ARTIGO
ORIGINAL
Estudo
comparativo da ativação elétrica dos estabilizadores dinâmicos do tornozelo
durante o estímulo proprioceptivo em plataforma instável
Comparative study of the electrical activation of the dynamic
stabilizers of the ankle during the proprioceptive stimulus on unstable
platform
Ana Paula Queiroz
Dutra*, Ana Mayara Pereira Vilar Trigueiro*, Heitor Alves Cadete Figueiredo*,
Tarsila Fernandes Vidal*, Elvis Costa Crispiniano**
*Acadêmicos
do curso de bacharelado em Fisioterapia pelas Faculdades Integradas de Patos,
**Professor Mestre do Curso de Bacharelado em Fisioterapia das Faculdades
Integradas de Patos
Endereço
para correspondência:
Ana Paula Queiroz Dutra, Rua Maria Adelaide de Moura, 102, 58865-000 São Bento
PB, E- mail: paulaqueirozdutra@hotmail.com
Resumo
Introdução: As entorses estão
se tornando cada vez mais frequentes, estudos asseguram que essas lesões estão
relacionadas à atividade elétrica da musculatura. Objetivo: Avaliar a diferença entre a atividade elétrica muscular
dos estabilizadores dinâmicos do tornozelo com histórico de entorse e o
contralateral, quando submetidos a um estímulo proprioceptivo em plataforma
instável. Métodos: Trata-se de uma
pesquisa do tipo aplicada, exploratória e descritiva, quantitativa e
transversal, cuja amostra foi do tipo não probabilística por conveniência e
envolveu 10 sujeitos do sexo feminino estudantes dos cursos das FIP, com idade
entre 18 e 35 anos e foram divididas em: Grupo I (entorse no tornozelo direito)
e Grupo II (entorse no tornozelo esquerdo). A avaliação foi através do eletromiografo da marca Miotec,
com os eletrodos foram fixados nos ventres musculares. Resultados: No Grupo I a média da atividade elétrica do tibial
anterior direito durante o estímulo (91,7%) foi maior que a média do fibular longo direito e o Grupo II apresentou resultado
diferente, pois o fibular longo esquerdo mostrou uma
média de ativação elétrica maior (98,4%), quando comparado ao tibial anterior
esquerdo. Conclusão: Pôde-se concluir
que a instabilidade crônica, desenvolvida após a lesão por entorse, não alterou
o recrutamento muscular desses indivíduos.
Palavras-chave: tornozelo,
propriocepção, eletromiografia.
Abstract
Introduction: The sprains are becoming more and more frequent, and studies assure
that these injuries are related to the electrical activity of the musculature. Objective: To evaluate the difference
between the electrical activity of dynamic ankle stabilizers with sprain and
contralateral history when submitted to a proprioceptive stimulus on an
unstable platform. Methods: This is
an exploratory, descriptive, quantitative and cross-sectional research whose
sample was non-probabilistic for convenience and involved 10 female subjects
from the FIP courses, aged between 18 and 35 years, and were divided in: Group
I (sprain in the right ankle) and Group II (sprain in the left ankle). The
evaluation was through the electromyograph of the
brand Miotec, with the electrodes were fixed in the
muscle belly. Results: In Group I,
the mean electrical activity of the right anterior tibial
during the stimulus (91.7%) was higher than the mean of the right long fibular
and Group II presented a different result, since the left long fibular showed a
mean of greater electrical activation (98.4%) when compared to the left
anterior tibialis. Conclusion: It was concluded that chronic instability, developed
after sprain injury, did not alter the muscle recruitment of these individuals.
Key-words: ankle,
proprioception, electromyography.
A articulação do tornozelo ou talocrural consiste de um encaixe ósseo adequado, entre o tálus e a tíbia medialmente, e entre o tálus
e a fíbula lateralmente, formando uma dobradiça, constituindo-se num exemplo de
articulação gínglimo sinovial. A tíbia apoia-se no tálus
e a fíbula atua apenas como um esteio lateral [1]. Estes dois ossos são
mantidos fortemente unidos pela articulação tibiofibular
distal que é considerada uma sindesmose composta por um tecido denso e fibroso
que a recobre, mantendo as estruturas ósseas conectadas, apresentando um
reforço formado pelos ligamentos tibiofibulares
anterior e posterior [2].
