ARTIGO ORIGINAL

Comportamento cardiovascular em hemiparéticos crônicos durante a fisioterapia de grupo no formato de circuito de treinamento

Cardiovascular behavior in chronic hemiparesis during group therapy in circuit training format

 

Larissa Borba André, Ft.*, Mileide Cristina Stoco de Oliveira, Ft.**, Carla de Oliveira Carletti, Ft.***, Matheus Henrique Maiolini Ducatti****, Isadora Stefen Seixas****, Augusto Cesinando de Carvalho, D.Sc.***** 

 

*Universidade Estadual Paulista; Residência em Reabilitação Física da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Presidente Prudente/SP, **Discente do Programa de Pós Graduação Strictu Sensu em Fisioterapia, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Presidente Prudente/SP, ***Discente do Programa de Pós Graduação Strictu Sensu de Neurologia/Neurociências, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo/SP, ****Discente do curso de Fisioterapia da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Presidente Prudente/SP, *****Professor, Departamento de Fisioterapia, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Presidente Prudente/SP

 

Recebido em 24 de setembro 2018; aceito em 3 de setembro de 2019.

Correspondência: Larissa Borba André, Rua Roberto Símonsen, 305 Centro Educacional 19060-900 Presidente Prudente SP

 

Larissa Borba André: lari_borba@hotmail.com

Mileide Cristina Stoco de Oliveira: cristina.mileide@gmail.com

Carla de Oliveira Carletti: carlacarletti28@gmail.com

Matheus Henrique Maiolini Ducatti: matheusducatti182@hotmail.com

Augusto Cesinando de Carvalho: augusto.cesinando@unesp.br

Isadora Stefen Seixas: isadorastefens@gmail.com

 

Resumo

Introdução: A Fisioterapia de Grupo em Circuito de Treinamento (FGCT) é um modelo de terapia para hemiparéticos, mas ainda são necessários mais estudos para avaliar seus efeitos sobre o sistema cardiovascular e a funcionalidade. Objetivo: Avaliar o comportamento cardiovascular e a funcionalidade de hemiparéticos crônicos submetidos à FGCT. Métodos: Estudo transversal, (n = 13), consiste em 10 estações de FGCT. Foi calculada a frequência cardíaca média (FCmed), frequência cardíaca máxima (FCmáx) e classificada a frequência cardíaca de treinamento. Os testes funcionais foram realizados no início da sessão. Foi realizada correlação entre os testes funcionais e as FCmed, FCmáx e a comparação da frequência cardíaca (FC) durante as estações e os intervalos entre elas. Resultados: 92,3% dos voluntários foram classificados como intensidade de treinamento muito leve ou leve. Houve significância estatística entre FCMed da 1ª estação quando comparada com a última (p < 0,01). Conclusão: A intensidade de treinamento de hemiparéticos submetidos à FGCT foi de muito leve a leve, com diferença significante entre a FCmed da 1ª estação quando comparada com a última. Não foi observada correlação da FCmed com a funcionalidade.

Palavras-chave: acidente vascular cerebral, paresia, exercícios em circuitos, frequência cardíaca, Fisioterapia.

 

Abstract

Introduction: Physiotherapy Group in Circuit Training (PGCT) is a model of hemiparetic therapy, but further studies are needed to assess its effects on the cardiovascular system and functionality. Objective: To evaluate the cardiovascular behavior and the functionality of chronic hemiparetics submitted to PGCT. Methods: A cross-sectional study, (n = 13), consists of 10 PGCT stations. Mean heart rate (HRM), maximum heart rate (HRmax) and heart rate of training were calculated. Functional tests were performed at the beginning of the session. A correlation was performed between the functional tests and HRM, HRmax and heart rate (HR) comparison during the seasons and intervals between them. Results: 92.3% of the volunteers were classified as very light or light training intensity. There was statistical significance between HRM of the 1st station when compared with the last station (p < 0.01). Conclusion: The intensity of hemiparetic training submitted to PGCT was very light to light, with a significant difference between the FCmed of the 1st station when compared to the last one. No correlation of HRM with the functionality was observed.

