ARTIGO
ORIGINAL
Qualidade
de vida e nível de satisfação corporal pós-cirurgia plástica
Quality
of life and level of body satisfaction after plastic surgery
Nilce Maria de Freitas
Santos, M.Sc.*, Gisélia
Gonçalves de Castro, D.Sc.**, Lays
Magalhães Braga, M.Sc.***, Amanda Letícia Eduardo
Peres****, Kelly Christina de Faria Nunes, M.Sc.*****
*Universidade
Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), **Doutora em Promoção à Saúde pela
Universidade de Franca, Docente Centro Universitário do Cerrado Patrocínio
(UNICERP), ***Docente do Centro Universitário de Patos de Minas (UNIPAM),
****Discente do Centro Universitário do Cerrado (UNICERP), *****Docente do
Centro Universitário de Patos de Minas (UNIPAM)
Recebido em 28 de
setembro de 2018; aceito em 22 de maio de 2019.
Correspondência: Nilce Maria de
Freitas Santos, Av. Bahia, 642 Centro 38295-000 Limeira do Oeste MG, E-mail:
nilcemfsantos@hotmail.com; Giselia Gonçalves Castro:
giseliagcastro@gmail.com; Lays Magalhães Braga:
laysmbraga@hotmail.com; Amanda Leticia Eduardo Peres: amandalperes@yaho.com.br;
Kelly Christina de Faria Nunes: kellynhafisiofaria@gmail.com
Resumo
Introdução: Qualidade de vida
(QV) é um conceito multidimensional relacionado com a percepção subjetiva do
indivíduo. Objetivo: Comparar a QV e
o nível de satisfação corporal entre mulheres que se submeteram ou não a
cirurgias plásticas. Métodos: Estudo
transversal, quantitativo, com 30 mulheres divididas em dois grupos: que
realizaram cirurgia plástica (MCP) e que não realizaram (MNCP). Utilizou-se o
instrumento Body Shape Questionaire (BSQ) para avaliar o nível de satisfação
corporal e o WHOQOL- BREF para QV. Os dados foram analisados pelo SPSS 18.0 e o
WHOQOL-BREF consolidado em sua respectiva sintaxe. Realizou-se análise
descritiva para as variáveis numéricas e distribuição de frequência para as
nominais. Na comparação das médias dos escores do WHOQOL-BREF e do BSQ
utilizou-se o teste t Student pareado, considerando p
< 0,05. Resultados: Ao comparar a
QV encontrou-se relação significante no escore geral (MCP: 76,54; MNCP: 69,56;
p = 0,011) e no domínio meio ambiente (MCP: 73,54; MNCP: 63,76; p = 0,003). O
grupo MNCP apresentou uma leve distorção de imagem (116,86); na comparação
entre os grupos foi encontrada diferença estatisticamente significante (p =
0,020). Conclusão: As mulheres que
realizaram cirurgia plástica apresentaram uma QV melhor e melhor nível de
satisfação corporal quando comparadas com as que não realizaram.
Palavras-chave: qualidade de vida,
autoimagem, cirurgia plástica.
Abstract
Introduction:
Quality of life (QOL) is a multidimensional concept related to the subjective
perception of the individual. Objective:
To compare QOL and the level of body satisfaction among women who underwent
plastic surgeries or not. Methods: A
cross-sectional, quantitative study, with 30 women divided into two groups: who
underwent plastic surgery (MCP) and did not perform it (MNCP). The Body Shape
Questionnaire (BSQ) instrument was used to assess the level of body
satisfaction and the WHOQOL-BREF for QOL. The data were analyzed by SPSS 18.0
and consolidated WHOQOL-BREF in their respective syntax. The descriptive
analysis was performed for the numerical variables and frequency distribution
for the nominal variables. The paired Student t-test was used to compare the
means of the WHOQOL-BREF and BSQ scores, considering p < 0.05. Results: When comparing the QOL, a
significant relationship was found in the general score (MCP: 76.54, MNCP:
69.56, p = 0.011) and in the environment domain (MCP: 73.54, MNCP: 63.76; p =
0.003). The MNCP group presented slight image distortion (116.86); in the
comparison between the groups a statistically significant difference was found
(p = 0.020). Conclusion: Women who
underwent plastic surgery had a better QOL and better level of body
satisfaction when compared to those who did not.