Três compartimentos musculares da
perna precisam ser destacados porque agem de forma secundária na estabilização
do tornozelo e pé, são eles o anterior formado pelos músculos tibial anterior,
extensor longo dos dedos, extensor longo do hálux e fibular terceiro, o lateral é composto pelos músculos fibular curto e fibular longo, e
o posterior é constituído através da junção dos músculos gastrocnêmio
e sóleo, superficialmente, e tibial posterior, flexor
longo dos dedos e flexor longo do hálux,
profundamente [3].
As estruturas ligamentares são as
principais responsáveis pela estabilidade articular. Na articulação do
tornozelo, os ligamentos encarregados dessa tarefa são o deltóide,
calcâneofibular, talofibular
anterior e posterior [4]. Apesar de serem estruturas formadas por feixes
fibrosos resistentes, apresentam um fraco componente
elástico, deixando-os mais susceptíveis a lesões [5].
A entorse de tornozelo é definida
como uma lesão ligamentar traumática sofrida pela articulação devido a um
movimento súbito. Esse tipo de lesão provoca dor crônica e instabilidade
funcional [6]. Tal contusão pode acarretar ruptura total ou parcial dos
ligamentos laterais ou mediais, implicando em alterações na capacidade
proprioceptiva do indivíduo [7].
A propriocepção é denominada como um
conjunto de reações que resultam num input neural cumulativo ao sistema nervoso
central (SNC) de mecanorreceptores presentes nas
articulações, ligamentos, músculos, tendões e pele, gerando influência direta
nas respostas reflexas e no controle motor voluntário [8]. O processo
proprioceptivo é essencial para a manutenção do equilíbrio, da estabilidade
postural e da propriocepção do movimento. Qualquer déficit que acometa essa
função associado a distúrbios sensório-motores e
diminuição do controle muscular na articulação talocrural
desencadeia instabilidade funcional do tornozelo [9].
A eletromiografia de superfície é
utilizada como método diagnóstico para detectar modificações que afetam a
capacidade proprioceptiva, sejam elas desencadeadas devido à instabilidade
funcional ou a lesões do tornozelo [10]. Esse procedimento é responsável por
definir o tempo de resposta da atividade elétrica da musculatura, quando os
mesmos são submetidos a estímulos proprioceptivos [11].
Diante do que foi exposto, surge um interesse
em ampliar o conhecimento acerca do objeto de estudo, visto que as lesões que
acometem o tornozelo estão sendo cada vez mais comuns. Portanto, o presente
estudo teve por finalidade comparar a atividade elétrica dos músculos tibial
anterior e fibular longo de ambos os membros de
indivíduos acometidos por entorse de tornozelo durante um estímulo
proprioceptivo em solo instável.
Tratou-se de uma pesquisa aplicada,
exploratória e descritiva, quantitativa e transversal. A pesquisa foi realizada
em uma clínica escola do Curso de Fisioterapia de uma instituição de referência
no ensino superior privado, situada no sertão paraibano. A população foi
constituída por estudantes dos cursos de bacharelado de uma instituição de
ensino superior do sertão da Paraíba.
A amostra consistiu em um total de 10 sujeitos
divididos em 2 grupos, Grupo I formado por 5 pessoas
que haviam sofrido entorse no tornozelo direito e Grupo II composto por 5
pessoas que haviam sofrido entorse no tornozelo esquerdo. A amostragem
utilizada foi do tipo não probabilístico, por conveniência.
Os critérios inclusivos adotados
para selecionar a amostra compreenderam a participação de sujeitos do sexo
feminino, com faixa etária entre 18 e 35 anos, com um padrão de IMC entre 19 e
30 kg/cm2, com histórico de entorse em um período de 24 meses e que não
apresentassem irritabilidade aos eletrodos.
Os sujeitos de ambos os grupos
deveriam consentir em participar do estudo através da assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Os critérios adotados para exclusão
da pesquisa foram: não comparecer ao dia das coletas dos dados; limitações na
realização do movimento por qualquer motivo e queixas de dor musculoesquelética
no dia da coleta.
