ARTIGO
ORIGINAL
Força
funcional de idosos praticantes de exercícios resistidos: estudo comparativo
Functional strength of elderly practicing resistance exercises: a comparative
study
Humberto Medeiros
Wanderley Filho*, Mayara Leal Almeida Costa**, Maria de Lourdes Vieira
Dantas***, Ericka Raiane da
Silva****
*Fisioterapeuta,
Especialista em Saúde Pública pelas Faculdades Integradas de Patos – FIP, **Fisioterapeuta,
Doutoranda em Ciências da Saúde pela FCMSCSP, Mestra pela Universidade Lusófona
de Humanidades e Tecnologias – Lisboa, Professora titular do Curso de
Bacharelado em Fisioterapia das Faculdades Integradas de Patos – FIP,
***Fisioterapeuta, Especialista em Treinamento desportivo pelo Instituto Pró
saber. Fisioterapeuta do NASF e Hospital de Aguiar, ****Fisioterapeuta,
Graduada pelas Faculdades Integradas de Patos – FIP
Endereço
para correspondência:
Mayara Leal Almeida Costa, Rua Cícero Sátiro, 10, Bairro Belo Horizonte 58704-340
Patos PB, E-mail: mayleal@gmail.com
Resumo
O envelhecimento da
população é tendência mundial que representa um dos grandes desafios a serem
confrontados nas próximas décadas. Um programa de exercícios físicos bem
direcionados deve ter como uma das metas a melhora da força e resistência
muscular. O objetivo foi avaliar efeitos que um programa de exercícios
resistidos proporciona na força e resistência muscular dos idosos. A pesquisa
contou com 14 idosos. Os instrumentos utilizados para coleta de dados foram:
questionário biodemográfico e; Protocolo de Rikli e Jones, para avaliação da força e resistência da
musculatura dos MMSS e MMII. Em relação aos resultados, houve maior
participação de mulheres (n=11) que de homens (n=3). Em relação ao teste de
força e resistência da musculatura do MMSS, tanto as mulheres como os homens
exibiram seus desempenhos iguais e/ou superiores aos valores padrões
(preditos). Enquanto que nos MMII, apenas a faixa etária de 60 – 64 (M= 2,0)
dos homens permaneceram acima do valor predito. Já em relação às mulheres
tiveram seus valores acima do valor predito nas faixas etárias de 75-79 (M=13),
e 80-84(M=13). Conclui-se que um programa de exercícios resistidos, durante
dois meses, é capaz de melhorar ou manter a força muscular de membros
superiores e inferiores em idosos.
Palavras-chave: idoso, força
muscular, treinamento de resistência, fisioterapia.
Abstract
Population aging is a global trend that represents one of the big
challenges to be confronted in the coming decades. A program of well-directed
physical exercises should have as one of the goals the improvement of strength
and muscular endurance. The objective was to evaluate effects that a resistance
exercise program provides on the strength and muscular endurance of the elderly.
The survey had 14 elders. The instruments used for data collection were: biodemographic questionnaire and; Protocol of Rikli and Jones, for evaluation of the strength and
resistance of the musculature of the upper and lower limbs. In relation to the
strength and resistance test of the musculature of the upper limbs, both women
and men exhibited equal or superior performances to the standard values
(predicted). While in the lower limbs, only the age group of 60-64 (M = 2.0) of
the men remained above the predicted value. In relation to women, their values
were above the predicted value in the age groups of 75-79 (M = 13) and 80-84 (M
= 13). It was concluded that a resisted exercise program for two months is
capable of improving or maintaining upper and lower limb muscle strength in the
elderly.
Key-words: elderly,
muscular strength, resistance training, physiotherapy.
O processo de
envelhecimento inicia com o nascimento e aproximadamente ao final da segunda
década de vida começa a ocorrer o declínio de funções dos órgãos de forma
linear em função do tempo [1]. Para Erminda [2], o
envelhecimento “é um processo de diminuição orgânica e funcional, não
decorrente de doença, e que acontece inevitavelmente com o passar do tempo”.
