ARTIGO ORIGINAL
Relação da orientação domiciliar associada à
fisioterapia em grupo no desempenho motor de hemiparéticos
crônicos
Relationship
of domiciliary orientation associated with group physical therapy in the motor
development performance of chronic hemiparetic patients
Silas
de Oliveira Damasceno*, Thayna Araujo
Maiolini Costa**, Valesca Chioca Caiares**, Andressa Sampaio Pereira*, Katiane Mayara
Guerrero*, Caroline Nunes Gonzaga*, Alice Haniuda Moliterno**, Isabela Bortolim Frasson**, Guilherme Yassuyuki Tacao***, Lúcia Martins Barbato***,
Augusto Cesinando de Carvalho***
*Universidade Estadual Paulista (UNESP), Pós-Graduação
em Fisioterapia, Residência em Saúde, área de concentração em Neurologia,
**Universidade Estadual Paulista (UNESP), Pós-Graduação em Fisioterapia,
Especialização em Neurologia, ***Universidade Estadual Paulista (UNESP),
Departamento de Fisioterapia, Presidente Prudente/SP
Recebido
em 5 de novembro de 2018; aceito em 3 de junho de 2019.
Correspondência: Silas de Oliveira
Damasceno, Rua José Levy Guedes, 581, 19060260 Presidente Prudente SP, E-mail:
silas.damasceno10@hotmail.com; Thayna Araujo Maiolini Costa:
thayna.maiolini@hotmail.com; Valesca C Caiares:
valescachiocacaiares@gmail.com; Andressa Sampaio Pereira:
andressa_fisio2013@hotmail.com; Katiane Mayara Guerrero:
katianeguerrero@hotmail.com; Caroline Nunes Gonzaga: caa_nunes_11@yahoo.com.br;
Alice Haniuda Moliterno:
ftalice.m@gmail.com; Isabela Bortolim Frasson: isafrasson@hotmail.com; Guilherme Yassuyuki Tacao:
guilhermetacao@yahoo.com.br; Lúcia Martins Barbatto:
luciabarbatto@unesp.br; Augusto Cesinando de
Carvalho: augusto.cesinando@unesp.br
Resumo
Introdução: A fisioterapia
associada a exercícios domiciliares pode trazer melhores resultados relacionada
à funcionalidade de indivíduos hemiparéticos. Objetivo: Avaliar a relação da adesão a
uma cartilha de exercícios associada à fisioterapia em grupo no formato de
circuito de treinamento (FGCT) e a performance motora de indivíduos hemiparéticos crônicos. Métodos:
Realizou-se uma avaliação inicial e uma reavaliação após 8 semanas com
atendimento de FGCT associado a exercícios domiciliares por meio de cartilha. Resultados: Dos 22 indivíduos hemiparéticos participantes, apenas 2 realizaram exercícios
acima da taxa estabelecida com média de 49 ± 0 dias, totalizando 87 ± 0% de
adesão à cartilha; enquanto que os 20 hemiparéticos
restantes, em média, realizaram exercícios por 27,28 ± 10,41 dias, perfazendo
49,59 ± 0,18% de adesão e a taxa média geral de faltas em dias pairou em 15,33
± 5. Conclusão: A adesão aos
exercícios propostos na cartilha foi baixa bem como a correlação com os
resultados funcionais, porém a FGCT foi capaz de alterar positivamente as
pontuações entre as avaliações nos testes aplicados.
Palavras-chave: hemiparesia, acidente
vascular cerebral, cooperação e adesão ao tratamento.
Abstract
Introduction:
Physical therapy associated with home-based exercises may bring better results
related to the functionality of hemiparetic individuals. Objective: To evaluate the relationship of adherence to an exercise
booklet and motor performance associated with Group Physical therapy in the
Training Circuit (GPTC) format. Methods:
An initial evaluation and re-evaluation was performed after 8-weeks with GPTC
care associated with home-based exercises booklet. Results: Out of the 22 hemiparetic participants, only 2 performed
exercises above the established rate with mean of 49 ± 0 days totaling 87.0 ±
0% adherence to the booklet exercises whereas the remaining 20 hemiparetic
ones, on average, performed exercises for 27.28 ± 10.41 days making up 49.59 ±
0.18% of adherence and the overall mean rate of absences in days hovered at
15.33 ± 5. Conclusion: The adherence
to the exercises proposed in the booklet was low as well as the correlation
with the functional results, but the GPTC was able to positively change the
scores between the evaluations in the tests.
