ARTIGO
ORIGINAL
Envelhecimento
no meio urbano: saúde e condições de vida de idosos da zona sul do município de
Patos/PB
Aging in the urban environment: health and living conditions of elderly
in the southern districts of the municipality of Patos/PB
Valdete Pereira
Melo*, Mayara Leal Almeida Costa **, Crislainy da
Silva Ribeiro ***, Roberto Alexandre Franken****,
Patrícia Martins Montanari*****
*Acadêmica
do Curso de Bacharelado em Fisioterapia das Faculdades Integradas de Patos -
FIP, Patos/PB, **Doutoranda em Ciências da Saúde e Professora Titular do Curso
de Bacharelado em Fisioterapia das Faculdades Integradas de Patos-FIP, Patos,
***Acadêmica do Curso de Bacharelado em Fisioterapia das Faculdades Integradas
de Patos - FIP, Patos, ****Doutor em Medicina pela Universidade Federal de São
Paulo (UNIFESP) e Professor Titular da Faculdade de
Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP), *****Doutora em Saúde
pública pela Universidade de São Paulo
Endereço
para correspondência:
Mayara Leal Almeida Costa, Rua Cícero Sátiro, 10, Bairro Belo Horizonte,
58704-340 Patos PB, Brasil, E-mail: mayleal@gmail.com
Resumo
O envelhecer é um
processo irreversível de alterações fisiológicas e tem sido objeto de pesquisa
para avaliar a execução de políticas públicas voltadas ao envelhecimento
saudável. O objetivo da pesquisa foi investigar a saúde e condições de vida de
idosos residentes na Zona Sul do Município de Patos/PB. O estudo é uma pesquisa
de campo aplicada do tipo analítica transversal. A amostra foi composta por 50
idosos acima dos 65 anos, cadastrados nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) da
zona sul do município de Patos/PB. Como resultado, foi visto que a maioria dos
idosos são mulheres, entre 65 e 74 anos, casadas, possuindo ensino fundamental
completo, morando em casa própria com os filhos, aposentadas e recebem pouco
mais de um salário mínimo por mês, destacando os seguintes problemas de saúde:
problemas de visão, pressão alta, dores musculares e lombalgias. Conclui-se com
relação ao perfil do envelhecimento na Zona Sul do Município de Patos/PB, com
foco na saúde e nas condições de vida, foi verificado que se trata de uma
população com boas condições de vida e saúde baseado em suas queixas
principais, maioria comum a tal faixa etária, e estilos de vida sem muitos
fatores de risco.
Palavras-chave: envelhecimento,
idoso, condições de vida, saúde.
Abstract
Aging is an irreversible process of physiological changes, being an
object of research aimed at evaluating the implementation of public policies
aimed at healthy aging. The objective of the study was to investigate the
health and living conditions of elderly people living in the urban area of the
city of Patos/PB. The study is a
applied field research, of transversal analytical type. The sample consisted of
elderly individuals over 65 years old, enrolled in the Basic Health Units (BHU)
of the southern area of the municipality of Patos/PB.
As a result, we observed that the majority of the elderly are women, between 65
and 75 years old, married, with completed elementary education, living in their
own homes with their children, retired and receiving a little more than 1
salary per month, highlighting the following health problems: vision problems,
high blood pressure, muscle pain and low back pain. It is concluded that the
aging profile in the southern area of the city of Patos/PB,
with focus on health and living conditions, was verified to be a population
with good living and health conditions based on their main complaints, most
common to such age group, and lifestyles without many risk factors.
Key-words: aging,
elderly, living conditions, health.
O envelhecer do ser
humano foi sendo associado, com o tempo, ao declínio das suas principais
funções biológicas, psicologias e sociais, que o leva a uma maior dependência e
morbidade acentuada, até a morte. Apesar disso, pesquisas vem
demonstrando que existe uma variedade de padrões do envelhecimento, e o
descrevendo como um curso individual e heterogêneo, que decorre de fatores
como: aspectos culturais e históricos, incidência patológica, genética, fatores
ambientais e comportamentais [1].
Portanto, o processo
de envelhecimento não acontece apenas pela idade, pois aliado a esse fator se
encontra o estilo de vida do indivíduo [2], tornando-se uma sequência
irrevogável e sem volta, com a presença de alterações fisiológicas, biológicas,
psicológicas e sociais [3]. Com as diversas variáveis que envolvem o
envelhecer, surge um novo termo de caracterização do envelhecimento, definindo
a velhice como algo que pode ser positiva – velhice bem-sucedida ou saudável –
que faz do estilo de vida saudável, ponte para uma melhor qualidade de vida
nessa faixa etária [4].