Atualmente, os
exercícios resistidos integram os programas de condicionamento físico, buscando
à prevenção e reabilitação de idosos e portadores de
diversas doenças [3]. Santarém [4] acrescenta relatando que todos os
componentes da aptidão física são estimulados pelos exercícios resistidos:
força, potência, resistência, flexibilidade e coordenação.
Acreditou-se, por
muito tempo, que os exercícios físicos resistidos não eram recomendados para
idosos, pois este público apresentava problemas frequentes de hipertensão e
diversas cardiopatias, fazendo com que os médicos recomendassem os exercícios
aeróbicos, de mais fácil acesso, contraindicando os resistidos que teoricamente
ofereceriam riscos aos idosos. Porém, diversos estudos mais atuais apontam os
exercícios resistidos como sendo seguros para todas as idades, inclusive os
indivíduos hipertensos e cardiopatas, onde os efeitos
positivos irão se sobressair, principalmente nos sistemas musculares e
articulares [5,6].
Considera-se
exercício físico como sendo o componente voluntário de toda atividade física
executada, ou seja, a atividade realizada de forma sistemática e com movimentos
orientados, com elevação do consumo de O2 por meio do trabalho muscular. Um
programa de exercícios físicos bem direcionados deve ter como meta a melhora da
capacidade funcional, reduzindo a deterioração dos elementos da aptidão física
como resistência cardiovascular, força, flexibilidade e equilíbrio,
consequentemente aumentando o contato social dessas pessoas [7].
Tendo em vista que o
exercício resistido proporciona ganhos de força e resistência muscular,
melhorando a funcionalidade dos indivíduos que o praticam, surgiu a seguinte
problemática: Como estão a força e a resistência muscular em idosos que são
submetidos a um programa de exercícios resistidos?
O presente estudo
justifica-se pela necessidade de ampliar os conhecimentos sobre a população
idosa, à medida que o envelhecimento populacional vem sendo uma realidade
presente em diversos países, inclusive no Brasil, sendo de extrema relevância o
aprofundamento sobre as particularidades dessa população, bem como a contribuir
com a Fisioterapia para mudar as condições de saúde dessa população, ofertando
novas práticas para o manejo da atenção ao idoso no que concerne à prevenção de
agravos e melhoria da capacidade funcional desse público específico.
Nessa perspectiva, o
objetivo geral do estudo foi avaliar os efeitos que os programas de exercícios
resistidos proporcionam na força e resistência muscular, ou seja, a força
funcional de membros superiores e inferiores dos idosos que deles participam.
A pesquisa foi do tipo aplicada, descritiva, com abordagem quantitativa e
delineamento quase experimental, com pré e
pós-testes. A coleta de dados aconteceu nas instalações de uma Clínica Escola
de Fisioterapia de uma Instituição de Ensino Superior (IES) da cidade de Patos,
Paraíba, após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa das Faculdades
Integradas de Patos sob número de protocolo: 220/2011.
A população-alvo para
o desenvolvimento desta pesquisa foi constituída por idosos ativos participantes
de um programa de exercícios resistidos de uma IES da cidade de Patos-PB, de
ambos os gêneros, com idade igual ou superior a 60 anos. Foi considerada para
esta pesquisa uma amostra final de 14 idosos ativos.
Como critérios de
inclusão do estudo, estiveram aptos os participantes a partir dos 60 anos,
considerados idosos de fato, de ambos os gêneros e que não possuíam limitação
cognitiva, além de serem integrantes do programa de exercícios resistidos
escolhido para o estudo, com assiduidade de 75% ou mais no período de fevereiro
a maio de 2012 e que apresentassem autonomia e independência funcional.
Entre os fatores de
exclusão estavam: ausência de liberação médica para a atividade resistida, uso de marca-passo, dependência nas atividades de vida
diária (AVD’s), o uso de dispositivos de auxílio para
marcha e todas as contraindicações estabelecidas para o teste de esforço e sua
prescrição, dentre elas citaremos: Angina instável; Tromboflebite; Embolia
recente; Infecção sistêmica aguda; Bloqueio atrioventricular de 3° grau (sem
marca-passo); Pericardite ou miocardite aguda; Arritmia não-controlada;
Insuficiência ou estenose mitral ou aórtica graves sem tratamento adequado;
Insuficiência cardíaca descompensada; Hipertensão arterial descontrolada (PAS ≥
200 ou PAD ≥ 110); Problemas ortopédico ou neurológico graves; Diabetes
mellitus descontrolada; Doença sistêmica aguda ou febre de origem desconhecida;
e outros problemas metabólicos descompensados [8].
