ARTIGO
ORIGINAL
Avaliação
da funcionalidade em idosos
Evaluation of
functionality in elderly
Kênia Maiara
Rodrigues Diniz*, Felipe Longo Correia de Araújo**, Giglielli
Modesto Rodrigues Santos***, Mayara Leal Almeida Costa****
*Estudante
Bacharelado em Fisioterapia, **Professor e Mestre do Curso de Fisioterapia das
Faculdades Integradas de Patos, ***Professora e Especialista do Curso de
Fisioterapia das Faculdades Integradas de Patos, ****Professora e Mestre do
Curso de Fisioterapia das Faculdades Integradas de Patos
Endereço
para correspondência:
Kênia Maiara Rodrigues
Diniz, Rua Rui Barbosa, 13 Centro 58884-000 Catolé do Rocha PB, E-mail: keniaekeyla@homail.com
Resumo
A capacidade
funcional é indicador importante de envelhecimento e qualidade de vida dos
idosos. É necessária realizar avaliação para quantificar se o indivíduo possui
ou não capacidade de realizar com independência atividades cotidianas. O estudo
objetivou comparar capacidade funcional dos idosos ativos com idosos inativos.
Tratou-se de estudo transversal, exploratório, descritivo e quantitativo. A
amostra foi composta por 90 participantes, sendo 46 de idosos ativos e 44 de
inativos. As variáveis estudadas foram expressas em média, desvio padrão,
frequência e porcentagem. Após a aplicação do teste T, a pesquisa apresentou
resultado altamente significativo (p=0,00) para escala de Barthel
quanto para escala de Lawton quando comparado idosos
ativos com os inativos. Em relação aos dos dois formulários, o de Barthel foi encontrado correlação estatisticamente
significativa no teste qui-quadrado (p<0,05; r =
0,02). Apesar de todos os dois serem independentes, ainda existiu estatística
dos idosos ativos para os inativos, seguido de leve, moderado e severo.
Conclui-se que foi possível identificar que os idosos ativos apresentam melhor
nível de independência do que os inativos. Observa-se a necessidade de cuidado
diferenciado nas Atividades de Vida Diária (AVDs) e
Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVDs).
Palavras-chave: qualidade de vida,
envelhecimento, funcionalidade, idoso.
Abstract
Functional capacity is important indicator of aging and quality of life
of elderly. The aim of this transversal, exploratory, descriptive and
quantitative study was to compare the functional capacity of active with
inactive elderly. The sample consisted of 90 participants, 46 active and 44
inactive. The variables were expressed as mean, standard deviation, frequency
and percentage. After the application of the T test, the study presented highly
significant result (p = 0.00) for Barthel and Lawton
scale when compared to active and inactive elderly. In relation to the two
forms, the Barthel scale presented statistically
significant correlation in the chi-square test (p <0.05; r = 0.02). Although
all two were independent, there was still statistic from the active to the
inactive elderly, followed by mild, moderate, and severe. It was concluded that
it was possible to identify that active elderly present better level of independence
than inactive ones. We observed the need for differentiated care in ADLs and
AIVDs.
Key-words: quality of
life, aging, functionality, elderly.
O envelhecimento é um
processo universal, progressivo e dinâmico, no qual ocorrem alterações
morfológicas, psicológicas, bioquímicas e fisiológicas, que acontece tanto nos
países desenvolvidos quanto nos em desenvolvimento. Nas últimas décadas, o
Brasil apresentou um aumento relevante e proporcional da população idosa,
devido ao crescimento gradual da expectativa de vida, que é o resultado da
diminuição das taxas de natalidade e mortalidade [1,2].
O processo do
envelhecimento é natural, comum a todos os seres vivos, sendo definido de
acordo com a idade cronológica, tendo em vista que é um método heterogêneo e
peculiar a cada indivíduo. O envelhecimento biológico é analisado como o
responsável pelas alterações no funcionamento do organismo, que provoca redução
da capacidade funcional associadas às perdas motoras, manifestações somáticas,
e maior vulnerabilidade a doenças. Neste sentido, a pessoa envelhece de acordo
com a maneira em que vive [3-5].
