes
related to the treatment effect and, in phase A2, two assessments are made,
after two weeks and one month without treatment, phase A2 is to assess
retention of treatment. This study was conducted with community-walking strokes
survivors (capable of walking on the street, with or without orthoses). The
constructs used to assess the effect of therapy on participants were: advanced balance, community gait with ability to
change functional tasks, speed and mobility, which were investigated with the
Fullerton Advanced Balance (FAB) instruments, Dynamic Gait Index (DGI) and
Timed Up Go (TUG). Two statistical methods were used: 1) The visual method of
the band formed by the mean and by two standard deviations calculated from the
results of the baseline evaluations, forming a band where the points that fall
outside the band have a significance of p < 0.05 and 2) The size calculation
of the effect of therapy with the Glass Delta method. Results: Four
volunteers with stroke sequelae participated in the study. After applying the
intervention protocol with task-oriented approach and backward gait training,
it was observed an improvement in balance and mobility, as well as locomotion
and gait modification ability to functional activities, that was observed
especially in the TUG where all participants decreased the time after treatment
in approximately 3 to 20 seconds, p <0.05. Post-therapy effect sizes were
large to huge > 0.80 and 1.30 for all participants in two of the three
primary outcomes. Conclusion: The association of task-oriented training
with backward gait training within the functional rehabilitation process of
patients after stroke has positive effects on locomotion.
Keywords: stroke,
locomotion, gait, task oriented, case series.
O Acidente
Vascular Encefálico (AVE) pode ser definido como uma disfunção neurológica, em
determinada área encefálica, que tem como etiologia uma lesão vascular, podendo
ser do tipo isquêmica ou hemorrágica [1]. É considerado uma das principais
causas de incapacidade da atualidade, já que 80% das pessoas afetadas tornam-se
dependentes de auxílio para no mínimo uma atividade funcional [2]. O AVE é um
relevante problema de saúde pública, com uma taxa de alta letalidade e
quantidade significativa de sobreviventes com dependência funcional, pois, a
cada ano, 15 milhões de pessoas no mundo são acometidas [3]. Deste
quantitativo, cinco milhões de pessoas vão à óbito enquanto outros cinco
milhões sobrevivem com incapacidades, o que gera graves consequências nos
contextos pessoal, familiar e de participação comunitária [4]. No Brasil,
embora tenha havido declínio das taxas de mortalidade, o AVE representa a
primeira causa de morte e incapacidade em todo o país, o que repercute
negativamente nos aspectos econômico e social nacional [3]. Dados advindos de estudo
prospectivo nacional evidenciaram incidência anual de 108 casos por 100 mil
habitantes, taxa de fatalidade aos trinta dias de 18,5%, e, aos 12 meses, de
30,9%, e índice de recorrência após um primeiro episódio de AVE de 15,9% [5].
Após a lesão
vascular, cerca de 40% dos indivíduos não são capazes de deambular de forma
independente na comunidade, e a dependência persiste mesmo após uma melhora
global significativa com a reabilitação [6-11]. A marcha de pacientes com
hemiparesia costuma ter como características marcantes a menor amplitude dos
movimentos articulares, velocidade reduzida, assimetria na transferência do
peso corporal, aumento da fase de balanço, instabilidade na fase de apoio,
elevado gasto energético, déficit no ritmo e lentidão nos mecanismos
adaptativos posturais diante de distratores do
ambiente [6-8,11].
Um aspecto
importante na marcha hemiparética é a assimetria na
descarga de peso durante o apoio unipodal [12]. A
natureza assimétrica da locomoção de hemiparéticos é
resultado de uma atividade muscular anormal, controle deficiente dos mecanismos
posturais e prejuízo sensorial [12,13]. Mesmo com a recuperação da capacidade
de andar, a maioria dos pacientes permanece com uma marcha de velocidade lenta
e baixa resistência a longas distâncias, e sua locomoção independente fora de
casa e na sociedade são limitados [14-16].