Key-words: stroke, paresis, circuit-based exercise, heart rate, physical therapy specialty.

 

Introdução

 

O acidente vascular encefálico (AVE) é um acometimento neurológico grave e complexo envolvendo alterações do funcionamento cerebral, decorrente de uma interrupção da circulação cerebral ou de hemorragia [1].

A maioria das pessoas que sobrevivem ao AVE eventualmente recuperam a capacidade de andar sem assistência física de outra pessoa, todavia menos de 10% alcançam velocidade e resistência de caminhada adequadas para retomar a vida independente e ter participação normal na comunidade [2].

As alterações da marcha e do condicionamento são resultado do acometimento das funções biomecânicas e da capacidade aeróbica, que resulta em inúmeras limitações funcionais [3].

Os baixos níveis de atividade física têm sido relatados para sobreviventes com AVE tanto em ambientes hospitalares como na comunidade. Nos ambientes hospitalares sobreviventes pós-AVE em estado agudo, passam de 77 a 88% do tempo sedentários enquanto os residentes na comunidade ficam em torno de 63 a 87% do tempo inativos fisicamente [4].

A participação dos indivíduos pós-AVE em atividade física regular é essencial, porém existem desafios na implementação de programas de exercícios que controlem as respostas cardiovasculares e estimulem a realização de tarefas funcionais intensificadas, visando melhorar o desempenho das atividades de vida diária, as condições aeróbicas e a marcha [5].

A resposta cardiovascular depende de fatores relacionados ao modo da prática do exercício, como a intensidade em que são realizados. Um dos critérios para avaliar a intensidade de um tratamento fisioterapêutico é a quantidade de repetição do movimento desejado ou o tempo dedicado à prática da tarefa estabelecida [6]. No treinamento cardiovascular a intensidade é definida pela porcentagem da frequência cardíaca máxima (FCmax), da frequência cardíaca de treinamento (FCT) ou do VO2max [9,10]. Valores abaixo de 20% da FCT determinam um treinamento muito leve, entre 20-39% leve, enquanto que 40-59% moderado e 60-84% forte. Valores a partir de 85% da FCT são considerados treinamento muito forte e 100% máximo [7].

A Fisioterapia de Grupo em Circuito de Treinamento (FGCT) é um modelo de terapia que utiliza exercícios e atividades ativas, as quais são tarefas funcionais específicas realizadas de forma intensiva o que difere da fisioterapia convencional individualizada (FCI), devido a sua configuração de grupo e com foco na repetição e progressão contínua de exercícios funcionais em uma série de estações de trabalhos dispostos em um circuito dirigido visando melhorar a mobilidade geral, a capacidade de andar, a coordenação e o equilíbrio de indivíduos hemiparéticos, além de prevenir o aparecimento de complicações secundárias [8,9].                     

Estudos demonstraram que a FGCT está associada a um maior grau de independência em diversas atividades pelos participantes e ainda a uma melhor satisfação no momento da alta da reabilitação do que a fisioterapia convencional individual [10,11].

Dessa forma, apesar das evidências sobre a importância da FGCT para hemiparéticos crônicos ainda são necessários mais estudos clínicos e metodológicos para avaliar seus efeitos sobre o sistema cardiovascular e a funcionalidade.

Diante disso, o objetivo do presente estudo foi avaliar o comportamento cardiovascular e a funcionalidade de hemiparéticos crônicos submetidos à FGCT durante uma sessão de fisioterapia.

 

Material e métodos

 

Para realização deste estudo transversal foram avaliados dados de hemiparéticos crônicos em atendimentos fisioterapêuticos no Centro de Estudos e Atendimento em Fisioterapia e Reabilitação (CEAFIR) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Campus de Presidente Prudente.

Foram incluídos no estudo voluntários com encaminhamento médico e hemiparesia unilateral com tempo de lesão igual ou maior que 12 meses. Os voluntários deveriam ser capazes de realizar a marcha com ou sem auxílio de órtese e ter habilidade para realizar teste de caminhada.