Key-words: paresis,
stroke, treatment adherence and patient compliance.
Durante
a reabilitação física, a orientação terapêutica domiciliar é fundamental para
um bom resultado, portanto, os exercícios domiciliares se tornam uma estratégia
viável para reforçar as atividades praticadas durante a sessão de fisioterapia.
Tal prática é denominada de autogestão, na qual, o paciente executa em sua
residência os exercícios ensinados por um fisioterapeuta e que pode levar ao
aumento da adesão dentro do processo terapêutico e a melhora da funcionalidade
[1].
A
adesão a programas de exercícios é definida como o resultado da razão entre o
número de sessões realizadas e divididas pelo número de sessões oferecidas,
além disso, consiste na conservação de um indivíduo a um programa de exercícios
[2]. Contudo, a efetividade da prática de exercícios domiciliares após uma
lesão, demanda que o paciente, familiares e cuidadores entendam a importância
da terapêutica, e isso, culmina em um processo adequado com maiores
possibilidades de bons resultados [3].
As
orientações dadas pelo fisioterapeuta para serem realizadas em domicílio faz
com que todos da residência estejam integrados no tratamento, pois os
familiares são importantes na continuidade do cuidado e no auxílio das
atividades propostas e o fisioterapeuta é fundamental para reforçar a
importância da realização das atividades e consequentemente na adesão da
terapêutica domiciliar [4].
A
atenção domiciliar tornou-se um dos principais pilares da prestação de serviços
em saúde, uma vez que atende às necessidades de pacientes com condições
crônicas de saúde, pois promove a melhora da qualidade de vida através do
controle dos sinais e sintomas, minimizando os riscos de complicações. Todavia,
a falta de aderência ao tratamento, o que inclui não seguir as orientações
domiciliares, aumenta a probabilidade de fracasso do tratamento, sendo um
fenômeno que repercute negativamente no indivíduo de forma global e que acomete
todas as idades e patologias [2,3,5].
A
reabilitação neurológica tem a finalidade de minimizar as sequelas
incapacitantes advindas de diversas patologias incluindo o acidente vascular
cerebral (AVC) que é considerado a principal doença que causa incapacidade
neurológica, gerando impacto em diversas funções humanas, além de constituir um
grave problema de saúde pública, ser uma das maiores causas de morte no mundo e
apresentar altos custos do tratamento [6]. As principais deficiências
apresentadas pelos indivíduos são a hemiparesia, redução da força e da
resistência muscular, alteração do tônus muscular, déficit de coordenação,
alteração da sensibilidade, marcha deficitária, entre outras. Todas essas
alterações interferem no desempenho das atividades de vida diária [7,8].
Deste
modo, a fisioterapia para pacientes hemiparéticos
deve conter estímulos que simulem tarefas de vida diária e de autocuidados,
além de promover melhora na sociabilidade como é observado em vários métodos
terapêuticos utilizados, assim como na fisioterapia em grupo no formato
circuito de treinamento (FGCT). Este modelo tem apresentado bons resultados na
funcionalidade, pois apresenta elementos importantes para melhorar a
coordenação, o equilíbrio, a marcha, a mobilidade de membros superiores e
inferiores e condicionamento físico [9].
A
FGCT utiliza atividades funcionais específicas de forma intensiva em um
ambiente de grupo, com foco na repetição da prática de tarefas funcionais e
progressão contínua dos exercícios por meio de estações dispostas em um
circuito de exercícios individualizados [10-12].
Considerando
a importância de estudar a adesão domiciliar a pacientes acometidos com AVC,
infere-se que tal prática pode ser um método benéfico na assistência
fisioterapêutica, uma vez que a não aderência prejudica o efeito do tratamento
[2]. A eficácia e adesão das orientações de exercícios domiciliares que
utilizam de orientações verbais ou por cartilha, torna esse tocante
fundamental, pois estimula que a busca desse dado seja uma atividade de atuação
clara e sistematizada na fisioterapia [5]. Portanto, o objetivo do atual estudo
foi verificar a taxa de adesão de pacientes acometidos com AVC crônicos e
participantes de FGCT.