Nessa perspectiva,
verifica-se a necessidade de se desenvolver um processo que encaminhe a uma
vida mais benéfica a saúde, com mais conforto ao envelhecimento. É importante
que os idosos possam manter a independência dentro de seus limites, preservando
a funcionalidade que os possibilitem realizarem afazeres do seu dia-a-dia. Além
disso, é relevante a manutenção de suas atividades mentais, cognitivas e sociais
nas quais são fundamentais à sua autonomia e independência, levando-o a uma
qualidade de envelhecimento com pouca carga de morbidade [5].
A autossuficiência, a
independência e a relação social presente, com amigos, família e lazer, são
fatores que definem um processo de envelhecimento bem-sucedido, além do
equilíbrio entre aspectos patológicos e predisposição do indivíduo [4]. O
envelhecimento é um período do ciclo da vida que envolve perdas, mas que
permite também ganhar em alguns aspectos, como em experiências e maturidade. É
essencial impedir a visão negativa sobre tal faixa etária velhice e sobre a
pessoa idosa, de modo que tal processo não seja entendido como um problema [6].
Sendo o processo de
envelhecimento observado, percebe-se que a delimitação do período em que a
pessoa humana pode ser considerada como idosa é de difícil concretização, e que
para cada indivíduo pode apresentar inúmeras possibilidades de resultado final,
pois apesar de se tratar de um fenômeno natural, universal com implicações a
várias áreas, não é homogêneo a todos os indivíduos [6,7].
O número de pessoas
acima de 60 anos é o que mais se amplia no mundo, no Brasil esse processo
acontece de forma rápida e acentuada, sendo associado a um aumento considerável
na longevidade também [8]. O envelhecimento populacional do país não é um
processo demográfico novo, acontece desde 1940, porém, passa a ser percebido e
apresentado pela mídia seguidamente a evidência do aumento do número de
aposentados [9].
O decurso do envelhecimento
populacional torna-se então um desafio aos serviços de saúde, em particular as
grandes regiões metropolitanas onde se faz mais presente à polarização
epidemiológica [10]. Portanto, o estudo do estado de saúde dos idosos bem como
dos fatores associados ao ambiente e aspectos demográficos e socioeconômicos,
pode fornecer consideráveis informações as políticas de saúde, com manobras
especificas a velhice, com desenvolvimento de programas que visam à promoção do
envelhecimento saudável e ativo [11].
Desde as últimas
décadas, o país vivencia uma intensa expansão urbana. Mesmo o número de idoso
sendo relativamente expressivo nas zonas rurais, é crescente a quantidade de
pessoas com mais de 60 anos que vivem nas zonas urbanas [3]. A chegada à
velhice nos grandes centros, tem se tornado um objeto de pesquisa
frequentemente debatido. O grande interesse ao tema surge a partir do documento
da OMS (Organização Mundial de Saúde). Desse ponto em diante varias áreas de
diferentes campos de estudo se voltaram ao tema para que se possa analisar a
execução de políticas governamentais voltadas a atender orientações da OMS em
busca de melhor qualidade de vida no envelhecimento [12].
Diante do exposto
esta pesquisa teve como objetivo primário investigar a saúde e condições de
vida de idosos residentes na zona sul do município de Patos-Paraíba. Bem como
objetivos secundários: Traçar o perfil biodemográfico
de idosos participantes da pesquisa; Investigar as condições de saúde dos
idosos; Analisar os dados relativos à saúde e condições de vida de idosos
participantes da pesquisa.
Trata-se de uma
pesquisa de campo, aplicada, exploratória e descritiva, com abordagem
quantitativa e do tipo analítica transversal, realizada no período de setembro
a outubro de 2017, com indivíduos idosos da Zona Sul do Município de Patos/PB.
Os indivíduos da
pesquisa foram idosos cadastrados na UBS da região Sul do município de Patos. A
amostra correspondeu a 50 idosos. Esses foram selecionados por conveniência e
acessibilidade.