A coleta de dados foi
realizada utilizando os instrumentos para: caracterização biodemográfica
e; avaliação da força e resistência muscular dos Membros Superiores (MMSS) e
Inferiores (MMII).
A avaliação biodemográfica envolve questões que caracterizam a amostra:
sexo, faixa etária, estado civil e escolaridade.
Para avaliação da
força e resistência da musculatura dos MMSS e MMII foi aplicado o Protocolo de Rikli e Jones [9]. O teste foi realizado com halteres de ferro
de 2 kg para mulheres e 4 kg para homens, em virtude da dificuldade de serem
encontrados halteres com a padronização indicada pelas autoras (2,27 kg e 3,63
kg), seguindo os valores adotados no estudo de Ilkiv
[10]. Após uma demonstração pelo avaliador, o avaliado realiza uma tentativa de
duas ou três repetições para entender o movimento, após isso era dado um tempo
de intervalo de 1 minuto e em seguida o avaliado executava o teste realizando o
maior número de repetições possíveis em 30 segundos.
Para o teste de
flexão do antebraço (MMSS) inicia-se com o participante sentado com as costas
apoiadas no apoio da cadeira e os pés bem apoiados no solo e afastados à
largura dos ombros. O haltere está seguro na mão dominante. O teste inicia com
o antebraço em posição inferior, ao lado da cadeira, perpendicular ao solo. Ao
sinal de “partida”, o participante, roda gradualmente a palma da mão para cima
enquanto faz a flexão do antebraço no sentido completo do movimento; depois
regressa à posição inicial de extensão. O avaliador deve estar junto do
participante do lado do braço dominante, colocando os seus dedos no bíceps do
executante, de modo a estabilizar o antebraço e assegurar que seja realizada a
extensão completa.
Os resultados foram
analisados segundo os valores padrões (preditos) propostos por Rikli e Jones [9], demostrados na Tabela I.
Tabela
I - Valores padrões de referência do número de
repetições em média (valores preditos) do teste de flexão de braço, de acordo
com o gênero e a idade cronológica, propostos por Riki
e Jones [9].
Fonte: Matsudo, 2000.
Para avaliar a força
e resistência de membros inferiores, utilizou-se o teste de sentar e levantar
em trinta segundos. Após demonstração do avaliador, o avaliado realizava uma
tentativa para assimilar o movimento, sendo determinado um intervalo de repouso
de 1 minuto, logo em seguida o avaliado executava o teste realizando o maior
número de repetições possíveis durante 30 segundos.
O
teste de levantar e
sentar da cadeira (membro inferior) inicia-se com o participante
sentado no
meio da cadeira, com as costas apoiadas no apoio da cadeira e os
pés bem
apoiados no solo e afastados à largura dos ombros. Os
braços estão cruzados ao
nível dos punhos e contra o peito. Ao sinal de
“partida” o participante
eleva-se até à extensão máxima
(posição vertical) e regressa à
posição inicial.
Tabela
II -
Valores padrões de referência do número
de repetições em média (valores preditos) do teste de levantar e sentar da
cadeira em 30 segundos, de acordo com o gênero e a idade cronológica, propostos
por Riki e Jones [9].
Fonte: Matsudo, 2000.
Inicialmente, todos
os idosos da amostra foram submetidos a uma avaliação (fase pré-treino)
e em seguida, um programa de treinamento resistido combinado foi desenvolvido
com o grupo, durante dois meses.
As sessões de
treinamento resistido tiveram duração de 60 minutos com frequência de duas
vezes por semana (terças e quintas-feiras), e transcorreram numa IES de
Patos-PB, com supervisão dos monitores do projeto (acadêmicos de fisioterapia)
e profissional qualificado. São desenvolvidas atividades teóricas (discussão de
textos escolhidos pelo grupo e palestras) e práticas (oficinas em grupo
envolvendo exercícios de alongamento; cinético-funcionais e resistidos,
relaxamento e/ou dinâmicas). Antes e após as atividades práticas os sinais vitais
eram coletados, como forma de constatar e/ou controlar a possibilidade de
execução das atividades a serem realizadas no dia.
