ARTIGO
ORIGINAL
Efeito
de um programa de exercícios resistidos na força muscular respiratória do idoso
Effects of a resisted exercises program on respiratory muscle strenght in elderly
Maria de Lourdes
Vieira Dantas*, Mayara Leal Almeida Costa**, Humberto Medeiros Wanderley
Filho***, Thaís Sttephane Alves Maia****
*Fisioterapeuta.
Especialista em Treinamento desportivo pelo Instituto Pró saber. Fisioterapeuta
do NASF e Hospital de Aguiar.**Fisioterapeuta. Doutoranda em Ciências da Saúde
pela FCMSCSP, Mestra pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias -
Lisboa. Professora titular do Curso de Bacharelado em Fisioterapia das
Faculdades Integradas de Patos – FIP, ***Fisioterapeuta. Especialista em Saúde
Pública pelas Faculdades Integradas de Patos – FIP, ****Fisioterapeuta.
Graduada pelas Faculdades Integradas de Patos – FIP.
Endereço
para correspondência:
Mayara Leal Almeida Costa, Rua Cícero Sátiro, 10 Bairro Belo Horizonte 58704-340
Patos PB, E-mail: mayleal@gmail.com
Resumo
O processo de
envelhecimento acarreta diversas modificações que determinam a perda da
capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente. A força muscular
respiratória (FMR) é comumente mensurada por meio da pressão e da mudança de
volume pulmonar ou pelo deslocamento das estruturas da parede torácica. A
atividade física proporciona ao idoso diversos benefícios, como melhora da capacidade
respiratória. O objetivo do estudo foi avaliar os efeitos que programas de
exercícios resistidos proporcionam na força muscular respiratória dos idosos. A
pesquisa do tipo quase experimental, com pré e
pós-testes e a coleta de dados aconteceu nas instalações de uma Clínica Escola
de Fisioterapia na cidade de Patos PB, com 14 idosos. Os instrumentos usados
para coleta de dados foram: questionário biodemográfico
e manovacuômetro, para avaliar a força muscular
respiratória. Quanto aos resultados, identificou-se idade média de 71,14 anos,
sendo 11 mulheres e 3 homens. Na avaliação da força da
musculatura respiratória, a amostra apresentou maiores valores pós-treino na PImáx (53,00) e PEmáx (44,50) quando comparados aos valores pré-treino, identificando ganho no condicionamento (PImáx = 24,86; PEmáx = 14,36).
Por conseguinte, pode-se inferir que a prática de exercícios resistidos,
durante dois meses, pode melhorar a força muscular respiratória de idosos.
Palavras-chave: idoso, força
muscular, exercícios respiratórios, treinamento de resistência, fisioterapia.
Abstract
The aging process leads to several modifications that determine the loss
of the individual's ability to adapt to the environment. Respiratory muscle
strength is commonly measured by pressure and change in lung volume or by
displacement of the structures of the chest wall. Physical activity provides
many benefits to the elderly, such as improving the respiratory capacity. The
objective of this study was to evaluate the effects that resistance exercise
programs provide on the respiratory muscle strength of the elderly. The study
performed pre and post-tests in a Clinical School of Physiotherapy with 14
elderly people. The instruments used for data collection were: biodemographic questionnaire and manovacuometer
to assess respiratory muscle strength. 11 women and 3 men participed,
mean age 71.14 years. In the evaluation of respiratory muscle strength, the
sample presented higher post-training values in MIP (53.00) and MEP (44.50)
when compared to pre-workout values, identifying gain in conditioning (MIP =
24.86; MEP = 14.36). Therefore, we concluded that the practice of resisted
exercise for two months can improve respiratory muscle strength in elderly
people.
Key-words: elderly,
muscular strength, breathing exercises, resistance training, physiotherapy.
Segundo as projeções
estatísticas da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil deverá assumir a
posição de sexto país do mundo em contingente de idosos até o ano 2025.
Atualmente, os idosos representam 8,6% da população brasileira, um contingente
de quase 15 milhões de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos. Em 2025,
esse quantitativo chegará a 15%, ou seja, o Brasil possuirá mais de 32 milhões
de idosos. Quanto à Paraíba, é nomeada como segundo estado mais numeroso nesta
faixa etária [1].
