ARTIGO
ORIGINAL
Avaliação
da função motora grossa em pacientes com encefalopatia crônica não progressiva
da infância com o uso da suit terapia
Evaluation of motor function in patients with chronic encephalopathy no
progressive of the childhood using the suit therapy
Thaís Sttephane Alves Maia*, Renan Alves da Silva Júnior, M.Sc.**, Ericka
Raiane da Silva*, Carla de Medeiros*, Humberto
Medeiros Wanderley Filho*
*Fisioterapeutas
graduados pelas Faculdades Integradas de Patos – FIP, Patos/PB, **Mestre e
Professor das Faculdades Integradas de Patos – FIP, Patos/PB
Endereço
para correspondência:
Renan Alves da Silva Júnior, Faculdades Integradas de Patos, Rua Horácio
Nóbrega, S/N Belo Horizonte 58704-000 Patos PB, E-mail: renanasjr@hotmail.com
Resumo
A Encefalopatia
Crônica Não Progressiva da Infância caracteriza-se por distúrbios motores de
caráter não progressivo, em um cérebro em desenvolvimento. É classificada de
acordo com o tipo e localização. Esta doença causa atraso no desenvolvimento
motor da criança. Pensando nas disfunções causadas pela doença surgiu a Suit Terapia, utilizada como órteses na assistência a
crianças com deficiência neuromotora, e usada como
recurso terapêutico no tratamento de crianças com paralisia cerebral (PC). A
presente pesquisa teve como objetivo avaliar a função motora grossa em três
momentos, sem o uso da Suit Terapia, com o uso parcial
e total da Suit Terapia em crianças portadoras de Encefalopatia
Crônica I. Trata-se de um estudo quantitativo, avaliando 5
crianças, com idade de 5 a 11 anos de ambos os sexos. Os instrumentos para
avaliação foi o GMFM (Gross Motor Function Measure), o GMFCS (Gross Motor Function
Classification System for Cerebral Palsy), e um
macacão ortopédico marca Pediasuit.
Os resultados com o uso da Suit Terapia foram
significativos, melhorando o desemprenho motor das crianças, fazendo com que
elas obtivessem um maior escore no GMFM em todas as dimensões, principalmente
nas dimensões D e E, alcançando um aumento de até 23%
nas habilidades motoras grossas.
Palavras-chave: paralisia cerebral,
função motora, fisioterapia, suit terapia, pediasuit.
Abstract
Chronic Encephalopathy no Progressive of the Childhood is characterized
by no-progressive motor disorders in a developing brain. It is classified
according to type and location, this disease causes delay in motor development
of the child. Thinking about the dysfunctions caused by the disease, the Suit
Therapy is used as orthese in the care of children
with neuromotor deficiency, and as therapeutic
resource in the treatment of children with cerebral palsy. The present study
aimed to evaluate gross motor function in three moments, without, partial and
total use of Suit Therapy in children with Chronic Encephalopathy no Progressive
of the Childhood is characterized by no-progressive motor disorders. It is a
quantitative study, evaluating 5 children, aged 5 to 11 years of both sexes
with Chronic Encephalopathy no Progressive of the Childhood is characterized by
no-progressive motor disorders. The instruments for evaluation were the Gross
Motor Function Measure (GMFM), the GMFCS (Gross Motor Function Classification
System for Cerebral Palsy), and a Pediasuit
orthopedic overalls. The results with the use of Suit Therapy were significant,
improving the motor performance of the children, resulting in a higher GMFM
score in all dimensions, especially in the D and E dimensions, achieving an
increase of up to 23% in motor skills .
Key-words: cerebral
palsy, motor function, physical therapy, suit therapy, pediasuit.
A Encefalopatia
Crônica da Infância (ECNPI) caracteriza-se por distúrbios motores de caráter
não progressivo, os quais se manifestam em um cérebro em desenvolvimento,
levando a distúrbios de motricidade, tônus e postura, podendo ou não se
associar a um déficit cognitivo. É classificada de acordo com o tipo e a
localização da alteração motora em: espástica,
discinética, atáxica, hipotônica e mista [1].
Quanto mais cedo a criança for diagnosticada e iniciar o tratamento, melhor
será o resultado final, pois a terapia consegue prevenir com mais facilidade o
aparecimento de movimentos compensatórios, criar padrões desejáveis de
movimentos e prevenir o desenvolvimento de
deformidades. Estabelecer possibilidades de tratamento da criança com ECNPI é
uma tarefa que exige disponibilidade de tempo, paciência, observação rigorosa e
conhecimentos técnicos em diversas áreas [2]. A patologia pode ser classificada
de acordo com suas áreas de comprometimentos, quanto à alteração de movimento e
quanto a alteração do tônus [3].