Key-words: quality of
life, self-concept, surgery plastic.
Qualidade de vida é um
conceito multidimensional, subjetivo, com aspectos negativos e positivos, e de
acordo com um grupo de estudiosos sobre o tema, apoiado pela Organização
Mundial de Saúde (OMS) é caracterizado pela: “percepção do indivíduo de sua
posição na vida no contexto da cultura e do sistema de valores nos quais ele
vive e em relação a seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações” [1].
Atualmente,
deparamo-nos com um novo cenário brasileiro, o aumento da expectativa de vida e
a preocupação em manter-se com o corpo ideal por este longo período de vida.
Sendo assim devido às diversas alterações fisiológicas e patológicas que
ocorrem com o avanço da idade, percebemos que há uma busca constante pela
“juventude eterna” [2].
Entre os métodos que aumentaram
consideravelmente a procura pelas pessoas para melhorarem seu aspecto físico
está a cirurgia plástica. A cirurgia plástica é um ramo da medicina
especializado em reconstituir artificialmente uma parte do corpo [3].
Entre as principais
intervenções da cirurgia plástica está a mamoplastia,
que é o procedimento cirúrgico estético mais procurado em todo o mundo, pode
ser dividida em mamoplastia de aumento, correção de
ptose ou redutora. O objetivo das três modalidades é harmonizar a forma, o
volume da mama de cada paciente. Na mamoplastia de
aumento podem ser encontrados vários tipos de próteses em relação ao conteúdo,
o formato e a cobertura. As mais usadas no Brasil são preenchidas por gel de
silicone [4].
Outro procedimento
bastante procurado é a lipoaspiração, que se baseia no processo de aspiração de
adiposidades localizadas nas mais diversas regiões do corpo como abdômen, mento
(queixo duplo), glúteos, faces internas do joelho, dorso e culotes. A retirada
dessa adiposidade se faz através de cânulas de vários calibres, que aspiram a
gordura localizada, através da sucção por bomba de atmosfera conectada a um lipoaspirador ou seringas para volumes menores [5].
Tem-se também, entre as
intervenções mais comuns, a abdominoplastia, que é a correção funcional e
estética da parede abdominal que pode ser alterada por flacidez da musculatura,
excesso de depósito de tecido gorduroso na parede abdominal, extenso
emagrecimento, gravidez múltipla, acúmulo gorduroso na porção abdominal
inferior, flacidez aponeurótica, abaulamentos,
diástase abdominal e hérnias [4].
Diante desse aumento
das intervenções estéticas a fisioterapia dermatofuncional
ganhou bastante destaque como coadjuvante tanto na preparação como na
recuperação destes pacientes. A Dermatofuncional foi
reconhecida como especialidade pela Resolução nº 362 do Conselho Nacional de
Fisioterapia em maio de 2009 e vem agregando notável importância a esse
segmento, utilizando-se de seus recursos específicos, como prevenção e controle
de complicações comuns, a preparação para a intervenção cirúrgica e a
aceleração do processo de recuperação pós-operatória [6].
Concernente a este
cenário acredita-se que a procura por um corpo ideal seja também a procura por
uma melhor qualidade de vida, pois sabemos que a qualidade de vida pode ser
impactada de acordo com a autoestima, a imagem corporal e aparência, as
relações pessoais e outros aspectos [7].
Sendo assim o presente
estudo tem como objetivos comparar a qualidade de vida e a satisfação corporal
entre mulheres que já se submeteram a cirurgias plásticas e as que não se
submeteram.
Trata-se de um estudo
transversal e quantitativo realizado no Centro Universitário do Cerrado
Patrocínio (UNICERP), sendo a coleta de dados realizada no período de junho a
setembro de 2017.