Nesta
pesquisa clínica longitudinal foram recrutados indivíduos hemiparéticos
crônicos em tratamento em Fisioterapia de Grupo em Formato de Circuito de
Treinamento no Centro de Atendimento de Fisioterapia e Reabilitação (CEAFIR) da
Universidade Estadual Paulista (UNESP), campus de Presidente Prudente/SP. Todos
os indivíduos foram informados sobre os procedimentos adotados, avaliados em
relação aos critérios de inclusão e exclusão, comunicados sobre os objetivos da
pesquisa e posteriormente assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido encaminhado ao Comitê de Ética da FGCT-UNESP aprovado pelo CEP, sob
o CAAE N° 49513415.4.0000.5512.
Os
critérios de inclusão do estudo foram indivíduos com hemiparesia, que
apresentou encaminhamento médico e um tempo de lesão pós o AVC ≥ 12
meses, período considerado para lesão crônica pós-AVC. Deveria ser capaz de
realizar a marcha, ter habilidade para realizar teste de caminhada e apresentar
alteração no tônus de grupos musculares do membro inferior parético, sendo
identificado por escores diferentes de zero na escala modificada de Ashworth [13] e ausência de déficits cognitivos avaliados
pelo Mini Exame do Estado Mental [14]. Considerado como critérios de exclusão
do estudo, corresponderam o tempo de lesão inferior a 12 meses, dupla
hemiparesia, afasia sensitiva e condições de saúde adversas não relacionadas ao
AVC.
Foram
realizadas entrevistas individuais para coleta de dados pessoais e aplicadas as
Avaliações Iniciais (AV1) e depois de 8 semanas de intervenção as Avaliações
Finais (AV2), utilizando duas escalas funcionais: Time up
and go Test (TUG) [15] a fim de avaliar a mobilidade
e habilidade funcional durante a marcha e Teste de Caminhada de 10 metros
(TC10M) [16] a fim de avaliar a marcha.
Após
serem avaliados, os indivíduos hemiparéticos
receberam uma cartilha (Figura 1) contendo 5 tipos de exercícios, e a
orientação da forma que deviam ser realizados eram passadas semanalmente, além
disso, realizavam atendimentos no CEAFIR uma vez por semana em grupo no FGCT. A
cada atendimento era realizada uma entrevista individual sobre a adesão dos
exercícios e as dificuldades da realização dos exercícios e, diante disso, as
orientações ocorreram com base nas dificuldades da realização das atividades
elencadas pelos participantes. A utilização da cartilha permaneceu por 8
semanas de intervenção, totalizando 56 dias.
Fonte:
elaborado pelos autores
Figura 1 - Cartilha de exercícios domiciliares.
A
Tabela I demonstra os exercícios executados, durante a FGCT, na qual consistia
em 12 estações, em que os indivíduos permaneciam a realizar a atividade
proposta por dois minutos e ao comando de um terapeuta que estava em mãos de um
cronômetro solicitava para que o indivíduo se dirigisse para a próxima estação
ao final do tempo estabelecido, assim, até completar todas as estações.
Tabela I - Descrição dos exercícios executados nas estações da FGCT.
Fonte:
elaborado pelos autores.
A
adesão ao programa de exercícios apresentado na cartilha foi definida como a
razão entre o número de sessões realizadas e dividido pelo número de sessões
ofertadas. A cada sessão de terapia as informações colhidas com os indivíduos hemiparéticos foram registradas em uma ficha de avaliação e
a adesão considerada adequada foi de 85% do total de dias ofertados.
Na
análise estatística para verificar a normalidade dos dados, foi utilizado o
teste de Shapiro-Wilk e para comparar os valores
obtidos nas escalas o teste T-student para amostras
pareadas, considerando significante o valor de p < 0,05. Já o teste de
correlação de Sperman foi usado para avaliar as
correlações entre as os valores das escalas e a adesão à cartilha.
