ARTIGO ORIGINAL

Mortalidade por HIV em idosos no Brasil

HIV mortality in elderly in Brazil

 

Josiane Lima de Freitas*, Hilda Tunú da Costa Neta*, Mayara Leal Almeida Costa**, Polianne Medeiros Brito**, Rosangela Maria Fernandes de Oliveira***

 

*Graduandas do curso de Fisioterapia das Faculdades Integradas de Patos-FIP, Patos, Paraíba-Brasil, **Professoras Mestras das Faculdades Integradas de Patos-FIP, Patos, Paraíba-Brasil, ***Professora Especialista das Faculdades Integradas de Patos-FIP, Patos, Paraíba-Brasil

 

Endereço para correspondência: Josiane Lima de Freitas, Faculdades Integradas de Patos-FIP, Avenida Horácio Nobrega, 587, 58704-000 Patos PB, E-mail: freitasjosiane511@gmail.com

 

Resumo

Objetivo: Verificar índice de mortalidade dos casos diagnosticados de aids, no Brasil, em indivíduos com idade ≥ 60 anos. Métodos: Trata-se de estudo epidemiológico descritivo por meio de consulta nas bases de dados Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). A população foi constituída por todos os casos de mortalidade por HIV em pessoas de todas as faixas etárias e idade ≥ 60 anos no período de 2007 a 2016. Os dados obtidos foram analisados e posteriormente expostos em gráficos e tabelas através do programa Microsoft Excel 2010. Resultados: Neste período foram diagnosticados 121.630 casos de AIDS. A região Sudeste se sobressai com relação a todos os outros estados apresentando elevado índice de casos. O centro-oeste foi a região de menor índice comparada as outras regiões. Verifica-se que o número de homens em relação aos números de mulheres é consideravelmente maior, porém com o decorrer dos anos esse número aumentou consideravelmente. Conclusão: A aids na população idosa é hoje uma realidade que exige à profissionais de saúde diversos desafios dentre eles: implementar campanhas públicas de prevenção específicas para esta população, bem como desenvolver prática profissional a fim de ajudar a elevada demanda de idosos com essa doença.

Palavras-chave: mortalidade, idosos, HIV.

 

Abstract

Objective: To verify the mortality rate of diagnosed cases of AIDS in Brazil in individuals aged 60 years or over. Methods: This is a descriptive epidemiological study by means of consultation in the databases of the Department of Informatics of the Unified Health System (DATASUS). The study population consisted of all cases of HIV mortality in people of all age groups and with age ≥ 60 years to the period from 2007 to 2016. The data obtained were analyzed and later exposed in graphs and tables through the program Microsoft Excel 2010. Results: During this period were diagnosed 121,630 cases of AIDS. The Southeast region stands out in relation to all the other states presenting a high index of cases. The center-west was the region with the lowest index compared to the other regions. It’s found that the number of men in relation to the numbers of women is considerably higher, but over the years this number has increased considerably. Conclusion: Aids in the elderly population today is a reality that demands from health professionals several challenges: to implement specific public prevention campaigns for this population, as well as to develop professional practice to help the high demand of elderly people with this disease.

Key-words: mortality, elderly, HIV.

 

Introdução

 

A sexualidade na senescência foi marcada por mito e repressões por muito tempo, levando muitos idosos a se sentirem pouco à vontade para manifestar suas opiniões e questionamentos acerca dessa temática, criando um desafio de aproveitarem intensamente sua vida sexual. Atualmente a maioria da sociedade ainda continua fixando a sexualidade como uma deteorização dos anos, priorizando os mais jovens, ocorrendo desinteresse nos idosos no que diz respeito a questões sexuais [1].

O envelhecimento populacional é um processo de ordem mundial e, o Brasil tem experimentado um avanço acelerado dessa demanda. Com a estimativa de crescimento expressivo na quantidade de idosos, instiga um desafio para o Brasil, estabelecimento e investimentos de políticas públicas que possam assegurar a qualidade de vida dessa população [1,2].

Dentre os diversos benefícios que essa população vem alcançando nas ultimas décadas, a permanência da atividade sexual é um ponto que merece destaque. A melhora na qualidade de vida, os avanços das indústrias farmacêuticas e os avanços tecnológicos voltados para a saúde, têm assegurado o redescobrimento de novas experiências, entre elas o sexo na terceira idade. No entanto, a ocorrência de praticas sexuais desprotegidas contribui para que essa população se torne mais suscetível às Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) dentre elas o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) [3].