A coleta de dados ocorreu no período
entre Setembro e Outubro de 2016, após a aprovação do projeto de pesquisa pelo
pertinente Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos, sob
parecer nº 1.710.241. O estudo foi desenvolvido levando-se em
consideração os aspectos éticos da pesquisa envolvendo seres humanos,
preconizados pela Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, que deixa
claro ao voluntário que lhe será dado o direito de interromper livremente a sua
participação, ou retirar o consentimento quando desejar, sem sofrer qualquer
penalização e que não será oferecido nenhum ônus econômico-financeiro ao
participante, não havendo nenhuma forma de indenização ou ressarcimento durante
ou após o curso da pesquisa [12].
Os sujeitos foram submetidos à
limpeza prévia da área (ventre muscular do tibial anterior e fibular longo) com álcool a 70%. Em seguida responderam ao
questionário aplicado pelos pesquisadores, logo após foram fixados os eletrodos
descartáveis na região do ventre muscular, seguindo protocolo da SENIAM. Os
dados foram coletados através do eletromiógrafo da Miotol 400 da marca Miotec sendo
analisada a ativação elétrica dos músculos.
Após esse procedimento os sujeitos foram
posicionados na prancha de equilíbrio devendo permanecer por um período de 10
segundos, durante esse tempo, foi lançado sobre a prancha um peso de 3,5 kg e
captada a atividade elétrica dos músculos neste momento.
Os dados foram anexados e analisados
estatisticamente utilizando o software SPSS (Statistical
Package for Social Sciences),
sendo realizada associação entre o tempo de ativação elétrica do tibial
anterior e fibular longo, antes e durante o estímulo,
através do teste t de medidas emparelhadas, foram obtidas também as médias da
atividade elétrica e do tempo de ativação.
A amostra da pesquisa foi
constituída por 10 acadêmicos do sexo feminino com média de idade de 23,3 anos
(±4,1), média de IMC de 25,2 (±15,5), média de altura de 1,60 m (±,064) e média de peso de 65,5 kg (±5,3), pertencentes à
instituição de ensino já mencionada, escolhidos através dos critérios de
inclusão e exclusão estabelecidos, distribuídos igualmente em 2 grupos, onde o
Grupo I era composto por participantes que haviam sofrido entorse no tornozelo
direito, sendo que 60% tinham o lado direito dominante e 40% o lado esquerdo,
já o Grupo II foi composto por voluntários que haviam sofrido entorse no
tornozelo esquerdo, 80% apresentavam o lado direito como dominante e apenas 20%
tinham o lado esquerdo dominante.
A tabela I apresenta as médias e
desvios-padrões do tempo de ativação elétrica dos Grupos I e II.
Tabela
I - Tempo de ativação elétrica dos Grupos I e
II.
Os dados apresentados na tabela 1
deixam claro que os indivíduos que sofreram entorse no tornozelo direito (Grupo
I), tiveram uma ativação mais rápida dos músculos analisados, quando comparado
com os indivíduos do Grupo II. Isso pode ser explicado pelo fato de a maioria
dos voluntários do Grupo I ter o membro dominante do lado direito, fazendo com
que o recrutamento muscular do lado dominante seja mais rápido.
O estudo realizado por Baroni et al. [13] analisou 11
sujeitos que haviam sofrido entorse grau II de tornozelo que foram submetidos a
imobilização por tala gessada durante duas semanas. Verificaram que após esse
curto período de tempo, a atividade elétrica do músculo tibial anterior havia
diminuído. A referida pesquisa diferencia, com relação aos resultados, do
trabalho em questão, pois os indivíduos estudados nesta pesquisa não foram
submetidos à imobilização e mantiveram a atividade do tibial anterior normal
após o evento do entorse.
Um estudo feito por Pacheco, Vaz e
Pacheco [14], com 16 atletas profissionais de voleibol e 15 sujeitos não
atletas, analisou o tempo de resposta eletromiográfica
dos músculos fibulares, durante a inversão súbita do
pé, em tornozelos que apresentavam lesão e saudáveis. Foi utilizada uma
plataforma capaz de produzir uma inversão repentina lateral. Os resultados
sugeriram que não houve diferença estatisticamente significante entre as pernas
direita e esquerda nos grupos analisados. Diferente do nosso estudo onde os
sujeitos obtiveram diferenças estatisticamente significantes quando comparados
com o membro contra-lateral.