O processo de
envelhecimento é progressivo e dinâmico, no qual existe
alterações morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas que causam a
perda da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, originando
maior vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos que acabam
por levá-lo à morte [2].
A força muscular
respiratória (FMR) geralmente é mensurada por meio da pressão e da mudança de
volume pulmonar ou pelo deslocamento das estruturas da parede torácica. A
distensão das fibras musculares também exerce influência na FRM, relacionando-a
igualmente ao volume pulmonar da aferição, sendo exercida nos sentidos: na
inspiração (pressão negativa) e na pressão inspiratória máxima (PImáx) e; na expiração (pressão
positiva) e na pressão expiratória máxima (PEmáx).
Sendo assim, ao medir a capacidade pulmonar total (CPT), os registros das
pressões advêm dos músculos responsáveis pela expiração e pela capacidade
elástica pulmonar [3-5].
De acordo com American College of Sports Medicine - ACMS (2000), a capacidade
cardiorrespiratória é um dos componentes da aptidão física que declina com o
avançar da idade, acarretando aos idosos a adquirir doenças crônicas
degenerativas (hipertensão arterial, diabetes, entre outros). Com o
envelhecimento, ocorre declínio na capacidade aeróbica, que está relacionada
com a redução da frequência cardíaca máxima, aumento da frequência cardíaca de
repouso, aumento da pressão sanguínea, principalmente a sistólica e redução da
capacidade de perfusão sanguínea periférica [6].
A atividade física
proporciona ao idoso os seguintes benefícios: aumento da mobilidade,
autoconfiança, obtenção de saúde, vitalidade, domínio corporal, ajuda contra a
depressão, uma respiração saudável, tensão e ansiedades reduzidas, previne
doenças (cardiorrespiratórias, hipertensão, diabetes e outras), e
consequentemente promove a melhora da capacidade funcional e socialização [7].
Os exercícios
resistidos são conduzidos pelos princípios do treinamento e, deste modo, são
prescritos em volume e intensidade adequados aos objetivos almejados. O volume
usualmente é expresso em número de séries e repetições, enquanto que a
intensidade é representada pela maior carga possível a ser vencida em uma única
repetição (1RM), sob a forma de percentual [8].
Partindo do
pressuposto que programas de exercícios resistidos proporciona efeitos na força
muscular respiratória de idosos, surgiu a seguinte problematização: Quais os
efeitos do programa de exercícios resistidos na força muscular respiratória do
idoso?
Considerando o
aumento da população com idade acima de 60 anos e entendendo a singularidade da
mesma, o estudo justifica-se à medida que contribui para o aprofundamento e
enriquecimento acerca da temática abordada, aumentando o conhecimento sobre as
características do envelhecimento e seu impacto na saúde funcional do idoso,
bem como na sua capacidade respiratória através do estudo da força muscular
respiratória, apontando os efeitos que exercícios resistidos podem causar,
contribuindo nas áreas de Saúde Pública, Fisioterapia Respiratória, Geriatria e
Gerontologia. Além disso, a pesquisa vem propor novas formas de atenção ao
idoso, no que diz respeito a sua capacidade funcional e respiratória.
Nessa perspectiva, o
objetivo geral do estudo foi avaliar os efeitos que os programas de exercícios
resistidos proporcionam na força muscular dos idosos que deles participam.
A pesquisa foi do tipo aplicada, descritiva, com abordagem quantitativa e
delineamento quase experimental, com pré e
pós-teste. A coleta de dados aconteceu nas instalações de uma Clínica Escola de
Fisioterapia de uma Instituição de Ensino Superior (IES) da cidade de Patos,
Paraíba, após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa das Faculdades
Integradas de Patos sob número de protocolo: 220/2011.
A população-alvo para
o desenvolvimento desta pesquisa foi constituída por idosos ativos participantes
de um projeto de extensão de uma IES da cidade de Patos/PB, de ambos os
gêneros, com idade igual ou superior a 60 anos. O projeto apresenta um universo
de 20 idosos.
Inicialmente, os 20
participantes realizaram a primeira fase de avaliação, entretanto, para efeito
do estudo sobre a aptidão física, o cumprimento das avaliações nas duas fases,
sendo a primeira fase - antes de iniciar atividades do semestre e a segunda
fase - imediatamente após dois meses de atividades, foi tido como um requisito
obrigatório. Deste modo, dos 20 participantes, foram excluídos seis, pois os
mesmos não puderam estar presentes na avaliação pré-treino
e/ou na avaliação do pós-treino. Sendo assim, foi considerada para esta
pesquisa uma amostra final de 14 idosos ativos.