A amostra foi composta
por 15 mulheres que realizaram cirurgias plásticas (MCP) e 15 que não
realizaram (MNCP) residentes na cidade de Patrocínio/MG.
Os critérios de
inclusão para seleção da amostra foram: mulheres com idade entre 18 e 60 anos,
que concordaram em participar do estudo. Para o grupo MCP foram consideradas
mulheres que realizaram algum tipo de cirurgia, já o MCNP foi
as que nunca se submeteram a nenhum procedimento, buscando uma homogeneidade
quanto ao número. Os critérios para exclusão foram mulheres não residentes na
cidade de Patrocínio e que não estavam dentro da faixa etária.
Foram adotados três
instrumentos para realização da coleta de dados. O primeiro foi um questionário
semiestruturado criado pelos próprios pesquisadores, contendo dados pessoais,
sociodemográficos, hábitos de vida e antecedentes obstétricos.
O segundo instrumento
utilizado foi um questionário específico, sobre a Imagem Corporal (Body Shape Questionnaire (BSQ)). Trata-se de um teste de
autopreenchimento com 34 perguntas para serem respondidas segundo a escala
LIKERT de 1 a 6 (1 – nunca, 2 – raramente, 3 – às vezes, 4 – frequentemente, 5
– muito frequentemente, 6 – sempre). De acordo com a resposta marcada, o valor
do número correspondente à opção feita é computado como ponto para a questão
(por exemplo: nunca vale um ponto). O total de pontos obtidos no instrumento é
a soma de cada resposta marcada e reflete os níveis de preocupação com a imagem
corporal. Obtendo resultado menor ou igual a 110 pontos, é constatado um padrão
de normalidade e tido como ausência de distorção da imagem corporal. Resultado
entre 110 e 138 pontos é classificado como leve distorção da imagem corporal;
entre 138 e 167 é classificado como moderada distorção da imagem corporal: e
acima de 167 pontos a classificação é de presença de grave distorção da imagem
corporal.
Para avaliação da
qualidade de vida utilizou-se o instrumento WHOQOL-BREF. Este instrumento é uma
versão abreviada do WHOQOL 100, composto por 26 questões, no qual as duas
primeiras são genéricas. Esta versão abreviada é composta por quatro domínios:
físico (dor e desconforto; energia e fadiga; sono e repouso; atividades da vida
cotidiana; dependência de medicação ou tratamentos e capacidade de trabalho);
psicológico (sentimentos positivos; pensar, aprender, memória e concentração;
autoestima; imagem corporal e aparência; sentimentos negativos;
espiritualidade, religiosidade e crenças pessoais); relações sociais (relações
pessoais; suporte social e atividade sexual); meio ambiente (segurança física e
proteção; ambiente no lar, recursos financeiros; cuidados de saúde e sociais:
disponibilidade e qualidade; oportunidade de adquirir novas informações e
habilidades; participação e oportunidade de recreação/lazer; ambiente físico:
poluição, ruído, trânsito, clima; transporte) [7].
Para a coleta de dados
optou-se por entrevista, aplicada pela própria pesquisadora, para permitir o
esclarecimento de possíveis dúvidas em algumas perguntas. As questões do
questionário relacionadas à qualidade de vida e insatisfação corporal foram
respondidas tendo como base as duas últimas semanas que antecederam a
entrevista.
Para a análise dos
dados foi construída uma planilha eletrônica, através do programa Excel®. Em
seguida, os dados foram transportados para o programa estatístico Statistical Package for
Social Sciences (SPSS) versão 18.0 para análise
estatística. Foi realizada análise descritiva por meio de medidas de tendência
central (média) e de variabilidade (desvio padrão) para as variáveis numéricas
e distribuição de frequência para as nominais.
Para a comparação das
médias dos escores do WHOQOL-BREF e do BSQ foi utilizado o teste t Student pareado, considerando o p < 0,05.
O instrumento de
qualidade de vida WHOQOL-BREF foi consolidado em sua respectiva sintaxe, onde
os maiores escores correspondem à melhor qualidade de vida, sendo a variação na
escala de 0-100.