Dentre as
possibilidades atuais de intervenção fisioterapêutica na marcha hemiparética, destaca-se o treino por meio de tarefas
orientadas. É baseado nas teorias atuais de controle motor e aprendizagem
motora [17,18], difere de práticas de treino fisioterapêutico tradicionais em
que a força muscular é treinada de forma isolada e fora da tarefa funcional do
músculo a ser fortalecido ou ainda de tratamentos que focam nos componentes
patológicos da marcha (ex. amplitude de tornozelo) de maneira isolada, fora do
contexto funcional e tarefas durante as fases da marcha. No treino por tarefas
orientadas, a força, amplitude, destreza e coordenação do movimento são
treinados em um contexto funcional, ou seja, se o objetivo é melhorar a marcha,
os componentes disfuncionais da mesma são tratados durante a marcha e suas
demandas funcionais exigidas em cada fase, utilizando práticas e feedbacks
variados [17-19].
Alguns
estudos demonstraram resultados com melhora da velocidade e padrão da marcha em
pacientes com AVE submetidos ao tratamento com uso de tarefas orientadas. Essa
melhora foi acompanhada pelo aumento do desempenho nas atividades de vida
diária, aumento do equilíbrio e força muscular dos membros inferiores, e
redução do número de quedas neste público [20-23].
Apesar de
que na prática clínica da fisioterapia neurofuncional
o andar para trás ter sido discutido e comumente empregado desde o início do
ano 2000 [24], em geral, no treino fisioterapêutico neurofuncional
de marchas hemiparéticas, a marcha normal ou para
frente é mais comumente utilizada. Apenas recentemente, alguns estudos têm
pesquisado o efeito da marcha para trás em pacientes com sequela de AVE
[25-31]. O Backward walking
ou marcha para trás possue diferentes solicitações
funcionais e combinações musculares quando comparado a marcha para frente [26],
principalmente por associar a extensão do quadril com a flexão do joelho, e o
contato inicial ser com o ante-pé. Dessa maneira, o
treino de marcha para trás pode melhorar os componentes da marcha de indivíduos
hemiparéticos, em que há presença de sinergia
patológica nas extremidades inferiores. Dados de um estudo mostrou que o
caminhar para trás e o andar para a frente diferiam em suas características cinésio - fisiológicas e que os traços temporais e
espaciais do andar para trás poderiam elevar a frequência cardíaca e a
resistência à caminhada [27,28]. A literatura indica que o treino com marcha para
trás [29-31] pode oferecer alguns benefícios além daqueles experimentados
através do caminhar para a frente, como gerar mais atividade muscular em
proporção ao esforço e aumento da velocidade e desempenho geral da marcha.
A combinação
do método por tarefas orientadas com o treino utilizando a marcha para trás
parece ser uma proposta promissora na recuperação da marcha comunitária de
pacientes após AVE. Contudo, não há atualmente evidências científicas acerca da
reeducação da marcha de pacientes hemiparéticos com a
combinação dessas técnicas fisioterapêuticas. Sendo assim, o objetivo deste
estudo é analisar os efeitos de um programa de intervenção fisioterapêutica neurofuncional combinando as técnicas de treino por tarefas
orientadas e treino de marcha para trás sobre a locomoção de pacientes hemiparéticos após AVE.
Este é um
estudo de eficácia do tipo série de casos, no qual o sujeito é seu próprio
controle e são feitas múltiplas avaliações no tempo, por um avaliador cego ao
objetivo do estudo e que não estava envolvido nos atendimentos fisioterápicos.
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal
de Sergipe (UFS) com o parecer nº 2.897.507, CAAE: 96441417.0.0000.5546. Todos
os participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. A
pesquisa foi desenvolvida na clínica escola do curso de fisioterapia da UFS –
Campus Professor Antônio Garcia Filho e no Centro de Especialidades Médicas
(CEM), ambos da cidade de Lagarto/SE no ano de 2017 e 2018.
Participaram
da pesquisa indivíduos com diagnóstico de AVE de ambos sexos, recrutados da
Clínica Escola de Fisioterapia da UFS-Lagarto e do CEM- Lagarto, que
manifestaram desejo de participar do estudo. Os critérios de inclusão foram:
ter o diagnóstico de AVE, andarem sem risco de quedas, com pontuação na escala
de Berg acima de 40 [32,33], demonstrar capacidade de entender instruções e
seguir comandos simples, apresentando pontuação igual ou maior que 25 (ou 13
pontos no caso de analfabetos e 18 para baixa ou média escolaridade) no Mini
Exame do Estado Mental (MEEM) [34,35]. Os critérios de exclusão foram:
apresentar comorbidades ou incapacidades funcionais que fossem sequelas além do
AVE ou que impedisse o treinamento da marcha, ou ainda, se apresentassem
condição de saúde na qual o exercício/atividade física fosse contraindicado.
