ARTIGO
ORIGINAL
Comportamento
do índice diafragmático em pessoas saudáveis
Performance of the diaphragmatic index in healthy people
Emanoel dos Santos Nascimento*, Hugo Batista Ferreira*, Maria da Conceição
Mendes de Sousa*, Pablo Ribeiro de Albuquerque**, Francinaldo
Alves de Lucena***
*Graduandos
do Curso de Fisioterapia das Faculdades Integradas de Patos – FIP,
**Especialista e Professor das Faculdades Integradas de Patos – FIP,
***Graduado em Fisioterapia pelas Faculdades Integradas de Patos – FIP
Endereço
para correspondência: Emanoel dos Santos Nascimento, Rua Horácio Nóbrega,S/N,
Belo Horizonte, Patos/PB, E-mail: emanoel.santos.sb@gmail.com
Resumo
A cirtometria
é um instrumento de aferição da mobilidade torácica e abdominal. A mobilidade
torácica pode sofrer alterações com o crescimento, posição corporal, sexo,
idade, estatura, raça e aparecimento de patologias respiratórias. O padrão
respiratório possui três classificações básicas no que se refere aos movimentos
durante a ventilação: apical, abdominal e misto. Objetivo: O estudo teve como
objetivo obter o índice diafragmático médio das pessoas comparando entre os
gêneros. Métodos: Foi realizada uma pesquisa aplicada, quantitativa,
exploratória. A amostra foi composta de 307 sujeitos de ambos os gêneros com
idade média de 34,58±15,90 e 28,16±9,08 anos. Os sujeitos foram avaliados
através dos dados antropométricos, avaliação dos sinais vitais e avaliação da
expansibilidade torácica. Resultados: A avaliação do ID mostrou uma média no
coeficiente axilar ortostático de 5,75±1,74 cm; coeficiente xifóide
médio de 4,64±2,31 cm; e coeficiente abdominal médio de 0,75±2,53 cm; com uma
variação mínima de -7 cm e máxima de 0,7cm com média de -0,2±1,03 cm, para o
grupo feminino o ID médio foi de -0,03±0,96 e de -0,07±1,09cm para o masculino.
Observou-se que o padrão respiratório dos sujeitos estudados é apical ou costal
superior. Quando comparado o ID entre os gêneros foi estatisticamente
significativo (p=0,01) evidenciando que o gênero feminino tem mais
frequentemente padrão apical.
Palavras-chave: índice
diafragmático, mobilidade toracoabdominal, padrão
respiratório.
Abstract
The cirtometry is tool for measuring the
abdominal and thoracic mobility. The respiratory pattern has three basic
classifications regarding the movements during ventilation: apical abdominal
and mixed. Goal: The study aimed to Get the diaphragmatic index average people
and compare between genders. Method: We performed a search of the type applied,
quantitative, quasi-experimental and exploratory. The sample consisted of 307
healthy subjects of both genders (152 females and 155 males) with a mean age of
34.58 ± 15.90 and 28.16 ± 9.08 years, respectively. The subjects were assessed
using anthropometric data, assessment of vital signs and assessment of chest
expansion. Results: The ID evaluation showed an average orthostatic in axillary
coefficient of 5.75 ± 1.74 cm; xiphoid average coefficient of 4.64 ± 2.31 cm,
and abdominal average coefficient of 0.75 ± 2.53 cm; with minimal variation
of-7cm and maximum of 0.7 cm with a mean of -0.2 ± 1.03 cm for females the ID
average was -0.03 ± 0.96 and -0.07 ± 1.09 cm for males. It was observed that
the breathing pattern of the subjects studied are
apical or top rib. When compared the ID between genders was statistically
significant (p = 0.01) indicating that females have more often apical pattern.
Key-words: index
diaphragmatic, mobility thoracoabdominal, breathing
pattern.
A ventilação pulmonar
é uma função fundamental que potencializa a chegada do oxigênio ao leito
capilar pulmonar, assim como facilita a retirada do dióxido de carbono
proveniente do metabolismo celular. A diferença de pressão gerada a partir do
trabalho da musculatura durante a inspiração é quem garante a entrada do ar
atmosférico nas vias respiratórias. Sendo assim, em condições normais e
fisiológicas, a inspiração acontece em virtude da redução da pressão alveolar
em relação a pressão atmosférica através do trabalho muscular
[1].
