ARTIGO
ORIGINAL
Efeito
do LED no processo de cicatrização em ratos Wistar
lesados no dorso
LED effect in the process of wound healing in Wistar
rats injured on the back
Lidiane Gonçalves da
Silva*, Lucas Santos Alves*, Ericka Raiane da Silva**, Aline de Sousa Alves**, Aucelia Cristina Soares de Belchior***
*Estudante
de graduação do curso de Bacharelado em Fisioterapia das Faculdades Integradas
de Patos – FIP, **Bacharel em Fisioterapia pelas Faculdades Integradas de Patos
– FIP, ***Professora Doutora do curso de Fisioterapia das Faculdades Integradas
de Patos – FIP
Endereço
para correspondência:
Lidiane Gonçalves da Silva, Rua Francisco Antônio do Nascimento, 195, Novo
Horizonte 58704748 Patos PB, E-mail: lidiane.traumacg@gmail.com
Resumo
O reparo tecidual de
lesões é um processo fisiológico que se inicia com resposta inflamatória. O
tratamento com o LED pode ajudar na cicatrização de lesões na pele.
Objetivou-se avaliar os efeitos do LED no processo de cicatrização em ratos.
Este estudo foi realizado no Núcleo de Pesquisa Experimental das FIP, com 8 ratos Wistar, divididos em 2
grupos, 4 animais em cada grupo Um grupo recebeu tratamento com o LED e outro
não recebeu. Foram anestesiados e tricotomizado no
dorso. Cada ferida tinha um diâmetro de 10 mm. Após
24 horas, cada animal recebeu tratamento do seu grupo por 15 dias
ininterruptos. O grupo tratado com LED apresentou melhora estatisticamente
significativa (p<0,05) a partir do 3º (0,900 ± 2,026, n=8) em relação ao
grupo controle (1,074 ± 2,026, n=8). No 9º dia, o grupo LED continuou
apresentando uma redução expressiva (0,298 ± 2,026, n=8), não o grupo controle
(0,557± 2,026, n=8). No 12º dia, houve a total cicatrização do grupo LED ( 0,009 ± 2,026, n=8), e o grupo controle ainda estava em
processo cicatricial no 15º dia (0,039 ± 2,026, n=8). O LED possui promissora
aplicabilidade clínica em processos cicatriciais cutâneos reduzindo
complicações funcionais e estéticas.
Palavras-chave: cicatrização,
lesões cutâneas, LED.
Abstract
The tissue repair of injuries is a physiological process that begins
with inflammatory response. Treatment with the LED can help in the healing of
skin lesions. The objective this study was to evaluate the effects of LED on wound
healing in rats. The study was carried out in the Experimental research of the
FIP with 8 Wistar rats, divided into 2 groups, 4
animals in each group, one group was treated with the
LED and the other not. We anesthetized the rats which were trichotomized
on the back. Every wound had a diameter of 10 mn.
After 24 hours, each animal received treatment by 15 days uninterrupted. The
group treated with LED showed statistically significant improvement (p <
0.05) from the 3 rd (0.900 ± 2.026, n = 8) in relation
to group controle (1.074 ± 2.026, n = 8), on the 9th
day, the LED Group continued presenting a expressive
reduction (0.298 ± 2.026, n = 8), not the controle
Group (0.557 ± 2.026, n = 8), on the 12th day, we observed the total healing of
LED Group (0.009 ± 2.026, n = 8), the controle group
was still in the healing process on the 15th day (± 0.039 2.026, n = 8). The
LED has promising clinical applicability in skin scarring processes reducing
functional and aesthetic complications.
Key-words: healing,
skin lesions, LED.
As feridas são
eventos que podem afetar fisiologicamente a pele, principalmente aquelas que
acometem a camada dérmica. O processo de cicatrização se dá com finalidade de
reparar o tecido lesado e pode ser dividido em três fases que se superpõem:
inflamatória, proliferativa e de remodelação [1].
Por ser um processo
complexo, a cicatrização tem atraído a atenção de
pesquisadores ao longo dos anos. A cicatrização envolve um processo complexo de
interação entre as células da epiderme, derme, matriz extracelular, proteínas
do plasma coordenadas por citocinas e fatores de
crescimento, sendo essa interação dinâmica e sequenciada [2].