Também
foi utilizado o Effect Size (ES)
pela fórmula de Cohen (d), que calcula as diferenças entre os grupos. As
leituras das magnitudes foram realizadas como efeito insignificante (≥
0,00 a 0,15); pequeno efeito (≥ 0,15 a < 0,40); médio efeito (≥
0,40 a < 0,75); grande efeito (> 0,75). Este conceito estatístico é
traduzido normalmente pela diferença efetiva na população, sendo assim, quanto
maior for o ES, maior será a manifestação do fenômeno na população.
Participaram
deste estudo 22 indivíduos hemiparéticos (9 homens e
13 mulheres). A média de idade foi de 60,45 ± 11,62 anos, sendo que as mulheres
apresentaram uma média de idade 58,46 ± 12,57 anos e os homens 63,33 ± 9,38
anos. O tempo de lesão foi 5,27 ± 4,36 anos de uma forma geral.
Dos
22 indivíduos participantes, apenas 2 realizaram exercícios acima da taxa
estabelecida com média de 49 dias totalizando 87,5% de adesão à cartilha,
enquanto que os 20 hemiparéticos restantes, em média,
realizaram exercícios por 27,28 ± 10,41 dias perfazendo 49,59 ± 0,18% de adesão
e em congruência, a taxa média geral de faltas em dias, pairou em 15,33 ± 5
faltas.
O
valor obtido do TUG de todos os hemiparéticos
participantes na AV1 foi 21,79 ± 8,33 segundos e na AV2 foi 18,96 ± 9,09
segundos e a análise estatística revelou diferença significante entre as
avaliações (p ≤ 0,05). O valor de TC10M foi 0,67 ± 0,31 m/s na AV1 e 0,65
± 0,21 m/s na AV2, todavia, não foi observada diferença significante entre as
avaliações.
O
Teste de Correlação Pearson demonstrou correlação fraca entre a diferença de
AV1 e AV2 de TUG e a maior porcentagem de adesão (r = -0,428 e p = 0,718) bem como
com a menor porcentagem (r = -0,489 e p = 0,034). Foi observada uma correlação
forte entre a diferença de AV1 e AV2 de TC10M e a maior porcentagem de adesão
(r = -0,737 e p = 0,472) e uma correlação muita fraca com a menor taxa de
adesão (r = 0,253, p = 0,296).
O
Effect Size estimado
das médias e desvios-padrões das diferenças entre a AV1 e AV2 do TUG (g = 0,33)
pequeno efeito e do TC10M (g = 0,08) demonstrou efeito insignificante entre as
diferenças entre os grupos.
O
presente estudo demonstrou baixa taxa de adesão aos exercícios domiciliares
propostos por meio de cartilha, todavia os indivíduos com hemiparesia apresentaram
melhora da mobilidade funcional na marcha com a participação na FGCT.
Observou-se que apenas 2 pacientes realizaram exercícios domiciliares propostos
na cartilha de forma satisfatória caracterizando uma adesão adequada e os
demais participantes não aderiram a porcentagem aceitável estabelecida [2].
O
resultado da adesão baixa é semelhante ao obtido em um programa de exercícios
domiciliares realizados em idosas cuja adesão foi de 36% [2] e, talvez, essa
baixa adesão ao atual estudo esteja relacionada à falta de incentivo familiar,
espaço adequado para execução dos exercícios, entendimento da importância das
atividades domiciliares e aptidão a exercícios. Além disso, a taxa de adesão
encontrada neste estudo foi menor do que a relatada em programa com supervisão,
pois este proporcionou maior suporte profissional [17].
A
baixa adesão também pode estar relacionada com a falta de consciência de que os
exercícios em casa são benéficos para a melhora funcional, por não saber como
se exercitar com segurança, a indisponibilidade de horários, a forma como
alterar a intensidade da atividade e/ou a falta de vontade, são fatores que
tornam ainda mais agravantes porque em domicílio os indivíduos não possuem a
supervisão direta de um terapeuta [12].
Todas
as interferências que levam a baixa adesão podem imiscuir na autoeficácia e consequentemente na execução do exercício
influenciando negativamente na realização de atividades funcionais do dia-a-dia
e na funcionalidade [18,19]. Contudo, não foi observado correlação significante
entre a taxa de adesão e os valores dos testes funcionais podendo demonstrar
que as atividades orientadas não foram suficientes para melhorar o
comportamento domiciliar a ponto dos participantes
fazerem exercícios diariamente e influenciar os escores funcionais determinados
pelos testes.