A interação entre as
propriedades elásticas do pulmão, a contratilidade dos músculos ventilatórios e
a mobilidade do gradil costal determinam a mecânica do sistema respiratório.
Desta forma, para que o processo respiratório ocorra é necessário o
funcionamento de dois grupos de músculos distintos ancorados, entre outras
estruturas, em um arcabouço ósseo [2,3].
A
caixa torácica,
além da função de proteção da
víscera pulmonar, é peça fundamental para a
função ventilatória. Expande-se na fase
inspiratória com a contração dos
músculos inspiratórios e retrai-se na fase
expiratória, pela ação das forças
elásticas da caixa torácica e do parênquima
pulmonar [4,5].
Segundo Berne [6], o
diafragma é responsável por aproximadamente 70% do processo ventilatório, sendo portanto, o principal músculo da ventilação. Quando o
diafragma se contrai, o conteúdo abdominal é forçado para baixo e para frente,
e a dimensão vertical da cavidade torácica é aumentada. Sendo assim, a
mobilidade do sistema respiratório pode determinar a eficiência da mecânica
durante a entrada ou saída de ar das vias aéreas.
A cirtometria
é um importante instrumento de aferição da mobilidade torácica e abdominal.
Sendo assim, a análise do índice diafragmático e a verificação da
expansibilidade torácica são citadas na literatura como ferramentas
fundamentais na avaliação do sistema respiratório. Dessa maneira, questiona-se:
o índice diafragmático pode ser utilizado como um método criterioso para a
análise do padrão respiratório?
Este trabalho tem
como objetivos: 1. Analisar o comportamento do índice
diafragmático em indivíduos adultos; 2. Obter o Índice
Diafragmático médio das pessoas do estudo; 3 Comparar
o Índice Diafragmático entre os gêneros; 4. Calcular a amplitude média ao nível
axilar e ao nível umbilical.
O índice
diafragmático é relatado na literatura como importante ferramenta para análise
da mecânica ventilatória. Dessa forma a ampliação do conhecimento sobre o
assunto pode possibilitar a maior eficácia das técnicas fisioterapêuticas, além
de contribuir para o fomento intelectual à cerca do assunto.
Tipo e
local de estudo
O presente estudo
trata-se de uma pesquisa do tipo aplicada que, segundo Barros e Lehfeld [7], distingue-se pelo fato do pesquisador está
sendo movido pela necessidade de conhecer, para está aplicando os resultados de
forma imediata, contribuindo para fins práticos, objetivando à
solução mais ou menos imediata do problema encontrado na realidade.
Fundamenta-se em uma
pesquisa quantitativa que, segundo Dyniewicz [8],
prevê a mensuração de variáveis pré-estabelecidas, para verificar e explicar
sua influência sobre outras por meio da análise da frequência de incidências e
correlação de estatísticas; como também apresentando abordagem qualitativa,
tomando como base a premissa de que o conhecimento sobre as pessoas só é
possível a partir da descrição da experiência humana.
Segundo Gil [9],
trata-se de uma pesquisa exploratória, que tem como objetivos, desenvolver,
esclarecer e modificar conceitos e ideias visando a
formulação de problemas ou hipóteses pesquisáveis. A pesquisa é desenvolvida
mediante a influência dos conhecimentos disponíveis e a utilização de métodos,
técnicas e outros procedimentos científicos feitos de maneira cuidadosa.
Quanto aos procedimentos técnicos,
trata-se de uma pesquisa quase-experimental que, de
acordo com Cozby [10], tem como objetivo atingir um
grau de controle o mais aproximado possível dos delineamentos experimentais,
tendo surgido da necessidade de realizar pesquisas aplicadas, em situações onde
não é possível controlar da mesma forma que nos delineamentos experimentais
completos. De acordo com Gil [9], com a pesquisa quase-experimental
é possível observar o que se ocorre, quando ocorre, a quem ocorre e tornando
possível a análise de relações causa-efeito.