Esse processo
divide-se em cicatrização por primeira intenção, que ocorre após o fechamento
primário da ferida e cicatrização por segunda intenção, que acontece quando a ferida fica aberta
propositadamente, para fechamento espontâneo ou, em caso de deiscência, quando
a ferida se abre mesmo após seu fechamento primário [3].
A cicatrização de
lesões é um processo fisiológico que se inicia com resposta inflamatória, e é
caracterizada por um aumento do fluxo sanguíneo, da permeabilidade capilar e
migração de leucócitos para a região da lesão. A permeabilidade capilar é
responsável por promover o extravasamento de plasma e seus componentes com
formação de exsudato inflamatório [4].
O LED (Diodo Emissor
de Luz) é um semicondutor submetido a uma corrente elétrica, que emite uma luz
e que pode ser utilizado para fototerapia, tendo essa luz o comprimento de onda
que variam de 405 nm (azul) a 940 nm
(infravermelho). Não causam dano tecidual e sua ação ocorre através da
estimulação direta intracelular, mais especificamente nas mitocôndrias
estimuladoras, responsáveis por organizar as células, inibindo algumas ações e
estimulando outras, na síntese de ATP e nas proteínas, como colágeno e a
elastina, o que resulta na fotobioestimulação [5].
O LED também atua
como antimicrobiano e anti-inflamatório, dependendo do comprimento de onda, age
nas células com relação à sua absortividade e acelera o processo de
cicatrização influenciando as mitocôndrias estimuladoras, atuando na síntese de
ATP, bem como na elastina e no colágeno [6].
Acredita-se que o
tratamento terapêutico do LED pode ajudar na cicatrização de lesões na pele,
onde a luz proporciona a normalização dos processos bioquímicos e fisiológicos
das feridas [7].
Os efeitos
terapêuticos são específicos e por ser uma tecnologia relativamente nova, ainda encontra-se em fase de investigação a respeito dos
seus reais resultados. Portanto, o objetivo deste estudo é avaliar os efeitos
do LED no processo de cicatrização em ratos Wistar.
O presente estudo foi
desenvolvido no Núcleo de Pesquisa Experimental das Faculdades Integradas de
Patos-FIP. Em parceria com a Clínica Escola de Fisioterapia das FIP juntamente
com o Laboratório de Patologia do Hospital Veterinário da Universidade Federal
de Campina Grande – UFCG. O mesmo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa
Animal da UFCG (Protocolo CEP nº 119-2013).
Foram utilizados 8 ratos Wistar, oriundos do
biotério do Núcleo de Pesquisa Experimental das FIP, distribuídos em dois
grupos experimentais. Grupo 1: 4 Animais que não sofreram nenhum tipo
tratamento; Grupo 2: 4 Animais tratados com LED
Foram utilizados 4 animais para o grupo piloto. Os animais do segundo grupo
realizaram o tratamento 24 horas após se fazer as lesões, durante 15 dias
ininterruptos. Todos os animais estavam anestesiados com ketamina®
e xilazina®, e após
realizada a tricotomia da região dorsolateral de cada animal. No primeiro dia
do experimento, foram feitas quatro feridas cirúrgicas no dorso de cada animal,
com diâmetro de 10 mm cada, utilizando tesoura e pinça dente de rato. As
distâncias entre as feridas eram de 10 mm.
A profundidade da
ferida foi controlada pela remoção do tecido epitelial e fáscia muscular
dorsal. Após realização dos procedimentos anteriormente descritos e 24h depois,
utilizou-se LED 940 nm (infravermelho), feixe visível
e comprimento de onda 940 nm no segundo grupo
experimental. Os animais foram irradiados pelo LED durante 10 minutos. O
aparelho foi posicionado em todo o dorso do animal contemplando toda área da
lesão. Este procedimento não gera nenhum estimulo sensitivo, além disso,
durante o tempo de aplicação, os camundongos estavam anestesiados com ketamina® e xilazina® para evitar
a movimentação dos mesmos. O primeiro grupo passou pelo mesmo estresse,
recebendo anestesia e realizando a mensuração do diâmetro das feridas, porém não
era realizado o tratamento.
Para registros da
evolução do processo de cicatrização a cada três dias realizavam-se fotografias
das feridas, usando para isso câmera digital Sony, SDS de 10 mega pixels onde as imagens eram armazenadas no formato
JPEG. Além disso, para mensuração das mesmas empregou-se um papel seda, onde as
bordas eram demarcadas e escaneadas para serem
analisadas pelo programa imageJ®.