Não foram incluídos no estudo voluntários com dupla hemiparesia, tempo de lesão inferior a 12 meses e aqueles com condições de saúde adversas, tais como outras doenças neurológicas ou ortopédicas não relacionadas ao AVE.

Todos os voluntários foram informados sobre os objetivos e procedimentos do estudo e após concordarem com sua participação, assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Instituição (CAAE: 45076015.3.0000.5402).

Antes de iniciar a sessão com FGCT os voluntários foram submetidos a uma entrevista individual para coleta de dados pessoais. A seguir, os voluntários foram avaliados por meio da seguinte escala e teste: 1) Escala de Equilíbrio Berg (EEB) que avalia a mobilidade funcional e o equilíbrio [12]; 2) Teste de caminhada de 10 metros (TC10m) [13] que avalia o tempo gasto para percorrer 10 metros.

Após essas avaliações, o voluntário realizou a sessão de fisioterapia no modelo de FGCT, a qual consistia de 10 estações montadas com bastões, cadeiras, escada, rampa, cones, corda elástica e mapas de sinalização. Essas estações foram montadas com diferentes graus de dificuldades na realização do exercício (Tabela I).

No início de cada sessão de FGCT foi aferida a pressão arterial e distribuídos cartões com o número da estação que cada voluntário iria iniciar a sessão. O tempo que os voluntários ficaram em cada estação foi de 3 minutos e ao final desse tempo, o voluntário passava para a próxima estação do circuito até passar pelas 10 estações. O tempo de duração de cada sessão de FGCT foi de 50 minutos.

Utilizou-se o cardiofrequencímetro da marca Polar® RS800CX (Polar Electro OY, Finlândia) para análise da frequência cardíaca (FC). O equipamento é composto por uma cinta de captação e um receptor de FC. A cinta de captação consiste em dois eletrodos montados em um transmissor eletrônico selado que foi posicionado no tórax dos voluntários, ao nível do terço distal do esterno, (posicionados sobre o manúbrio esternal e na região do quinto espaço intercostal esquerdo), utilizando-se uma cinta elástica. Essas unidades telemétricas obtiveram os impulsos elétricos do coração e transmitiram tais informações por meio de um campo eletromagnético para o monitor (relógio) que ficou no punho direito dos voluntários.

Após a colocação do cardiofrequencímetro, os voluntários foram colocados sentados e orientados a permanecerem em repouso com respiração espontânea durante 10 minutos. Após esse repouso inicial, os voluntários realizaram as estações do circuito de treinamento e ao final da terapia os registros de FC foram finalizados. Os dados obtidos por meio da monitorização foram transferidos do cardiofrequencímetro para o computador por meio do software Polar ProTrainer 5 (versão 5.41.002).

Para determinação da frequência cardíaca de repouso (FCrep), foi utilizado o valor registrado no cardiofrequencímetro ao final dos 10 minutos de repouso na posição sentada. A FCmed foi obtida pela média de todo o tempo de duração da FGCT e a FCmáx foi obtida pela seguinte equação: FCmáx = 220 – idade [14]. No caso de voluntários que utilizavam beta bloqueadores para o controle da hipertensão arterial a FCmáx foi corrigida pela equação [15]: % FC a corrigir = mg do betabloqueador + 95,58/9,74.

Para calcular a frequência cardíaca de treinamento (FCT), calculou-se a intensidade de treinamento durante a sessão de FGCT, utilizando o método da reserva cardíaca de frequência (RCF), definido pela equação: FCT = ([FCmáxcFCrep] x % Intensidade) + FCrep [16].

Utilizando essas equações, a intensidade de treinamento, durante a sessão de FGCT, foi determinada e classificada pela porcentagem da FCmed da seguinte forma: valores abaixo 20% da FCT determinam um treinamento muito leve, entre 20-39% leve, enquanto que 40-59% moderado e 60-84% forte. Valores a partir de 85% da FCT são considerados treinamento muito forte e 100% máximo [7].