Os dados sobre as médias e
desvios-padrões das medidas da atividade elétrica dos músculos do grupo I
encontram-se expressos na Tabela II.
Tabela
II -
Comportamento da atividade elétrica antes
e durante o estímulo do Grupo I.
Os resultados dispostos na tabela 2
demonstraram que houve maior ativação do músculo tibial anterior direito tanto
em repouso quanto durante o estímulo quando comparados ao fibular
longo dos sujeitos com histórico de entorse do tornozelo direito em inversão,
indo de encontro ao estudo realizado por Ferreira et al. [15] onde os mesmos realizaram uma pesquisa, selecionando 20
sujeitos de ambos os sexos, saudáveis e ativos, os participantes foram
submetidos à análise eletromiográfica dos músculos fibular longo, tibial anterior, tibial posterior e gastrocnêmios medial e lateral, em solos estáveis e
instáveis (disco proprioceptivo, balancim e cama elástica), ao final foram
observados maior ativação do músculo tibial anterior quando comparado ao fibular longo.
O estudo desenvolvido por Suda, Cantuária e Sacco [16] avaliou os padrões da eletromiografia dos
músculos tibial anterior, fibular longo e gastrocnêmio lateral durante a aterrissagem do salto
vertical após a execução do bloqueio de voleibol entre jogadores com e sem
instabilidade funcional de tornozelo. Ao final concluíram que os atletas com
instabilidade funcional apresentaram um padrão de menor magnitude na ativação
dos músculos tibial anterior e fibular longo,
confrontando os resultados obtidos com nosso estudo, pois o mesmo evidenciou
que os indivíduos estudados apresentaram uma boa ativação dos músculos tibial
anterior e fibular longo.
Na tabela III encontram-se expressos
os dados sobre as médias e desvios padrões da atividade elétrica do Grupo II.
Tabela
III
- Comportamento da atividade elétrica
antes e durante o estímulo do Grupo II.
Na tabela III pode-se observar o
comportamento da atividade elétrica dos sujeitos com entorse no tornozelo
esquerdo, sendo evidenciada uma maior ativação do fibular
longo esquerdo (membro da lesão), quando comparado ao tibial anterior esquerdo
durante o repouso e também no momento do estímulo proprioceptivo. Esse
resultado sugere que o músculo fibular longo, que
atua na eversão do tornozelo, não conseguiu evitar o
mecanismo lesional de inversão e que o tibial
anterior, importante inversor do tornozelo, mesmo sendo menos ativado, pode ter
contribuído com a lesão. Estes dados também foram observados no estudo
desenvolvido por Conceição e Silva [17] com 20 mulheres, no qual 10 destas com
histórico de entorse em inversão do tornozelo e 10 sem histórico de entorse, as
mesmas foram submetidas à análise elétrica dos músculos tibial anterior e fibular longo durante o apoio unipodal
em prancha de equilíbrio. Os resultados apontaram que o músculo fibular longo apresentou um potencial de atividade elétrica
maior do que o tibial anterior em ambos os grupos.
Já no estudo realizado por Cunha e
Bonfim [18] 8 indivíduos do sexo feminino, saudáveis e
sem histórico de lesão no tornozelo foram submetidas à análise da ativação
elétrica dos músculos tibial anterior e fibular longo,
durante diferentes movimentos na prancha de equilíbrio. Os resultados mostraram
que o músculo tibial anterior apresentou maior ativação nos exercícios em apoio
bipodal, nas direções ântero-posterior
e médio-lateral e em apoio monopodal na direção ântero-posterior. Confrontando com os resultados
encontrados no nosso estudo, pois o músculo fibular
longo mostrou um padrão de ativação maior que o músculo tibial anterior no
grupo que apresentou entorse no tornozelo esquerdo.
A tabela IV mostra o desempenho da
atividade elétrica dos músculos analisados antes e durante o estímulo do Grupo
I.
Tabela
IV -
Comparação da atividade elétrica dos
músculos do Grupo I.