O envelhecimento é
dividido em: senescência que trata do envelhecimento fisiológico os quais são
processos essenciais ao organismo, que são subdivididos em envelhecimento usual
(quando apresenta danos significativos, mas não são classificados como doentes)
e o bem-sucedido (quando o idoso apresenta pequena perda fisiológica, com a
preservação da funcionalidade). O outro tipo é a senilidade que é o
envelhecimento patológico em indivíduos portadores de traumas e doenças que
acontece no ciclo da vida [6].
A capacidade
funcional pode ter implicações na qualidade de vida dos idosos, por estar
relacionada à capacidade do individuo em manter a sua funcionalidade,
desfrutando da sua independência e das atividades sociais até idades mais
avançadas. E a incapacidade funcional consiste pela dificuldade para
desempenhar certas atividades da vida cotidiana ou mesmo pela impossibilidade
de desempenhá-las, precisando algum tipo de auxilio para executar as tarefas
[7].
A funcionalidade é a
capacidade do individuo em desempenhar determinadas atividades ou funções,
utilizando habilidades diversas para a realização de interações sociais, em suas
atividades de lazer e em outros comportamentos requeridos em sua rotina. Essas
funcionalidades podem ser examinada através das
Atividades de Vida Diária (AVD), Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD)
e pela mobilidade física, esses são especiais para ter uma vida prolongada
estando interligada a independência funcional. A avaliação da funcionalidade
tem o objetivo analisar o grau de dependência do idoso, e pode ser por meio de
questionamentos específicos como a escala de Barthel
e da escala Lawton [8].
O índice de Barthel é método utilizado para mensurar as Atividades
Básicas de Vida Diária (ABVD) que o individuo desempenha no dia-a-dia como o auto-cuidado, higiene pessoal e
mobilidade. São tarefas pessoais e comuns que são necessárias para sobrevivência.
Outra escala, é de Lawton utilizada para conhecer o
grau de independência do individuo em relação às atividades instrumentais de
vida diária (AIVD) [9,10].
O objetivo da
pesquisa atual é comparar a capacidade funcional do idoso.
O presente estudo é
uma pesquisa transversal, descritiva, exploratória e quantitativa, realizada
com idosos ativos cadastrados no Grupo da Alegria, e outro grupo em ambiente domiciliar com indivíduos inativos, em Catolé do Rocha/PB,
durante o primeiro semestre de 2017.
A amostra foi
composta por 90 participantes, sendo 46 de um grupo de idosos ativos e 44 de
idosos inativos, de ambos os sexos, com idade entre 65 a 85 anos, seguindo os
critérios de inclusão e exclusão.
Como critérios de inclusão
da amostra foram sujeitos com idades entre 65 e 85 anos; de ambos os sexos;
aceitar participar da pesquisa, assinando o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido – TCLE. E como critérios de exclusão foram àqueles idosos inativos
que praticavam atividade física; os que desistiram voluntariamente; que
apresentavam déficits visuais, auditivos e com sequelas neurológicas. O projeto
das Faculdades Integradas de Patos foi aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa, número (do parecer) 1.872.218.
Os dados foram
obtidos através de formulário bio-demográfico, a
escala de Barthel modificado para avaliar as AVDs e a escala de Lawton para
avaliar as AIVDs.
Os dados obtidos
foram registrados e analisado, baseando-se nos escore da escala de Barthel modificado na forma de banco de dados do programa
de informática Statistical Package
for Social Sciences (SPSS) para Windows, versão 20.0,
e analisados através de estatística descritiva, por meio da apresentação de
frequências e porcentagens, medidas de tendência central (média) e de
variabilidade (desvio-padrão) sobre o tema para discussões dos resultados
encontrados. Foi realizado o teste de normalidade de Kolmogorov-Smirnov
cujo resultado aponta para testes paramétricos “Teste T” e “Qui-quadrado”
porque estamos comparando dois grupos de idosos.