Os dados foram tabulados em planilhas no software Microsoft Office Excel. Para descrição do perfil da população e da intensidade de treinamento durante a sessão foi utilizado estatística descritiva e os dados apresentados como média e desvio padrão. Para análise das escalas inicialmente, a normalidade dos dados foi testada pelo teste Shapiro Wilk. As análises de correlação entre cada variável dependente (EEB e TC10m) e a variável independente (FCmed e FCmáx) foi feita por meio do teste de Pearson. A fim de comparar a FC durante as estações e os intervalos, foi utilizada a ANOVA two-way. O software Statistical Software for Social Sciences (version 18.0, SPSS, Chicago, Il) foi utilizado para análise e foi considerado nível de significância de 5%.

 

Resultados

 

Participaram deste estudo 13 voluntários hemiparéticos crônicos sendo 6 do gênero masculino e 7 do feminino, com média de idade de 58,84 ± 10,20 anos.

A análise dos valores do teste de caminhada de 10 metros foi de 0,81 ± 0,35 m/s na velocidade normal e de 0,95 ± 0,40 m/s na velocidade rápida. Em relação ao EEB os hemiparéticos tiveram uma média de 43,53 ± 11,65 pontos (Tabela II).

Os voluntários analisados apresentaram média de FCrep de 76,15 ± 12,62 bpm e de FCmáx de 161,15 ± 10,20 bpm. A FCmed durante a realização das 10 estações do circuito de treinamento foi de 93,30 ± 13,72 bpm (Tabela III).

Sete voluntários apresentaram o percentual da reserva da frequência durante a FGCT inferior a 20% da FCT (93,15 ± 10,54 bpm), cinco voluntários apresentaram intensidade entre 20 – 39% da FCT (93,31 ± 27,94 – 109,30 ± 9,09 bpm) e 1 voluntário entre 40 – 59% (107,61 ± 11,01 – 126,26 ± 8,44 bpm). Estes valores revelaram que na maioria dos voluntários (92,3%) a intensidade do treinamento realizado é muito leve ou leve (Tabela IV).

A análise estatística mostrou significância entre FCMed da 1ª estação quando comparada com a última estação (p<0,01). Não houve significância entre a FCMed de cada estação com a FCMed do intervalo entre a estação subsequente (p>0,05). A correlação entre os valores de FCmed, EEB, TC10m, não revelou significância (Tabela V).

 

Tabela I - Descrição dos exercícios executados nas estações.

 

 

Tabela II - Dados das avaliações dos testes funcionais.

 

N = número de voluntários; TC10m = Teste de caminhada de 10 metros; Vel. Normal = velocidade normal; Vel. Rápida = velocidade rápida; EEB = Escala de Equilíbrio Berg; DP: Desvio padrão.

 

Tabela III - Valores médios, mínimos e máximos, seguidos dos seus respectivos desvios padrões das frequências cardíacas dos voluntários do estudo (n = 13).

 

FCrep = frequência cardíaca de repouso; FCmáx = frequência cardíaca máxima durante as estações da FGCT; FCmed = média da frequência cardíaca durante as estações da FGCT; N = número de voluntários.

 

Tabela IV - Percentual de indivíduos em cada faixa de treinamento.

 

N = número de voluntários; FCT = frequência cardíaca de treinamento; FC = frequência cardíaca.

 

Tabela V - Dados da correlação entre os testes funcionais e a FCmed e FCmáx.

 

*p-value < 0,05; r = coeficiente de correlação; N = número de voluntários; TC10m = Teste de caminhada de 10 metros; Vel. Normal = velocidade normal; Vel. Rápida = velocidade rápida; EEB = Escala de Equilíbrio Berg; FCmed = média da frequência cardíaca durante as estações da FGCT; FCmáx = Frequência cardíaca máxima durante as estações da FGCT.

 

Discussão

 

Neste estudo, os resultados mostram que o treinamento de hemiparéticos crônicos submetidos à FGCT foi de intensidade muito leve a leve. A baixa intensidade de exercício observada durante a FGCT, a partir da FCmed, revela que as atividades realizadas não foram suficientemente intensas para um treinamento cardiovascular. Isso contribui para baixos níveis de aptidão cardiorrespiratória, que são comuns em indivíduos pós-AVE. Desta forma, aumentar a intensidade dos exercícios durante programas de reabilitação após o AVE pode ser benéfico [17].