Os resultados expressos na tabela 4
mostram que o músculo tibial anterior direito mostrou maior significância
estatística quando comparadas as médias de ativação antes e durante o estímulo
do Grupo com histórico de entorse no tornozelo direito. Veiga, Paiva e Júnior
[19] realizaram uma pesquisa com 20 sujeitos de ambos os sexos, acometidos por
entorse de tornozelo em inversão e que não realizaram nenhum tratamento
fisioterapêutico. Os sujeitos foram submetidos à análise eletromiográfica
dos músculos fibulares em 4
momentos distintos (sentado e deitado em repouso, sentado e deitado realizando
os movimentos de dorsiflexão e eversão).
Os resultados deixaram evidentes que os músculos fibulares
exercem uma real ação estabilizadora da articulação do tornozelo quando
submetido a uma inversão total. O que confronta com os resultados da nossa
pesquisa, visto que o músculo tibial anterior mostrou-se mais ativo durante o
estímulo proprioceptivo nos sujeitos que foram acometidos por entorse no
tornozelo direito.
Terada et al. [20] analisaram a funcionalidade e mobilidade do
tornozelo acometido por entorse lateral de um sujeito que não foi submetido a
imobilização, apenas ao tratamento convencional, no período de 5 meses após a
lesão. Os resultados apontaram que houve diminuição da mobilidade e da
excitabilidade do músculo sóleo, acarretando em uma
diminuição da funcionalidade do membro afetado. Mostrando disparidade com a
nossa pesquisa, visto que os indivíduos analisados não apresentaram diminuição
da mobilidade e da excitabilidade após a lesão.
A tabela V apresenta o desempenho da
atividade elétrica dos músculos analisados antes e durante o estímulo do Grupo
II.
Tabela
V - Comparação da atividade elétrica dos
músculos do Grupo II.
A tabela V apresenta resultados que
deixam evidente a significância estatística da comparação das médias de
ativação antes e durante o estímulo do músculo fibular
longo esquerdo. Barbanera et
al [21] desenvolveram um estudo para analisar a atividade elétrica dos músculos
eversores e inversores de 32 atletas do sexo feminino que praticavam
basquetebol e voleibol e que haviam sofrido entorse. As participantes foram
separadas em dois grupos distintos: um grupo controle composto por atletas sem
história prévia de entorse de tornozelo e o grupo entorse composto por atletas
com histórico de entorse. Os resultados evidenciaram que a atividade eletromiográfica do músculo fibular
longo e tibial anterior foi menor no grupo com entorse do tornozelo durante o
teste isocinético concêntrico. Confrontando os
resultados do nosso estudo, onde a musculatura analisada mostrou uma boa
ativação elétrica durante o estímulo.
Um estudo realizado por Silva [22]
avaliou os sinais eletromiográficos dos músculos fibular longo e fibular curto
quando submetidos a diferentes tipos de instabilidade em pranchas para
treinamento proprioceptivo. Os resultados apontaram que os níveis de atividade
elétrica do fibular longo mostraram-se maior quando
comparado ao fibular curto durante os testes
realizados, apresentando significância estatística apenas no solo e na prancha ântero-posterior. Corroborando com os resultados obtidos na
pesquisa em questão, pois o músculo fibular longo
apresentou maior média de ativação elétrica nos indivíduos acometidos por
entorse no tornozelo esquerdo.
Os resultados obtidos com o estudo
em questão evidenciaram que os indivíduos do Grupo I apresentaram maior
ativação do músculo tibial anterior direito, já os sujeitos do Grupo II
mostraram uma maior ativação do músculo fibular longo
esquerdo. Visto que todos os sujeitos sofreram entorse por inversão, podemos
chegar à hipótese que os indivíduos do Grupo I apresentam maior risco de sofrer
entorse por inversão, já que o principal inversor do tornozelo (tibial
anterior) mostrou um pico de ativação maior.
Percebe-se a importância da criação
de um tratamento com ênfase no fortalecimento de ambas as musculaturas, para
que haja uma harmonia nos movimentos executados pelos mesmos, tendo como
finalidade diminuir a incidência de lesões por entorse. Contudo, podemos
perceber que a instabilidade crônica, desenvolvida após a lesão por entorse, não
alterou o recrutamento muscular desses indivíduos.