De modo geral, as
atividades práticas estavam estruturadas do seguinte modo: aquecimento global e
articular (8 - 15 minutos), alongamentos gerais (10-15 minutos), treinamento
cardiorrespiratório (15-20 minutos), onde os exercícios eram realizados com
resistência de matérias tais como bolas, bastões, halteres, também era
realizado caminhada e técnicas de relaxamento ou dinâmicas. Antes e após as
atividades práticas os sinais vitais eram monitorados (10 minutos), como forma
de constatar e/ou controlar a possibilidade de execução das atividades a serem
realizadas no dia.
Por fim, após um
período de dois meses de treinamento ocorreu à segunda fase de avaliação,
denominada de pós-treino.
Como suporte para o
tratamento estatístico e formação do banco de dados, foi utilizado o software
estatístico SPSS 18.0 para Windows [11]. Para análise estatística foi utilizado
estatística descritiva (média e desvio padrão) e estatística inferencial (teste
t de Student pareado). O nível mínimo de
significância foi de p ≤ 0,05.
O presente estudo
considerou a Resolução nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde que regulamenta
a ética da pesquisa envolvendo seres humanos.
Índices
da avaliação biodemográfica
Participavam das
atividades desenvolvidas pelo programa de exercícios resistidos de uma
Instituição de ensino Superior – IES, em média, 20 idosos. Desses idosos, 70%
(n = 14) participaram da amostra desta pesquisa, e os demais 30% (n = 06) não
permaneceram, pelos critérios de exclusão.
Tabela
III
- Caracterização biodemográfica
da amostra (N=14).
Fonte: Resultados da
pesquisa.
A composição do grupo
de idosos pesquisado foi em sua maioria de mulheres. O sexo feminino
correspondeu a 11 idosas (78,6%) e os do sexo masculino a 3
idosos (21,4%). Quanto à faixa etária da amostra, observa-se uma maior concentração
de idosos entre 70-79 anos, com 8 idosos (57,1%),
seguida da faixa etária entre 60-69 anos, com 5 idosos (35,7 %) e por último, apenas
um idoso (7,1%) tinha idade ≥ 80 anos.
Quanto ao estado
civil, à maioria dos idosos encontram-se viúvos, com 7
idosos (50%), seguido dos casados, representado por 5 idosos (35,7%). Em
relação ao nível de escolaridade, a amostra foi classificada como de baixa
escolaridade, visto que, 6 idosos (43%) não concluíram
o ensino fundamental.
Avaliação
da força e resistência muscular dos MMSS e MMII
Buscou-se mensurar e
quantificar a força e resistência da musculatura do Membros
superiores (MMSS) e inferiores (MMII) por meio dos testes da bateria de Functional Fitness Test [12].
Nas Tabelas IV e V
poderão ser observados os resultados obtidos no pré e
pós-teste e os valores preditos para força muscular de MMSS e MMII,
respectivamente. Os valores padrões preditos utilizados foram os proposto por Rikli e Jones [9].
Tabela
IV -
Valores encontrados no pré e pós-treino e os valores preditos do teste de flexão
do cotovelo (força dos MMSS), segundo o sexo e faixa etária da amostra total
(N=14).
Os valores representam
a média do nº de repetições possíveis de flexão realizadas em 30 segundos.
Fonte: Resultados da pesquisa.
Os resultados do
teste de força da musculatura superior (flexão e extensão do cotovelo),
apresentados na Tabela IV, demonstram que tanto as mulheres quanto os homens
mantiveram e/ou melhoraram os desempenhos quando comparado o pré-treino com o pós-treino.
Na comparação entre
os valores encontrados (pré e pós-treino) e os
preditos da força de MMSS, foi possível relatar que no grupo das mulheres
apenas uma faixa etária não se enquadrou nos valores preditos de 70-74
(M=13,25), enquanto que no grupo dos homens, apenas uma faixa etária não estava
na média dos valores preditos 65-69 (M=16,0).
A Tabela V expressa
os resultados obtidos com o teste da força da musculatura do membro inferior
(levantar da cadeira).