Os valores médios do TC10m e EEB revelam que a população possui respectivamente uma deambulação comunitária e um bom equilíbrio. Quando esses testes funcionais foram correlacionados com valores de FCmed não apresentaram significância, sugerindo que os déficits funcionais existentes nessa população não foram suficientes para influenciar a FC.

Quando comparadas FCmed da 1ª estação com a da última, observou-se um aumento desta frequência. Esses dados mostram que mesmo em intensidades que não proporcionam melhoras significativas da aptidão cardiovascular, a FGCT promoveu alterações hemodinâmicas fisiológicas positivas nesses indivíduos ao longo de uma sessão, além de propiciar a realização de tarefas que reproduzem e consequentemente melhoram a funcionalidade e independência destes, deixando-os mais ativos. Estações com exercícios mais intensos ou com maiores dificuldades devem ser estimuladas com objetivos de melhorar a adaptação cardiovascular.

A participação em terapêuticas de grupo que promovem o treinamento repetitivo de tarefas relacionadas a atividades de vida diária e atividades funcionais pode ter muitos benefícios mesmo que a aptidão cardiovascular não seja melhorada, em indivíduos pós-AVE [18], pois diminuem o nível de sedentarismo uma vez que estas pessoas se deslocam de suas casas e vão a centros de reabilitação se expondo a meios ambientes diferentes proporcionando maiores possibilidades de independência.

Saunders et al. [18] analisaram 58 estudos que utilizaram intervenções para melhora da aptidão cardiorrespiratória, treino de força e resistência e uma terceira chamada de terapia mista, que se assemelha a FGCT descrita neste estudo. Observaram que há melhora na mobilidade, no equilíbrio e consequentemente na funcionalidade dos pacientes que foram submetidos às terapias de treino cardiorrespiratório e na terapia mista. Apesar do presente estudo também ter utilizado terapêuticas semelhantes não foi analisada a resposta deste tratamento fisioterapêutico por um período de semanas e sim a influência dos exercícios na FCMed de hemiparéticos crônicos com habilidades motoras diferentes. Esses resultados demonstram que a terapêutica pode influenciar a FCMed durante uma sessão de FGCT e consequentemente poderá influenciar a habilidade motora funcional

De acordo com Kuys et al. [19], para obter resultados com o treinamento aeróbio é necessário realizar o treinamento com grandes grupos musculares de 3 a 5 vezes por semana, de 20 a 60 minutos e com intensidade entre 60% a 90% da frequência cardíaca máxima. Sendo assim, faz-se necessário mais estudos de condicionamento cardiovascular associado com treinamento funcional mais intenso objetivando melhorar a performance da FCMed desses indivíduos nas estações de tratamento.

Intervenções que visam melhorar a aptidão cardiorrespiratória de indivíduos pós-AVE não fazem parte dos centros de reabilitação neurológica [20,21], pois o objetivo principal é a funcionalidade destes. A FGCT surge como uma possibilidade de realizar treino cardiovascular tão necessário para esses indivíduos uma vez que é capaz de modular a FCMed ao longo da terapia.

Este estudo demonstrou que há necessidade de mais pesquisas sobre a intensidade ideal de treinamento durante a FGCT para melhorar o condicionamento cardiovascular o que por sua vez poderá oferecer um ambiente com mais estímulos e melhorar a funcionalidade. O estudo apresentou como limitação o número reduzido de participantes e a ausência de um grupo controle para comparação com outras terapêuticas convencionais.

 

Conclusão

 

Este estudo verificou que a intensidade de treinamento de hemiparéticos submetidos a FGCT foi de muito leve a leve, todavia houve diferença entre a FCmed da 1ª estação quando comparada com a última e não houve correlação entre a FCMed com a funcionalidade.

 

Referências

 

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