Caracterização
do campo da pesquisa
A pesquisa foi
desenvolvida na cidade de Patos no interior da Paraíba, localizada a
aproximadamente 300 km da capital do Estado, no período de julho a setembro de
2016. A coleta foi realizada em domicílios escolhidos por comodidade e na
Clínica Escola de Fisioterapia das Faculdades Integradas de Patos.
População
e amostra
A população foi composta
pelos habitantes da cidade de Patos onde ocorreu a coleta. A amostra foi
compreendida por 300 pessoas.
A amostragem da
pesquisa foi por conveniência do tipo não-probabilística,
sendo caracterizada pelo fato dos elementos não serem selecionados aleatoriamente,
impossibilitando a generalização dos resultados da pesquisa realizada em termo
de população [9,10].
Critérios
de inclusão
Concordância em
participar do estudo; Indivíduos maiores de 18 anos; Indivíduos adultos e
sabidamente saudáveis; Não fumantes; Sem história de doença pulmonar sabida;
Sem história de cirurgia torácica ou abdominal;
Critérios
de exclusão
Entrevista incompleta
ou inconsistente; Incapacidade de realizar o procedimento proposto; Não possuir
de forma adequada os critérios para inclusão.
Riscos
e benefícios
A pesquisa apresentou
riscos mínimos de ordem moral, no entanto, estes foram minimizados por conversa
e todas as explicações que o avaliado julgar necessárias, indo além dos
apresentados no Termo de Consentimento Livre e de Esclarecimento.
Os benefícios, por
sua vez, apresentam-se em amplo destaque em relação aos riscos, visto que este
trabalho contribuiu com as bases científicas acerca do conhecimento do
comportamento do padrão de respiração do indivíduo em coletividade.
Instrumentos
e procedimentos de coleta de dados
Primeiramente, o
projeto foi submetido à apreciação pelo Comitê de Ética em Pesquisa das
Faculdades Integradas de Patos (FIP). Posteriormente, os indivíduos
selecionados, foram esclarecidos e orientados acerca da natureza e do
significado do estudo, assinando um Termo de Consentimento Livre de
Esclarecimento para que assim possam ser incluídos na amostra.
Foi iniciado pelo
preenchimento do formulário de coleta abrangendo dados biodemográficos,
questionário respiratório, aferição de sinais vitais e realização dos
procedimentos a seguir.
Avaliação
dos dados antropométricos
Para obtenção dos
dados antropométricos, utilizou-se a fita métrica para mensurar a estatura e o
peso com balança analógica (FILIZOLA®).
a) Aferição da altura
Durante a mensuração
da altura dos avaliados os calcanhares devem estar juntos e o indivíduo o mais
ereto possível.
b) Aferição do peso
Para aferir o peso, o
indivíduo deverá apresentar-se com roupas leves e sem calçado.
c) Cálculo do IMC
Para o cálculo do
índice de massa corpórea (IMC), serão necessários os dados da coleta sobre peso
e altura para serem aplicados na seguinte fórmula: IMC = peso / altura².
Avaliação
dos sinais vitais
Foram colhidos os
seguintes sinais vitais: Frequência cardíaca, frequência respiratória e pressão
arterial. A frequência cardíaca foi coletada manualmente, através de contagem
realizada em um minuto do pulso radial direito do indivíduo. A frequência
respiratória foi coletada manualmente, através do reconhecimento dos movimentos
da caixa torácica, sendo contadas as incursões respiratórias durante o período
de um minuto. Já a pressão arterial foi aferida através de esfigmomamômetro
e estetoscópio (Premium®), sendo coletada no antebraço direito.