Foram
utilizados nove instrumentos, sendo dois deles usados como triagem e empregados
para avaliar os critérios de inclusão. As avaliações de triagem ou seleção de
participantes foram a Escala de Equilíbrio de Berg e o Mini
Exame do Estado Mental (MEEM).
A Escala de
Equilíbrio de Berg analisa o controle postural estável e antecipatório e possui
pontuação máxima de 56 pontos, na qual quanto maior a pontuação melhor o
desempenho, sendo escores maiores que 40 indicativos de marcha independente
[27], só foram incluídos no estudo participantes com Berg > 40. O MEEM foi
utilizado para mensurar as funções cognitivas, e possui escore total de 30
pontos. Há também pontos de corte baseados no nível de escolaridade, sendo 13
pontos para analfabetos; 18 pontos para indivíduos com baixa ou média
escolaridade; e 26 pontos para aqueles com alto nível de escolaridade [32,33].
Participaram do estudo apenas os voluntários acima do ponto de corte
considerando o nível de escolaridade.
Instrumentos de classificação
clínica associados ao desempenho da marcha
Com o
intuito de classificar clinicamente os participantes, já que sua condição
física pode influenciar diretamente o desfecho primário, foram selecionadas
quatro avaliações. A Classificação Funcional da Marcha Modificada (CFMM)
classifica o desempenho da locomoção, apresenta pontuação máxima de 5 e mínima
de 0, e quanto maior a pontuação, melhor o desempenho [36]. Também foi
utilizada a Escala de Fugl-Meyer, que avalia a
condição do paciente em cinco domínios, sendo eles função motora,
sensibilidade, amplitude de movimento e dor para membros inferiores e
superiores, e equilíbrio postural [37]. No entanto, para o presente estudo,
tivemos o interesse de utilizar a escala Fugl-Meyer
dos MMII completa (inclui sensibilidade, dor e amplitude de movimento dos MMII)
tendo um valor máximo de 86 pontos. Muitos estudos apenas utilizam a parte
funcional da escala Fugl-Meyer que para os membros
inferiores tem um valor de 34 pontos [37,38]. Como existem evidência que os
membros superiores podem influenciar no desempenho funcional da marcha [39-41],
foi utilizado o Box and Blocks
test (BBT) que avalia a destreza e habilidade manual
unilateral [39]. A hipertonia do tipo espástica pode causar sinergias patológicas
na marcha de pessoas com sequelas de AVE [42]. Assim, foi utilizado o Índex
Composto de Espasticidade (ICE), que verifica os três componentes básicos da
espasticidade: a excitabilidade fásica do reflexo, a
resistência ao estiramento muscular, e a presença de clônus,
tendo sua pontuação variando entre 1 a 16, em que o valor do score é
diretamente proporcional a severidade do quadro [42,43].
Instrumentos utilizados para
investigar os desfechos primários ou efeito do tratamento
Como desfechos
primários, com a finalidade de quantificar as evoluções após tratamento foram
aplicadas três avaliações. 1) A escala Fullerton Advanced
Balance (FAB) que avaliou o equilíbrio funcional dos participantes,
composta por 10 itens, tendo 40 como pontuação total. Resultados menores ou
igual a 25 representam alto risco para quedas e indica necessidade de
intervenção imediata [44]. 2) Índice de Marcha Dinâmica ou Dynamic
Gait Index (DGI), que mede a capacidade do
participante de modificar a marcha em resposta às exigências da tarefa
funcional, composta por 8 itens pontuados de 0 a 3, onde 0 significa
comprometimento grave e 3 sem comprometimento ou normal [45]. 3) O Timed Up and
Go (TUG) avalia a mobilidade e equilíbrio funcional ao medir o tempo que o indivíduo
leva para realizar manobras funcionais como levantar, caminhar, dar uma volta e
sentar em uma distância de 6 metros [46]. Por
segurança, durante as avaliações e tratamento os participantes tiveram os
sinais vitais monitorados.