O desenvolvimento
motor acontece gradativamente, com a aquisição do controle voluntário de novos
movimentos e funções cada vez mais complexas, numa
integração sensorial e motora que evolui no sentido céfalo-caudal
e proximo-distal. Isso pode ser observado no
desenvolvimento de uma criança normal, pois antes de adquirir a capacidade da
fala, ela se comunica com o ambiente por meio dos movimentos corporais. Dessa
maneira, por meio de estímulos sensoriais e motores, a criança ganha
gradativamente o domínio corporal com consequente incremento nas capacidades de
bipedestação e deambulação [4].
Atualmente a
literatura tem mostrado uma preferência em classificar as crianças com ECNPI de
acordo com sua independência funcional nas funções motoras grossas. Existem
dois sistemas de classificação funcionais que atendem a esta tendência que são
Gross Motor Function Measure
(GMFM) e o Gross Function Classidication
System for Cerebral (GMFCS) [5]. Recentemente foi desenvolvido um protocolo
chamado PediaSuit, trata-se
de uma abordagem que utiliza equipamentos e protocolos específicos em busca da
evolução neuromotora [6].
O SuitTerapia
é uma órtese ortopédica terapêutica que
objetiva corrigir o
reposicionamento biomecânico e a descarga de peso, importantes
para a
normalização da função
sensório-motora e do tônus muscular. Essa
correção se dá
por meio de cordas elásticas presas ao traje através de
ganchos, de modo a
realinhar a postura do paciente. Com essa órtese, são
realizados exercícios
intensivos que procuram desenvolver a motricidade, força
muscular, equilíbrio,
coordenação motora e flexibilidade [7].
O PediaSuit é um tratamento intensivo, com duração de
quatro horas diárias de no mínimo quatro dias por semana, utiliza de exercícios
associados ao uso de um macacão terapêutico ortopédico, que irá promover um
ajuste biomecânico melhorando função motora do paciente [8].
O presente estudo tem
como objetivo avaliar função motora grossa usando a suit
terapia (pediaSuit) em
crianças portadoras de ECNPI.
Fonte: Protocolo Pediasuit (2016).
Figura
1 - Vestimenta Ortopédica PediaSuit
Este estudo foi do
tipo aplicado, quanto aos objetivos caracteriza-se por ser
transversal, de abordagem quantitativa, traduzida em números as informações
para classifica-las, requerendo uso de técnicas estatísticas. Contudo,
realizada uma pesquisa em campo, que a partir de técnicas de coletas de dados,
informou sobre o objeto de estudo, que foi requerido procedimentos
metodológicos previamente estabelecidos e apresentados [9].
O ambiente para
pesquisa foi uma Clínica Escola de Fisioterapia localizada no município de
Patos-PB. A amostra foi do tipo probabilística e intencional,
ou seja, utilizou pessoas que, na opinião do pesquisador, possuem, a priori, as
características específicas que ele desejou ver refletidas em sua [9]. Composta
em um total de 05 indivíduos, selecionados por conveniência.
A amostra alvo para o
desenvolvimento da pesquisa foi compostos por crianças com
idade de 5 a 11 anos, ambos os sexos e com Encefalopatia Crônica Não
Progressiva Da Infância (ECNPI).
Como critério de inclusão
do estudo, estiveram aptas, crianças na faixa etária supracitada, com
diagnóstico de ECNPI, apresentando ou não marcha (com auxílio ou sem auxilio de
órteses) e que houve concordância dos responsáveis em assinar o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Os critérios de exclusão consistiram
em crianças fora da faixa etária, com outros distúrbios neurológicos, síndromes
genéticas, deficiência mental, e que não houve concordância dos responsáveis em
assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
Para coleta de dados
foi utilizado como instrumento, o Gross Motor Function
Measure (GMFM), que foi desenvolvido em 1989, na
universidade McMaster no Canadá, por Russel e
colaboradores, que organizaram uma seleção de itens, como base, eles utilizaram
uma revisão da literatura e opiniões clínicas. Foi realizando um estudo com 111
crianças portadoras de ECNPI para a validação e medição da função motora grossa
[10].
Após a autorização
institucional, através de fichas e/ou prontuários dos pacientes da referida
instituição, foram selecionados os sujeitos com perfil para o estudo. Os
responsáveis pelos participantes da pesquisa foram contatados, explicando-se
claramente os objetivos da pesquisa e mostrando o Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido- TCLE, para mostrar a sua autorização.