Avaliação
da expansibilidade torácica
Para a coleta do
índice diafragmático, foi utilizada uma fita métrica simples, graduada em
centímetros (cm). A coleta deu-se através das cirtometrias
torácica, coletada na altura axilar e ao nível do 4º espaço intercostal e cirtometria abdominal, coletada na altura da cicatriz
umbilical. Foram efetuadas coletas dos indivíduos em posição ortostática. A
partir disso, realizado o seguinte procedimento: Solicitação de inspiração
profunda máxima (Capacidade Pulmonar Total), onde foi aferida a medida com fita
métrica e em seguida solicitada a expiração total (Capacidade Residual
Funcional), realizando novamente a medida. Este procedimento foi realizado duas
vezes consecutivas, com pausa nos movimentos respiratórios ao final da
inspiração e da expiração. Durante as pausas respiratórias, foi realizada
mensuração das variações dimensionais perimétricas do tórax (ao nível axilar ou
quarto espaço intercostal) e do abdome (ao nível da cicatriz umbilical),
utilizando uma fita métrica milimetrada. Para o
cálculo do ID foi utilizada a fórmula ID = ∆AB/
∆AB + ∆TX, na qual ∆AB significa variação
do perímetro abdominal e ∆TX significa variação
do perímetro torácico. Para classificação do padrão respiratório foi
considerado ID = 0,5 para padrão simétrico ou misto, ID > 0,5 para
predominância basal e ID < 0,5 para predominância apical.
Procedimentos
de análise de dados
Para a análise de
dados foi realizada a estatística descritiva através do software IBM SPSS 2.0
(2011), verificando média aritmética, variância, moda e desvio padrão das
variáveis relacionadas a idade, ID, IMC e gênero. Com
base na estatística inferencial foram analisadas as correlações a partir do
teste Peaerson e a diferença entre médias a partir
dos testes T-Student e ANOVA em valor significante
para p < 0,05.
Aspectos
éticos
De acordo com o
aspecto ético citado na resolução nº 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, foi
mantido total sigilo acerca das informações do sujeito da pesquisa, onde o
mesmo teve direito de desistir caso não desejasse concluir o procedimento.
Foi incluído o Termo
de Consentimento Livre e de Esclarecimento em duas vias, onde os participantes
receberam uma das vias, sendo esclarecidos sobre o estudo, que foi encaminhado
ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) para ser aprovado e executado, e junto a
este foi enviado o termo de autorização institucional.
Por meio do Termo de
Compromisso do Pesquisador, apresentou-se a responsabilidade por parte deste
estudo.
Participaram deste
estudo 307 indivíduos, com idade entre 18 e 68 anos, sendo 152 do gênero
feminino correspondendo a 49,51%, com idade média de 34,58±15,90 anos; com
média de IMC de 24,48±3,07 kg/m2; pressão arterial sistólica com média de
113,03±8,21 mmHg; pressão arterial diastólica média de
72,54±7,6 mmHg; pressão arterial média de 86,06±6,76 mmHg; frequência
respiratória 18,18±2,78 irpm; e 155 do gênero
masculino equivalente a 50,48%, com idade média de 28,16±9,08 anos; com média
de IMC de 25,72±3,60 kg/m2; pressão arterial sistólica média de
120,31±8,39 mmHg; pressão arterial diastólica de 78,06±7,98 mmHg; pressão
arterial média de 92,14±7,18 mmHg; e frequência respiratória de 16,83±2,46 irpm (tabela I). De acordo com os dados obtidos na amostra
estudada observamos uma homogeneidade no que diz respeito ao gênero, IMC,
pressões arteriais sistólica, diastólica o que garante confiabilidade nos dados
analisados.
Tabela I – Características gerais da amostra estudada.
Fonte: Dados da
pesquisa 2016; IMC: índice de massa corpórea; PAS: pressão arterial sistólica: mmhg: milímetros de mercúrio; PAD: pressão arterial
diastólica; PAM: pressão arterial média; FR: frequência respiratória.
O índice
diafragmático foi verificado através da cirtometria
torácica demonstrando uma média no coeficiente axilar ortostático de 5,75±1,74
cm; coeficiente xifóide médio de 4,64±2,31cm; e
coeficiente abdominal médio de 0,75±2,53 cm; e o ID em posição ortostática com
média de -0,2±1,03 cm; para os homens, a média no coeficiente axilar
ortostático foi de 6,20±1,66 cm; coeficiente xifóide
médio de 5,48±6,26 cm; e coeficiente abdominal médio de 1,35±2,66 cm; com ID de
-0,04±0,84 cm; para as mulheres a média no coeficiente axilar ortostático foi
de 5,28±1,71 cm; coeficiente xifóide médio de
4,24±2,34 cm; e coeficiente abdominal médio de 0,13±2,23 cm; e o ID em posição
ortostática de -0,2±1,03 cm (tabela II).