Intervenção
O presente
estudo ocorreu na Clínica Escola de Fisioterapia da Universidade Federal de
Sergipe/Campus Lagarto e no Centro de Fisioterapia do Município de Lagarto.
Este contou com um grupo de fisioterapeutas que foram capacitados para treinar
um único indivíduo por atendimento. O protocolo de intervenção foi desenvolvido
com base na literatura existente sobre tarefas orientadas [14-23] e no treino
com marcha para trás no solo [24-31]. Tinha a frequência de 2 vezes por semana,
com duração de 60 minutos (1h) por atendimento, total de 10 sessões (1 mês e
meio). Uma hora de treino era dividido da seguinte forma: 5 min de aquecimento,
25 min de marcha para trás, 25 min de tarefas orientadas e 5 min de
desaquecimento. Dentro do bloco de atividades de marcha para trás poderiam ser
feitas 5 atividades de acordo com a progressão do participante e no bloco de
tarefas orientadas, poderiam ser feitas 4 atividades que também eram realizadas
de acordo com a evolução do paciente durante os atendimentos.
Protocolo de intervenção das
técnicas de tarefas orientadas e marcha para trás (cf
Apêndice em PDF)
Foram feitas
múltiplas avaliações, total de 6 que foram divididas nas fases A1, B, A2. A
fase A1 consistiu em duas avaliações antes de começar o tratamento (com intervalo
de 3-5 dias entre a primeira e a segunda) permitindo o cálculo de uma linha de
base ou baseline. Durante (5º dia após início do tratamento) e imediatamente
após o tratamento (10º dia ou último dia de tratamento), foram realizadas duas
medidas, formando a fase B. A fase A2 consistiu em mais duas avaliações
posteriores ao tratamento (15 e 30 dias após o término do tratamento).
Na
metodologia por série de casos [47,48], é necessário no mínimo em cada fase
duas avaliações. Essa quantidade fornece dois pontos de dados da mesma medida
com variação, permitindo então análise estatística dos dados. Menos de dois
pontos por medida não permite análise estatística em estudos cujo sujeito é
controle dele mesmo e mais de dois pontos é arriscado a incluir o fator de
aprendizagem das medidas. Os avaliadores eram cegos aos objetivos da pesquisa e
não estavam envolvidos no tratamento. Uma terceira pessoa não envolvida com a
avaliação ou tratamento tabulou os resultados das avaliações.
Análise estatística
Foram utilizados dois métodos
estatísticos (Fig. 1):
A) Método visual da banda formada
pela média e por dois desvios-padrão calculados na baseline: os scores que se
encontram dentro da banda formada não possuem significância estatística (na
imagem, os pontos 6 e 8), já os pontos que saem da banda para cima ou para
baixo (na imagem, 10 e 12; e 4 respectivamente) significa que o tratamento
surtiu efeito, seja ele positivo ou negativo, com p < 0,05 [49].
B) Método do cálculo do tamanho de
efeito da terapia: baseado nas médias e desvios-padrão individuais e do grupo
expressa a relevância clínica da diferença entre os scores obtidos antes,
durante e após o tratamento [50-52].
Figura 1 - A) Método visual da banda
formada pela média e por dois desvios padrões. B) Fórmula do cálculo do tamanho
de efeito da terapia.
No período
de agosto de 2017 a março de 2018, cinco pacientes com hemiparesia secundária
ao AVE aceitaram participar deste estudo. Porém, somente quatro pacientes
concluíram as dez sessões de tratamento. A desistência de um participante
justificou-se em virtude de intercorrências relacionadas a problemas de saúde,
que impossibilitou uma frequência adequada aos atendimentos.