A amostragem foi do tipo não probabilística e intencional, ou seja, o
pesquisador utilizar-se-á de pessoas que possuem, a priori, as características
específicas que ele deseja ver refletido em sua amostra [9].
Como critérios de
inclusão do estudo, estiveram aptos os participantes a partir dos 60 anos,
considerados idosos de fato, de ambos os gêneros e que não possuíam limitação
cognitiva, além de serem integrantes do Projeto de Extensão escolhido para o
estudo, com assiduidade de 75% ou mais no semestre da pesquisa e que
apresentassem autonomia e independência funcional.
Entre os fatores de
exclusão estavam: ausência de liberação médica para a atividade resistida, uso de marca-passo, dependência nas atividades de vida
diária (AVD), o uso de dispositivos de auxílio para marcha e todas as
contraindicações estabelecidas para o teste de esforço e sua prescrição, dentre
elas citaremos: Angina instável; Tromboflebite; Embolia recente; Infecção
sistêmica aguda; Bloqueio atrioventricular de 3° grau (sem marca-passo);
Pericardite ou miocardite aguda; Arritmia não-controlada; Insuficiência ou
estenose mitral ou aórtica graves sem tratamento adequado; Insuficiência
cardíaca descompensada; Hipertensão arterial descontrolada (PAS ≥ 200 ou
PAD ≥ 110); Problemas ortopédico ou neurológico graves; Diabetes mellitus
descontrolada; Doença sistêmica aguda ou febre de origem desconhecida; e outros
problemas metabólicos descompensados [10].
A coleta de dados foi
realizada utilizando os seguintes instrumentos: os dados biodemográficos,
mediante a aplicação de um formulário com questões sobre sexo, idade, estado
civil, escolaridade, situação de moradia e renda familiar, respondidas pelo
próprio idoso e para avaliar a força dos músculos respiratórios utilizou-se o manovacuômetro do modelo M120 e marca conector Rescal, calibrado em cmH20, com
limite operacional de -120 cmH20 a + 120 cmH20. O mesmo foi utilizado com o intuito de avaliar,
especificamente, os músculos inspiratórios e expiratórios.
Durante a coleta foi
solicitado que o participante ficasse sentado, estando o tronco e coxas a um
ângulo de 90° com o quadril as narinas ocluídas com um clipe nasal, e segurando
firmemente o bocal contra os lábios para evitar vazamento perioral
de ar.
Orientou-se ao participante
a realizar inspiração máxima, a partir do volume residual (VR) para mensuração
da PImáx e para a
determinação da PEmáx, o idoso realizou expiração
máxima a partir da capacidade pulmonar total (CPT). Cada participante realizou 3 esforços inspiratórios e expiratórios máximos, sendo
registrada a pressão mais elevada alcançada após o primeiro segundo. Durante
todas as medidas de PImáx e PEmáx, de forma padronizada, o examinador ofereceu suporte
às bochechas do voluntário para evitar escapes. Como o teste tem uma
possibilidade de ser cansativo, para evitar fadiga e baixa reprodutibilidade,
entre cada manobra houve um intervalo de repouso de um minuto.
Inicialmente, todos
os idosos da amostra foram submetidos a uma avaliação (fase- pré-treino) e em seguida, um programa de treinamento
resistido combinado foi desenvolvido com o grupo, durante dois meses.
As sessões de
treinamento resistido tiveram duração de 60 minutos com frequência de duas
vezes por semana (terças e quintas-feiras), e transcorreram numa IES de
Patos-PB, com supervisão dos monitores do projeto (acadêmicos de fisioterapia)
e profissional qualificado. Foram desenvolvidas atividades teóricas (discussão
de temas escolhidos pelo grupo e palestras) e práticas (oficinas em grupo envolvendo
exercícios de alongamento; cinético-funcionais e resistidos, relaxamento e/ou
dinâmicas). Antes e após as atividades práticas, os sinais vitais eram
coletados, como forma de constatar e/ou controlar a possibilidade de execução
das atividades a serem realizadas no dia.