Os critérios de
inclusão dos indivíduos da pesquisa foram: apresentar idade igual ou superior a
65 anos; estar mentalmente orientado; ser capaz de se comunicar verbalmente;
residir na região urbana de Patos/PB; ser usuário do sistema de Atenção
Primária à Saúde (APS); estar cadastrado na UBS selecionada e aceitar
participar do estudo por espontânea vontade bem como assinar o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido. Quanto a UBS, deve estar em funcionamento há
mais de um ano. Sendo excluídos da pesquisa: idosos que não se encontravam em
suas casas na época da coleta de dados, após um mínimo de duas tentativas;
residir a menos de seis meses na região registrada do serviço de saúde; residir
em zona rural; residir em institutos de longa permanência.
O instrumento
utilizado para a coleta de dados foi um formulário com questões biodemográficas, que caracterizou a amostra e questões
sobre condições de vida e de saúde dos mesmos. O formulário biodemográfico
conteve 07 questões que nortearam o pesquisador sobre o indivíduo entrevistado,
com perguntas sobre: sexo, idade, situação conjugal, grau de escolaridade, cor auto relatada, moradia e aposentadoria.
Quanto às questões
sobre condições de vida e de saúde, este foi composto por 11questões,
envolvendo o Estilo de vida e Condições de Vida (envolvendo níveis econômicos)
e Aspectos de saúde (envolvendo percepção do estado de saúde pelos idosos;
problemas de saúde sentidos pelos idosos e diagnosticados pelos médicos).
Inicialmente, foi
realizada uma pesquisa para selecionar a UBS que iria integrar o estudo. De
posse da lista com das UBS da zona Sul da cidade de Patos/PB, o pesquisador
investigou cada uma delas, que estava funcionando há pelo menos um ano. Após a
descoberta de qual UBS se enquadrava nesse critério, a seleção da Unidade foi
feita por sorteio.
Para a coleta de
dados, o pesquisador entrava em contato com o idoso, explicava o intuito da
pesquisa e a importância de cada componente para o desenvolvimento da mesma. Em
seguida, com o consentimento do idoso por meio do Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido (TCLE), aplicava-se o formulário biodemográfico
em seguida os outros formulários, esclarecendo todas as dúvidas.
Para análise
estatística e elaboração do banco de dados dos formulários, foi utilizado o
Software Statistical Package
for the Social Sciences
(SPSS – versão 21.0) para Windows. Para os resultados do presente estudo foi
utilizado recurso estatístico descritivo, mediante a análise das frequências
simples e percentuais. Após o tratamento estatístico dos dados, os mesmos foram
dispostos em forma de tabelas e gráficos, trabalhados pelos programas Microsoft
versão 2010 do Word e Excel.
O presente estudo
considerou a Resolução nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde que regulamenta
a ética da pesquisa envolvendo seres humanos, sendo assegurada a garantia de
privacidade do sujeito da pesquisa através do Termo de Compromisso do
Pesquisador. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa das
Faculdades Integradas de Patos com o n° parecer 1.896.763 / CAAE: 56586116.7.0000.5181.
Concluído a pesquisa
dentro do método descrito e utilizado, observou-se os
resultados, sendo proposto discussões sobre a saúde e condições de vida de
idosos, da zona sul da cidade de Patos/PB.
Descrição
do perfil biodemográfico de idosos da zona sul da
cidade de Patos/PB.
A amostra foi
composta por 50 idosos residentes na zona Sul da cidade de Patos – PB. Na
Tabela I, estão descritos os dados biodemográficos
referentes aos dados do estudo.
Tabela
I - Caracterização da amostra quanto aos dados biodemográficos dos idosos (N=50).
Fonte: Dados da
pesquisa, 2017.
A amostra apresenta
em sua totalidade a predominância do sexo feminino 66,0% (n=33) e idade média
de 70,2 (DP=5,3), sendo a idade mínima de 65 anos e a máxima de 92 anos. Porém,
a maior parte da amostra é composta por idosos com faixa etária entre 65-69
anos, correspondente a 50,0% (n=25) e 32,0% (n = 16) tem 70-74 anos. Dos 50
idosos, 44,0% (n=22) são casados e 36,0% (n=18) são viúvos. Quanto ao grau de
escolaridade, 32,0% (n=16) dos idosos possui o ensino fundamental completo,
porém 28,0% (n=14) deles não possui estudo algum, seguido de 26,0% (n=13) que
possui o fundamental incompleto e apenas um idoso concluiu o ensino superior
(Tabela I).
No que se refere a moradia, 30,0% (n=15) deles moram apenas com os filhos e
28,0% (n=14) residem com companheiro (a) e 20,0% (n=10) residem sozinhos.