Tabela
II –
Coeficiente axilar, xifóide,
abdominal e índice diafragmático em posição ortostática, geral, homens e
mulheres.
Fonte: dados da
pesquisa 2016; DP: desvio padrão; CA: coeficiente de amplitude; ID: índice
diafragmático; cm: centímetros; FR: frequência respiratória.
Observamos neste
estudo que a média de variação decresceu da região da região axilar para
abdominal e essa variação foi observada tanto no geral como também para ambos
os gêneros. Através de um estudo da cirtometria e
mobilidade toracoabdominal, Lehmkuhl
et al. [11] avaliaram 137 adultos jovens
saudáveis, cuja a análise foi realizada utilizando quatro pontos de mensuração,
perímetros axilar, xifoide, basal e umbilical. Os resultados demonstraram que
as médias da mobilidade toracoabdominal foram
decrescentes da região axilar para a região abdominal para ambos os gêneros.
Concordando com os achados deste estudo.
Quando calculado a
amplitude média ao nível axilar e ao nível umbilical esses valores foram
estabelecidos entre 5,75±1,74 e 0,75±2,53 cm, respectivamente, para os homens
foi de 6,20±1,66 para média de amplitude axilar e de 1,35±2,66 para a região
abdominal enquanto que para as mulheres foram obtidos os valores de 5,28±1,71
para média de amplitude axilar e de 0,13±2,23 para média de amplitude
abdominal.
Confrontando esses
dados com Lehmkuhl et al. [11], observa-se que quando comparada a mobilidade torácica os
homens tiveram maior mobilidade porém os valores obtidos na amplitude média
axilar e abdominal no seu estudo foram maiores para ambos os gêneros, já Basso
et al. [12] verificaram o coeficiente axilar e abdominal em 19 jovens saudáveis
incluindo ambos os gêneros e obteve valores de 7,2±2,8 para a amplitude xifoide
e 0,6±4,8cm para a região abdominal valores estes semelhantes aos valores deste
estudo quando comparados a amostragem total. Moreno et al. [13] avaliaram por meia da cirtometria,
o efeito de determinados exercícios sobre a mobilidade torácica em indivíduos
jovens. Para tal, foi realizada a mensuração na região axilar, xifoide e
abdominal. Os valores encontrados para o grupo controle foi de 6,2±0,2 cm; para
a região axilar e de 5,1±0,2 cm para a região xifoidiana e de 5,6±0,4 para a
região abdominal. Estes achados se assemelham com os achados do presente estudo
para a região axilar e xifoide, no entanto, há uma discordância quando se
refere à média de amplitude abdominal.
A cirtometria
ao nível axilar observada aqui neste estudo em posição ortostática traz um
valor maior em relação aos demais níveis, isto porque é lançada a hipótese de
que, ocorre uma maior utilização dos músculos intercostais externos durante a
medida da expansão torácica com a fita métrica. Conforme afirmação de Feltrim [14], na posição ereta, por conta da ação da
gravidade, o diafragma se rebaixa, aumenta o diâmetro vertical e favorece o
acionamento dos músculos intercostais. Alguns autores como Costa [15] e Irwin
[16], indicam a cirtometria como método de avaliação
da mobilidade torácica, porém não remetem valores que sejam parâmetros de
normalidade ou influência do posicionamento nos resultados desta mobilidade. O ortostatismo pode ser um dos fatores causais da diminuição
do coeficiente respiratório. Acreditando nisso, ressalta-se a importância de se
ter medidas de normalidade para a amplitude toracoabdominal
para indivíduos saudáveis e assim, ter um parâmetro adequado de avaliação
(tabela III).
Tabela
III
– Variação da amplitude do ID.
Fonte: dados da
pesquisa 2016.