De modo geral, as
atividades práticas estavam estruturadas do seguinte modo: aquecimento global e
articular (8-15 minutos), alongamentos gerais (10-15 minutos), treinamento
cardiorrespiratório (15-20 minutos), onde os exercícios eram realizados com
resistência de matérias tais como bolas, bastões, halteres, também era
realizado caminhada e técnicas de relaxamento ou dinâmicas. Antes e após as
atividades práticas os sinais vitais eram monitorados (10 minutos), como forma
de constatar e/ou controlar a possibilidade de execução das atividades a serem
realizadas no dia.
Toda a prescrição do
exercício e progressão do trabalho foram feitas de
acordo com as orientações do American College of Sports and Medicine [10] e adequadas as necessidades de cada
indivíduo, visto que a mesma, ainda relata que a atividade física em qualquer
idade e principalmente nessa faixa etária, deve ser trabalhada para que o
indivíduo sinta prazer, alegria, bem-estar e nunca como uma prática imposta, dolorosa
e acima de tudo que não respeite os limites de cada um.
Não houve qualquer
interferência no protocolo de treino para este estudo. Os principais objetivos
do programa eram a melhoria da aptidão física dos idosos em função da melhoria
da sua capacidade funcional. De acordo com as orientações do ACSM [9], para a
prescrição de exercícios para idosos, os principais componentes trabalhados
neste programa foram à aptidão cardiorrespiratória, força e resistência,
flexibilidade e equilíbrio, favorecendo assim a melhoria da autoestima e a
confiança nas suas potencialidades.
Por fim, após um
período de dois meses de treinamento ocorreu à segunda fase de avaliação,
denominada de pós-treino.
Como suporte para o
tratamento estatístico e formação do banco de dados, foi utilizado o software
estatístico SPSS 18.0 para Windows [11]. Para análise estatística foi utilizado
estatística descritiva (média e desvio padrão) e estatística inferencial (teste
t de Student pareado). O nível mínimo de significância
foi de p ≤ 0,05.
O presente estudo
considerou a Resolução nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde que regulamenta
a ética da pesquisa envolvendo seres humanos.
Os resultados deste
estudo são tratados em duas etapas: índices da avaliação biodemográfica
e; avaliação da força muscular respiratória.
Índices
da Avaliação Biodemográfica
Participavam das
atividades desenvolvidas pelo projeto de extensão de uma Instituição de ensino
Superior – IES, em média, 20 idosos. Desses idosos, 70% (n=14) participaram da
amostra desta pesquisa, e os demais 30% (n=6) não permaneceram, pelos critérios
de exclusão. Sendo assim, a Tabela I permite uma melhor visualização das
características biodemográficas da amostra.
Tabela
I - Caracterização biodemográfica
da amostra (N=14).
Fonte: Resultados da
pesquisa.
A composição do grupo
de idosos pesquisado foi em sua maioria de mulheres. O sexo feminino
correspondeu a 11 idosas (78,6%) e os do sexo masculino a 3
idosos (21,4%). Os idosos que participaram desta pesquisa apresentaram idade
entre 60 a 82 anos, com uma média de 71,14 ± de 6,16 anos. Quanto à faixa
etária da amostra, observa-se uma maior concentração de idosos entre 70 - 79
anos, com 08 idosos (57,1%), seguida da faixa etária entre 60 – 69 anos, com 05
idosos (35,7 %) e por último, apenas um idoso (7,1%) tinha idade ≥ 80
anos.
Quanto ao estado
civil, à maioria dos idosos encontram-se viúvos, com 07 idosos (50%), seguido
dos casados, representado por 05 idosos (35,7%). Em relação ao nível de
escolaridade, a amostra foi classificada como de baixa escolaridade, visto que,
06 idosos (43%) não concluíram o ensino fundamental e apenas um idoso (7,1%)
concluiu o ensino superior.
Com relação à
situação habitacional, 11 idosos (78,5%) vivem em casa própria. Já na variável
renda familiar, a maioria foi de baixa renda, representada com 11 idosos
(78,7%), seguida de renda média, com 02 idosos (14,2%) e de renda alta com
apenas um idoso (7,1%). Considerando o salário mínimo do período (o valor de R$
622,00 reais), foram consideradas neste requisito de renda baixa (até dois
salários), renda média (de três a quatro salários) e renda alta (a partir de
cinco salários).