Perguntado sobre a cor da pele, a maioria relatou ser branca 46,0% (n=26),
parda 38,0% (n=19), negra 14,0% (n=7) e amarela 2,0% (n=1). Dos indivíduos da
pesquisa, a maioria 86,0% (n=43) é aposentado, e
apenas 14,0% (n=7) deles não recebem aposentadoria (Tabela I).
Caracterização
do estilo de vida dos idosos
O estilo de vida
compreenderá as variáveis quanto ao fumo, bebida e conflitos.
Em relação ao hábito
de fumar, 16,0% (n=8) fazia uso de cigarros. Porém, dos que responderam que não
84,0% (n=42), 60,0% (n=30) nunca fumaram na vida e parou a mais de dois anos
24,0% (n=12). Quanto ao uso de bebidas alcoólicas, 96,0% (n=48) relatou que não
fazia uso. Sobre o envolvimento em conflitos a maioria relatou que nunca ou
quase nunca 78,0% (n=39), (Tabela II).
Tabela
II –
Caracterização do estilo de vida dos idosos
(N=50).
Fonte: Dados da
pesquisa, 2017.
Em termos de estilo
de vida, foi observado, na Tabela II, que os idosos apresentaram estilo de vida
consideravelmente saudáveis, onde 84,0% (n=42) não faziam uso de fumo e, 96,0%
(n=48) não fazem uso de bebidas alcoólicas e 78,0% (n=39) não se envolveram em
nenhum tipo de conflito. Quanto ao hábito de não fumar, 60,0% (n=30) nuca
fumou.
Sabe-se que a
utilização de bebidas alcoólicas, como também o uso do cigarro, trazem
prejuízos à saúde. Com isso, os resultados mostraram que os idosos que
participaram do estudo estão longe dos riscos que esses podem trazer, pois eles
preferem ter um envelhecimento com qualidade de vida.
Em relação ao
envolvimento em conflitos, 78,0% responderam que não se envolviam em conflitos,
mostrando ser um ponto bastante positivo, visto que, manter uma vida harmoniosa
é essencial para que se tenha um estilo de vida saudável, fazendo com que se
tenham melhores modos de vida (Tabela II).
Descrição
das condições de vida dos idosos
A Tabela III descreve
os dados relativos às condições de vida. Na distribuição dos indivíduos de
acordo com o nível econômico, segundo a Associação Brasileira de Estudos de
Pesquisa (2008), a maioria foi encaixado nos níveis
econômicos mais baixos com 44,0 (n=22) sendo classificado como C2, seguido da
Classe D com 30,0% (n=15). Com relação à propriedade da casa, 82,0% (n=41) dos
idosos relataram residir em casa própria. Em relação à renda mensal, todos os
idosos recebem pouco mais de um salário mínimo, esse foi considerado o valor
atual de R$ 937,00.
Tabela
III
– Caracterização das condições de vida
dos idosos com relação ao nível econômico e propriedade da casa (N=50).
Fonte: Dados da
pesquisa, 2017.
Avaliação
Aspectos de saúde
O instrumento de
avaliação dos aspectos de saúde foi um formulário contendo quatro questões: a
primeira (Q1) tratou de um modo geral a percepção do estado de saúde do idoso
comparando-o com pessoas da mesma idade; na segunda questão (Q2), o idoso
apontou os problemas de saúde que vinha sentindo recentemente, podendo eleger
mais de uma alternativa neste item; a terceira (Q3) tratou dos problemas de
saúde que possuem diagnóstico médico, podendo também eleger mais de uma
alternativa neste item; e a quarta questão (Q4) questionou o idoso sobre o uso
de medicamentos.
A Tabela IV apresenta
a Q1 e Q4 do formulário de avaliação dos aspectos de saúde, bem como os
resultados obtidos.
Tabela
IV –
Dados referentes à percepção do estado de
saúde do idoso, comparando-o com pessoas da mesma idade (Q1) e Uso de
medicamentos (Q4).
Fonte: Dados da
pesquisa, 2017.
De acordo com a
Tabela IV, a resposta que obteve maior frequência na Q1 foi 44,0% (n=22)
“Regular” para a avaliação do seu estado de saúde, seguido por “Bom” 32,0%
(n=16) e “Muito bom” com 16,0% (n=8). Quanto ao uso de medicamentos (Q4)
demonstrou-se que a maioria dos idosos fazem uso regular de medicamentos, com
74,0% (n=37) respondendo “sim” a essa questão.