Os dados foram
submetidos à análise de variância para medidas repetidas (ANOVA), além do
pós-teste de Tukeyt. Quanto as diferenças
estatísticas entre os grupos utilizou-se o software GraphPad Prisma 5.0 (San Diego, CA, EUA) considerando
estatisticamente relevantes (P <0,05).
Durante os 15 dias de
tratamento ininterruptos, na qual a cada 3 dias foi
realizada a mensuração das feridas, é possível analisar a evolução cicatricial
através dos diâmetros.
Figura
1 - Diâmetro inicial das feridas.
Pode-se observar que
as feridas realizadas no dorso dos ratos apresentam diâmetros iniciais
aproximados, sendo: CT (1,468 ± 2,02, n= 8) e LED (1,476 ± 2,02,n=
8). (figura1)
Figura
2 - Evolução do processo de cicatrização.
Com relação aos
resultados obtidos na pesquisa, evidenciou-se que o grupo tratado com LED
apresentou uma melhora estatisticamente significativa (p<0,05) a partir do
3º (0,900 ± 2,026, n=8) em relação ao grupo CT que não recebeu nenhum tipo de
tratamento (1,074 ± 2,026, n=8). No 9º dia, o grupo LED continuou apresentando
uma redução expressiva (0,298 ± 2,026, n=8), não sendo para o grupo CT (0,557±
2,026, n=8). No 12º dia, houve a total cicatrização do grupo LED (0,009 ±
2,026, n=8), já o grupo CT ainda estava em processo cicatricial no 15º dia
(0,039± 2,026, n=8). (figura 2).
Figura
3 - Evolução do processo de cicatrização.
A cicatrização
engloba uma sequência coordenada de alterações bioquímicas, incluindo a
interação de vários tipos diferenciados de células, os integrantes da matriz,
as proteases e citosina. O LED apresenta uma relevante capacidade de reparação
tecidual estimulando a reparação dos tecidos lesados [8].
A radiação do LED
aumenta, significativamente, a neovascularização em tecido lesionado,
acelerando o processo de reparo e diminuindo a área de necrose, indicando um
aumento do fluxo sanguíneo em locais de lesão [9].
Segundo Pinheiro [10]
após utilizar a terapia LED de baixa intensidade em edema induzido por carragenina em pata de camundongos, observou-se que:
coerência e colimação não são fatores decisivos para induzir alterações nas
funções celulares e sim, a monocromaticidade, por
causar uma vascularização potencializada em fluências de baixa intensidade.
Dall Agnol
et al. [11] realizou um estudo similar,
porém em ratos diabéticos. Na diabetes melittus os
principais fatores que contribuem para a deficiência cicatricial são a
diminuição da produção de fatores de crescimento e da angiogênese.
Neste estudo os resultados mostraram que o diâmetro da ferida foi
significativamente menor nos grupos tratados com LED. Os autores concluíram que
o LED produz efeitos similares de proliferação celular, sugerindo que a
coerência da luz é o principal requisito para estimular eventos bioquímicos.
Além disso, também se observou que, em apenas 72h pós-lesão, os animais
diabéticos tratados com LED apresentaram uma significativa redução no tamanho
da ferida.
Em 2015, Catão et al. [21] realizaram um estudo
comparativo com o LED e um grupo controle no processo de cicatrização de ratos Wistar. Os autores verificaram que até o 14º dia de
aplicação da fototerapia, o grupo tratado pelo LED teve um maior índice de
cicatrização, com menor diâmetro da ferida quando comparados ao grupo controle.
Esses resultados
estão de acordo com o estudo realizado por Casalechi et al. [22], sobre os efeitos do LED no
reparo tecidual, evidenciando que o tratamento com potências mais elevadas,
apresentam resultados efetivos na otimização da qualidade de remodelamento do
tecido lesado.
O presente estudo
mostra que a fototerapia LED possui promissora aplicabilidade clínica em
processos cicatriciais cutâneos, sugerindo que este recurso possa se constituir
em uma ferramenta fisioterapêutica valiosa, reduzindo complicações funcionais e
estéticas. Certamente, o sucesso em roedores pode ser considerado o primeiro
passo no desenvolvimento de uma abordagem terapêutica para um futuro uso
clínico. No entanto, é evidente a necessidade de estudos adicionais em seres
humanos a fim de definir estratégias seguras e efetivas para o uso da
fototerapia em pacientes.