Avaliação
da força muscular respiratória
Para quantificar a
Força Muscular Respiratória (FMR), foi realizada a mensuração das pressões
respiratórias máximas, que consiste em um teste de fácil aplicação e que
permite verificar a medida da Pressão Inspiratória Máxima (PImáx), e da Pressão Expiratória máxima (PEmáx). Nesse estudo foi utilizado, como já citado na
metodologia, um manuvacuômetro analógico no qual foi
escolhido por acessibilidade pela Instituição e por melhor aceitação pelos
estudos já realizados e desprezará o sinal de negatividade da PImáx, sendo esta, expressa em
valores absolutos.
A Tabela II reúne os
valores mensurados de FMR da amostra total, expressos com média ±
desvio-padrão, bem como a comparação dos valores mensurados através do teste T Student pareado, com um nível de significância (p<0,05),
de modo que possa verificar a existência de uma variação significativa entre os
valores mensurados das pressões respiratórias máximas, nos momentos de pré-treino e pós-treino; para assim analisar a resposta aos
exercícios resistidos que os idosos praticavam em relação à musculatura
respiratória, ou seja, se existiu condicionamento.
Tabela
II -
Valores das pressões respiratórias máximas (PImáx e PEmáx - cmH2O)
antes (pré-treino) e após (pós-treino) período de
treino; o condicionamento e; o nível de significância (p) da amostra total
(N=14)
Fonte: Resultados da
pesquisa.
Os valores
representam a média ± desvio padrão (M ± DP). PImáx = pressão inspiratória máxima (cmH2O); PEmáx = pressão inspiratória máxima (cmH2O); o
condicionamento = diferença entre as fases de Pré-Treino
e Pós-Treino, ou seja, é o ganho de força da musculatura respiratória; p* =
Teste T de Student pareado com nível de significância
(p ≤ 0,05).
A tabela II informa
os valores de PImáx
(M=53,00; DP=33,47) e PEmáx (M=44,50; DP= 28,36)
encontrados no período pré-treino, e também no
período de pós-treino com PImáx (M=80,86; DP= 27,63)
e PEmáx de (M =58,86; DP= 34,64) da amostra total.
Esses valores
demonstram que após um período de dois meses de um programa de exercícios
resistidos, existiu um acréscimo na força da musculatura respiratória, ou seja,
ocorreu condicionamento da musculatura respiratória, tanto na PImáx (M=27,86; DP=22,30), quanto
na PEmáx (M=14,36; DP=14,73). Com esses valores de
condicionamento, a amostra apresentou nível de significância PImáx (p=0,001; a
=99,9%), e PEmáx (p=0,003; a
=99%) de acordo com o Teste t Student pareado.
Em consonância com
este trabalho, pesquisa realizada por Michelin, Coelho, Burini
[12] obteve uma maior participação das mulheres em programa de exercícios
físicos. Outro estudo feito por Belini [13], também
teve maior participação das mulheres em um protocolo de cinesioterapia
respiratória.
Contrariando os
resultados desta pesquisa, Maciel e Guerra [14] relatam que o nível de
instrução contribui para uma maior compreensão da importância da atividade
física na busca pelo bem-estar dos indivíduos e consequente busca de meios para
a promoção de saúde.
Em conformidade com o
presente estudo, a literatura mostra que exercícios resistidos melhoram a
função respiratória [15].
Nóbrega et al. [16] e Cader,
Vale, Monteiro, Pereira e Dantas [17] descreveram que as alterações mais
importantes encontradas em idosos são as musculoesqueléticas, em que se observa
um declínio da força máxima muscular entre 30 a 40%. O presente estudo mostrou
justamente isso, quando os idosos apresentaram uma diminuição da força máxima
muscular, quando considerado, que valores normais, de um modo geral, para a PImáx deveria ser acima de 100 cmH2O
e para a PEmáx acima de 150 cmH2O [18].
Ainda em concordância
com esta pesquisa, os resultados do estudo de Gonçalves, Alvarez, Sena, Santana
e Vicente [19] demonstraram que a PImáx
e PEmáx foram significativamente maiores no grupo de
praticantes de atividade física regular em relação ao grupo de sedentárias.