O Gráfico I expõe o
resultado da Q2 sobre os problemas de saúde mais frequentes nos grupos, sendo
eles relatados pelo próprio idoso.
Fonte: Dados da
pesquisa, 2017.
Gráfico
I – Dados referentes aos problemas de saúde que
o idoso sente, relatado pelo próprio idoso (Q2).
Como demonstrado no
Gráfico I, os idosos relataram com maior frequência os seguintes problemas de
saúde: defeitos de visão 78,0% (n=39), pressão alta 62,0% (n=31), dificuldade
de sono com 40,0% (n=20), dores musculares 38,0% (n=19), e ainda problemas ósseos
com 32,0% (n=16).
A Q3 trata dos
problemas de saúde diagnosticados por um médico e relatados pelo idoso, como
mostra o Gráfico II.
Fonte: Dados da
pesquisa, 2017.
Gráfico
II –
Dados referentes aos problemas de saúde diagnosticados pelos médicos nos idosos
(Q3).
Com relação a Q3, foi relatado com maior frequência os diagnósticos dos
seguintes problemas de saúde: deficiência de visão 66% (n=33), pressão alta
60,0% (n=30), lombalgia 30,0% (n=15), artrite/artrose 20,0% (n=10) e diabetes
com 10,0% (n=5) em seguida vem outros problemas sem grande variável entre elas,
como problemas cardíacos, gastrite/úlcera, labirintite, varizes, diabetes e
depressão, entre outros.
A predominância do
sexo feminino (66,0%) vem de encontro ao que é chamado de “feminização
da velhice” que diz respeito à feminilidade dos idosos, fato confirmado e
evidenciado por diversas pesquisas, como foi demonstrado com a frequência
feminina de (77,1%) em um estudo sobre Perfil sociodemográfico
e clínico de idosos atendidos em Unidade Básica de Saúde da Família em
Fortaleza/CE, em 2009. O destaque percentual de mulheres nas pesquisas ocorre
pela sua maior longevidade, pois, entre algumas causas, estas se expõem menos a
fatores de riscos, como tabagismo e etilismo, além do interesse maior entre
elas com relação ao cuidado com a saúde, através de prevenção e tratamento das
doenças [13].
Com relação à idade
dos idosos, o destaque foi para idades entre 65 a 74 anos. Fato que corrobora
com um estudo de 2009 realizado por Victor et al. [13], onde as idades variaram de 60 a 90 anos, com média de 68
anos, e também as faixas etárias que concentraram o maior número de idosos
foram a de 60 a 65 anos, com 79 (36,9%), e a de 66 a 71 anos, com 80 (37,4%)
[13]. Dos 50 entrevistados do presente estudo, 44,0% (n=22) deles são casados e
36,0% (n=18) são viúvos, concordando com a pesquisa de Braz, Zaia e Bittar [14] que apresenta 63,3% (n=19) dos
indivíduos idosos casados e 33,3% (n=10) eram viúvo, e um estudo de Barbosa et al. [15] que em seu estudo epidemiológico
na cidade de Monte Claro/MG estudou 329 idosos, sendo 53,5% (n=153) deles
casados, 32,9% (n=94) sendo viúvos, 7,3% (n= 21) solteiros e 6,3% (n=18)
separados. Santos et al. [15], entretanto, revelaram padrão
inverso, com 41,4% de viúvos e 39,8% de casados [14-16].
Quanto ao grau de
escolaridade, a maioria dos idosos possui o ensino fundamental completo (n=16)
32,0%, seguidos pelos que não têm estudos (n=14) 28,0%. Um estudo realizado com
40 idosos selecionados aleatoriamente sendo estes divididos em G1 formado por
20 idosos participantes de Grupos de Promoção a Saúde (GPS), e G2 formado por
20 idosos que não participam de GPS, obteve dados que contradizem e confirmam
esse fato, respectivamente, onde o G1 da pesquisa apresentou 55,0% (n=11) dos
idosos não possui estudos e 30,0% (n=6) possui apenas o ensino fundamental e o
G2 teve predomínio 50,0% (n=10) possui o ensino fundamental completo e 30,0%
(n=6) dos idosos não possui estudos [17].