Com base na
metodologia empregada, foi realizada a coleta de dados que, após a análise
estatística descritiva, os resultados foram dispostos em forma de tabelas.
Os dados da tabela I
demonstraram que 71,1% (n = 64) da amostra eram do sexo feminino; quanto o
estado civil, houve predominância de casados com 50,0% (n = 45); quanto à
escolaridade, 57,8% (n = 52) possuem o ensino fundamental. Na variável
tabagista, houve dominância de ex-fumantes 48,8% (n =
44); no etilista, 75,6% (n = 68) nunca foram etilistas e; quanto às atividades
51,1% (n = 46) praticam atividades físicas, enquanto 48,9% (n = 44) não
praticam.
Tabela
I - Caracterização do perfil bio-demográfico
da amostra (n=90).
N = número da amostra;
%: porcentagem; Dados da pesquisa, Catolé do Rocha/PB, 2017.
Na avaliação da
capacidade funcional para as Atividades de Vida Diária (AVDs)
os resultados foram feitos através de estatística de grupos de acordo com a
tabela II em que, os que os idosos ativos: média = 96,44 (DP = ± 4,47) e os
idosos inativos: média = 87 (DP = ± 21,04). Já, nas Atividades Instrumentais de
Vida Diária (AIVDs) as estatísticas do grupo ativo:
média 24,87 (DP = ± 5,35), e os inativos: média 20,89 (DP = ± 6,25) (Tabela II).
Tabela
II -
Distribuição da estatística, segundo a
escala de Barthel e Lawton.
(n=90)
DP = Desvio Padrão;
Dados da pesquisa, Catolé do Rocha/PB, 2017.
De acordo com a
tabela III, após a aplicação do Teste T e do Qui-quadrado,
observaram-se diferença estatisticamente significativo entre os dois grupos
predominando para o grupo ativo com o nível de significância (p < 0,05).
Tabela
III
- Comparação dos resultados do “Teste T”
e “Qui-quadrado” para a escala de Barthel
e Lawton (n=90.
Dados da pesquisa,
Catolé do Rocha/PB, 2017.
A tabela IV
corresponde à distribuição dos idosos de acordo com a classificação da escala
de Barthel modificado, os resultados foram divididos
por grupo: ativos e inativos.
Tabela
IV -
Distribuição das Atividades de vida
diária (AVDs) dos idosos (n=90), segundo a escala de Barthel modificado.
Escore: Severa:
<45, Grave: 46-50, Moderada: 51-80, Leve: 80-90, Independente: 91-100
pontos; Dados da pesquisa, Catolé do Rocha/PB, 2017.
Conforme observado na
tabela IV, apresenta os escores dos resultados das AVDs,
onde os dois grupos apresentam independentes, mas prevalecendo para o grupo de
idosos ativos, este por sua vez apresentou 7 no escore
leve e apenas 1 em moderado, quanto ao grupo inativo apresentou 14 leve, 3
moderada e 4 severa.
A tabela V demonstra
os resultados para as AIVDs, de acordo com o escore
da escala de Lawton. Os dois grupos foram
classificados como independentes, mas foi possível detectar que o grupo ativo
apenas 3 apresentou dependência parcial e nenhum
dependente, já no grupo inativo 9 apresentaram dependência parcial e 5
dependentes. Os indivíduos que não praticam atividade física (inativos)
apresentam mais delimitações, onde o escore indica mais
idosos dependentes e com dependência parcial.
Tabela
V - Distribuição das Atividades instrumentais de
vida diária (AIVD’s) dos idosos (n=90), segundo a
escala de Lawton.
Escore: Dependente:
<9; Dependente parcial: 10-18; Totalmente independente: 19-27 pontos; Dados
da pesquisa, Catolé do Rocha/PB, 2017.