O presente estudo foi
realizado após a aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa (COEP) do Centro
Universitário do Cerrado Patrocínio (UNICERP) e atendeu às determinações da
Resolução 196/ 1996 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), do Ministério de
Saúde, que orienta a ética em pesquisa envolvendo seres humanos.
Em relação à idade, a
média entre as mulheres que fizeram cirurgia (MCP) foi de 36,07 ± 11,68 anos e
das que não fizeram (MNCP) 31 ± 9,53 anos (Tabela I).
Tabela I - Distribuição de frequência (%) das variáveis sociodemográficas do grupo
(MCP) e (MNCP). Patrocínio, 2017.
*salário mínimo atual:
937,00 reais
Ao analisar o perfil da
amostra, foi observado que a maioria (86,7%) das mulheres que realizaram
cirurgia plástica era casada e as MNCP (46,7%) eram solteiras.
Em relação à
escolaridade, grande parte das mulheres do grupo MCP tinha ensino superior
completo (66,7%); já as MNCP a maioria (53,3%) possuem ensino médio e apenas
(40%) têm ensino superior.
Quanto à renda
individual, pôde-se observar que a maior parte das mulheres (46,7%) do grupo
MCP possui renda mais alta (3 a 5 salários mínimos), quando comparado com o
grupo de MNCP, das quais (53,3%) possuem renda de 1 a 3 salários mínimos.
Na tabela II abaixo se
encontram distribuídas as frequências das variáveis de hábitos de vida de ambos
os grupos.
Tabela II - Distribuição de frequência das variáveis de hábitos de vida dos grupos
(MCP) e (MNCP). Patrocínio, 2017.
Em relação ao tabagismo
pôde-se observar que dentro do MCP 86,7% não eram fumantes já no MNCP 100% não
tinham este hábito.
Ao investigar a prática
de atividade física, pôde-se observar que a maioria (60%) das mulheres do grupo
MCP praticava atividade física, diferente do grupo (MNCP) em que este mesmo percentual (60%) eram sedentárias.
Ainda em relação a Tab.
II pôde-se observar que a grande maioria das mulheres tem vida sexual ativa,
apenas 20% das MNCP não a têm.
Na tabela III, a
seguir, encontram-se os resultados referentes à satisfação da imagem corporal
pelos dois grupos avaliados.
Tabela
III - Distribuição da frequência da classificação
do instrumento BSQ do grupo (MCP) e (MNCP). Patrocínio, 2017.
Em relação à satisfação
com a imagem corporal analisada pelo BSQ, pode-se observar que 93,3% das
mulheres que realizaram cirurgia plástica não possuem alteração na imagem
corporal, e, 53,3% das que não realizaram nenhum procedimento cirúrgico
apresentam algum nível de distorção da imagem corporal.
Tabela IV - Qualidade de vida do grupo MCP e MNCP no WHOQOL–BREF. Patrocínio, 2017.
Na comparação entre os
grupos, foi encontrada uma média de 75,46 ± 28,66 no MCP, caracterizando-o
dentro do padrão de normalidade e 116,86 ± 48,50 no MNCP com uma leve distorção
da imagem corporal; apresentando ainda uma relação estatisticamente
significante (p = 0,020).
Na comparação da
qualidade de vida, o grupo MCNP apresentou menor escore total (69,56) quando
comparado ao grupo MCP (76,54) com relação estatisticamente significante (p =
0,011).
Em relação aos domínios
específicos, observou-se que as MCP apresentaram os maiores escores nos
domínios relações sociais (81,66) seguido do físico (77,36).
Na comparação entre os
dois grupos, pôde-se observar que a relação estaticamente significante foi
encontrada apenas no domínio meio ambiente (p = 0,003).
Concernente à idade,
resultados semelhantes foram demonstrados por Auriccho
e Massarollo [8], as mulheres que realizaram cirurgia
plástica estavam na faixa etária de 41 a 50 anos, com média de 47,5 anos. Outro
estudo verificou que ao avaliar a faixa etária das mulheres que realizaram
cirurgia plástica perceberam que mulheres de meia idade têm procurado mais por
procedimentos estéticos, talvez pela tendência atual da grande preocupação com
a aparência física e da insatisfação pelo corpo [9].