Foi observado na
pesquisa que 86,0% dos idosos são aposentados e 30,0% moram com os filhos,
sendo esta uma informação relevante, pois isso tem resultado positivo à vida do
idoso, com mudanças em vários campos da vida, principalmente na saúde e
bem-estar do indivíduo. Dados do IBGE mostram que na região nordeste, 50% dos
idosos vivem com seus filhos e na condição de chefes de família [18,19].
Pereira et al. [20], após avaliarem o nível
econômico dos indivíduos idosos, segundo o questionário da ABEP com cinco
diferentes categorias, verificou que (29,5%) idosos foram classificados como
pertencentes às classes A e B, (53,4%) à classe C e (17,1%) moradores foram
categorizados como integrantes das classes D e E. Com
esses resultados, a classificação mostrou ser diferente aos resultados obtidos
na Tabela III, visto que, a classe C2 foi o que prevaleceu com 44,0% (n=22)
seguida da classe D 30,0% (n=15) [20].
O comportamento
econômico dos idosos aponta para a imposição de assegurar não somente a sua
própria manutenção, mas também para
continuar contribuído com o
orçamento familiar [21].
Relacionado ao estilo
de vida, tidos como hábitos comportamentais, foi
demonstrado que os idosos apresentaram hábitos de vida saudáveis, onde 84,0%
(n=42) não fumam, 96,0% (n=48) não bebem e 78,0% (n=39) não se envolveram em
nenhum tipo de conflito. Resultado semelhante ocorreu na análise de Xavier et al., em 2008, que demostrou que (86,39%) dos idosos não
tinham o hábito de fumar, e também no estudo de Alvarenga et al (2010) que, ao
investigarem a população idosa adstrita à Estratégia Saúde da Família de
Florianópolis, Santa Catarina, descobriram que a maioria não consome bebidas
alcoólicas (98,9%) [22,23].
No que diz respeito a
como o idoso considera sua saúde em comparação a pessoas da sua idade, o estudo
demonstrou prevalência da resposta “Regular”, fato que discorda do estudo de Borin, Barros e Neri (2012) que constataram a prevalência
de respostas positivas (“MUITO BOA” E “BOA”) para a auto
avaliação do estado de saúde da população idosa da cidade de Campinas/SP.
O uso de medicamentos foi confirmado por 74,0% (n=37) dos idosos, representando
risco, pois os idosos apresentam biologicamente menor capacidade de depleção e
metabolização dos fármacos, sofrendo com maior frequência seus efeitos adversos
e redução de sua eficácia terapêutica [24,25].
No que diz respeito
aos problemas de saúde mais frequentes, tanto os que eles relataram sentir
quanto os diagnosticados por um médico, os problemas mais relatados foram:
Problemas de visão, Pressão alta, Dores Musculares e Lombalgias. No estudo de
Lima (2006) ao avaliar a variável relacionada à visão, numa escala de muito boa
a péssima, verificou-se que os idosos apresentaram uma
maior frequência nas categorias ruim e péssima. Também foi
constatado as altíssimas prevalências de problemas musculoesqueléticos em
idosos, que chega a ser em torno de 80%, levando a reflexão sobre as condições
posturais e ergonômicas no uso do corpo na rotina de atividades de vida diária
[26,27].
Entre os idosos a
hipertensão é uma doença altamente prevalente, que acomete cerca de 50% a 70%
das pessoas nessa faixa etária. Representa um fator determinante de morbidade e
mortalidade, mas, quando controlada, reduz significativamente as limitações
funcionais e a incapacidade nos idosos. A hipertensão, assim como muitos
problemas de saúde não deve ser considerada uma consequência normal do
envelhecimento, e deve ser prevenida e tratada adequadamente.
Diante do exposto, os
objetivos do estudo foram alcançados, tendo em vista que com relação ao perfil
do envelhecimento na zona Sul do município de Patos-PB, com foco na saúde e as
condições de vida, foi verificado que trata-se de uma
população com boas condições de vida e saúde baseado em suas queixas
principais, maioria comuns a tal faixa etária, e estilos de vida sem muitos
fatores de risco.
Esse estudo almeja
contribuir com a literatura, propondo maior visibilidade das condições de vida
e de saúde dos idosos no ambiente urbano, assim como a importância do cuidado
com os mesmos, sugere-se que novas pesquisas nessa área sejam realizadas,
aumentando as evidências científicas e estimulando os profissionais a focar e
melhorar os serviços oferecidos, para ampliar o desenvolvimento de ações
educativas em saúde voltadas à promoção da saúde do idoso, melhorando assim sua
qualidade de vida.