A amostra
consistiu em três participantes do sexo masculino e um do sexo feminino, com
idade variante entre 58 e 75 anos, apresentando AVE tanto do tipo isquêmico
como hemorrágico, a maioria possuindo mais de um episódio (Tabela I). Todos já
estavam em alta hospitalar e estavam no período ambulatorial, já tinham feito
tratamento fisioterapêutico, três ainda permaneciam em tratamento durante o
período da pesquisa por motivos diversos (melhora funcional no membro superior
ou atividades diversas, inclusive a marcha). Por motivos éticos, aqueles que
continuavam em tratamento fisioterapêutico, durante a pesquisa, não foram
impedidos de continuar o mesmo, porém, como o tratamento de rotina daqueles que
continuaram também era realizado na clínica escola de Fisioterapia da UFS
Lagarto, todo o tratamento passou a ser voltado para o membro superior e não
coincidia em conteúdo e forma com o treino de tarefas orientadas e marcha para
trás. Além desse cuidado, lembramos que este estudo adota a metodologia de
análise de resultados de cada voluntário individualmente, com o efeito do
tratamento comparado a uma baseline resultante de duas medidas antes do
tratamento proposto por este estudo, ou seja, a evolução do voluntário é
comparada com ele mesmo, ou com o estado funcional que ele se encontrava antes
de começar o tratamento proposto por esse estudo. Consequentemente, o fato de
termos apenas um voluntário que não fazia a fisioterapia convencional para
membro superior não interfere nos resultados dos outros três voluntários.
Tabela I - Caracterização da amostra
quanto a dados demográficos e instrumentos clínicos classificatórios.
AVE = Acidente Vascular Encefálico,
BBT = Box and Blocks Test;
ICE = Index Composto de Espasticidade, CFMM = Classificação Funcional da Marcha
Modificada. *P4 foi o único paciente que não continuou os atendimentos da
fisioterapia convencional.
Em relação
aos resultados obtidos a partir da análise da aplicação do instrumento FAB,
inferiu-se que dois participantes responderam de forma positiva ao protocolo de
intervenção e reteram essa melhora um mês após o
tratamento (P1 e P2). Já P3, embora tenha obtido melhor desempenho na fase B,
não conseguiu estendê-lo para a fase A2 do tratamento. O participante P4
apresentou piora dos resultados no equilíbrio durante e imediatamente após o
tratamento, atingindo scores mais baixos em B quando comparados com A1, mas
voltou ao desempenho inicial na segunda medida de A2, ou seja, após 30 dias sem
o tratamento (Figura 2).
Figura 2 - Análise Teste FAB para cada
participante com o método de banda composta pela média e 2 desvios padrões (DP)
da baseline. Os pontos representam cada avaliação feita, quando um ponto sai da
banda representa uma mudança significativa com nível alpha p< 0,05. Fase A1
= Avaliação antes do tratamento, fase B = avaliação durante o tratamento e fase
A2 = após o tratamento.
A análise
dos scores obtidos a partir da aplicação do instrumento DGI revelou aumento
significativo da pontuação após o protocolo de intervenção, implicando em
melhores scores dos participantes P2, P3 e P4 (Figura 2). Os três participantes
obtiveram este resultado somente durante a fase A ou imediatamente após o tratamento,
fase B. Não houve retenção dos efeitos do tratamento, como observado que os
pontos na fase A2 (15 e 30 dias após tratamento) voltam para dentro da banda.
Com exceção de P3 que na avaliação com 30 dias sem tratamento (segunda
avaliação A2), teve uma queda significativa no seu score do DGI (Figura 3).
Figura 3 - Análise para cada participante
no Teste DGI com o método da banda composto pela média e 2DP da baseline. Os
pontos que saem da banda representam valores significativos p < 0,05. Fase
A1, avaliação antes do tratamento, fase B avaliação durante e imediatamente
após o tratamento e fase A2 15 e 30 dias após o tratamento.
Na avaliação
do efeito do tratamento com o instrumento TUG foi observado que todos os
participantes apresentaram desfecho positivo, com redução dos segundos necessários
para realização completa do teste. Os participantes P1 e P2 demonstraram
melhora significante na fase A2. Já o participante P3 apesar de ter melhorado
na fase B, não conseguiu manter a melhora no TUG durante as medidas da fase A2
(15 dias e 30 dias após o tratamento). P4 apresentou melhora dos scores tanto
na fase B como na A2, esta última fase menos marcante que o anterior (Figura
4).
Figura 4 - Análise para cada participante
no Teste TUG com o método da banda composta pela média e 2DP da baseline. Os
pontos que saem da banda representam valores significativos p< 0,05. Fase A1
Avaliação antes do tratamento, fase B avaliação durante e imediatamente após o
tratamento e fase A2 15 dias e 30 dias após o tratamento.