De modo geral, os indivíduos idosos
envolvidos na pesquisa, apresentaram características bio-demográficas
semelhantes a outros estudos. O predomínio do público das mulheres é mais
elevado em relação ao número de homens, fenômeno conhecido por feminização da velhice, embora sejam mais velhas do que os
homens, são mais susceptíveis às limitações advindas de comorbidades
do que seus parceiros masculinos, constituindo assim uma ameaça à dependência
funcional dessas mulheres [11].
Novais et al.
[12] afirmam que quanto mais ativo
for o idoso, menores serão suas limitações,
promovendo além de prevenção de
doenças, reabilitação de saúde, pois
aumentam a aptidão física, melhorando a
independência
no desempenho das atividades do dia-a-dia, na qual o indivíduo
encontra-se mais
susceptível a danos, comprometimento da autoestima por uma
possível perda da
autonomia e dos aspectos emocionais.
Corroborando com este
estudo, Borges e Moreira [13], verificaram os benefícios pertencentes à prática
regular de atividades físicas em idosos que se tornaram objeto de estudo por
diversos autores e várias áreas de pesquisas, sendo que muitos já confirmaram
que possuir um estilo de vida ativo mantém a qualidade de vida e promove
manutenção da capacidade funcional destes indivíduos por um período mais longo.
A atividade física é
um fator importante para se viver bem e reduzir as perdas advindas do processo
de envelhecimento. A inatividade física, em contra partida, é responsável pela
limitação da saúde do idoso, podendo desencadear uma série de doenças, como
obesidade, hipertensão, diabetes, osteoporose, entre outras, fazendo com que
ocorra a restrição das AVDs e das AIVDs
[14].
Na avaliação da
funcionalidade, constatou-se que a maioria dos idosos foi independente para a
realização das Atividades de Vida Diárias e as Atividades Instrumentais de Vida
Diária [15].
A influência da
prática de atividades físicas em um grupo de idosos demonstrou que os idosos
fisicamente ativos também apresentam a diminuição da capacidade funcional, mas
de forma lenta e menos intensa, pois não foi constatado casos de dependência
nas AVDs, e nas AIVDs,
apenas poucos casos com dependência parcial ou moderada [16].
Outras pesquisas
sobre a capacidade funcional de idosos sedentários constataram também a
independência funcional dos participantes para examinação
das AVDs avaliadas pela escala de Barthel,
e AIVDs, avaliadas pela escala de Lawton.
Nos casos de dependência funcional, a predominância foi maior para execução das
AIVDs, afirmando com o presente estudo [17,18].
De acordo com Lobo e
Moreira [19], utilizando o grupo dos sedentários que já e que nunca praticaram
atividade física com regularidade, são descritos os resultados obtidos pelos
indivíduos classificados como idosos de idade avançada, em que, nunca
praticaram obtiveram um índice de 100 % de dependência total na escala de Lawton, contra 20 % de dependência parcial e 80 % de
dependência total, para os que já haviam praticado
A importância dos
efeitos dos exercícios físicos para maior longevidade, prevenção do declínio
cognitivo, redução de quedas, manutenção da capacidade funcional e melhora da
autoestima. Exercícios físicos aumentam o contato social, melhora o humor, além
de reduzir a tendência do isolamento e depressão [20].
A partir do objetivo
de comparar a capacidade funcional dos idosos, tendo exceto nos resultados
esperado e indicaram que a pratica de atividade física apresentam contribuição
importante mostrando-se que os idosos ativos apresentam melhor capacidade
funcional, do que idosos inativos.
No presente estudo
demonstrou predominância quanto ao do sexo feminino, estado civil (casados),
escolaridade (ensino fundamental), tabagista (ex-fumantes)
e etilista.
Ao final dessa
pesquisa observamos que os escores relacionados às AIVDs
se apresentaram menores, indicando um maior nível de dependência em relação aos
escores das AVDs, onde demonstraram uma maior
independência do idoso. Mediante esses fatos e de acordo com a literatura
citada podemos concluir que é necessária uma atenção especial no cuidado do
idoso, principalmente nas atividades instrumentais, visando promover uma maior
independência e longevidade.
Sugiro fazer novos
trabalhos, envolvendo uma população maior de todo o município.