Tabela
V - Valores encontrados no pré
e pós-treino e os valores preditos do teste de levantar-se (força dos MMII),
segundo o sexo e a faixa etária da amostra total (N=14).
Os valores representam
a média do nº de repetições possíveis de sentar-se completamente em 30
segundos. Fonte: Resultados da pesquisa.
O
grupo das mulheres tiveram melhora no desempenho nas faixas etárias de
65-69 (M=1,5), 70-74 (M=0,25) e 75-79 (M=1,0) quando comparado o período pré-treino com o pós- treino, já as faixas etárias de 60-64
e de 80-84, mantiveram seus valores. No que se refere à comparação com a média
dos valores preditos apenas o pós-treino (M=13) da faixa etária de75-79 e os
valores do pré-treino (M=13) e pós-treino (M=13) da
faixa etária de 80-84 tiveram resultados acima dos valores ao proposto de Rikli e Jones [9].
No grupo masculino as
faixas etárias de 65-69 e 75-79 mantiveram seus valores no pré
e pós-treino, mas não conseguiram atingir os valores preditos. Já a faixa
etária de 60–64 apresentou um declínio em seu valor quando comparado o pré-treino (M= 22,0) e pós-treino (M= 20,0), porém,
permaneceu acima do valor predito. Em relação às mulheres apenas a faixa etária
de 75-79 (M=13) e 80-84 (M=13) apresentaram valores acima dos valores preditos.
Com esses resultados,
podemos observar, que os dois meses de treinamento com exercícios resistidos
foi suficiente para conseguir um aumento no número de repetições nos testes
descritos anteriormente, promovendo assim um aumento na força e resistência,
tanto da musculatura do membro superior quanto inferior, mesmo que de forma
sutil.
Corroborando com o
presente estudo, a pesquisa realizada por Michelin, Coelho e Burini [12] também apresentou um número maior de idosas
participantes de um programa de exercícios físicos. Para Bittar e Lima [13], as
mulheres idosas são mais sociáveis, têm a tendência de criar mais vínculos
afetivos na sociedade e objetivam mais conquistas do que o sexo masculino, pois
elas passaram maior parte da vida dedicando seu tempo para o lar e a família,
enxergando na velhice uma oportunidade de cuidar de si.
Braz, Zaia e Bittar [14] relatam que o maior nível educacional do
indivíduo influencia sua participação em grupos e programas voltados a
melhorias na saúde. Porém, este dando não é compatível com o presente estudo,
onde os idosos participantes foram enquadrados como baixa escolaridade.
O estudo feito por Ilkiv [10], que teve como objetivo analisar o desempenho
dos idosos por meio da avaliação da aptidão física, realizado com 40 idosos,
sendo 18 do gênero masculino e 22 do gênero feminino com idade superior a 60
anos, todos integrantes de um programa de atividade física, tiveram como
resultado da força de membros superiores em relação aos homens somente a faixa
etária de 70-74 (M=18,6; DP=4,5) se enquadravam nas médias
padrões, e ao grupo de mulheres todas apresentavam na referência
proposta. Em relação a força de membros inferiores a
único grupo de homens que se enquadrou foi o de 60-64 (M=17,0;DP=1,7), e das
mulheres foi o de 70-74(M=15,9;DP=4,6).
Fernandes [15]
avaliou os efeitos de um programa de caminhada, para força muscular do membro
inferior em 16 idosos de ambos os gêneros (10 mulheres e 06 homens através de
dois métodos diferentes: (1) teste isocinética e (2)
desempenho de um teste funcional (levantar e sentar da cadeira), os
participantes foram submetidos ao o programa de caminhada que teve duração de 3 sessões semanais, durante quatro meses de intervenção,
concluiu que não ocorreu melhorias na força isocinética,
já pela aplicação do teste funcional aconteceu melhora na força porém, a força isocinética do gênero masculino foram superiores ao do
gênero feminino, logo a força funcional não houve diferenças significativas de
ambos os gêneros.
A perda de força
muscular, chamada de sarcopenia, está diretamente
ligada ao avançar da idade, e um dos fatores para essa alteração ocorrer são as
alterações musculares que ocorrem por perda na qualidade e massa muscular.