Após essa parte
inicial foi aplicado o instrumento GMFM, foi aplicado o GMFM-66 nas dimensões
A, B, C, D e E. Os testes foram realizados com as
crianças em uma sala suficientemente grande, iluminada, sem ruídos, com tatames
no chão, e utilização de: Escada de canto, escada progressiva, banco grande,
fita adesiva e fita métrica para marcação no chão (linha reta e circulo), e
cronômetro para que não fosse ultrapassado o limite de tempo exigido elo teste.
A aplicação do GMFM em cada criança teve duração mínima de 45 minutos e máxima
de 60 minutos.
Foram realizadas três
aplicações em cada criança, em dias distintos, o ambiente que foi utilizado
para a aplicação do teste permaneceu da mesma forma da primeira a terceira
avaliação para que não houvesse interferência no desempenho da criança, sendo a
primeira avaliação sem o uso da suit terapia onde as
crianças usavam apenas roupas leves, a segunda avaliação foi realizada com uso
parcial da suit terapia (colete e calção interligados
por bandas elásticas) e a terceira avaliação foi realizada
com o uso total da suit (colete, calção,
joelheira e calçados adaptados que são interligados por bandas elásticas).
Inicialmente antes de
testar cada item, o pesquisador explicou de forma que a criança possa entender
como seria cada item. Após isso o pesquisador colocou a criança na posição
inicial que é padronizado para cada item testado, a partir da posição inicial
não foi permitido tocar na criança, deixando que ela realizasse sozinha o que foi pedido, porém o encorajamento verbal com
uso de brinquedos foi aceito. Para cada item testado foi permitido três
tentativas, sendo considerada a de melhor desempenho. A pontuação para cada
item realizado foi baseado na escala de 4 pontos da
GMFM, usando o seguinte critério: 0=não inicia; 1= Inicia; 2= parcialmente
completa; 3= completa.
Após o procedimento
foi observado o comportamento espontâneo da criança e levado em consideração a
idade e a movimentação voluntária da mesma, e foi classificado o nível de
função motora grossa da criança de acordo com a GMFM, esta classificação varia
de I a V, sendo quanto menor o nível melhor a classificação.
Os dados foram
analisados e tabulados os escores a partir do programa editor de planilhas
Microsoft Excel Inicialmente. Para análise estatística e o grau de função
motora grossa e nível de desenvolvimento motor da criança foi utilizada um
software próprio da GMFM, o GMAE (Gross Motor Ability
Estimator) que é um softwere
que analisa os escores da GMFM para as crianças com Paralisia Cerebral.
A pesquisa está de
acordo com as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo
seres humanos, a Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde/ Ministério da
Saúde (CNS/MS). Este estudo foi iniciado após a aprovação do comitê de ética em
pesquisa das Faculdades Integradas de Patos sob o parecer de número: (CAAE:
51277315.1.0000.5181).
O nível de
comprometimento motor se deu através do GMFCS, que analisa cada nível de acordo
com a faixa etária e desempenho funcional da criança, o grau de capacidade
motora é dada através de 5 níveis, iniciando do I que
representa melhor desempenho motor até o V com graves limitações funcionais.
A amostra total da pesquisa
foi composta por 5 sujeitos, sendo 2 do sexo masculino
e 3 do sexo feminino, com idade mínima de 5 e máxima de 11 (Tabela I).
Tabela
I - Dados biodemográficos
da amostra.
Fonte: Dados da
Pesquisa, 2016.
De acordo com os
dados clínicos da amostra, os cincos sujeitos apresentavam ECNPI, quanto ao
tônus muscular, todos apresentaram espasticidade, sendo 2
do tipo quadriplegia e 3 do tipo diplegia
(Tabela II).
Tabela
II - Dados clínicos da amostra.
Fonte: Dados da
Pesquisa, 2016
Ao analisar os dados
do GMAE, foi observado que a função motora grossa dos participantes variou de
40,2 á 100%.
Nesse estudo, em
relação a distribuição quanto aos níveis de GMFCS
observamos uma maior proporção no nível III (40%) seguindo pelos níveis I,
II,IV (20%), não houve participantes que se encontrava no nível V (Figura 2).
Fonte: Dados da
pesquisa, 2016
Figura
2 - Distribuição quanto ao nível de GMFCS.