Os tamanhos
do efeito da terapia estão representados na Tabela II, para cada paciente e
nessa tabela foi calculado o tamanho do efeito para o grupo de pacientes. O
tamanho do efeito da terapia foi calculado através da equação de Glass delta,
para cada desfecho primário, baseado na diferença da média dos valores durante
e imediatamente após o tratamento (fase B) e da média dos valores 15 dias e
após 30 dias sem tratamento (A2), da média das medidas observadas na baseline.
Tabela II - Tamanho do efeito da terapia,
para cada paciente voluntário e para o grupo.
Cálculo do
tamanho do efeito usando a média das duas medidas de cada fase (B) e (A2).
Sendo utilizados como valores de referência: 0 = sem efeito, < 0,19 insignificante,
0,20 a 0,49 pequeno, 0,50 a 0,79 médio, 0,80 a 1,29 grande > 1,30 muito
grande [52]. Em cinza e em negrito estão os efeitos positivos da terapia
experimental. Números do tamanho do efeito precedidos do sinal negativo e em
itálico significam que o participante deteriorou ou diminuiu o escore durante
ou após o tratamento em relação ao que obteve antes do tratamento ou baseline.
* Tamanho do efeito considerando o grupo, a média do desempenho dos quatro
participantes.
O resumo dos
resultados obtidos a partir do efeito durante e imediatamente após a terapia
experimental na fase B, referentes aos instrumentos de desfecho primário
(Fullerton, DGI e TUG) estão na Tabela III.
Tabela III - Resumo dos resultados obtidos
sobre o efeito da terapia, calculado a partir da média das duas avaliações
durante e imediatamente após o tratamento, fase B.
“+” significa que o tratamento teve
um efeito positivo no score do instrumento utilizado quando comparado a fase
baseline (A1), “ - ” significa que houve um efeito
negativo no score do instrumento utilizado, e “0” significa que não surtiu
nenhum efeito.
Este estudo
analisou os efeitos de um programa de intervenção fisioterapêutica de tarefas
orientadas e treino de marcha para trás no solo, sobre a locomoção de pacientes
hemiparéticos devido a acidente vascular encefálico
(AVE). Para isso foram utilizados os instrumentos que avaliaram equilíbrio
dinâmico, marcha funcional e mobilidade: FAB, DGI e TUG, respectivamente.
Participaram do estudo quatro voluntários, em todos os quatro participantes
após o tratamento foi observada melhora em aspectos da marcha.
Para
participar deste estudo, os participantes tinham que ter um escore maior que 40
na escala de equilíbrio de Berg, o que significa que todos os quatro
participantes tinham um equilíbrio satisfatório e seguro para o treino
locomotor com marcha para trás [24,32,33]. Na avaliação do efeito do programa
fisioterapêutico de tarefas orientadas e marcha para trás sobre o equilíbrio
dinâmico, utilizou-se o instrumento FAB, pois esse possui itens que solicitam
um equilíbrio mais avançado que os itens da escala de Berg, englobando aspectos
mais dinâmicos do equilíbrio [44]. Três participantes aumentaram o score do FAB
durante e imediatamente após o tratamento (fase B) (P1, P2 e P3), exceto o
participante 4 (P4) que na fase B piorou os escores do FAB mostrando uma
deterioração no equilíbrio dinâmico, logo após o tratamento. O participante 4
(P4) na CFMM (Classificação Funcional da Marcha Modificada) foi classificado
com score 2 de 5, possuindo apenas uma marcha domiciliar [36].
Apesar de
ter um score maior que 40 na escala de Berg, o treino com tarefas orientadas e
marcha para trás foi um desafio para ele, ajustes posturais e tarefas novas
tinham que ser aprendidas e quando aprendidas deveriam ser progredidas
(protocolo detalhado da intervenção no Apêndice). Após o tratamento imediato,
essa dificuldade de P4 ficou evidente nos escores da escala de equilíbrio
avançada de Fullerton (FAB) na fase B, e na fase A2, com 15 e 30 dias sem
tratamento, onde nessa última fase, os escores começaram a voltar a ter os
números parecidos com o da baseline. O participante 4 também foi o único que
não continuou o tratamento fisioterapêutico convencional para os MMSS, mas pelo
seu score do Box and Blocks,
Índex Composto de Espasticidade (ICE) e Fulg-Meyer
MMII completo (Tabela I) sua função motora geral não estava tão diferente dos
outros três participantes. A principal diferença do P4 é que ele teve dois AVE
e os dois foram do lado esquerdo do encéfalo, sendo o único com o lado direito hemiparético.