O vírus da imunodeficiência humana (HIV) está presente em células sanguíneas especialmente nos linfócitos T (CD4+) e macrófagos, destruindo os mecanismos de defesa naturais do corpo humano permitindo que diversas doenças se instalem, constituindo a síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS). Sua transmissão se dá através do sangue, líquidos vaginais, esperma e leite materno. As manifestações clínicas mais encontradas são problemas cardiorrespiratórios, antropométricos, imunológicos e musculares ocorrendo entre 50 a 90% dos casos [4,5].

 

Material e métodos

 

Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo, cujos dados foram obtidos por meio de consulta nas bases de dados Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde(DATASUS), no endereço eletrônico (http://svs.aids.gov.br/dashboard/mortalidade/cid10.show.mtw), que foi acessado em 09/10/2017.

A população do estudo foi constituída por todos os casos de mortalidade por HIV em pessoas de todas as faixas etárias e com idade igual ou maior que 60 anos. Para evitar erros de retardo de notificação, optou-se por analisar os dados disponíveis até 2016, último ano em que constavam os dados completos.

No presente estudo, foram considerados idosos os sujeitos com 60 anos ou mais. Os dados obtidos foram analisados e posteriormente expostos em gráficos e tabelas através do programa Microsoft Excel 2010.

 

Resultados

 

De acordo com a metodologia utilizada e na amostra definida para este estudo, a presente pesquisa constou que a região Sudeste se sobressai com relação a todos os outros estados, verifica-se que o nordeste teve um crescimento continuo dentro dos 10 anos estudados. O centro-oeste foi a região de menor índice comparada aos outros em alguns anos se iguala ao norte, mais a partir do ano de 2010 o norte tem acréscimos (Gráfico I).

No gráfico I têm-se os dados referentes ao total de número de casos da mortalidade por AIDS, diagnosticados no Brasil no período de 2007-2016 segundo região que totalizaram 121.630 casos. Distribuído da seguinte forma Sudeste: 56.407; Sul: 25.405; Nordeste: 22.576; Centro-oeste: 7.489; Norte: 9.753

 

 

Fonte: Disponível em http://www.aids.gov.br/cgi/tabcgi.exe?tabenet/br.def acessado em 09/10/2017.

Gráfico I - Distribuição da mortalidade por AIDS, diagnosticados no Brasil no período de 2007 – 2016, segundo região.

 

A tabela I mostra a distribuição da mortalidade de pessoas idosas no Brasil de 2006 a 2017, onde se consegue verificar que o número de homens em relação aos números de mulheres é consideravelmente maior o que se prova com a relação entre homens e mulheres. Mais se contatou também que o número de mulheres cresceu no decorrer dos anos iniciando com 218 mulheres nos anos de 2007 e no ano de 2016 estando com 480.

 

Tabela IDistribuição do total de mortalidade por HIVde idosos no Brasil,segundo o sexo, no período de 2007-2016.

 

Fonte: Disponível em http://www.aids.gov.br/cgi/tabcgi.exe?tabenet/br.def acessado em 09/10/2017

 

Discussão

 

Decidiu-se por consultar a fonte de informações DATASUS, pelo fácil acesso, rapidez e eficácia para alcance de informações e dados em saúde e que está ao alcance de qualquer profissional, gestor ou pesquisador, apesar de ser uma base de dados pouco explorada como ferramenta de saúde [6].

Em estudo realizado em Goiás na cidade de Anápolis, foram entrevistados 224 idosos, desses, 69% mencionaram ter vida sexual ativa, no entanto relataram nunca usar preservativo, mesmo A maioria (95,1%) dos indivíduos sabendo que o vírus é transmitido através de relações sexuais desprotegidas e 93,8% sabiam que a transmissão do vírus também se dá através de agulhas e seringas contaminadas [7].

Ao analisar a incidência de HIV no grupo etário acima de 50 anos no Brasil e suas macrorregiões,no período de 1990 a 2003, identificaram um expressivo crescimento em todas as regiões, encontrando-se maior no Sudeste [8]. Estes dados corroboram com os resultados obtidos neste estudo, no qual a região Sudeste no ano de 2016 apresentou 5.209 casos correspondendo a 42,8%.