Estes avaliaram a força da musculatura respiratória de 75 idosas de 60 a 65
anos de idade, sendo que 43 praticavam caminhada e 32 eram sedentárias, as
idosas que caminhavam apresentaram valores da PImáx (56,28 ± 23,25) e PEmáx
(59,53 ± 14,09) sendo superior ao grupo sedentário que obtiveram a PImáx (40,9 ± 48,65) e PEmáx
(56,88 ± 12,09) com p=0,001.
De acordo com a
pesquisa feita por Fonseca e Contato [20] notaram que o treinamento muscular
respiratório por meio do Threshold, associado com
treinamento físico, apresentou um acréscimo das pressões respiratórias máximas.
Simões, Simões e Vieira [21] efetivaram
uma pesquisa onde verificaram as pressões respiratórias máximas em idosos em
função da idade e concluíram que os valores das pressões respiratórias máximas
(PImáx e PEmáx),
apresentaram um declínio significante com o avançar das décadas em idosos de 60
a 90 anos e que existe uma forte semelhança negativa entre a idade e a FMR
nesta população.
Uma pesquisa com
voluntários idosos, com exercícios do método isostretching,
apresentou uma melhora sobre a musculatura respiratória, melhorando assim a
função destes e provocando um aumento da capacidade funcional dos participantes
[22].
O estudo feito por Belini [13], composto por 59 idosos, sendo estes divididos
em três grupos. O 1º grupo realizou atividades no meio aquático; o 2º grupo no
meio terrestre e o 3º não recebeu intervenção terapêutica, atuando como
controle. Os protocolos foram realizados três vezes por semana, com uma hora de
duração cada sessão, durante 10 semanas consecutivas. Foram mensuradas as
pressões respiratórias máximas (PImáx
e PEmáx) de todos os indivíduos e demonstraram
alteração estatisticamente significativa na PImáx dos
indivíduos tratados na água quando comparados ao grupo controle. Entretanto,
não foram encontradas alterações significativas na PImáx do grupo tratado em solo e na PEmáx de ambos.
Uma pesquisa, com 9 voluntários idosos praticantes de um projeto, que
realizavam caminhadas com duração de 40 minutos, comparou os valores da PImáx e PEmáx com os valores
previstos, e verificaram que a PEmáx estava abaixo do
valor previsto enquanto que a PImáx superou os
valores previstos, concluindo assim que a atividade física exerce influência
positiva na capacidade pulmonar do idoso [23].
Conforme o objetivo
exposto neste trabalho, foi possível evidenciar que a prática de exercícios
resistidos, durante dois meses, pode melhorar a força muscular respiratória de
um grupo de idosos.
Quanto à força da
musculatura inspiratória (PImáx)
e expiratória (PEmáx), foi possível verificar que
após um período de dois meses de um programa de exercícios resistidos, existiu
um acréscimo, ou seja, ocorreu condicionamento da musculatura respiratória,
tanto na PImáx quanto na PEmáx
e com esses valores, a amostra apresentou nível de significância PImáx e PEMax.
A velhice não pode
ser entendida apenas como uma fase de degradação e perda do processo de
desenvolvimento do ser humano. É preciso o que o indivíduo assuma o seu papel
como participante ativo no processo de envelhecimento, com a adoção precoce de
hábitos saudáveis e de um estilo de vida ativo, pois assim estará minimizando
substancialmente o impacto que este processo causará tanto para ele quanto para
a sociedade na qual está inserido.
Percebeu-se neste
estudo que a prática de exercício físico em treinamento resistido é de grande
valor para a promoção da saúde de indivíduos saudáveis e que ao longo de dois
meses, foi capaz de promover uma melhora nos componentes da força muscular
respiratória, apresentando melhor grau de condicionamento e consequente
melhoria da capacidade funcional e qualidade de vida do indivíduo.
Por fim, sugere-se
que novas pesquisas que avaliem a força respiratória muscular com outro tipo de
atividade física, ou com outros meios de avaliação, sejam realizadas para
posterior comparação. Outra proposta é comparar a força respiratória muscular
de grupos de idosos ativos com idosos inativos.
Os resultados obtidos
estão concordantes com a literatura e se embasam teoricamente nela, além de
enfatizar sua relevância e importância acadêmicas e sociais.