Existem
evidências na literatura que o planejamento das atividades motoras é mais
dependente do hemisfério cerebral esquerdo, logo, a aprendizagem motora nos
pacientes com lesão no hemisfério cerebral esquerdo são mais prejudicadas [53].
O treino com tarefas orientadas e treino de marcha para trás seguiu um
protocolo padronizado para os quatro participantes neste estudo (Apêndice),
clinicamente o treino por tarefas orientadas é individualizado e baseado nas
dificuldades funcionais de cada indivíduo [17]. Dessa forma, o P4 teve maiores
dificuldades de adaptação e aprendizagem, diferindo dos pacientes P1, P2 e P3
que possuem acometimento no hemisfério direito e o protocolo de intervenção não
foi adaptado para essa especialidade que P4 tinha de aprendizagem motora.
O
instrumento DGI mede a marcha durante tarefas funcionais, o programa de treino
fisioterapêutico utilizado neste estudo não teve efeito para P1 na avaliação
com esse instrumento. Isto pode ser atribuído ao fato de o participante ter um
bom nível funcional quando comparado aos outros; percebido através do bom
desempenho bilateral no instrumento BBT, ausência de espasticidade e CFMM = 4,
com marcha comunitária independente; diferentemente de P2, P3 e P4 que possuíam
maior espasticidade no lado hemiparético, diferença
importante entre os desempenhos dos MMSS no BBT e classificações mais severas
na CFMM (Tabela I).
Apesar de
haver uma tendência de indivíduos com AVE classificados como mais leves se
recuperarem bem, a sua evolução durante o tratamento através de escalas
clínicas padronizadas podem ser prejudicadas por um efeito de teto da escala,
onde os participantes que são graves ou na faixa de gravidade média acabam por
ter suas mudanças melhores detectadas pelas escalas. Embora seja um instrumento
confiável, a escala DGI possui características que diminuem sua sensibilidade
clínica para detectar as alterações de equilíbrio durante a locomoção, o que
por consequência interfere nos scores gerais e pode permitir interpretações que
não condizem com a repercussão clínica [45].
Exemplo é o
item 5 que solicita que o indivíduo ande, vire-se o mais rápido que puder na
direção contrária e pare de frente a seu ponto de partida. Na classificação
considerada normal, o paciente deve girar o corpo em até 3 segundos sem perder
o equilíbrio. Porém, durante a execução do teste, pode acontecer que o paciente
gire o corpo rapidamente em até 3 segundos, mas apresentando instabilidade após
a parada; no entanto, não há opção de graduação para este resultado, o que pode
tendenciar o avaliador a considerar prioritariamente
o tempo e desconsiderar a qualidade de execução da tarefa [45]. Levando em
conta este exemplo, um mesmo indivíduo poderia realizar a tarefa em 3 segundos
e com desequilíbrio na fase A1 e na fase B ou A2 realizar em 3 segundos e sem
instabilidade; ambos os desempenhos receberiam a mesma pontuação, não sendo
detectada a evolução clínica de melhora na instabilidade. Deve-se sempre ter
cuidado para não confundir significância estatística com significância clínica.
Apesar de o valor do p mostrar a probabilidade de se obter uma estatística
significativa, ele não é capaz de informar sobre a importância clínica ou
prática dos resultados obtidos [47,50].
Quanto a
retenção do tratamento, exposta na fase A2, nenhum dos participantes obtiveram
êxito na avaliação com a escala DGI: Um estudo com treino de marcha para trás
em esteira rolante [54] também utilizou o DGI como desfecho e não obteve sucesso
na fase de retenção do tratamento. Na discussão os autores também mencionam o
efeito teto que esse instrumento pode apresentar.