Em estudo realizado entre os anos de 2010 a 2014 nos Sistemas de informações: Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), nas bases de dados doSistema de Informações de Agravos de Notificação (SINAN), Sistema de Controle de ExamesLaboratoriais da Rede Nacional de Contagem de Linfócitos CD4+/CD8 e Carga Viral (SISCEL) e Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), foi possível verificar que a ocorrência de pessoas acima de 60 anos, diagnosticadas com HIV, cresceu consideravelmente nos estados do Nordeste Brasileiro, enquanto na região Centro Oeste apresentou o menor índice [9]. Confirmando os dados do estudo onde entre os anos de 2007 e 2016houve um aumento de 759 casos no Nordeste Brasileiroe no centro oeste no ano de 2016 foram notificados 775 (6,3%) casos, com o menor índice segundo região. O que mostra no gráfico 1.

Os achados da pesquisa [10] apontam que uma grande proporção de mulheres na meia-idade continua sexualmente ativas, com um pratica sexual insegura, além disso, tem uma baixa compreensão do risco de serem infectadas pelo HIV, não conseguem convencer o parceiro do uso do preservativo e não trata os sinais e sintomas do climatério. Uma abordagem adequada voltada para estas mulheres poderá favorecer o combate a proliferação que se encontra ascendente nessa faixa da população. Em concordância com o presente estudo que encontrou um aumento progressivo de casos nesta população.

 

Conclusão

 

Através do presente estudo ficou evidente que os recursos utilizados, propiciaram uma perspectiva de casos de mortalidade em idosos no Brasil, podendo ser uma ferramenta proveitosa para os profissionais de saúde reconsiderar a sua prática e direcionarem investimento nessa área de conhecimento, além de fornecer aos gestores públicos, o possível planejamento de estratégias para prevenção desta população específica.

É necessário gerar recursos informativos que atinjam as pessoas com idade superior a 60 anos, engajando esses indivíduos no processo de conhecimento de informações para mudança de comportamento. Não se deve esquecer que a sexualidade, a afetividade, como também a prática sexual está ligado ao ser humano e ao seu bem estar, e deve ser tratada como questão relevante no processo de envelhecimento saudável.

 

Referências

 

  1. Almeida LA, Patriota LM. Sexualidade na terceira idade: um estudo com idosas usuárias do Programa Saúde da Família do Bairro das Cidades – Campina Grande/ PB. Qualit@s Revista Eletrônica 2009;8(1):1-20.
  2. Alves FAP. Aids e envelhecimento: características dos casos com idade igual ou maior a 50 anos em Pernambuco, 1990 a 2000 [Dissertação]. Recife/PE: Universidade Federal de Pernambuco; 2002.
  3. Laroque MF, Affeldt ÂB, Cardoso DH, Souza GL, Santana MG, Lange C. Sexualidade do idoso: comportamento para a prevenção de DST/AIDS. Rev Gaúcha Enferm 2011;32(4):774-80.
  4. Monteiro TJ, Trajano LSASN,Carvalho DS, Pinto LAP, Trajano ETL. Avaliação do conhecimento sobre HIV/aids em grupo de idosos através do QHIV3I. Rev Geriatr Gerontol Aging 2016;10(1):29-33.
  5. Andrade HAS, Silva SK, Santos MIPO. Aids em idosos: vivências dos doentes. Rev Esc Anna Nery 2010;14(4):712-9.
  6. Silva EC & Costa Júnior ML. Transtornos mentais e comportamentais no sistema de informações hospitalares do SUS: perspectivas para a enfermagem. Rev Esc Enferm USP 2006;40(2):196-202.
  7. Pereira GS, Borges CI. Conhecimento sobre HIV/AIDS de participantes de um grupo de idosos, em Anápolis-Goiás. Rev Esc Anna Nery 2010;14(4):720-5.
  8. Sousa JL, Silva MDP, Montarroyos UR. Tendência de AIDS no grupo etário de 50 anos e mais no período anterior e posterior à introdução de medicamentos para disfunção erétil: Brasil, 1990 a 2003. Rev Bras Geriatr Gerontol 2007;10:203-16.
  9. França CS, Santos TTM, Cavalcante GA, Duarte ENC, Silva EOS. Prevalência de hiv/aids em idosos no nordeste brasileiro: um estudo epidemiologico Anais CIEH 2015;2(1).
  10. Valadares ALR et al. HIV em mulheres de meia-idade: fatores associados. Rev Assoc Med Bras 2010;56(1):112-5.