Por
outro lado, pacientes com maior adesão a protocolos de exercícios domiciliares
apresentam taxa de gordura corporal e comorbidade baixas, menor utilização de
medicamentos em geral, função física e percepção geral da saúde melhores e
menores taxas de depressão. Além dos protocolos de exercícios, também estavam
inseridos em programas de promoção à saúde o que pode ter influência no
comportamento de autovalorização e por consequência na melhora da autoeficácia no desempenho das atividades [20].
No
que tange ao aumento do desempenho do TUG pode ser justificada devido à melhora
da força muscular e a diminuição da espasticidade acrescida pelos exercícios do
programa estabelecido [21-23]. Assim, o atual estudo apresentou diferença
significante entre as avaliações iniciais e finais no teste em questão,
revelando que o trabalho teve melhora e justifica manter indivíduos hemiparéticos crônicos em treinamento com a FGCT.
A
FGCT associada à cartilha foi capaz de melhorar a pontuação do TC10M, porém não
apresentou diferença significativa entre as avaliações inicial e final,
corroborando o estudo de Carvalho et al.
[9] que se utilizaram da FGCT como instrumento de intervenção. Apesar de não
mostrar diferença significativa, a terapia mostrou ser capaz de manter a
mobilidade e autonomia dos pacientes, pois estes tiveram a oportunidade de
praticar exercícios semanalmente, mantendo a funcionalidade e impedindo o
sedentarismo.
Sendo
assim, pode-se sugerir que a baixa adesão ao programa de exercícios
domiciliares poderia ter tido maior influência no desempenho funcional, pois os
indivíduos participantes não praticaram os exercícios propostos na cartilha de
forma satisfatória e, talvez, se o fizessem, os valores do TC10M teriam sido
melhores. Este resultado sinaliza para a importância das atividades
domiciliares e, portanto, os fisioterapeutas deveriam olhar com mais atenção
para esta prática domiciliar que em conjunto com os atendimentos supervisionados
aumentariam a intensidade do tratamento.
A
diferença observada na mobilidade funcional da marcha demonstrou que as
atividades da FGCT e na cartilha tiveram exercícios que melhoraram o desempenho
no TUG, diferentemente do TC10M, talvez tal fato, seja justificado, devido as
estações não possuírem uma atividade similar a distância do TC10M. A baixa
adesão parece não ter influenciado o TUG porque muitas atividades de vida
diária são análogas ao TUG, ou seja, muitas das atividades do cotidiano
mimetizam o TUG, como sair de uma mesa de jantar, de um sofá, de um vaso
sanitário, entre outros, e percorrer pequenas distâncias entre uma tarefa e
outra, por isso, a FGCT pode ter se somado e influenciado nas pontuações, o que
não ocorreu com o TC10M no qual não foi observado significância, além disso, a
cartilha não tinha treino de caminhada.
Uma
melhor compreensão sobre adesão a protocolos de tratamentos é um desafio para
os profissionais da saúde, assim sendo deve ser estudada mais profundamente sob
todos os aspectos de saúde, física, emocional e social, para que os ganhos
funcionais se tornem constantes não só na população de indivíduos hemiparéticos, mas, sim, em todos aqueles inseridos em
programas de reabilitação funcional [24].
As
limitações do estudo referem-se ao tamanho da amostra que poderia ser maior,
idades diferentes, variação do tempo de lesão, comprometimento motor e graus de
independência diversos e que somados puderam influenciar nos ganhos motores.
Como alternativa para estudos futuros, tais fatos apresentados deverão ser
levados em consideração para que ocorram resultados mais consistentes.
A
cartilha e a FGCT foram importantes para a funcionalidade, pois promoveram um
espaço prevenindo agravos à saúde como prevenção do sedentarismo, melhora dos
aspectos sociais e a manutenção da independência física dos indivíduos hemiparéticos. Logo, diante dos achados deste estudo,
podemos concluir que a adesão aos exercícios propostos na cartilha foi baixa
bem como a correlação com os resultados funcionais, porém a FGCT foi capaz de
alterar positivamente as pontuações entre as avaliações nos testes aplicados.