Observamos na
literatura que a maioria dos pesquisadores utiliza três regiões de mensuração,
as regiões, axilar e xifoide, estão sempre presentes nas avaliações e alguns
utilizam a avaliação da região basal e outros utilizam a região umbilical,
demonstrando que não há critérios para a escolha das regiões mensuradas.
Inclusive neste estudo os resultados corroboram com a literatura, mesmo a
mensuração abdominal sendo feita ao nível da cicatriz umbilical.
Foi observado que o
padrão respiratório das pessoas do estudo obteve valores de 93,15% para o
padrão apical, 4,23% para misto e de 2,60% para basal, para os homens esses
valores variaram de 88,53% para o padrão apical, 5,73% para o padrão misto e de
igual valor para o padrão basal, enquanto que para as mulheres foi de 96,71%
apical, 2,63% misto e 0,65% para o padrão basal esses dados indicam a
predominância do padrão apical.
O ID em posição
ortostática foi significativamente maior para os homens quando comparado com as
mulheres (p = 0,01), portanto as mulheres apresentam mais frequentemente padrão
apical, Os homens são significativamente mais jovens que as mulheres (p <
0,0001) a PAM foi significativamente maior para os homens enquanto que a FR
respiratória foi maior para as mulheres (p <,0001)
(tabela IV).
Tabela
IV –
Comparação das variáveis: ID, Idade, PAM,
e FR entre homens e mulheres Teste T-Student.
Fonte: Dados da
pesquisa 2016; ID: índice diafragmático; PAM: pressão arterial média; FR:
frequência respiratória; p:valor; *: significância
Quando comparado o ID
médio e a PAM não houve correlação n = (307) r = (0,044), p = (0,43), houve
correlação fraca entre o ID médio e FR r = (-0,16), p = (0,003), quanto menor o
ID médio maior a FR, não houve correlação entre a PAM e a FR r = (-0,005), p =
(0,92), observou-se moderada correlação direta entre idade e IMC r = (0,38), p
= (<0,0001), quanto maior a idade maior o IMC, esses achados corroboram com Sorkin et al. [17],
quando afirma que valores do IMC e de massa corporal aumentam com a idade
enquanto diminuem a estatura e a quantidade de massa magra. McCarthy et al. [18] também descrevem aumento de
IMC com o aumento da idade, observando esse perfil em ambos os sexos. Houve
fraca correlação inversa com a idade se comparada ao ID r = (-0,24), p =
(<0,0001), quanto maior a idade menor o ID esse achado esta correlacionado
com o padrão mais apical prevalente nas mulheres do estudo. Em discordância
como os dados obtidos, Apolinário et al.
[19] analisaram a relação entre o índice diafragmático e a faixa etária de
idade em indivíduos saudáveis, e concluíram que nos indivíduos com a faixa
etária entre 31 e 45 anos houve predomínio do padrão torácico e com a faixa
etária de 46 a 60 anos o predomínio foi abdominal e misto e pode observar que
quanto maior a idade maior o ID. Não houve correlação entre o IMC e o ID no
grupo estudado r = (-0,093) p = (0,103) (tabela V).
Tabela
V – Comparação das variáveis ID/PAM, IDFR,
PAM/FR, IDADE/IMC, IDADE/ID e IMC/ID (Correlação de Pearson).
Fonte: Dados da
pesquisa 2016; ID: índice diafragmático; IMC: índice de massa corpórea; PAM:
pressão arterial média; FR: frequência respiratória; n: tamanho da amostra; r:
correlação; p: valor; *: significância.
Não foi avaliada,
neste estudo, a comparação das fases do ciclo menstrual, sabendo-se que estas
podem influenciar nas respostas ventilatórias por conta da ação dos hormônios,
porém, Matsuo et al. [20] realizaram um estudo para
elucidar se há diferenças entre estas fases e entre o gênero feminino e o
masculino no início do exercício. Os autores concluíram que a ventilação é
praticamente a mesma nas fases lútea e folicular do ciclo menstrual, e que não
houve diferenças ventilatórias entre os gêneros, tanto para os exercícios
passivos quanto para os ativos. Com base nestes achados e considerando o tamanho
da amostra, pode-se sugerir que as fases do ciclo menstrual não interferiram
nestes resultados.