Através da prática regular de exercícios, dando maior destaque aos exercícios
resistidos, a prevenção da sarcopenia é possível,
melhorando a força dos idosos, como proposto no presente estudo [16-19].
Em estudo sobre
formas de intervir na sarcopenia, Borst
[20] considerou o exercício resistido como o melhor estímulo para a hipertrofia
muscular, principalmente ao serem feitas comparações em relação a outros tipos
de exercício. Quanto ao sexo masculino apresentar maiores ganhos, a ACSM [4]
explica este fato através da ideia de que o efeito a idade e o sexo influenciam
na adaptação da força.
Binder et al. [21], em seu estudo avaliando homens e mulheres com certo grau
de fragilidade que participavam de um programa de exercícios resistidos, com
grau de intensidade leve a moderada, pôde constatar melhoras nos níveis de
força muscular, bem como ganho de massa magra.
Ternes e Zabot [22] realizou estudo com 1.132 idosos de ambos os
sexos que participavam de programa de exercícios resistidos, durante 2 meses, onde os resultados significativamente positivos
apontaram aumento de 1,09 kg de músculo em idosos entre 61 e 81 anos. Ainda
puderam observar a diminuição da gordura por meio do gasto de energia,
proporcionando maior disposição para a vida cotidiana.
Com o objetivo de
analisar os efeitos do treino de força isométrico, Arruda et al. [23] estudou 22 idosos do sexo masculino e feminino, entre 65
e 75 anos, avaliados pré e pós-teste utilizando o
teste de sentar e levantar e um questionário para avaliação da qualidade de
vida, tendo como resultados o aumento significativo da qualidade de vida em
quase todas as variáveis, bem como o aumento da força muscular e capacidade
funcional.
Na sua revisão da
literatura acerca da temática, Costa et al. [24] chegou
à conclusão que, em todos os estudos que tiveram como base o exercício resistido
no protocolo de programas voltados aos idosos, todos eles obtiveram resultados
satisfatórios quanto ao controle das variações fisiológicas e funcionais do
idoso, principalmente no que se diz respeito à força, equilíbrio, marcha e
agilidade, retardando as alterações advindas do processo de envelhecimento.
Para o autor, esses resultados são de extrema importância, à medida que os
programas de exercícios resistidos podem melhorar as condições de saúde do
idoso e consequentemente aumentar seu tempo de independência e capacidade
funcional, melhorando assim sua qualidade de vida.
De acordo com os
resultados obtidos no presente estudo, chega-se à conclusão que um programa de
exercícios resistidos, durante dois meses, é capaz de melhorar ou manter a
força muscular de membros superiores e inferiores em idosos.
Em relação à
mensuração da força e resistência da musculatura do membro superior e inferior,
os resultados demonstraram que tanto as mulheres quanto os homens mantiveram
e/ou melhoraram os desempenhos quando comparado o pré-treino
com o pós-treino. Na comparação entre os valores encontrados (pré e pós-treino) e os preditos da força de MMSS, foi
possível relatar também que tanto o grupo das mulheres quanto dos homens, em
todas as faixas etárias, apresentaram seus desempenhos superior e/ou iguais aos
valores padrões (preditos).
Sendo assim, o estudo
aponta a importância de desenvolvimento de programas com exercícios resistidos
voltados à manutenção ou aperfeiçoamento da saúde e capacidade funcional dos
idosos, à medida que estes aspectos são importantes para a adição de anos
vividos de forma independente, proporcionando melhores condições de saúde e
qualidade de vida a este público específico.
Sendo assim, os
resultados advindos deste estudo encontram-se de acordo com a literatura e
utilizam de fundamentação teórica para seu embasamento, propondo achados
relevantes e importantes nos âmbitos acadêmico e social.
Sugere-se novos
estudos comparando grupos de idosos ativos e sedentários, como também grupos de
idosos previamente sedentários e os resultados após as atividades realizadas no
programa de exercícios resistidos, para avaliar as modificações que esses
exercícios podem trazer a idosos que não realizavam comumente nenhuma
atividade. Estudos com outros tipos de mensuração de força também se tornam
relevantes para futuras comparações.