No TUG,
todos os participantes tiveram benefícios com a terapia por tarefas orientadas
e treino de marcha para trás no solo. O Timed
up and go (TUG) é uma
medida de equilíbrio e mobilidade funcional, em que o paciente deve se levantar
de uma cadeira andar 3m, retornar de volta os 3 m e sentar
de novo na cadeira. A distância percorrida do TUG é fixa, total 6m, o que se mede
no TUG é o tempo, logo indiretamente o TUG informa a velocidade da marcha, em
nenhum momento, no TUG original, a qualidade do movimento é avaliada. O efeito
esperado da terapia no TUG é uma diminuição do tempo para executar a tarefa
[46]. Vários estudos que utilizaram o treino por tarefas orientadas utilizaram
o TUG como desfecho primário [55,56] e mostraram resultados benéficos após a
terapia. Apenas dois estudos recentes, Moon and Bae [57] e DeMark et al. [58] realizaram como intervenção o
treino a marcha para trás em pacientes com sequelas de AVE, e utilizaram o TUG
como desfecho. Assim como este estudo, os dois estudos mencionados [57,58]
reportaram resultados benéficos com o TUG após o programa fisioterapêutico com
marcha para trás, mas os protocolos de intervenção utilizados em ambos estudos
são diferentes do apresentado neste estudo. Mae and Bae [57] utilizaram o treino em que os participantes apenas
deveriam efetuar a observação da marcha para trás, já DeMark
et al. [58] é um dos primeiros estudos semelhantes ao nosso, no sentido
que utilizou o treino de marcha para trás no solo, mas não utilizou um
protocolo de treino por tarefas orientadas.
De acordo
com os resultados encontrados neste estudo, os indivíduos hemiparéticos
após AVE apresentaram de forma geral melhora do equilíbrio funcional, marcha e
mobilidade durante a aplicação do protocolo de treino por tarefas orientadas e
marcha para trás. Esses resultados em parte corroboram alguns estudos que
aplicaram o treino por tarefas orientadas ou o treino de marcha para trás
[54-58]. Porém, este é o primeiro ensaio clínico que investiga o uso de um
programa por treino por tarefas orientadas e treino de marcha para trás juntos.
Apesar de
ter uma pequena amostra, o desenho metodológico deste estudo foi robusto por
realizar uma análise individual ou série de casos de maneira controlada e
recomendada por ensaios clínicos desse tipo [59]. Podemos atribuir a
dificuldade de recrutamento de voluntários aos seguintes fatores: 1)
Transporte, os participantes selecionados não tinham condições de se deslocar e
também não tinham suporte do setor público; 2) Para participar o participante
deveria ter um score maior que 40 pontos na Escala de Equilíbrio de Berg, pois
o participante precisava andar para poder fazer parte do estudo. Visto que a
seleção dos participantes é feita no setor público, e grande parte dos
acometidos por AVE possuem sequelas motoras graves, foi difícil achar
participantes com escores iguais ou maiores que 40 pontos na escala de Equilíbrio
de Berg.
Apesar das
limitações em termo de generalização dos resultados pela pequena amostra, os
resultados deste estudo podem contribuir de forma significante para a
Fisioterapia Neurofuncional, pois a metodologia por
análise individual de voluntários (Single Subject
Experimental Designs) está cada vez mais tendo importância na aplicação
clínica das evidências científicas ou práticas baseadas em evidência [60]. Este
estudo faz parte de um projeto de estratégias fisioterapêuticas neurofuncionais para aumentar a habilidade de pacientes com
sequelas de AVE de se locomoverem na comunidade, visto que na realidade as
tarefas funcionais da marcha são mais desafiadoras que na clínica e no
laboratório de pesquisa [61]. Esperamos que os resultados deste estudo
incentivem o desenvolvimento de estudos semelhantes com maior número de
participantes, utilizando o programa fisioterapêutico de tarefas orientadas e
treino com marcha para trás.
Este é o
primeiro estudo que investigou o efeito do programa fisioterapêutico de tarefas
orientadas e treino de marcha para trás juntos na locomoção de pacientes após
AVE. Os resultados indicam que os participantes foram capazes de melhorar o
equilíbrio, mobilidade, locomoção e resposta as demandas funcionais da marcha
imediatamente após o tratamento e mantiveram alguns aspectos desses benefícios
um mês após o tratamento. Por se tratar de um estudo de série de casos é
recomendado ensaios clínicos com uma amostra maior para verificar a eficácia
dos resultados.