Com relação aos dados
obtidos pelo cálculo do GMAE observou-se que o sujeito 01 do grupo experimental
AI obteve um escore de 40,2%, foi verificado ainda que sua função motora grossa
em membros superiores (MMSS) atingiu o resultado de 42,49% e em membros
inferiores (MMII) 37,91%. Já no grupo experimental AII pode-se observar um
aumento do escore para 41,79%, desempenho motor de 43,97 em MMSS e 39,61 nos
MMII, sendo que, no AIII houve um aumento ainda mais significativo, visto que o
mesmo atingiu um escore de 44,56% e seu desempenho de MMSS foi de 46,62 e em
MMII 42,50. O resultado do estudo mostra que o sujeito 01 alcançou um maior
escore na terceira avaliação, ou seja aumentou seu
desempenho motor geral em 4,36 %. Em relação as
melhora no aspecto motor do MMSS houve um aumento de 4,13% e 4,59% nos membros
inferiores com o uso da suit terapia (pediaSuit), ou seja, grupo experimental AIII (Figura 3).
Fonte: Dados da
pesquisa, 2016.
Figura
3 - Escores obtidos pelo sujeito 01 quanto a função motora grossa.
Observando o
resultado obtido pelo sujeito 02, percebeu-se que o mesmo teve sua capacidade
funcional básica aumentada em 6,59% ao ser avaliado com a suit
terapia, obteve ainda um aumento no desempenho dos MMSS de 6,48% e 7,42% nos
MMII (Figura 4).
Fonte: Dados da
pesquisa, 2016.
Figura
4 - Escores obtidos pelo sujeito 02 quanto a função motora grossa
No resultado
alcançado pelo sujeito 03, percebeu-se que o uso da suit
terapia (PediaSuit) melhorou
em 9,65% a função motora grossa da criança. Obteve ainda um melhor desempenho
motor em MMSS de 9,43% e um aumento de 9,53 em MMII (Figura 05).
Fonte: Dados da
pesquisa, 2016
Figura
5 - Escores obtidos pelo sujeito 03 quanto a função motora grossa
Em relação ao escore
obtido pelo sujeito 04, percebe-se que a realização do teste com o macacão
ortopédico pediaSuit, fez
com que a criança obtivesse um ganho de 9,36% na habilidade motora grossa. Seu
ganho no desempenho motor em MMSS foi de 9,44% e um ganho de 9,01 nos MMII
(Figura 6).
Fonte: Dados da
pesquisa, 2016.
Figura
6 - Escores obtidos pelo sujeito 04 quanto a função motora grossa.
Quanto ao desempenho
motor do sujeito 05 houve um aumento de 23,25% utilizando a suit
terapia, seu desempenho em MMSS foi de 19,11% e um aumento de 23,25% nos MMII.
Sendo este o maior escore conseguido na avaliação com o uso da suit terapia (PediaSuit)
(Figura 7).
Fonte: Dados da
pesquisa, 2016
Figura
7 - Escores obtidos pelo sujeito 05 quanto à
função motora grossa.
O GMFCS é
classificado de acordo com os níveis de função motora grossa de cada sujeito
participante da pesquisa. De com Rosenbaum [11] o uso
do GMFCS durante a avaliação clínica pode ter total confiabilidade, pois o
mesmo vai fornecer dados necessários para ocorrer o desenvolvimento funcional e
dar um prognóstico da função motora grossa dessas crianças.
Wassenberg-Severijnet [12] afirma que o
GMFCS vai fornecer melhores resultados no que diz respeito a
mobilidade funcional, sendo um fator importante para classificar cada nível.
O GMFCS classificou
com coerência os níveis de função motora grossa dos participantes desta
pesquisa. Concordando com o estudo de Cury [13] que ao acompanhar o
desenvolvimento da função motora grossa de 586 crianças com ECNPI, e mostrou
que o GMFCS é coerente para classificar as habilidades motoras e limitações
destas crianças, sendo possível estabelecer uma curva de evolução esperada para
cada nível.
Em relação ao aumento
dos escores com o uso da suit terapia condiz com o
estudo de Alagesan e Shetty
[14]. Os autores relatam que o aumento dos escores estão intimamente ligados a
principal teoria sobre o pediaSuit,
onde a mesma melhora os padrões motores através de uma forte indução de
estímulos aferentes sobre o sistema nervoso, principalmente o proprioceptivo,
buscando recuperar o atraso motor decorrente da PC.
Esse resultado está
de acordo com os apresentados por Pedrozo [15] que
estudou a resposta de um paciente de cinco anos de idade ao protocolo pediaSuit, que apresentava
hemiparesia à esquerda, foi tratado durante seis meses e apresentou uma melhora
de 10,14% na avaliação pelo GMFM.
A pesquisa corrobora
com o estudo feito por Cury [13], o qual afirma que a utilização da suit terapia traz para a criança com ECNPI, a melhora do
desempenho motor grosso, também a melhora da marcha. Afirmando ainda que, essa
órtese auxilia em atividades como correr, subir e descer escadas através da
estabilidade que a mesma proporciona e que a melhora desse desempenho pode ser
observada através do GMFM.