Em relação ao estado
conjugal, resultados diferentes foram observados nas pesquisas de Auriccho e Massarollo [8] ao
demonstrar em seu estudo que apenas 47% eram casadas e Carmello, Vinholes, Feldens [10] pouco mais
da maioria (57%) também estavam nesta condição.
No que diz respeito à
escolaridade, resultados semelhantes foram encontrados em estudo conduzido em
São Paulo (50%) [8] e no interior de Santa Catarina (80%) [10]. Acredita-se que
o presente resultado seja decorrente de a maior escolaridade estar ligada a
maior renda e assim maiores oportunidades de fazer um procedimento dispendioso
com a cirurgia plástica.
Já em relação à renda,
estudo que buscou verificar as características da personalidade de mulheres que
buscam cirurgias plásticas. Tanto o grupo que fez o procedimento quanto o que
não fez apresentava padrão socioeconômico entre médico e alto, porém as MNCP
tinham renda inferior às MCP [11].
Menegassi e Guimarães [12]
também observaram em seus estudos que o nível socioeconômico predominante das
mulheres que realizaram cirurgia plástica foi maior, de 6 a 15 salários
mínimos.
Resultados semelhantes
em relação ao hábito de fumar foram encontrados no estudo de Saldanha et al. [13], no qual a maioria das
mulheres que realizaram cirurgia plástica (72,6%) não era fumantes. Estes
mesmos autores ressaltam que o tabagismo é um dos fatores associados à
possibilidade de complicações durante e no pós-cirurgia plástica.
Concernente à prática
de atividade física acredita-se que esta pode estar ligada a manutenção do
procedimento realizado e com a preocupação excessiva com o corpo ideal. O que
deve ser investigado pelo fisioterapeuta, orientando o paciente quanto à
prática para a manutenção da saúde e prevenção de doenças.
A busca por atividades
física regular pode promover estímulos ao bem-estar, colaborando para que haja
melhora na independência e autonomia, levando a uma autoimagem e autoestima
melhor [14].
A prática da atividade
física é um dado muito positivo, pois se sabe que a realização de atividade
física ou sua falta influencia na autoestima, positivamente ou negativamente e
pode influenciar também na percepção da imagem corporal [9].
Gama
e Gama, ao
entrevistar mulheres que praticam atividade física e que
já realizaram alguma
cirurgia estética, observaram nas falas das entrevistadas que a
realização de
atividade física causa transformações corporais,
porém, para se obter mudanças
corporais através da realização de atividade
física gastaria tempo demais.
Também, observou-se que a maioria delas admitiu uma
importância grande para a
manutenção da prática: como na saúde,
bem-estar, recuperação e manutenção do
corpo após realizar algum procedimento cirúrgico [15].
Levando em consideração
a atividade sexual, parte-se da ideia que após a realização do procedimento
estético as mulheres tiveram uma melhora na qualidade de vida sexual, talvez
por agora se sentirem mais bonitas, sensuais, por gostarem mais do seu corpo e
por se sentir menos envergonhadas na frente de seus parceiros. Esses achados
vão ao encontro dos de Wilson [16] mostrando que, após a realização da cirurgia
plástica (56,5%), as mulheres obtiveram mudanças em seus relacionamentos
sexuais, tendo como principais mudanças, a melhora da qualidade de vida sexual
e a melhora na disposição física.
Concernente a avaliação
da satisfação com a imagem corporal encontramos que as pesquisas de Coelho et al. [17] e Amaral et al. [18], usando o mesmo instrumento
empregado no presente estudo, não encontraram elevados níveis de insatisfação
corporal nas mulheres que passaram pela cirurgia plástica. Resultados
contraditórios foram notados também por Sante e Pasian [11] ao comparar mulheres que fizeram e não fizeram
cirurgia plástica, utilizando a Escala de Satisfação com Imagem Corporal
(ESIC), aquelas que realizaram o procedimento cirúrgico eram mais insatisfeitas
com seus corpos do que as que não se submeteram à cirurgia plástica.
A busca da imagem
corporal é influenciada por aspectos psicológicos, sociais, culturais e
biológicos, levando a uma busca pela melhora da aparência física e, nesse
sentido, o peso aumentado ou a magreza são fatores que influenciaram muito a
imagem corporal [9].
O resultado da
comparação do escore geral de qualidade de vida demonstrou que as MCP
apresentam uma melhor qualidade de vida que as mulheres que nunca passaram por
nenhum procedimento cirúrgico, talvez por agora se sentirem melhor com seu
corpo e sua autoestima.
Estudo que avaliou a
melhora da qualidade de vida e imagem corporal dos pacientes submetidos à dermolipectomia abdominal observou uma melhora na qualidade
de vida, quando observados os escores total: o pré-operatório foi de 61,81 e o
pós-operatório obteve valor de 69,37, esse aumento demonstrado após a
realização da dermolipectomia evidencia que à
qualidade de vida dos pacientes pós-cirurgia apresentou-se melhor [19].
Já outro estudo ao
analisar qualidade de vida dos pacientes pós-rinoplastia
estética usando o questionário SF-36, observaram que todos os pacientes
obtiveram uma melhora na QV pós-realização da cirurgia estética. Mostrando mais
uma vez que ao se analisar a qualidade de vida de pessoas que já realizaram
algum procedimento cirúrgico é melhor do que as que não realizaram nenhum procedimento
[20].
No que diz respeito aos
maiores escores nos domínios físico e relações sociais no grupo MCP, outro
estudo que avaliou a qualidade de vida de pacientes que se submeteram a
abdominoplastia circunferencial, relatou que a cirurgia plástica influenciou
muito na vida social e no lazer, fazendo com que essas pacientes se tornassem
mais sociáveis, pela melhora do humor, da autoestima, da autoimagem e da
mudança de comportamento, tanto em relação ao corpo, quanto na vida familiar e
social [16].
Referente à comparação
da qualidade de vida dos dois grupos, ficou evidente que o resultado
significante no domínio meio ambiente nos mostra que o grupo MCP tem uma
condição de vida melhor, uma renda maior, um meio de transporte melhor, a
maioria é casada trazendo uma estabilidade também com o meio de vida. Outro
fato que é investigado no domínio meio ambiente é a participação e oportunidade
de recreação/lazer, acredita-se que as mulheres após o procedimento cirúrgico sentem-se mais confiantes para realizar tais atividades e
desta forma o domínio é impactado positivamente.
Estudo com pacientes
pós-cirurgia bariátrica mostrou que os entrevistados apresentaram satisfação
quanto ao domínio meio ambiente, relatando estar satisfeitos com a segurança de
sua vida, com sua moradia, com o meio de transporte que utilizam, com a
disponibilidade dos serviços de saúde e com suas condições de vida [21].
As mulheres do grupo
MCP apresentaram maiores escores de qualidade de vida nos domínios relações sociais seguido do físico, porém o domínio em que
houve diferença estatisticamente significante foi no domínio meio ambiente.
A cirurgia plástica
apresentou um impacto positivo tanto na qualidade de vida quanto no nível de
satisfação corporal de mulheres que já realizaram este tipo de procedimento
estético, devido a grande procura por um corpo
perfeito, um padrão de beleza ideal e aumento da autoestima. É importante
considerar, ainda, que na maioria dos estudos relacionados à MCP foi avaliada a
qualidade de vida pré e pós-cirurgia plástica, porém a presente pesquisa foi
realizada com grupo de mulheres que fizeram e outro que não fizeram nenhum
procedimento cirúrgico, dificultando assim achados mais profundos sobre a
pesquisa. Esperam-se que novos estudos relacionados à QV de MCP e de MNCP sejam
feitos, aumentando o número de participantes e utilizando outros métodos para
avaliação.