Bailes, Greve e
Schmitt [16] relataram um estudo de caso com duas crianças diplégicas.
Avaliando as dimensões D e E do GMFM. Também
utilizaram a suit terapia (pediaSuit) e observaram que ambos participantes
tiveram um ganho significativo em seu desempenho funcional, nas duas dimensões
avaliadas.
Considerando o
aumento do desempenho motor grosso deste sujeito com o uso da suit terapia (pediaSuit),
pode-se justificar esse resultado pelo fato de que a órtese proporciona uma
maior estabilidade e confiança para a criança. Nos estudos de Bar-haim e Harries [17], sobre a
eficácia do Protocolo pediaSuit,
verificou-se o aumento da função motora no grupo em que realizou o tratamento
com o protocolo e foi comparado com o grupo controle, que realizava tratamento
sem o uso do traje terapêutico. O instrumento de avaliação utilizado foi o
GMFM-66 para mensuração dos valores obtidos. Onde foi visto um aumento
significativo em todas as dimensões.
Um estudo de caso
realizado por Neves [6] com uma criança diplégica espástica, se mostrou bastante promissor. Nesse estudo, foi
realizado o protocolo do método pediaSuit
e os métodos de avaliação foi GMFSC e GMFM onde avaliaram a capacidade
funcional motora grossa. Os resultados encontrados mostraram uma melhora do
percentual da escala GMFM de 11,2%, porém não houve mudança de nível no GMFSC.
O estudo de Borges
[18] verificou alterações no desempenho motor de 8
crianças com PC que usaram o Protocolo pediaSuit como
método de reabilitação. Seu efeito avaliado foi sobre a função motora grossa,
através do protocolo de avaliação GMFM-66 onde foi realizada uma avaliação
antes e após o tratamento com o uso da suit terapia (pediaSuit) na qual foram coletadas
informações sobre o nível da função motora grossa nas dimensões deitar e rolar,
sentar, engatinhar e ajoelhar, de ficar em pé, andar, correr e pular. Foi visto
um ganho significativo principalmente nas dimensões deitar e rolar (A); e
sentar (B). Contradizendo o estudo em questão, Dias et al. [1] relatam que um estudo feito em 2010 mostrou que não houve
valores significativos de mudanças nas posturas em pé (D) e andar, correr e
pular (E).
Russell e Barton [19]
afirmam que uma mudança de 6% dos escores do GMFM pode ser considerada
clinicamente significativa em crianças com paralisia cerebral. Os resultados
encontrados neste estudo ainda foram maiores do que os encontrados por outros
pesquisadores Camargos et al. [20] que utilizaram toxina botulínica com paciente diplégico e obteve uma melhora de 9,4% no escore.
Diniz [21] afirma que
o GMFM tem sido o meio mais comum de acompanhar a resposta para diversas formas
de tratamento em pacientes com PC. O mesmo autor também está de acordo com os
achados por outros pesquisadores 10 que descreveram o caso de criança com diplegia espástica que foi tratada
com a suit terapia (pediaSuit) e, no mesmo sentido dos resultados deste
estudo, os autores também observaram melhora significativa na função motora
avaliada pelo GMFM, com os ganhos nas dimensões A (4%), B (11,7%) e total de
11,2%.
As crianças
portadoras de ECNPI apresentam uma variabilidade com relação as suas
habilidades motoras, este fato está relacionado com diversos fatores como, por
exemplo, a faixa etária e o grau de comprometimento motor.
O resultado deste
estudo foi relevante, uma vez que avaliou e estabeleceu os níveis de disfunção
motora grossa de crianças com ECNPI sem e com o uso da suit
terapia (pediasuit), e mostrando resultados
fidedignos, visto que o GMFM é um protocolo específico e mostra resultados minuciosos.
Com os resultados
obtidos através das avaliações inicias e finais do GMFM pode-se observar pelos
resultados significativos quanto à melhora do desempenho motor com o uso da suit terapia (Pediasuit),
observando melhora de equilíbrio, alinhamento biomecânico, descarga de peso que
são fundamentais na normalização do tônus muscular, da função sensorial e
vestibular, e coordenação motora ampla, melhorando assim, o quadro motor da
criança. Fazendo assim, que as crianças obtivessem um maior escore no GMFM.
No ponto de vista
terapêutico a suit terapia é um excelente método de
tratamento, perante os resultados desse estudo foi de grande valia, pelo ganho
de funcionalidade de cada criança em todas as dimensões avaliadas pelo GMFM,
principalmente nas dimensões D e E.